quarta-feira, dezembro 24, 2014

Os Sahaba

Um Sahabi; é a pessoa que no estado de Iman "crença" viu ou esteve na presença do Profeta Muhammad (que a Paz e Bênção de Deus estejam sobre ele), como no caso de Abdallah Ibn Ummi Maktum que era um cego; e faleceu nesse mesmo estado de Iman.

O Alcorão e o Hadiss estão repletos de testemunhos de que o Sahabas são virtuosos, e são os critérios da verdade. Eles são os mais ilustres no Islam. A dignidade e honra reservada a eles é tão grande que até Deus os escolheu para fazerem companhia ao Seu último Profeta e escutarem o Alcorão diretamente do Profeta Muhammad.

Foi também a firmeza dos Sahabas que ajudou a engrandecer o Islam, eles apoiaram o Profeta Muhammad nos momentos difíceis do Islam, sacrificaram as suas vidas para contentarem a Deus e o seu Mensageiro. A história não pode mostrar outro grupo de pessoas que se sacrificou tanto para glorificar o nome de Deus.

Há aproximadamente cem Ayats (versículos) no Alcorão que coloca o selo da santidade a elevada posição dos Sahabas.

Amor pelos Sahabas é um constituinte importante do Iman. Quem tem o mínimo de Iman nunca se atreverá ir contra os Sahabas.

O Profeta Muhammad disse:

‘’Que nenhum de vós fale mal dos meus Sahabas, pois se alguém de vós gastar (em caridade) ouro do tamanho da montanha de Uhud, jamais chegará a uma mão cheia de tâmaras gastas pelos Sahabas no caminho de Deus.’’

Deus diz no Alcorão que Ele está satisfeito com os Sahabas e os Sahabas estão satisfeitos com Ele. O Profeta Muhammad disse:

‘’Os meus companheiros são como os Astros, a qualquer um deles que seguirdes estareis bem encaminhados (guiados).’’

Eis aqui alguns Ayats relacionados com os Sahabas:

‘’Quanto aos primeiros muçulmanos, dentre os muhajirin e os ansar, que imitaram o glorioso exemplo daqueles, Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n’Ele; e lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Tal é o magnífico benefício.’’ (Alcorão Sagrado 9:100)

‘’Porém, o Mensageiro e os fiéis que com ele sacrificaram seus bens e pessoas obterão as melhores dádivas e serão bem-aventurados. Deus lhes destinou jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Tal é a magnífica recompensa.’’ (Alcorão Sagrado 9:88 e 89)

Foi através dos Sahabas que o mundo aprendeu o Din, estabeleceu a verdadeira Chari’ah e obteve a Sunnah do Profeta Muhammad.

Pois, eles foram os primeiros narradores do Din trazido por Muhammad a humanidade.

Dentre os Sahabas os mais ilustres e célebres são os quatro Khulafá Rashidun (sucessores bem guiados); Abu Bakr, o primeiro Khalifa, seguido de Umar, o segundo Khalifa, depois o Uthman, o terceiro Khalifa e é ‘Ali, o quarto Khalifa.



Abu Bakr As-Siddiq
1º Khalifa

Após o falecimento do Profeta Muhammad os Ansar e Muhajirin Radiallahu Taala Anhum, juntaram-se num local chamado Saquifa Bani Sa'ad e unanimemente nomearam Abu Bakr, como o primeiro Khalifa dos muçulmanos, e todos, incluindo ‘Ali Bin Abi Talíb prestaram-lhe juramento de fidelidade. Isto porque reconheceram-no entre eles com o mais elevado grau de piedade, justiça e conhecimento do Din.

Era mais que lógico que todos aqueles Sahabas não se uniriam numa causa injusta e numa decisão errada, pois o Profeta Muhammad disse:

‘’O meu Ummah todo não pode unir-se na falsidade’’

Abu Bakr As-Siddiq, foi uma pessoa de grandes virtudes no Islam, mencionadas no Alcorão e nos Hadiss. Abu Bakr esteve junto com o Profeta Muhammad na caverna durante a emigração de Makkah para Madina, assim como consta no Alcorão:

‘’Se não o socorrerdes (o Profeta), Deus o socorrerá, como fez quando os incrédulos o desterraram. Quando estava na caverna com um companheiro(referencia a Abu Bakr), disse-lhe: Não te aflijas, porque Deus está conosco! Deus infundiu nele o Seu sossego, confortou-o com tropas celestiais que não poderíeis ver, rebaixando ao mínimo a palavra dos incrédulos, enaltecendo ao máximo a palavra de Deus, porque Deus é Poderoso, Prudentíssimo.’’ (Alcorão Sagrado 9:40)

O Profeta Muhammad disse que dentre todas as pessoas, se havia alguém a quem ele algo devia esse era o Abu Bakr, e se tivesse que tomar alguém por amigo íntimo (Khalil) fora de Deus tomaria Abu Bakr, pois ele era seu irmão de fé e companheiro.

Consta no Al Bukhari; que uma pessoa perguntou a Muhammad :

‘’Quem é o, mais querido para ti? O Profeta respondeu: Aisha (sua esposa). O homem retorquiu: E entre os homens? O Profeta respondeu.- O Pai dela (isto é, Abu Bakr). A seguir o homem perguntou: e depois quem é? O Profeta disse; Umar.’’

Consta no At-Tirmizi que Muhammad disse:

‘’Restituímos a todos, os favores que devíamos, exceto a Abu Bakr, cujos favores são tantos que só Deus é que lhe vai pagar.’’

Consta ainda no At-Tirmizi que o Profeta Muhammad disse a Abu Bakr:

‘’Tu estás salvo do fogo do inferno, tu foste o meu companheiro na caverna e serás também o meu companheiro no lago Al-Kauthar.’’

Em outro hadiss relatado por Abu Dawud, o Profeta Muhammad disse a Abu Bakr:

‘’Ó Abu Bakr! Do meu Ummah tu serás o primeiro a entrar no Jannah"Paraíso".’’

At-Tirmizi relata que o Muhammad disse:

''Todos os Profetas tiveram dois wazires (ministros) no céu e dois na terra, os meus dois no céu são os anjos (Jibrail é Mikail), e aqui na terra são Abu Bakr e Umar.''

O Profeta Muhammad durante a sua vida já havia dado indicações diretas ou indiretamente de que o seu sucessor seria Abu Bakr, como foi o caso de o escolher para ser o Imam.

Uma senhora foi pedir algo ao Profeta Muhammad que aceitou, mas disse-lhe para ali voltar mais tarde e a senhora perguntou: E se eu não te encontrar? O Profeta Muhammad disse: ‘’Se não me encontrares vais ter com Abu Bakr.’’

At-Tirmizi relata, que o Profeta Muhammad disse:

‘’Segui o caminho daqueles que virão depois de mim; Abu Bakr e Umar.’’

Abu Bakr foi o primeiro homem a aceitar o Islam, foi sempre firme e fiel ao lado do Profeta Muhammad suportou torturas e todo o tipo de perseguições, esteve, sempre presente na companhia de Muhammad em todas as batalhas.

Numa das ocasiões entregou toda a sua riqueza, não deixando absolutamente nada em casa, para a causa de Deus. O Profeta Muhammad costumava consultá-lo, em todos os assuntos importantes era conhecido como o seu Ministro.

Consta no Al Bukhari que ‘Ali disse uma vez que depois do Profeta Muhammad ; Abu Bakr é o melhor entre todos eles. A seguir era Umar, e depois de Umar era uma outra pessoa. Então o filho de Ali chamado Muhammad ibn Hanifa ali presente disse: Ó pai a seguir és tu! ‘Ali respondeu: Eu sou uma entre essas pessoas.

Foi na base das grandes virtudes que o caracterizavam que os Muçulmanos o reconheceram entre todos os Sahabas o mais qualificado para esse cargo e o escolheram para sucessor e Khalifa do Profeta Muhammad . O Califado de Abu Bakr durou dois anos, três meses e nove dias, faleceu entre Maghrib e o Isha com 63 anos, no dia 17 de jamadil-Akhar, ano 17 depois da Hégira, está sepultado ao lado do Profeta Muhammad , na cidade de Madina.

Umar Ibn Khattab
2º Khalifa

Depois da morte de Abu Bakr, Umar Ibn Kattab foi nomeado unanimemente pelos Muhajirin e Ansar (todos muçulmanos) como segundo Khalifa por sugestão de Abu Bakr.

Umar, um homem de muita fibra foi companheiro do Profeta Muhammad , e era possuidor de grandes virtudes.

O Profeta Muhammad ; diz a respeito dele em um hadiss relatado por Abu Dawud:

‘’Deus colocou a verdade na língua de Umar.’’

Em outro Hadiss relatado por At-Tirmizi disse:

‘’Se houvesse outro Profeta depois de mim esse seria Umar.’’

E disse:

‘’Houve pessoas inspiradas dentre as comunidades que estavam antes de vós, e se há algum desses entre vós, esse é Umar Ibn Al-Khattab.’’ (Relatado por Al-Bukhári, Muslim).

O Profeta Muhammad disse a Umar:

‘’Ó Umar se tu estiveres a andar num caminho e Shaitan estiver também nesse mesmo caminho, ele preferirá mudar para outro caminho. (É o reconhecimento da sua firmeza).’’

O Profeta Muhammad diz em um hadiss (relatado por Al-Bukhari e Muslim) que enquanto ele dormia trouxeram-lhe uma chávena de leite, ele bebeu-a e, depois de estar satisfeito deu o resto a Umar. Perguntaram-lhe qual era a interpretação disso? Muhammad disse:

‘’É o 'Ilm, (sabedoria).’’

Isto é, Muhammad absorveu todo ilm que podia e o que restou passou para Umar. (Era reconhecimento do seu 'Ilm).

Antes de Umar tornar-se muçulmano o Profeta Muhammad tinha feito o seguinte duá:

‘’Ó Deus fortifica o Islam com um dos dois Umar’’

Que eram; Umar Ibn Al-Hakam conhecido por Abu Jahal e Umar Ibn Al-Khattab.

Deus aceitou o pedido do Profeta Muhammad a favor de Umar Ibn Al-Khattab.

De fato o Islam tornou-se bem forte após a entrada de Umar Ibn Al-Khattab. Foi durante o Califado de Umar que o Islamismo se expandiu a 36 mil cidades que entraram sob o controle de Islam na Ásia Central, Norte da África, etc.

Isto é mais uma evidência do reforço e contribuição na expansão do Islam durante a sua era, prognosticado pelo Profeta Muhammad .

Umar faleceu com 63 anos no dia um 1 de Muharram no ano 24 depois de Hégira, o seu Califado durou 10 anos, 6 meses e 5 dias. Foi enterrado ao lado do Profeta Muhammad , na cidade de Madina.

Usman Ibn Affan
3º Califa

Quando o majussi (adorador do fogo) escravo, de Al-Mughira Ibn Shoba chamado Abu Lulu, feriu mortalmente a Umar durante a oração Al-Fajr, e os Sahabas viram que a situação de Umar era crítica, só viveu 3 dias depois deste incidente, disseram-lhe para nomear um Khalifa.

Umar escolheu seis pessoas e disse que o Khalifa teria de ser escolhido entre aqueles seis. Disse-lhes ainda que poderiam tomar o seu filho Abdallah Ibn Umar como conselheiro, mas não designá-lo como Khalifa.E por motivos de segurança disse a Miqdad Al-Aswad:

Essa gente vai provavelmente juntar-se na casa de alguém, tu, deves guardá-la com uma espada nua. Não deixes ninguém além deles entrar na casa. Se eles não chegarem a uma conclusão no primeiro dia, continuarão a reunir-se no segundo dia, e tu deverás continuar a guardá-la no dia seguinte. Se eles não chegarem a uma conclusão no segundo dia, continuarão a sua reunião no terceiro dia e tu deverás continuar a guardá-la, e dizer-lhes que eles não terão permissão de abandonar a casa enquanto não for nomeado um Khalifa entre os seis, que eram, Uthman, ‘Ali, Abdurrahman Bin Auf, Talha, Zubair e Sa'ad Bin Waqqas.

E assim sucedeu, os seis Sahabas escolhidos juntaram-se em uma casa e a decisão final só apareceu no terceiro dia, e foi nomeado Uthman como o terceiro Khalifa, e unanimemente todos lhe prestaram o juramento de fidelidade.

Usman foi companheiro do Profeta Muhammad disse:

‘’E os anjos demonstraram a modéstia a Usman, porque então, eu não a demonstrarei a ele?’’ (Muslim).

Muhammad disse:

‘’Cada Profeta terá um amigo no Jannah e o meu será Usman.’’ (Tirmizi).

Uthman tinha o título de Zin-Nurain o possuidor de duas luzes, isto porque se casou, com duas das filhas do Profeta Muhammad ; Rukaia e Umm Kulsum, uma após outra.

Uma vez o Profeta Muhammad subiu a montanha de Uhud juntamente com Abu Bakr, Umar e Usman, e a montanha começou a tremer, então o Profeta Muhammad falando para a montanha; disse:

‘’Tem calma, pois hoje está por cima de ti um Profeta, um Siddiq (verdadeiro) e dois mártires (Shahid).''

A seqüência dos nomes mencionados neste hadiss também indica a seqüência dos seus graus.

O Califado de Uthman durou doze anos aproximadamente, Uthman martirizou-se no dia 18 de Zul-Hijja ano 35 depois de Hégira, foi sepultado no Jannatul Baqui.

'Ali Ibn Abu Tallib
4º Califa

Depois de martírio de Usman; 'Ali, primo e genro do Profeta Muhammad foi nomeado como Califa. 'Ali também foi pessoa com grandes virtudes, e a seu respeito o Profeta Muhammad disse:

‘’Eu sou a cidade de Prudência e 'Ali a sua porta.’’ (At-Tirmizi).

O Profeta Muhammad disse-lhe:

‘’ Tu és para mim como o Harun (Aarão) foi para Mussa (Moisés), a diferença é que não haverá outro Profeta depois de mim.’’ (Al-Bukhari e Muslim).

E disse:

‘’Aquele que é crente de certo que vai amar 'Ali e aquele que é hipócrita vai odiá-lo.’’ (Muslim, Ahmad e Tirmizi).

O Profeta Muhammad disse:

‘’Quem abusa de 'Ali está a abusar de mim.’’ (Narrado por Ahmad).

Durante a emigração o Profeta Muhammad escolheu o seu melhor amigo (Abu Bakr) para lhe acompanhar e também escolheu 'Ali para uma importante missão de grande risco de ocupar a sua cama, na casa do Profeta Muhammad e finalmente devolver os depósitos aos donos.

O Califado de ‘Ali durou cinco anos aproximadamente martirizou-se no dia 18 de Ramadan, ano 40 após Hégira, foi sepultado em Najaf, perto de Kufa no Iraque.

Depois do martírio de ‘Ali, os Muhajirin, e Ansar nomearam a Hassan seu filho como Califa, este governou apenas seis meses e tendo a seguir entregue o poder a Muawiya.

Depois dos Khulafa Rashidun distinguem-se os Ashara Mubashara Bil Jannah; que são os dez Sahabas a quem o Profeta Muhammad lhes anunciou aqui neste Mundo a boa nova da sua entrada no Jannah (Paraíso) por causa do grande sacrifício que eles fizeram para o engrandecimento do Islam. Eis aqui os seus nomes incluindo os quatro Califas:

ABU BAKR ASSIDIQ;

UMAR IBN AL-KHATTAB;

UTHMAN IBN AFFAN;

ALI IBN ABI TALLIB;

TALHA;

ZUBAIR;

ABDARRAHMAN IBN AUF;

SAA'D IBN ABI WAQA'S;

SAID IBN ZAID;

ABU UBAIDAH IBN AL JARRAH.

Além destes há outros mais a quem o Profeta Muhammad deu as boas novas da entrada no Jannah, que é o caso da sua filha Fátima, a respeito dela o Profeta Muhammad disse; que ela será líder das mulheres no Jannat, e de seus netos Hassan e Hussain que serão os líderes dos jovens no Jannah (At-Tirmizi).

Da mesma forma tiveram o privilegio de receberem a boa nova da entrada no Paraíso; Aisha, Hamza, Abbas, Salman, Suhail e Ammár Bin Yassir.

Depois dos Ashara Mubashara, vem o grau dos que participaram na batalha de Badr, a seguir são os que participaram na batalha de Uhud, e depois são os que participaram no Baiat Ar-Ridwan, a respeito dos quais Deus disse:

‘’Deus Se congratulou com os fiéis, que te juraram fidelidade, debaixo da árvore. Bem sabia quanto encerravam os seus corações e, por isso infundiu-lhes o sossego e os recompensou com um triunfo imediato.’’ (Alcorão Sagrado 48:18)

E assim sucessivamente consoante o trabalho que cada um prestou para o engrandecimento do Islam; Deus diz a seu favor.

‘’Quanto aos fiéis que migraram e combateram pela causa de Deus, assim como aqueles que os apararam e os secundaram – estes são os verdadeiros fiéis – obterão indulgência e magnífico sustento.’’ (Alcorão Sagrado 8:74)

‘’Muhammad é o Mensageiro de Deus, e aqueles que estão com ele são severos para com os incrédulos, porém compassivos entre si. Vê-los-ás genuflexos, prostrados, anelando a graça de Deus e a Sua complacência. Seus rostos estarão marcados com os traços da prostração.’’ (Alcorão Sagrado 48:29)

AMINUDDIN MUHAMMAD
(A FÉ E A CRENÇA MUÇULMANA)

Fonte: http://www.islamemlinha.com/index.php/artigos/os-companheiros-do-profeta/item/os-sahaba

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Jesus (paz esteja com ele): A sua Mensagem e a sua próxima vinda. O anúncio de Muhammad (paz esteja com ele). O Anticristo.

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Jesus (p.e.c.e.), nomeado no Alcorão como Issa ibn Maryam, Issa filho de Maryam, o Messias, a Palavra de Deus e o Seu Espírito.

A apresentação de Jesus (a.s.), o Verbo encarnado de Deus, um tanto diferente no Sagrado Alcorão, não é um desejo de confronto com os nossos irmãos cristãos; mas uma forma de clarificar o que o Islão diz a esse respeito, apesar das diferenças.

Segundo o Sagrado Alcorão — última Escritura Divina — Deus concedeu a Jesus milagres que apoiavam a veracidade da sua pregação. E curava os enfermos graves, leprosos e paralíticos, com o poder que provinha de Deus e, inclusivamente, ressuscitava mortos; pediu que descesse do Céu uma mesa servida para ele e para os seus discípulos, para convencer os cépticos. Falou no berço defendendo a sua mãe Maria das acusações falsas de infidelidade; e predicou o Evangelho (Palavras de Deus, através de Jesus). Mas apesar desses prodígios não acreditavam nele. Alguns divinizavam-no pelo seu nascimento sem pai e esqueciam-se do nascimento de Adão, sem mãe nem pai, que Deus criou dizendo: “Sê”, e foi; e da criação de Eva, que nasceu, também, sem mãe nem pai…

Aceitar Issa (a.s.) – Jesus – é uma parte importante da fé Islâmica. A fé nele é indispensável. Quem não o aceita como mensageiro de Deus, não pode aceitar Muhammad (s.a.w.), e quem crê verdadeiramente nele não pode deixar de crer em Muhammad.

E Jesus (p.e.c.e.) anunciou que Muhammad (p.e.c.e.) viria depois dele: 

«E de quando Jesus, filho de Maria, disse: Ó Filhos de Israel! Na verdade, sou o mensageiro de Deus, enviado a vós(1), corroborante(2) de tudo quanto a Tora antecipou no tocante às predições, e alvissa-reiro de um mensageiro que virá depois de mim, cujo nome será Ahmad».(3) - (Alcorão, 61:6).

“Se me amais, observareis os meus mandamentos. Eu regressarei ao Pai e ele dar-vos-á outro conso-lador”. - (Bíblia, João 14,15-16).

Esta palavra tem nomes diferentes em distintas Bíblias, (Espírito da Verdade, Defensor, Advogado, Consolador, Confortador, etc. Mas na versão Grega era Parakleitos, cuja tradução para o árabe é Ahmad ou Muhammad.

Mais adiante disse: “O que não me ama, não guarda os meus ensinamentos; e a doutrina que escutais não é minha, mas de quem me enviou. Tenho-vos dito estas coisas estando convosco, mas o Parakleitos, que o “Pai” enviará em meu nome, ele ensinar-vos-á tudo e recordar-vos-á tudo quanto vos tenho dito”. - (Bíblia, João 14, 24-26).

Definitivamente esse Enviado é Muhammad (p.e.c.e.) e é fácil dar-se conta da semelhança da Mensagem do Alcorão, com a Mensagem original de Jesus (p.e.c.e.), isto é com o Cristianismo primitivo. Esta semelhança é inclusivamente maior que com o cristianismo atual, que segue mais os ensinamentos de Paulo, que de Jesus. 

No Islão, recorda-se repetidamente Jesus e a sua Santa Mãe, Maria. Encontramos no Sagrado Alcorão, uma Sura exclusiva dedicada a Maria, e que leva o seu nome, onde se relata o nascimento de Jesus (p.e.c.e.). Encontramos também a Terceira Sura do Livro Sagrado que leva o nome de “A Família de ‘Imrán” (Joaquim) que era o pai da Virgem Maria. A Quinta Sura denomina-se “A Mesa Servida”, na qual se relata a descida da ceia dos céus para Issa (Jesus) e seus companheiros. Deus nomeia no Sagrado Alcorão vinte e cinco vezes Jesus; e a Maria, trinta e quatro vezes. A fé dos muçulmanos em Jesus (p.e.c.e.) é a mesma que nele tinham os discípulos.

Os evangelhos antigos calcula-se que foram mais de trezentos, entre eles o de Barnabé e o de Tomás, dos quais se encontram algumas cópias em importantes Museus europeus; vários desses Evangelhos declaram que Jesus não é Deus, nem Seu filho de natureza divina, mas somente o Verbo encarnado de Deus, criado por Deus de uma maneira diferente.

Quanto ao sentido do termo "espírito de Deus", significa que quando foi concebido na sua mãe pela palavra divina “kun” (sê) infundiu-lhe com esta palavra o seu espírito humano por intervenção direta. 

As autoridades romanas que governavam Jerusalém viram em Jesus um perigo que ameaçava o seu despotismo e idolatria. Os sacerdotes do Tempo, também confabularam. Os romanos ordenaram que fosse crucificado, mas segundo o Alcorão, Jesus (p.e.c.e.) foi salvo e ascendeu aos céus por graça de Deus, e a sua crucificação não foi realizada.

Existem numerosos Ahadith do Profeta Muhammad (p.e.c.e) que confirmam a veracidade do retorno de Jesus à Terra, nos últimos tempos, para predicar o Tawhid (a Unicidade de Deus) e administrar a justiça. Disse, por exemplo, o Profeta (s.a.w.): “Quando Deus enviar Jesus, filho de Maria, este descenderá junto a um minarete branco a este de Damasco, com duas capas amarelas, apoiadas as suas mãos sobre as asas de dois Anjos". Também disse: “Eu sou o mais próximo de Jesus, filho de Maria, pois não existiu Profeta entre ele e eu. Ele descenderá fisicamente e ao vê-lo reconhecê-lo-eis: é homem de tamanho médio, e rosado”.

Jesus (p.e.c.e.) elevou-se com corpo e alma, com seres de luz (Anjos) e voltará fisicamente à Terra, tal como se elevou. A não morte de Jesus na Cruz não diminui em nada a sua grandeza nem a Omnipotência de Deus. Para o Islão não é necessária a sua morte porque não aceitamos que com ela limpou os nossos pecados. Nós continuamos a ser responsáveis pelos nossos atos; e a aceitação de Jesus e da sua Mensagem é o ensinamento e o caminho para chegar ao céu, cumprindo com os seus mandatos; não é uma salvação automática com unicamente crer nele, pois isso é extremamente prazenteiro e fácil ao extremo, mas contradiz o princípio Alcorânico e inclusivamente o mandato Bíblico: que a fé sem obras, não vale nada.

Jesus é grande, mas Deus é todavia Maior. Jesus reconhece-o ao dizer, Elohi Akbar, que significa: Que Deus é o Maior e que em árabe os muçulmanos dizem Allahu Akbar e que foi traduzido pelos gregos, como “Meu Pai é maior que eu”. (João 14: 28).

O Anticristo

Finalmente é bom clarificar, que quando Jesus (p.e.-c.e.) descer, estará a reinar o Anticristo, que gozará de poder, bons carros, relógios de ouro, joias, diamantes e prosperidade e que dirá que é Jesus Cristo e por conseguinte Deus e fará milagres e pedirá que o adorem. O verdadeiro Jesus (p.e.c.e.) descerá no Médio Oriente, da mesma forma como se foi e será humilde e dirá que tão só é um enviado de Deus, Seu Servo e Mensageiro.

Se se ensina que Deus ama o ouro, o dinheiro e a prosperidade, a quem seguireis? 

Se a fortuna é exibida e usada pelos dirigentes, a quem vos parecereis? Ao Cristo do burro ou ao “Cristo” de relógio de ouro e bens em abundância? 

Ao que diz que é Deus e ostenta riquezas? Ou ao humilde, que virá como se foi? 

Ao ostentoso que dirá que é Deus e pedirá que se o adore? Ou ao humilde que dirá a Deus que “não se faça a minha vontade mas a Tua” e que não pedirá que se o adore, mas que se adore o Altíssimo, com a mesma Oração, que Ele nos ensinou antes?

Deus nosso que estás nos céus / Santificado seja o Teu nome/ Venha a nós o Teu reino/ faça-se Senhor a Tua vontade/ assim na Terra/ como nos Céus./ O pão nosso de cada dia/ nos dai hoje/ e perdoa as nossas ofensas/ Como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido/ e não nos deixais cair em tentação/ mas livrai-nos de todo o mal./ Ámen”.

Os muçulmanos seguirão o humilde. O enviado de Deus. O Messias, Jesus, filho de Maria, a paz de Deus esteja com ele e com a sua mãe.

No Capítulo 2, versículo 4 do Alcorão estabelece-se que os muçulmanos devem crer, não só no Alcorão (a Revelação proveniente de Deus, dada ao Profeta Muhammad (s.a.w.), mas também nas Revelações anteriores. Dessa forma, a Tora de Moisés, os Salmos de David e o Evangelho de Cristo, são entre outras, também Revelações provenientes de Deus, nas quais, nós muçulmanos devemos crer. Isto é assim, uma demostração de amplitude e ecumenismo espetacular.

O capítulo 3:84 do Sagrado Alcorão, também, do mesmo modo explica: “Dize: Cremos em Allah e no que foi revelado, e o que foi revelado a Abraão e a Ismael, e a Isaac e a Jacob e às Tribos; e aquilo que foi dado a Moisés e Jesus e aos Profetas do teu Senhor; não fazemos distinção entre nenhum deles e só a Deus nos submetemos”.

Lemos também no Sagrado Alcorão: «Ó adeptos do Livro! (Cristãos e Judeus). Vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorar senão a Deus, a não Lhe atribuir parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Deus”». – (3:64).

Possivelmente é este o chamamento mais antigo que pode encontrar-se, num Texto Sagrado, ao diálogo inter-religioso. Um chamamento a pôr-se de acordo para evitar disputas e conflitos e para unir forças na crença num mesmo e ÚNICO Deus.

Há dirigentes religiosos, de religiões cristãs não católicas, que recusam o ecumenismo e buscam o confronto, atacando descaradamente outras doutrinas. Pedimos ao único Deus de tudo, de todos e de todas, que os perdoe e ilumine e os afaste do erro.

O Sagrado Alcorão — a Última Escritura Divina — cujo texto original em língua árabe, tal como foi revelado ao longo dos 23 anos pelo Arcanjo Gabriel ao Profeta Muhammad (paz esteja com ele), foi memorizado e escrito pelos seus companheiros e seguidores, é um chamamento contínuo à unidade dos crentes: Innamál mumínuna íkhwa. “Certamente, os crentes são irmãos”. 

“Na verdade, aqueles que creem, e os judeus, e os cristãos, e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final, e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor e não serão presas do temor, nem se entristecerão.” – (Alcorão, 2:62). 

Há que clarificar que os milhões de cristãos de língua árabe não conhecem outra palavra para nomear a Deus, senão “Allah”! Allah não é assim o Deus dos muçulmanos. É Ele mesmo o único Deus de todos e todas e é um termo semita usado em árabe e também (com algumas diferenças fonéticas vocálicas) em hebreu e aramaico, para indicar o nome do Uno e Único Deus.

Fora disso, o Islão não oferece a salvação automática só por crer; já que a fé sem obras não vale nada. No entanto, oferece um caminho real e autêntico para atuar corretamente, com um prêmio real para esta vida e para o Além. Dessa forma a oferta é sincera e cheia de verdade.

De que serve oferecer algo que encha de prazer e alegria mundana, para logo nos darmos conta – quando for demasiado tarde – que eram falsas esperanças? Vemo-lo nas grandes ofertas de ganancias econômicas inesperadas. Muita gente prefere-as às oportunidades razoáveis; para dar conta a posteriori, que foram enganados. Ao menos nesta vida algo se pode fazer; mas na Outra, se nos equivocamos, estaremos perdidos.

Este (Alcorão) não é mais do que uma Mensagem para o Universo. E, certamente, logo tereis conhe-cimento da sua veracidade.” (Alcorão, 38: 87-88).

Walaikum as-Salam wa Rahmatullahi, wa Barakatuhu. “E que a Paz de Deus, a sua Misericórdia e as suas Bênçãos se derramem sobre toda a Humanidade” Ámen.

(1) - A missão de Jesus era para o seu próprio povo, os judeus. Ver Mateus 10:5-6 e Mateus 15:24. "Não fui enviado, senão às ovelhas desgarradas da Casa de Israel". Ver também Mateus 15:26: "Não é dado tomar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos".

(2) - Comparar com Mateus 5:17: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cum-prir."

(3) - "Ahmad" ou "Muhammad", o louvado, é quase a tradução da palavra grega Paracleto. No Evangelho de João 14:16, 15:26 e 16:7, a palavra "Consolador", na versão portuguesa, refere-se a Paracleto, que significa "Intercessor", "alguém chamado em auxílio de outro, um amigo generoso"; é melhor do que "Consolador". Os nossos doutos afirmam que Paracleto é uma corruptela de Periclytos, e que no dito original de Jesus havia uma profecia sobre um Profeta, chamado Ahmad. Mesmo se lermos Paraclete, isto poderia ser aplicado ao Profeta Muhammad, que foi "uma misericórdia para a humanidade" (Alcorão, 21:107).▀


Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 18/12/2014.

quinta-feira, dezembro 18, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 9ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) 

Para além das contribuições monetárias e materiais, são também consideradas e recompensadas outras formas de caridade (Sadaqa). “O valor gasto pelo chefe da família aos seus dependentes, é também uma Sadaqa”. Abdullah Ibn Amr al Aas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O maior pecado é o cometido por um homem que esbanja o que seria o sustento daqueles que se encontram sob seus cuidados”. Abu Daud. Cada um dos membros do nosso corpo, é também “chamado” para a prática de Sadaka,

como é explicado no seguinte hadice transmitido por Abu Huraira (Radiyalahu anhu): O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Em todos os dias da vida de um ser humano, existe uma obrigação para cada uma das suas articulações para darem Sadaqa (contribuição voluntária) – como um sinal de agradecimento a Deus; Estabelecer a justiça entre duas pessoas, é uma caridade; ajudar uma pessoa a subir a sua montaria (o seu meio de transporte), ajuda-lo com a sua carga, é também uma caridade; a boa palavra é uma caridade; e cada passo que der em direção à oração é uma caridade; e retirar um obstáculo do caminho (para facilitar a circulação) é também uma caridade”. Bukhari 52:232. 

SADACATUL FITR - ZAKATUL FITR

Outra forma do Zakat, é a que conhecemos como “Fitra”, “Sadacatul Fitr” ou “Zacatul Fitr”. É uma excelente forma que o Sharia determinou para suprir as necessidades alimentares dos crentes desfavorecidos no dia de festa do final do mês de Ramadan – o Idul Fitr. Permite assim os carenciados passarem com alguma dignidade o referido dia. O Fitra é uma contribuição obrigatória para todos os muçulmanos financeiramente capazes e o responsável pelo agregado familiar, deve responsabilizar-se pelos seus dependentes. O valor é entregue antes da oração do Idul Fitr, de modo que todos possam também preparar-se para os festejos. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) referiu: “ Tornai-os auto-suficientes nesse dia”. Al- Baihaqui.

Se distribuirmos o Fitra em gêneros alimentícios, os mesmos deverão ser de boa qualidade, aqueles que poderiam ser consumidos por nós. “Ó crentes, contribuí com o que do melhor que tiverdes adquirido, assim como com o que vos temos feito brotar da terra e não escolhais o pior para fazerdes caridade, sendo que vós não o aceitaríeis para vós mesmos, a não ser com os olhos fechados. Sabei que Allah é, por Si, Opulento, Laudabilíssimo”. Cur’ane 2:267. Porque não contribuir generosamente para que uma ou mais famílias necessitadas tenham um dia de festa com alegria? No caso da entrega do Fitra ser efetuada depois da oração, constituirá uma simples sadaqa (esmola). Os destinatários do Zakatul Fitr” são todos os muçulmanos necessitados susceptíveis de receber o Zakat. Não se pode dar aos familiares ascendentes e descendentes, porque para esses é responsabilidade da pessoa para os sustentar.

AS CONSEQUÊNCIAS DE NÃO PAGAR O ZAKAT

Ibn Abbas (Radiyalahu an-hu) narrou: “O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse. “Se um filho de Adão tivesse um vale de ouro, teria desejado ter dois vales; porém (na sua morte), nada lhe encherá a boca, excepto a areia. Ainda assim, Deus perdoará a todo aquele que se arrepender.” (Bukhari e Muslim).

Alguns muçulmanos não pagam o Zakat, apesar de serem possuidores de riqueza (mesmo sendo pouca, seria muito para os necessitados). Outros sabem que têm de contribuir para este importante pilar mas vão protelando, por preguiça de fazer as contas ou de desmobilizar poupanças. Assim o tempo vai passando e quando se recordam voltam outra a vez a prometerem a eles próprios, que têm de tratar do assunto. E o tempo vai passado até que a morte os surpreende.

Protelar o pagamento do Zakat (obrigatório) e da contribuição da Sadaqa (facultativa) para quando formos mais idosos, é uma cilada que montamos para nós próprios. Ninguém sabe quantos dias, meses ou anos ainda vai viver. Mas o prazer da vida, leva-nos a não pensar naquilo que é mais certo. Toda a alma experimentará o sabor da morte. Abu Huraira referiu que foi perguntado ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), qual a Sadaqa mais recompensável, ao que ele respondeu: “É quando ofereces Sadaqa enquanto estás saudável, tendo ambição da riqueza, receando a pobreza e tendo um grande desejo de  se tornar rico. Não demores (de assim o fazer) até ao aproximar do tempo da morte, quando dirás: “dêem a fulano e ao fulano, quando isso já é pertença de fulano e fulano (e para isso já é tarde demais). Bhukari 24:500.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

18/12/2014

quinta-feira, dezembro 11, 2014

A árvore de Natal Mas será isso, porventura, um costume cristão? Autor: Dr. Armando Bukele Kattan - Fonte: webislam / aclarandoconceptos Versão portuguesa: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos no Natal e muitos cristãos iluminaram árvores, nas suas casas, escritórios e nos sítios públicos.  Mas, será isso, porventura, um costume cristão?

Definitivamente não. Tem as suas origens na antiga crença germânica, de que uma árvore gigantesca sustinha o mundo e que nos seus ramos estavam sustidas as estrelas, a lua e o sol (o que poderia explicar o costume de pôr nas árvores, luzes). Fora isso, os druidas, sacerdotes celtas originários primitivamente do sudoeste da Alemanha (ainda que logo se expandiram por quase toda a velha Europa, ficando finalmente confinados à Irlanda), consideravam que os deuses habitavam nas árvores, nas quais se tocava com as mãos para pedir favores; daí o costume de “tocar na madeira para impedir um mau presságio”.

A maioria dos povos da Alemanha (visigodos, germanos, celtas e saxões) tinham também o costume, de quando no Inverno as árvores perdiam as suas folhas, “vestiam as árvores” geralmente com maçãs ou pedras pintadas para pedir que regressassem rapidamente os espíritos bons que habitavam nas árvores.

Em algumas casas nos países nórdicos, durante o Inverno, cortavam-se alguns ramos e decoravam-se com pão, adornos chamativos e frutas, para pôr um pouco de cor nas casas enquanto decorria o gélido Inverno.

Por outro lado, ainda que não se saiba o dia exato do nascimento de Jesus (paz esteja com ele), muitos consideram-no na Primavera, no mês de Nisan, nosso atual Abril, quando os campos reverdeciam na Palestina e os pastores poderiam estar com as suas ovelhas em campo aberto.

No entanto, a meados do século IV, o Papa Júlio I, estabeleceu a data de 25 de Dezembro, dia próximo a muitas festas do solstício de Inverno e início das festas romanas, os bacanais, que duravam 1 semana e terminavam a 31 de Dezembro, que era o fim do calendário solar romano e o 1o de Janeiro que era o primeiro dia do Novo Ano. Dessa forma, transladou-se ao Inverno do norte da Europa cristã, a celebração mais importante da Cristandade.

O costume da “árvore do Inverno” incorporou-se assim à celebração do Natal. Conta-se que um missionário inglês na Alemanha, compreendendo que era impossível erradicar de raiz essa tradição pagã, adotou-a dando-lhe um sentido cristão, fazendo com que a árvore adornada fosse também um símbolo do nascimento de Cristo.

Os primeiros documentos que falam de colocar árvores de abeto ou de pinho nas casas são do século XVII na região de Alsácia.

Nos países nórdicos, por essa mesma data, começavam-se a reunir as famílias em torno de uma árvore de Natal. No dia 24 de Dezembro as crianças eram levadas a passear de dia no campo, enquanto os adultos colocavam e decoravam com doces ou adornos a árvore; no seu regresso, as crianças eram surpreendidas com a árvore e os presentes e assim tinha início a celebração da festa de Natal. Em 1750, em Bohemia, incorporam-se as bolas de cristal. Quando a Rainha Vitória de Inglaterra, para celebrar o Natal, faz colocar uma árvore, no palácio de Corandolo, com velinhas que fazem reluzir uma série de belos e finos adornos, o cosume da árvore de Natal torna-se moda.

A aparição do Papai Noel, também chamado Santa Claus, Sinterklaas ou Pére Noel, segundo o país, assim como a tradição da árvore natalícia ou a representação do presépio, são costumes básicos e permanentes, durante a celebração do Natal Cristão, bem como a partilha de presentes às crianças e a troca de lembranças com os adultos. (Em Espanha, no entanto, os presentes partilham-se no dia dos Reis Magos, a 6 de Janeiro).Se bem que a simbologia do Natal – árvore de natal inclusivamente – não tem uma origem cristã; nem a data de nascimento do menino Jesus, é cronologicamente correta; é lícito e conveniente, celebrar o Natal, partilhando a alegria e a meditação sobre esta data tão memorável... Não podemos isolar-nos de uma identidade comum e uma civilização partilhada, imersa nas tradições do nosso povo, do qual todos fazemos parte...

Em 25 países de maioria muçulmana considera-se festa nacional o Natal Católico (25 de Dezembro) ou o Natal Cristão Ortodoxo (6 de Janeiro). Veja o que diz o Alcorão a respeito do nascimento de Jesus AS «Explicou-lhe (o anjo Gabriel): Sou tão somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.

Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta?Disse-lhe: Assim será, porque o teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.

E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um lugar afastado.

As dores do parto a constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida.

Porém, chamou-a uma voz, junto a ela: Não te atormentes, porque o teu Senhor fez correr um riacho a teus pés!

E sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre ti tâmaras maduras e frescas. Come, pois, bebe e consola-te; e se vires algum humano, faze-o saber que fizeste um voto de jejum ao Clemente, e que hoje não poderás falar com pessoa alguma». — Alcorão, 19:19-26.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 11/12/2014.

: ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 8a. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as  Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMUA MUBARAK 

A pessoa que foi criticada por praticar muita caridade, defendeu-se afirmando: “Se uma pessoa pretende transferir-se duma casa para a outra, deixará alguma coisa na primeira?”.

Aqueles que tiverem poucos recursos, deverão ter em atenção de que ao concederem o Sadaqa - a caridade facultativa), deverão deixar ficar o suficiente para o sustento das suas famílias. Evitam assim ficarem sujeitos da generosidade de outros e de recorrerem à mendicidade. A melhor Sadaqa é aquela que não deixa o doador numa situação de necessitado. Se o crente se encontrar endividado, deverá primeiro saldar as suas dívidas e só depois é que poderá conceder a Sadaqa. Toda a caridade deve ser efetuada de acordo com as capacidades econômicas e financeiras de cada um. “Que o abastado retribua isso, segundo as suas posses; quanto aquele, cujos recursos forem parcos, que retribua com aquilo com que Deus lhe agraciou. Deus não impõe a ninguém a obrigação superior ao que lhe concedeu; Deus trocará a dificuldade pela facilidade”. Cur’ane 65:7. 

A caridade dada por aquele que tem poucos bens, Somente para agradar a Allah, terá maiores recompensas em relação ao rico que tem oportunidade de dar muitas vezes. Se alguém tiver só duas moedas, sabendo que existe alguém ainda mais necessitado, se der uma das moedas como caridade, terá maiores recompensas em relação àquele que tem muito mais e que deu 100 moedas, porque esse gesto representa um grande sacrifício da sua parte. 

Após a morte do ser humano, todas as suas ações terminam. Se as recompensas resultantes das boas ações feitas durante a vida forem insuficientes para a obtenção da tranquilidade na vida futura, nada mais lhe valerá. Exceto se deixar algo do qual as pessoas continuarão a beneficiar, como por exemplo um poço para saciarem a sede. Assim, mesmo depois da sua morte, o crente continuará a obter recompensas através da Sadaqa Jariya – a Caridade Contínua. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A recompensa pelas ações praticadas pela própria pessoa chega ao fim com a morte dele. Contudo, poderá continuar a receber recompensas de três Coisas após a sua morte: o Sadaka cujo benefício seja contínuo, o conhecimento (por ele difundido) do qual as pessoas continuem beneficiando e um filho virtuoso que oferece preces para os seus parentes falecidos”. Muslim 13:4005 

Devemos fazer caridade em nome dos nossos pais, mesmo depois destes terem falecido. A prática regular do Zakat e da Sadaqa em nome deles, será benéfico para os nossos familiares que já se “despediram” deste mundo, para a tranquilidade nas suas sepulturas e para continuarem a ganhar recompensas, de modo que se apresentem no Dia do Julgamento Final com mais ações meritórias. 

Aisha (Radiyalahu an-há), referiu que uma pessoa perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Minha mãe morreu de repente, e eu acho que se ela pudesse falar, teria dado caridade. Posso dar em nome dela?”. Ele respondeu: “Sim! Dê caridade em seu nome”. Bhukari 51:22 

O Islam é a religião da misericórdia. Allah é Misericordioso para com as suas criaturas e fica satisfeito quando vê que os crentes também espalham a misericórdia entre eles. Ajudar e facilitar a vida de um irmão, é uma forma de misericórdia. Quem não sente misericórdia pelo seu semelhante, no Dia da Ressurreição Allah também não vai sentir Misericórdia por ele. Todos são incentivados para darem o Sadaqa.

Ricos e pobres, devem contribuir com o melhoramento da situação dos irmãos que se encontram mais necessitados. Se alguém está com problemas graves, haverá sempre outro que se encontra numa situação ainda mais deplorável. Porque não um sorriso, um ouvido paciente, uma palavra amiga, e um conselho para a resolução dos seus problemas? Todas estas manifestações de solidariedade são também Sadaka. 

Abu Burda, ouviu do seu pai e do seu avô de que o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Todo o muçulmano deve contribuir com a caridade”. As pessoas perguntaram: “Se alguém não tiver nada para dar, o que deve ele fazer?”. Respondeu: “Ele deve trabalhar com as suas mãos, beneficiando-se a si próprio e dar (uma parte) em caridade”. As pessoas perguntaram ainda: “Se ele não fizer isso?”. Ele respondeu: “Então deve realizar boas obras e manter longe as más ações e isso vai ser considerado como atos de caridade”. Bukhari 24:524. Podemos constatar a misericórdia do islam, quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) incentivou o seu companheiro Abu Dharr (Radiyalahu an-hu), apesar de ser pobre, para dividir a sua refeição com os vizinhos, como uma forma de fomentar a amizade e a misericórdia: “Ó Abu Dharr: “Quando preparares algum caldo (sopa, caril), lembre-se dos membros da família do seu vizinho, adicione água e ofereça uma parte como presente, com cortesia”. Musslim 32:6358. Que Allah nos ajude a espalhar a misericórdia entre nós. Amin. 

O jejum, a oração, a Sadaqa, proibir o mal e recomendar o bem, são vias para afastarmos as dificuldades que enfrentamos no que se refere às doenças, às nossas famílias e vizinhos. Bukhari 10.503. A Sadaqa, o mel e o Surat Fátiha, são remédios para muitos males e doenças. Também a Sadaqa afasta-nos e ajuda-nos a curar a avareza, o orgulho e o egoísmo. A Sadaqa dada em memória dos nossos falecidos, é uma das vias para a tranquilidade nas suas sepulturas e uma facilidade no dia da Prestação de Contas para eles e para nós. SubhanaAllah! Todos os Louvores são para ti, ó Allah, que instituíste a Sadaqa, uma contribuição para alívio dos que dão e dos que recebem. 

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41. 
Cumprimentos 
Abdul Rehman Mangá 

11/12/2014

quinta-feira, dezembro 04, 2014

O Papa e o Grande Mufti de Istambul partilham oração

Papa com Mufti na Mesquita Azul
“O Corão é um livro de paz. É um livro profético de paz”, disse o Papa Francisco ao The Washington Post, na segunda-feira. “Espero que a visita seja frutífera e contribua para a paz mundial”, expressou Rahmi Yaran, o Mufti de Istambul. ( 01/12/2014 - Fonte: Agencias/Onislam – Versão Portuguesa: Al Furqán).

Prezados Irmãos,  Assalamu Alaikum: 

Lançando uma mensagem de unidade entre os seguidores das duas religiões, o Papa Francisco visitou a Mesquita Azul de Istambul, e rezou junto ao Grande Mufti de Istambul durante a sua estadia de três dias na Turquia. 

"Espero que a visita seja frutífera e contribua para a paz mundial", expressou Rahmi Yaran, o Mufti de Istambul, ao Papa, segundo informou a Agência Anadolu no passado sábado, 29 de Novembro.  "Necessitamos de oração, muita oração". 

Num gesto descrito pelo Vaticano como um "momento de adoração silenciosa" a Deus, o Papa faz uma reverência com a cabeça numa oração que se estendeu vários minutos junto ao Grande Mufti de Istambul, na Mesquita do Sultão Ahmet, do século XVII. 

"Que Deus a aceite", dirigiu-se o Grande Mufti ao Papa no final da oração. 

A visita do Pontífice de 77 anos de idade é a quarta visita de um Papa à Turquia. 

Em Novembro de 2006, o Papa Benedito XVI visitou a Turquia e rezou na Mesquita Azul de Istambul, também. 

A Mesquita Azul, conhecida oficialmente como a Mesquita do Sultão Ahmet, abriu as suas portas em 1616 e é considerada a mais famosa da Turquia. 

Recebeu o seu nome popular dos elegantes azulejos azuis de Iznik, presentes na principal sala de oração. 

A Mesquita encontra-se na praça do Sultão Ahmet, na zona antiga de Istambul, frente à Mesquita Aya Sofya, que já foi a igreja cristã de Santa Sofia. 

O Papa visitou a Mesquita depois de uma breve visita a Aya Sofya. Também visitou o mausoléu de Anitkabir, a tumba do pai fundador da Turquia, Mustafa Kemal Ataturk. 

Durante o seu primeiro dia na Turquia, o Papa reuniu- -se com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, e o chefe do Conselho de Administração de Assuntos Religiosos da Turquia, Mehmet Gormez. 

UNIDADE CRISTà

Ao concluir a sua visita ao país predominantemente muçulmano, o Papa reuniu-se com o Patriarca Bartolomeu I, líder espiritual dos 250 milhões de cristãos ortodoxos do mundo. 

Numa reunião que teve como objetivo a cura da cisma que apareceu desde a separação das igrejas católica e ortodoxa em 1054, espera-se que uma declaração conjunta sobre os esforços de reunificação seja emitida pelos dois líderes religiosos. 

A visita do Papa foi bem recebida por líderes cristãos turcos que expressaram a sua alegria e optimismo. 

"Estou feliz porque está a fortalecer a posição das pequenas igrejas e a dar-lhes uma nova esperança", manifestou o Padre Franz Kangler, um sacerdote católico de Istambul, à Voice of America. 

A visita também foi elogiada pelos cristãos do país e os estrangeiros, que têm a esperança de que esta fomente uns melhores laços inter-religiosos. 

"É muito bom que tenha vindo", confessou Garbis Atmaca, um joalheiro arménio de 72 anos radicado em Istambul, ao The Guardian. 

"A sua visita terá um bom impacto no mundo islâmico. Isto ajudará a fomentar a compreensão e a paz". 

Uma mensagem de esperança similar foi partilhada por Anthony Joyce, um turista de 60 anos procedente de Inglaterra, que chegou à Turquia na sexta-feira, 28 de Novembro. 

"É maravilhoso que o Papa tenha vindo até aqui para mostrar a unidade do mundo entre as diversas religiões", disse Joyce.  "É muito bom para o futuro." 

O Papa declarou que é errado que alguém reaja ao terrorismo estando “raivoso” contra o Islão. 

CAIRO – Concluindo a sua visita de três dias à Turquia, o Papa Francisco confirmou que o Islão é uma religião de paz, rejeitando os preconceitos que acusam os Muçulmanos de atos cometidos por minorias. 

O Corão é um livro de paz. É um livro profético de paz”, disse o Papa Francisco ao The Washington Post na segunda-feira, 1 de Dezembro. 

Durante a sua visita à Turquia, o Papa Argentino conheceu o Presidente Recep Tayyip Erdogan, o Primei-ro-ministro Ahmet Davutoglu e o chefe dos Assuntos religiosos da Turquia, Mehmet Gormez. 

O PAPA E O MUFTI TURCO PARTILHAM ORAÇÃO 

Ele também visitou a Mesquita Azul depois de uma breve visita à Aya Sofia, durante a qual esteve em oração conjuntamente com o Mufti Turco de Istambul. 

O Papa assegurou que era errado que alguém reagisse ao terrorismo “em raiva” contra o Islão. 

Simplesmente não podem dizer isso, da mesma forma que não podem dizer que todos os cristãos são fundamentalistas”, disse ele. 

Nós temos a nossa parte [de fundamentalistas]. Todas as religiões têm estes pequenos grupos.” 

O Papa Francisco chamou os líderes Muçulmanos para garantir uma condenação global ao terrorismo de forma a quebrar o estereótipo de que o Islão e a violência estão intimamente ligados. 

A sugestão foi feita pela primeira vez durante o encontro do Papa com o Presidente Turco Tayyip Erdo-gan, na passada sexta-feira. 

Eu disse ao presidente que seria lindo se todos os líderes islâmicos, quer sejam líderes políticos, acadêmicos ou religiosos, falassem claramente e condenassem isto, porque isto iria ajudar a maioria das pessoas Muçulmanas”, disse ele aos repórteres durante o voo, reportou The Independent. 

A visita do Pontífice de 77 anos foi a quarta visita de um Papa à Turquia. 

Em Novembro de 2006, o Papa Benedito XVI visitou a Turquia e também rezou na Mesquita Azul de Istambul. 

Um grande número de líderes por todo o mundo condenou o Estado Islâmico, fazendo declarações fortes com vista a negar qualquer relação entre o Islão e o grupo de militantes. 

Há dois meses, o Sheikh Ahmed el-Tayeb, o Grande Imam de Al-Azhar, o mais alto posto do ensino religioso do mundo sunita, condenou o ISIL, acusando-o de servir um princípio “Sionista” para “destruir o Mundo Árabe”. 

Antes, o Grande Sheik Mufti Saudita Abdul Aziz al-Sheikh condenou a Al-Qaeda e o Estado Islâmico jiha-dista como o “inimigo número um” do Islão, dizendo que é urgente que os Muçulmanos levantem os seus braços contra os membros do grupo militante como agressores que abusam das vidas das pessoas, posses e honra. 

A União Internacional de Estudos Muçulmanos (IUMS) negou o anúncio do ISIL de formar um “califado” nas áreas que controlam no Iraque e Síria, dizendo que era vazio de qualquer aspecto islâmico ou realista.■ /// 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 04/12/2014.

A L M A D I N A COMO PASSAR AS FÉRIAS DE VERÃO!

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad -    01.12.2014

De facto, a necessidade de a pessoa descansar depois do trabalho e do esforço, a necessidade de calma depois do movimento, é de entre os factos que nenhuma pessoa inteligente pode rejeitar.

A religião isslâmica, com o seu método fácil, em que a natureza humana é tomada em consideração, não impõe que o Homem passe todo o seu tempo em adoração. Estabeleceu uma porção para o descanso, para o gozo e para o prazer, dentro dos limites prescritos.

Quando An’zala (R.T.A.), companheiro do Profeta Muhammad (S.A.W.) se lamentou de estar a passar algum do seu tempo entretido com os filhos, com a esposa, e noutras atividades mundanas, o Profeta aquiesceu sobre a necessidade do entretenimento e do gozo lícito, dizendo três vezes: “Ó Han’zala! Deve haver tempo para isto, e tempo para aquilo”. (Relato de Musslim)

Os intelectuais que estabeleceram as férias periódicas, semanais, mensais ou anuais, foi porque prestaram atenção ao seu efeito positivo na renovação da atividade humana e na recuperação mental e física, para que se volte ao trabalho mais fresco e com melhor disposição.

Todavia, quando algo ultrapassa os limites e não é aplicado da forma mais correcta, passa de positivo para negativo. Portanto, se as férias se prolongarem, acabam criando muitas coisas negativas e muitos prejuízos como resultado do vazio que não está sendo preenchido da maneira mais correcta. E isso acontece quando os deveres e os direitos não estiverem a ser cumpridos.

O Isslam considera o tempo a coisa mais valiosa no Mundo, que se for bem aproveitado traz felicidade, pois de contrário pode trazer desgraça.

As férias de Verão ou noutra estação qualquer) são um tempo valioso e uma oportunidade importante que as pessoas aproveitam para descansar, abstraindo-se das preocupações inerentes ao trabalho durante o resto do ano. 

O Isslam ensina-nos que o crente não deve estar parado, inativo, sem fazer nada, seja relacionado com os assuntos mundanos, ou com assuntos da vida do Além, pois ele foi criado para trabalhar, para se esforçar e dar o melhor de si. No Dia da Ressurreição será interrogado sobre a sua vida, onde a passou. Será informado acerca das suas acções, sobre o que praticou. E ser-lhe-á exigida a prestação de contas. Consta no Al-Qur’án, Cap. 9, Vers. 105:

“Diz: trabalhai. Deus, Seu Mensageiro e os crentes verão vossas obras. Depois sereis levados ao Conhecedor do invisível e do visível, e Ele vos informará de tudo o que fazíeis”.

Na realidade, na vida de um crente não há tempo livre, sem proveito, pois o tempo é a vida, e o crente será recompensado se o aplicar no bem, e será considerado pecador se o aplicar no mal. E o Profeta Muhammad (S.A.W.) encorajou-nos a aplicá-lo correctamente, ao dizer: “ Aproveite cinco coisas antes de outras cinco te surpreenderem: 1) A vida antes de morreres; 2)A saúde antes de adoeceres; 3) O tempo livre antes de te ocupares; 4) A juventude antes de envelheceres; e 5) A riqueza antes de empobreceres”. (Relato de Al-Hákim)

Nisso o Profeta encoraja-nos a fazermos do tempo livre uma ocasião para preenchê-lo em coisas úteis, pois mesmo ele, na sua casa, nunca foi visto inactivo, sem fazer algo, facto relatado por sua esposa, Aisha (R.T.A.). Isto porque Deus, dirigindo-se ao Profeta diz, no Cap. 94, Vers. 7 - 8: 

“E quando estiveres livre (das tarefas imediatas), esforça-te arduamente (na adoração) e vira toda a tua atenção para o teu Senhor”. 

Esta mensagem é para todo o crente, para que evite ficar sem fazer nada. Se tiver terminado as tarefas mundanas deve esforçar-se na adoração, e ansiar o que está junto de Deus, nas Suas dádivas infinitas. E quando terminar as suas obrigações religiosas se ocupe nas suas actividades mundanas.

Quando terminar as suas necessidades físicas deve virar-se para as necessidades espirituais. Quando terminar os seus afazeres pessoais, que se dedique a assuntos familiares, ou a assuntos da sua sociedade.

É assim que o crente chega à conclusão que na vida nunca há tempo livre, sem nada apara fazer. Assim, todos os momentos da sua vida tornam-se momentos de adoração e aproximação a Deus. 

Costuma-se dizer que parar é morrer, pelo que nunca devemos parar de atuar, pois toda a vida tem de ser um movimento constante. O descanso não é o objetivo para o qual se deve gastar muito dinheiro, e nem devemos passar o nosso tempo livre em brincadeiras, mas sim aproveitando integralmente o tempo disponível em algo útil relacionado a este Mundo e também ao Outro Mundo, o que decerto trará benefícios, neste e no Outro Mundo.

Deus diz no Cap. 59, Vers. 18 do Al-Qur’án:

“Ó vós que credes! Temei a Deus. E que cada alma considere bem o que ela preparou para o (seu) amanhã! E temei a Deus. Na verdade Deus sabe bem tudo o que fazeis”.

Portanto, a pessoa deve fazer do tempo livre e da época das férias uma época de edificação e não de demolição. Época de obediência e não de desobediência (a Deus).

A época de férias de tem muitos aspectos positivos que devemos aproveitar, assim como tem aspectos negativos que devemos evitar.

O grande teólogo Ibn Al-Quyim diz: “O ano é como uma árvore. Os meses e os dias são como as suas ramificações. As horas são como as folhas, e a respiração é como o seu fruto. Portanto, quem tiver a sua respiração na obediência a Deus, então o fruto da sua árvore será bom. Mas quem tiver a sua respiração na desobediência (a Deus), então o seu fruto será amargo. E a colheita será no dia da ceifa, e aí ir-se-á saber qual das frutas será doce e qual será amarga.”

Nas férias do Verão a pessoa pode aproveitar o seu tempo para ler livros que lhe transmitam algum benefício, seja sob a forma de adoração a Deus ou sob qualquer outra forma, pois a adoração reforça a alma e o corpo. Deve-se abster do cometimento de pecados, já que estes enfraquecem o corpo, matam a alma, endurecem o coração e levam à perdição, tanto neste como no Outro Mundo.

Pode-se aproveitar o tempo de férias para atividades culturais, intelectuais e desportivas com amigos, tudo isso dentro dos limites prescritos, e assim tentar-se criar um equilíbrio entre as exigências físicas e as espirituais. 

Pode-se também aproveitar para fazer visitas aos pais, aos familiares, aos amigos, às pessoas piedosas, aos teólogos, aos doentes, aos pobres, aos cemitérios, etc.

Os estudantes podem aproveitar para se dedicarem a atividades, seja no plantio de árvores, na limpeza de jardins e praias, ou mesmo na aprendizagem de alguma arte ou profissão que no futuro poderão ajudar no combate ao desemprego.

O vazio na pessoa nunca permanece vazio, pelo que sempre acaba preenchido com algo bom ou mau. Se não ocuparmos a nossa alma com algo benéfico, ela ocupar-nos-á com coisas más.

Por isso, prestemos atenção, como e onde passamos as férias de Verão.

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 7ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)  -JUMA MUBARAK

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que uma das 7 pessoas que será acomodada por Deus na sombra da Sua Misericórdia, no dia em que não haverá nenhuma sombra excepto a Sua, é a pessoa que dá esmola e que a mão que dá (a direita) o faz com tanto secretismo, que a outra mão não sabe.Bhukari 24:504. Muitos versículos do Cur’ane e ditos do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) condenam o exibicionismo no que se refere à entrega da caridade.

No entanto, no caso de se pretender divulgar por outros crentes a necessidade de se completar uma certa verba destinada a colmatar uma emergência, não haverá mal nisso. Será uma forma de se encorajarem uns aos outros, angariando os donativos publicamente. “Aqueles que gastam os seus bens pela causa de Allah, sem acompanhar a sua caridade com exprobração nem injúria, terão a sua recompensa ao lado do Senhor e não serão presas do temor, nem se angustiarão”. Cur’ane 2:262. “Innamal an-mal bi nniyaiti”. O valor de cada acção depende da intenção”. Umar bin al-Khatab disse: “ouvi do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) dizer: “As recompensas das acções dependem das intenções e cada pessoa receberá a recompensa de acordo com o que ele pretendia…” Bhukari 1.1. Se a intenção de publicitar a entrega da caridade como meio de adquirir fama e prestígio perante a sociedade, perante o Criador não terá qualquer valor nem recompensas. Mas Deus agraciará os bens intencionados porque “De toda a caridade que fizerdes, Deus o saberá”. Cur’ane 2:273.

A IMPORTÂNCIA DO SADAQA (CARIDADE FACULTATIVA)

Quando efectuamos as nossas orações, algumas vezes, a nossa mente divaga por diversos problemas da nossa vida. Outros estão nas orações, mas já estão a pensar no que têm para fazer de seguida, ao ponto de se enganarem no número dos rakates (ciclos das orações) e nos versículos do Cur’ane que estão a recitar. A mente humana viaja muito e em questões de segundos pode chegar a terras bem distantes! É verdade que não é fácil o crente manter-se alheio a tudo o que lhe preocupa. Só com concentração e uma fé muito grande é que se pode atenuar estas falhas. Porque o ser humano não é perfeito, ninguém se pode valorizar de que cumpre de forma correcta e rigorosa os preceitos religiosos. Podemos ter grandes ou pequenas recompensas, dependente da perfeição das orações. Em certas situações poderemos estar a aumentar os nossos pecados.

Assim, é recomendado ao crente, para além das orações obrigatórias, efectuar muitas orações facultativas (sunats e nafls), de modo que estas possam cobrir as eventuais falhas nas obrigatórias. Tendo em conta a qualidade do salah de cada um, o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “A pessoa que termina a sua oração, apenas um décimo, um nono, um oitavo, um sétimo, um sexto, quinto quarto, ou uma terça parte ou metade é considerado como aceitável”. Abu Daud. No dia do Julgamento final, se as orações forem consideradas boas, serão o garante para a facilidade de ganharmos a paz e a tranquilidade na vida futura. O mesmo se passa com os jejuns facultativos que irão cobrir as falhas dos nossos jejuns do mês de Ramadan.

Assim também se passa com a caridade facultativa que devemos fazer durante a nossa vida. Para suprir eventuais erros ou pecados cometidos na entrega do Zakat, devemos ter uma “reserva” substancial de recompensas obtidas pela distribuição de Sadaqa (contribuição facultativa). Sadaqa é um “empréstimo” a Allah. O nosso Senhor diz: “ Quem é que empresta a Allah um bom empréstimo para que Ele lho multiplique muitas vezes? Allah restringe e estende (a riqueza). E, para Ele regressareis.” Cur’ane 2:245. Nas interpretações dos nossos conhecedores, passados e presentes, o termo “emprestar a Allah”, significa gastar em caridade.
…Tudo quanto distribuirdes de caridade, Ele vo-lo restituirá, porque é O melhor dos Agraciadores”. Cur’ane 34:39.

Algumas falhas podem ocorrer na entrega do Zakat; lapsos no cálculo do valor devido; entregas do zakat muito para além do prazo prescrito; e a entrega do mesmo que inadvertidamente o fizemos sem o devido segredo. Assim, quanto maior for a Sadaqa, maior será a probabilidade da mesma vir a atenuar as falhas na distribuição do Zakat e será um meio de obtenção no Akhirat (vida futura) de inúmeras recompensas. As orações facultativas, a caridade voluntária e os jejuns facultativos, serão um meio para nos aproximarmos mais do Criador e de obtermos a Sua amizade. Subhanallah!

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

04/12/2014

sexta-feira, novembro 28, 2014

ZAKAT, SADAQA E O TRABALHO – 6ª. Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Não existe criatura sobre a terra, cujo sustento não dependa de Allah …” Cur’ane 11.6.

Allah Subhana Wataala criou o ser humano e fez dele um sinal da Sua Perfeição e Misericórdia. Ensinou-lhe o que é certo e o que é errado. “Pela alma e por Quem a aperfeiçoou; e lhe imprimiu o discernimento entre o que é certo e o que é errado”. Cur’ane 91:7 e 8.

A relação de Allah com as Suas criaturas é baseada na Misericórdia e na Compaixão. Deus é o mais Misericordioso dos que mostram a misericórdia e transmitiu à sua criação uma parte da Sua Bondade e da Sua Misericórdia, para que todos possam sentir compaixão e ajudarem-se mutuamente. Yá Arhama Rahimin. Abu Huraira (Que Deus fique satisfeito com ele), referiu que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Deus dividiu a misericórdia em cem partes, reteve noventa e nove partes, fazendo apenas descer uma à terra. Dessa (uma) parte, emana toda a compaixão com que a criação inteira divide entre si. É tamanha essa compaixão, que faz com que o animal levante bem as garras, para não causar dano à sua cria”. Bukhari e Muslim.

Allah, o Criador e o Sustentador, destinou e garantiu o sustento (rizk) para cada uma das Suas criaturas. Ninguém conseguiria apoderar-se do sustento destinado a uma outra pessoa. “Não existe criatura sobre a terra, cujo sustento não dependa de Allah …” Cur’ane 11.6. Mesmo aqueles que se encontram incapacitados, Allah também destinou o seu rizk. “E quantas criaturas existem que não podem procurar os seus sustentos! Deus as agracia da mesma maneira que a Vós e Ele é Oniouvinte, o Sapientíssimo”. Cur’ane 29.60. É o caso, por exemplo, dos fetos de todos os seres vivos que se encontram em gestação. O sustento inicia-se quando nos encontramos nas barrigas das nossas mães e cessa com as nossas mortes. Esta garantia de sustento é um dos sinais da Soberania e do Poder de Deus.

Deus criou tudo o que existe na terra para que os seres vivos, em especial os humanos, possam produzir, colher e usufruir equitativamente. Para cada ser vivo, dependendo da localização, do clima, das tradições alimentares e das condições sociais, existe uma diversidade de alimentos. Assim, ninguém se pode lamentar que Deus lhe deu um tipo de alimento “inferior” em relação ao do seu vizinho. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que não devemos olhar para quem está num nível superior ao nosso, mas sim quem se encontra abaixo do nosso nível. Assim, saberemos dar valor ao que nos foi concedido e não desprezarmos os favores concedidos pelo Sustentador. Procuremos saciar a nossa ânsia de ter os que os outros têm, encontrando a felicidade e a tranquilidade com a lembrança de Deus (dikr) e o aumento do íman (fé). “Mas, quem temer a Allah, Ele lhe apontará uma saída … e o agraciará, de onde menos espera. Quanto aquele que se encomendar a Deus, saiba que Ele será Suficiente, porque Deus cumpre o que promete. Certamente Deus predestinou uma proporção para cada coisa”. Cur’ane 65.2 e 3. 

Alguns mal intencionados, culpam a Deus pela miséria que se alastra pelo mundo! Referem que Deus não deveria permitir a fome e as maldades que existem entre as pessoas. Como são hipócritas estas línguas! São eles os primeiros a virarem as costas e a fecharem as suas mãos perante os seus semelhantes famintos. Não feches a tua mão excessivamente, nem a abras completamente, porque te verás censurado”. Cur’ane 17:29 . O Profeta (Salalaho Aleihi Wassalam) referiu: “quem não mostra misericórdia para com as pessoas, Deus, o Altíssimo, não mostrará Misericórdia para com ele”. Muslim. Deus fez a Sua parte e compete-nos a nós, cumprir com as Suas Leis e com as Orientações dos Seus Profetas. É uma responsabilidade colectiva que nos obriga à criação de condições para que todos se possam sustentar. E por tudo o que fazemos, responderemos perante Ele.

Um necessitado pediu apoio monetário ao Profeta de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam). Ele deu um machado para que pudesse, por ele próprio, encontrar um meio digno e honesto para obter o sustento para a sua família. Será assim muito melhor do que andar a pedir aos outros. 

Também recomendou o Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) para quem se encontra extremamente necessitado, que deve solicitar apoio aos piedosos e virtuosos, porque essas pessoas saberão como auxiliar, não farão publicidade do que fizeram e darão com a mão direita, o que a mão esquerda não sabe. Por outro lado o aconselharão a encontrar um meio mais eficaz e digno para se sustentar. Meu duáh para que Allah, o Doador e o Sustentador, conceda muitos bens aos crentes piedosos e virtuosos, para que eles possam ter mais condições para cuidarem daqueles que nada têm. Amin.

Issa (Aleihi Salam) – Jesus (Que a Paz de Deus esteja com ele) disse: “Filho de Adão, assim como for a tua misericórdia, assim será a Misericórdia de Deus para contigo. Como esperas a misericórdia de Deus, se não tens misericórdia para com os Seus servos?”. Relato de Abu al Layth al Samarqandi. 

A melhor maneira de mostrar misericórdia para as pessoas, é visitar os doentes, auxiliar os necessitados, guiar (dar uma palavra de dawá) aos que se encontram perdidos e auxiliar os órfãos. Esta é a melhor caridade (sadaqa) perante Allah Subhana Wataala.

In Sha Allah, Se Deus quiser, o tema continuará no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

27/11/2014

A Mentalidade Aberta do Islão

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Foram as capacidades desenvolvidas pelo entendimento islâmico que permitiram que os muçulmanos sem uma cultura científica a tal ponto avançada. Uma dessas capacidades era, tal como já referimos, a motivação de conhecer o universo e a natureza de acordo com os princípios do Islão. Outra capacidade desenvolvida pelo Islão foi a abertura de espírito. A verdade é que tanto a sabedoria do Alcorão como os ensinamentos proféticos facultaram aos muçulmanos uma visão global do mundo, ultrapassando todas as fronteiras culturais. No Alcorão, Deus afirma:


"Ó Humanidade! Fizemos-vos homem e mulher e distribuímos-vos por povos e tribos, para que pudessem conhecer-se uns aos outros." (Alcorão, 49:13).


Este versículo incita claramente ao enraizamento de relações culturais entre diferentes nações e comunidades. Noutro versículo do Alcorão, afirma-se o seguinte: "Tanto o Oriente como o Ocidente pertencem a Allah." (2:115). Assim sendo, os muçulmanos devem ter uma visão universalista e cosmopolita do universo. 

Os ahadith ou ditos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.) incitam, igualmente, a este tipo de abordagem. Num hadith muito conhecido, o Profeta (p.e.c.e.) diz o seguinte aos muçulmanos: 

"A sabedoria é o bem perdido dos muçulmanos; eles adquirem-na onde quer que a encontrem." 

Ora, o significado deste hadith é que os muçulmanos devem ser pragmáticos e ter a abertura de espírito para se adaptarem, recorrendo aos avanços culturais e científicos alcançados pelos não-muçulmanos, pois estes são igualmente criaturas e servos de Deus, mesmo que não o reconheçam. O "Povo do Livro", ou seja, os cristãos e judeus, são particularmente com-patíveis com os muçulmanos, pois acreditam em Deus e obedecem ao código moral que Ele revelou ao ser humano.

Na ascensão da ciência islâmica, a importância desta mentalidade aberta foi bastante óbvia. John Esposito, da Universidade de Georgetown, um dos mais proeminentes especialistas ocidentais no Islão, fez o seguinte comentário:

«A gênese da civilização islâmica surgiu, na verdade, de um esforço no sentido da cooperação, incorporando a aprendizagem e a sabedoria de muitas culturas e línguas». Tal como aconteceu na administração do governo, os cristãos e os judeus, que haviam sido a trave mestra em termos intelectuais e burocráticos dos impérios persa e bizantino, também integraram este processo, em colaboração com os muçulmanos. Este esforço "ecumênico" tornou-se evidente na Casa de Sabedoria do Califa al-Mamun (reinou entre 813-33) e no Centro de Tradução dirigido por um reconhecido escolástico de nome Hunayn ibn Isaq, um cristão nestoriano. A este período de tradução e assimilação seguiu-se uma fase de criatividade intelectual e artística muçulmana. Os muçulmanos deixaram de ser discípulos e tornaram-se mestres durante o processo da criação da civilização islâmica, dominada pela língua árabe e pela perspectiva islâmica, dando um importante contributo em muitas áreas, tais como: literatura e filosofia, álgebra e geometria, ciência e medicina, arte e arquitetura. Com efeito, os grandes centros culturais de Córdoba, Bagdad, Cairo, Neishabur e Palermo surgiram e ofuscaram a Europa cristã, na época embrenhada na Idade das Trevas. [1]

Segundo Seyyed Hossein Nasr, um dos mais proeminentes acadêmicos muçulmanos da nossa era, a ciência islâmica foi "a primeira ciência a ter uma natureza verdadeiramente internacional".[2]

Ainda assim, os muçulmanos não se limitaram a incorporar outras culturas, tendo igualmente desenvolvido a sua própria cultura. Alguns teóricos desvalorizam este facto e procuram associar o desenvolvimento científico muçulmano apenas à influência da Grécia Antiga e do Extremo Oriente. No entanto, as verdadeiras fontes da ciência islâmica foram a experimentação e as observações dos cientistas muçulmanos. No seu livro O Médio Oriente, o professor Bernard Lewis, um incontestado especialista em história do Médio Oriente, expôs o seguinte:

"A ciência islâmica medieval não se limitou a conseguir a preservação do saber grego, nem à incorporação no seu corpus de elementos provenientes de um Oriente ainda mais remoto e antigo. A herança que a ciência medieval islâmica transmitiu ao mundo moderno foi enormemente enriquecida pelo seu próprio empenho e contribuição. A ciência grega, em termos gerais, tendia a ser um pouco teórica, ao contrário da ciência medieval do Médio Oriente, que era muito mais prática. 

E a verdade é que em áreas como a medicina, a química, a astronomia e a agronomia, o legado dos Clássicos foi clarificado e complementado pelas experiências e estudo da ciência medieval do Médio Oriente”. [1]

Tal como é referido pelos ocidentais, a avançada cultura científica do mundo islâmico abriu caminho ao Renascimento Ocidental. Os cientistas muçulmanos agiam com o conhecimento de que a sua investigação relativamente à criação de Deus era o caminho que poderiam percorrer para O conhecer. 

Esposito salienta que: "Os cientistas muçulmanos, que frequentemente eram também filósofos e místicos, observavam o universo físico de acordo com o contexto e a perspectiva islâmica, enquanto uma manifestação da presença de Deus, o Criador, a fonte, a unidade e a harmonia na natureza." [2]

Com a transferência deste paradigma e a acumulação de conhecimento que, através dele, perpassou para o mundo ocidental, iniciou-se o desenvolvimento do Ocidente.


Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 27/11/2014 

[1] - Bernard Lewis, O Médio Oriente, 1998, p. 266. 

[2] - John L. Esposito, Islão: O Caminho da Virtude, s. 54. 

[1] - John L. Esposito, Islão: O Caminho da Virtude, Oxford University Press, 1991, s. 52-53. 

[2] - Citado in Weiss e Green, p. 187.