sexta-feira, agosto 29, 2014

Declaração da Associação Teológica Juan XIII face ao genocídio israelita em Gaza

"Os massacres da população civil em Gaza são um autêntico genocídio que fere a consciência da humanidade 22/08/2014 - Autor: Redaccion AT Juan XXIII – Tradução de: M. Yiossuf Adamgy".

Prezados Irmãos, Assalamu Alaikum: 

Transcrevo, na íntegra, a Declaração da Associação Teológica Juan XIII face ao genocídio israelita em Gaza: 

«Unimo-nos à dor das pessoas que perderam os seus familiares. Ante a criminosa agressão de Israel contra o povo palestino, particularmente os bombardeios e o consequente arrasamento da Faixa de Gaza, a Associação Teológica Juan XXIII, retomando o comunicado do SICSAL, do qual membros da nossa Associação fazem parte, manifesta a sua indignação e a mais enérgica condenação, e declara: 

1. Que o povo palestino é o legítimo dono desta terra que habita com pleno direito há vários milénios. Há ses-senta e seis anos a Palestina vive sob a ocupação israe-lita, não obstante as Nações Unidas e outras orga-nizações internacionais o considerem ilegal. 78% do território palestino está ocupado por Israel, que não ces-sa de construir novos assentamentos judaicos, usurpan-do pela força a terra e a água das comunidades pales-tinas, e inclusivamente expulsando de suas casas os seus legítimos donos. Cerca de seis milhões de palesti-nos sobrevivem como refugiados na sua própria terra. 

2. Para além disso, o Estado de Israel levantou um gigantesco muro, declarado ilegal pela Tribunal Inter-nacional de Justiça e qualificado de vergonha para a Humanidade na sua recente viagem à Terra Santa pelo Papa Francisco, que disse que não são muros o que há que construir, mas pontes de comunicação e encontro. 

3. Há mais de um mês vêm a produzir-se bombardeios israelitas, ataques da artilharia pesada desde os ca-nhões dos barcos de guerra contra as costas de Gaza e invasões terrestres, que custaram até ao presente a vida cerca de 2000 pessoas, a maioria, população civil e uma terça parte são meninos e meninas, e mais de 9.000 pessoas feridas, muitas com gravi-dade. Milhares de lares foram reduzidos a escom-bros, deixando sem tecto famílias inteiras. Foram destruídas universidades e escolas da ONU. 

4. A Nações Unidas, na Resolução 3101 (Dezembro de 1973), afirma o direito legítimo dos povos sob do-mínio colonial estrangeiro ou sob regimes racistas, a lutar por sua autodeterminação. Paulo VI, no Populorum progres-sio afirma que no caso de evidente e prolongada tirania, que atentasse gravemente aos direitos funda-mentais da pessoa e danificasse o bem comum, estaria justificada a insurreição revolucionária (nº 31). Esta é a situação do povo palestino, que tem direito à indepen-dência e a uma vida livre e digna. 

5. Os massacres da população civil em Gaza são um autêntico genocídio que fere a consciência da huma-nidade. Uma vez mais soam as palavras de Monsenhor Romero, que do coração dos povos oprimidos e ensan-guentados da terra, clama: “Em nome de Deus, pois, e em nome deste sofrido povo cujos lamentos sobem até ao céu cada dia mais tumultuosos, lhes suplico, lhes rogo, lhes ordeno! Cesse a repressão!” 

6. Ante esta dramática situação, expressamos: 

- A nossa condenação do sequestro e assassinato dos três jovens colonos judeus, da morte do adolescente palestino queimado vivo, das agressões destrutivas contra universidades e escolas da ONU, bairros e zonas inteiras, e de todas as mortes produzidas nesta guerra. Nenhuma morte se justifica sob nenhum pretexto. A vida humana é sagrada. A voz do sangue dos mortos grita da terra até ao coração de Deus (Gn 4,10). 

- A nossa solidariedade com o irmão povo palestino e com o povo judeu perseguido e imolado pelos nazis. Unimo-nos à dor das pessoas que per-deram os seus familiares. Nossa opção, como seguido-res de Jesus de Nazaré, são os pobres, oprimidos e crucificados da terra. Caminhamos juntos, como irmãos e irmãs, lutando e sonhando com outro mundo de justiça e liberdade, sinal da presença do reino de Deus na história. 

- A nossa mais enérgica condenação do Estado de Israel como violador do direito Internacional, das resoluções da ONU e da Convenção de Genebra de maneira sistemática, e a imposição de sanções econó-micas e políticas ante estes crimes de pouca Huma-nidade. 

- O nosso reconhecimento ao direito que tem o Estado de Israel a viver seguro dentro das suas fronteiras, sem que a vida de seus habitantes se sinta ameaçada. Mas isso não o autoriza a invadir o território palestino e a semear o terror na população. 

- A nossa indignação face ao silêncio e passividade da maioria dos governos, organizações internacio-nais e instituições religiosas, e, em alguns casos, a sua cumplicidade com o genocídio israelita. 

7. Por tudo isto: 

- Fazemos um chamamento a todas as organizações sociais e comunidades religiosas de Espanha e do mundo para que se exijam o cessar fogo e a retirada de Israel dos territórios ocupados. 

- Reclamamos que se detenha o envio de armas a Israel como condição necessária para deter a sistemática agressão contra a população de Gaza. 

- Exigimos aos nossos governos o cessar de acor-dos militares, comerciais, empresariais e culturais com Israel, enquanto não cumpra as resoluções da ONU, as leis e o Direito internacional. Nossos gover-nos falam de paz e aprovam resoluções da ONU, mas continuam contribuindo para perpetuar a violência negociando com países que violam os direitos hu-manos e o direito internacional. 

- Fazemos um chamamento ao boicote de produtos de Israel, até que este país derrube o muro e regresse às fronteiras anteriores à guerra dos “seis dias”. 

- Exigimos às autoridades de Israel e da Palestina que tentem o diálogo de paz, para procurar uma saída negociada e digna do conflito. A paz é fruto da justiça (Sal 85). Com razão proclamava João XXIII, na encíclica Pacem in terris, que o caminho para a paz é o reconhecimento da verdade, a liberdade, a justiça e a solidariedade. 

8. Unimo-nos em oração com todas as pessoas e organizações cristãs das distintas confissões, crentes judeus e muçulmanos de todo o mundo que, num clima de colaboração e diálogo inter-religioso, trabalham pela paz, implorando a força do Espírito de Deus para não desfalecer nos sonhos e na luta por outro mundo possível, onde o direito, a liberdade e a paz que nascem da justiça se estabeleçam na terra. 

9. Declaramos que é indigno e criminoso justificar as agressões descritas etiquetando como anti-semitas a quem as condena. Eram por acaso anti-semitas os grandes profetas (Natán, Jeremías, Amós, Oseas.... que são uma das glórias do povo judeu), quando denunciavam os crimes dos seus governantes? É anti-semita essa minoria de judeus, verdadeiro “res-to de Israel” que sofre e se sente pelos pecados do seu povo? Não são semitas também os palestinos? Não é moralmente baixo utilizar a dor do maior holo-causto da história no passado, para justificar novos genocídios no presente, ainda que sejam de di-mensões mais reduzidas? Não é hipócrita apelar a um “direito a defender-se” quando ninguém preten-de negar esse direito mas só denunciar a flagrante transgressão dos seus limites?»■ 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 29/08/2014.

quinta-feira, agosto 28, 2014

A PREPARAÇÃO PARA O HAJJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus)Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)

LABBAIKA, ALLAHUMMA LABBAIK; LABBAIKA LÁ CHARIKA LAKA LABBAIK, INNAL HAM’DA WANNI’IMATA LAKA WAL MULK, LÁ CHARIKA LAK – Eis-me aqui ao Teu serviço, ó Allah, eis-me aqui. Aqui estou eu ó Tu que não tens nenhum parceiro, eis-me aqui. Na verdade a Ti pertencem o louvor e o favor, assim como o reino. Tu não tens nenhum parceiro.

Alhamdulillah! Todos os Louvores para Allah, nosso Senhor, Sustentador e Criadorde todas as coisas. Pedimos a Allah Subhana Wataala, para que derrame bênçãos no Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), o selo da profecia. Que Deus esteja satisfeito com todos os seus familiares e companheiros. Que a Paz de Allah esteja com todos os restantes Profetas, que vieram ao mundo para nos transmitirem sempre a mesma mensagem da unicidade de Deus. “LA ILAHA ILLA LLAH "NÃO HÁ OUTRA DIVINDADE, SENÃO DEUS, A (ÚNICA) DIVINDADE”.

Terminado o mês de Ramadan, mês de reflexão e de sacrifícios, mas de grandes recompensas, milhares e milhares de muçulmanos de todo o mundo, preparam-se agora para uma viagem mais importante das suas vidas. Vão ao encontro da felicidade, ao encontro da Casa de Deus, ansiosos para estarem junto à Caaba, para fazerem as orações, o Tawaf, ou simplesmente para a olhar. Sabem que mesmo olhando para a Caaba, Allah com a Sua infinita Misericórdia lhes concederá recompensas. “Allah envia (faz descer) diariamente, de dia e de noite, cento e vinte Rahmats (Misericórdias) sobre a Caaba. Sessenta, são para os que estão a fazer o Tawaf, quarenta para os que estão fazendo orações à volta dela e vinte para os que estão simplesmente a olhar a Caaba”. Al-Baihaqui.

A ansiedade é tal, que não vêm chegar a hora da partida. Estão ansiosos para chegarem à terra sagrada, já com o Ehram para proclamarem “Labbaika, Allahumma Labbaika - eis-me aqui ao Teu serviço, ó meu Senhor”. Há quantos anos vinham planeando esta viagem? E outros, a quantos anos vinham guardando uma parte dos seus magros salários, para concretizarem a viagem?

Mas há os que vivem desafogadamente, distraídos com o acumular da riqueza e dos prazeres da vida e não se preocupam em cumprir com este importante pilar do Islam. Alegam que se encontram ocupados com os seus empregos / negócios e que têm ainda muitos anos pela frente para o fazerem. Aguardarão pela velhice, quando já não tiverem foças para cumprirem com os rituais? Estaremos vivos no próximo ano? Acaso não temos vários exemplos nos nossos círculos familiares daqueles que nos deixaram em plena juventude? O Profeta Salalahu Aleihi Wassalam disse: “Apressai-vos no cumprimento do Haj, pois nenhum de vós sabe o que lhe pode acontecer (doenças, pobreza e outros factores). Relato de Ahmad e Al- Baihaqui.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir  claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17.

“Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

28/08/2014

A L M A D I N A A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 25.08.2014

O Mundo está dividido em três partes: o mundo desenvolvido, o chamado “primeiro mundo”; o mundo em vias de desenvolvimento, conhecido por “segundo mundo”; e o mundo subdesenvolvido comummente designado “terceiro mundo”.

Quaisquer que sejam as razões para a classificação do Mundo em 3 partes, os factos e a realidade confirmam esta diferenciação, pois há países que dominam a ciência e a tecnologia, pelo que usufruem da riqueza, do luxo e da estabilidade que este domínio lhes faculta, e outros que se encontram envolvidos em guerras e disputas internas, o que invariavelmente acarreta consigo a pobreza, as doenças e a superstição. Há ainda os países que não saem da estagnação e atraso científico.

O Isslam encoraja-nos na busca da ciência e do conhecimento, e ordena-nos que estudemos desde o berço até ao sepulcro. Porém, a busca da sabedoria e do conhecimento depende também do patrocínio e financiamento dos Estados. A falta de patrocínio e financiamento por parte dos governos é um dos principais motivos do atraso de muitos países do chamado “terceiro mundo”.

Esta falta de financiamento está por detrás do défice e nalguns casos até, da baixa qualidade de estudos na maior parte das escolas e instituições de ensino público, comparativamente a muitas das escolas e instituições de ensino privadas, daí que encontremos graduados, aos mais diversos níveis, de baixa, média e alta qualidade, o que se reflecte na diferença dos cidadãos de um mesmo país nos níveis científicos, culturais e profissionais. E tudo isto por causa do nível da educação que lhes é oferecido.

Um olhar aos orçamentos que os países desenvolvidos destinam à educação, comparado ao destinado a esta área estratégica pelos países subdesenvolvidos, permite-nos, sem margem para dúvidas, descortinar o segredo dos avanços dos países desenvolvidos, bem como do nosso atraso nesta nossa era moderna.

Segundo a revista “Economist”, os Estados Unidos da América gastam 2,9% do GDP na pesquisa científica, enquanto que a totalidade do mundo isslâmico, constituído por 57 países da OCI gasta apenas 1,8%., daí que não seja estranho que todos os prémios Nobel, nas mais diversas áreas, sejam atribuídos aos cientistas de países desenvolvidos.

Não há dúvidas que existem outros motivos que contribuem grandemente para a estagnação na área científica dos nossos países. Por exemplo, a colonização e ocupação estrangeira, a instabilidade política, a marginalização e quiçá, a total despreocupação relativamente ao papel dos estudiosos e professores, a ausência de um clima de liberdade, e o deficiente currículo escolar.

Não obstante tudo isso, nós temos capacidade de nos erguermos e corrigirmos o nosso percurso se se aplicar todo o esforço na edificação das instituições científicas, e na criação de um ambiente propício ao crescimento científico.

Devemos prestar a maior atenção à educação feminina, pois a mulher representa metade (ou talvez mais), da Humanidade, e qualquer programa feito nesse sentido, sem a participação activa das mulheres, será incompleto. E não podemos imaginar uma sociedade constituída apenas por homens!

O Isslam atribui grande importância à mulher na sociedade. Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 36, Vers. 36:

“Glorificado seja Aquele que criou aos pares todas as coisas; sejam elas as coisas que a terra produz, ou da espécie deles mesmos (isto é, da espécie humana), ou daquilo que eles não sabem”. 

Elas são iguais aos homens na adoração, no Salaat (orações diárias), no Jejum, no Hajj, no Zakaat, e no Tabligh (propagação do bem e proibição do mal), e foi-lhes dado direito à herança.

Uma mãe é uma grande força dentro de casa, e é em resultado da obediência à mãe, que os filhos entrarão no Paraíso.

Quando falamos das responsabilidades caseiras (domésticas), não quer dizer que a mulher esteja proibida de exercer outras funções. Ela é considerada na sua qualidade de mãe, esposa e filha, sendo por isso que o Profeta Muhammad (S.A.W.) disse: “O melhor de entre vós é aquele que é melhor para a sua família, isto é, trata-a bem”.

É algo irónico que em muitas sociedades se prive as mulheres dos seus direitos, encarando-as com desprezo.

O Isslam dá grande ênfase à educação das meninas.

Se os talibans no Afeganistão ou Paquistão, ou os Bhoko Haram na Nigéria são contra a educação feminina, então eles ainda não compreenderam plenamente o Isslam, pois o que eles defendem não é a verdadeira posição do Isslam no que respeita à educação das meninas. Eles não têm o direito de denegrir o Isslam, nem de deturpar os seus ensinamentos.

O Isslam diz que é obrigatório a todos os muçulmanos estudarem, sejam eles homens ou mulheres.

As mulheres podem também desempenhar um grande papel na família e na sociedade.

A continuidade da família depende das mulheres, pois estas é que são o meio de procriação da raça humana.

Para qualquer pessoa, o berço materno constitui a primeira escola, pois é nele onde a criança aprende muita coisa. Se a mãe for boa, piedosa e bem-educada, transmitirá ao seu filho as suas nobres qualidades, mas se for rude, iletrada e mal-educada, essas qualidades reflectir-se-ão no futuro dos seus filhos, podendo estes ficar privados de aprender boas coisas. Por isso a educação feminina é muito importante, pois as meninas são as mães do futuro. É importante que as ornamentemos com educação, pois educar uma menina não beneficia apenas a sua família, mas à sociedade e à toda a Humanidade.

Uma mulher educada é um manancial de sossego e tranquilidade para o lar.

A L M A D I N A A VELHICE E A NOSSA SOCIEDADE

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 17.08.2014

Um dos graves problemas que o Mundo enfrenta nos dias de hoje, é o de ter de cuidar de idosos e velhos. Estatísticas indicam que o número de idosos no Mundo está a aumentar atingindo já vários milhões.

A actual nova geração está a enveredar por práticas discriminatórias contra os velhos e idosos, razão pela qual estes se sentem isolados e marginalizados.

Para que não haja neles esse tipo de sentimento, todos nós somos chamados a observar uma atenção especial, bem como a ter cuidados acrescidos, pois há uma tendência de agravamento da situação, particularmente neste século XXI.

Todos os jovens de hoje têm que ter presente que serão os velhos e idosos de amanhã, e assim como hoje os tratam, amanhã, quando a sua vez chegar, os jovens dessa altura tratá-los-ão da mesma forma, ou se calhar pior ainda, caso não corrijamos esta situação.

É bastante triste hoje, quando caminhamos pelas ruas, vermos idosos abandonados, deambulando por aí e a mendigar. Será que eles não geraram filhos? Por que razão os seus filhos não cuidam deles? Esses filhos que votam os seus pais ao abandono, será que alguma vez já pensaram o que será deles, um dia que atingirem essa fase da idade? 

Uma mãe ou um pai consegue cuidar de dez filhos em simultâneo, mas dez filhos não conseguem cuidar de um pai ou uma mãe. Quão triste isso é! 

Diz-se que quanto mais velho o arroz é, mais valiosos se torna. Mas infelizmente, nas nossas sociedades ditas modernas, quando o Homem envelhece o seu valor reduz-se, ou então perde-se na sua totalidade.

Tudo isto revela a tortuosidade existente nas nossas sociedades,e isto acontece porque os jovens se entregaram totalmente à actividade industrial, comercial, científica, tecnológica, etc., arraigando-se de forma exagerada ao materialismoo. E nestas suas actividades esqueceram-se dos favores dos velhos e idosos, achando que estes constituem um peso e obstáculo nas suas liberdades, e um empecilho às suas actividades. 

Alguns países ditos civilizados chegam até a recorrer a um alegado “direito à eutanásia” para se libertarem dos idosos, pois estes, de tanta privação que passam, mesmo em lares e asilos, também chegam ao extremo de pedir a morte.

Da maneira como os jovens se querem livrar do que eles chamam velhos valores, também se querem livrar das pessoas velhas.

Já não existem famílias alargadas partilhando o mesmo tecto. Ficaram espalhadas e mais grave ainda, a busca do sustento e as facilidades das viagens aumentaram ainda mais as distâncias entre os membros de uma mesma família. De salientar que essas facilidades até podiam ser motivo de aproximação, mas por estarem distantes criou-se o desinteresse neles.

Se por um lado aumenta o sentido de liberdade nos filhos, por outro encontramos nos idosos algum sentimento de isolamento, da privação e até mesmo de dependência, o que os leva a achar estão a mais portanto, inúteis na actual sociedade moderna.

Os velhos e idosos que não têm nenhum meio de sustento, ou mesmo tendo não é suficiente, são obrigados a estender a mão de pedintes perante os outros, para assim satisfazerem as suas necessidades básicas e mesquinhas.

Há quem de entre os velhos beneficia de alguma pensão ou reforma, mas os valores recebidos são tão baixos que mal dão para comprar uma dúzia de bananas. E a situação torna-se mais delicada se tivermos em conta que devido à sua avançada idade, os velhos têm outras necessidades acrescidas, como medicamentos e assistência médica, mais do que noutros tempos.

Os governos de países avançados criaram lares de terceira idade onde se tenta proporcionar aos idosos o repouso físico, mas por outro lado não lhes conseguem proporcionar o sossego emocional.

Nos nossos países aliás, até mesmo nos países do terceiro mundo em geral, devido à infinidade de problemas que enfrentam e também à limitação de recursos, os governos não têm capacidade de proporcionar as condições que os países desenvolvidos proporcionam aos seus idosos, mas devem pelo menos elaborar programas nesse sentido, ou instituír políticas nacionais que tenham em vista melhorar as pensões atribuídas aos idosos, ainda que se tenha que fazer cortes noutras áreas, como por exemplo, congelar os salários dos que já auferem salários demasiado altos, e diminuir as mordomias dos funcionários seniores.

Paralelamente, é recomendável que as organizações voluntárias se envolvam em actividades que tenham em vista melhorar a situação dos idosos.

Sermos bondosos e servirmos os nossos idosos e velhos é uma distinta tradição nossa, e a nova sociedade deve preservá-la.

A velhice também é um dos sinais da existência de Deus, pois ninguém gosta de envelhecer, Se o Ser Humano fosse senhor absoluto de si próprio, jamais ficaria velho, ou pelo menos os poderosos jamais aceitariam ficar velhos.

Mas tudo isso está a acontecer contra a nossa vontade. Vejamos fotografias nossas, antigas, quando éramos jovens, bonitos e fortes. E agora, como estamos? As nossas faces estão enrugadas, os cabelos estão brancos, a fraqueza e a debilidade tomaram conta dos nossos corpos, etc. Quem gosta disso? Quem é que está a fazer isso dos nossos corpos? O Al-Qur’án tem no Cap. 30, Vers. 54, a resposta:

Deus é que vos criou, da fraqueza; e em seguida, fez depois da fraqueza, força; Em seguida fez, depois da força, fraqueza e cabelos brancos. Ele cria o que quer. E Ele é o Omnisciente e Omnipotente”.

E consta também no Vers. 67 do Cap. 40 do Al-Qur’án:

Foi Ele Quem vos criou do pó; Em seguida de uma gota de esperma; Em seguida fez-vos sair (do ventre da mãe) como crianças; Para depois atingirdes vossa força plena; Para depois, finalmente serdes Homens velhos, embora alguns de vós morram antes disso; E para atingirdes um termo fixado e tudo isso para que pudésseis compreender”.

terça-feira, agosto 26, 2014

Se Deus é Todo Poderoso e Deus é bom, então de onde vem o mal?

Allah não criou nada que seja puramente mau. O que quer que possamos perceber de mau na criação de Allah, há um lado bom para isso que nós somos capazes de ver no fim das contas, ou que talvez nunca vejamos. Nós não necessariamente temos que ver o lado bom para reconhecer que existe um lado bom.

Quando Allah criou as coisas em que o mal, Allah não as criou para o mal, mas sim para o bem que viria deste mal.

Olhando no alqur’an e na sunnah, nós não encontramos Allah atribuindo o mal diretamente a Si Mesmo. Quando Allah fala sobre a criação do mal, Ele fala sobre o mal que está na criação:

Surat Al Falaq, cap. 113: “Dize: Refugio-me nO Senhor da Alvorada contra o mal daquilo que Ele criou.” CONTRA O MAL DAQUILO QUE ELE CRIOU!

Ele não disse do mal que Ele criou, mas do mal daquilo que Ele criou. E esta é a “etiqueta” correta para se referir ao mal. Nós não dizemos que Allah criou o mal. O mal é parte da criação de Allah, mas há um elemento benéfico para nós focarmos, em vez de focar no elemento maléfico.

Allah, ao criar certas coisas neste mundo nas quais há o mal, não tinha o intuito de criar o mal, mas o bem que viria deste mal. Se você tiver que tomar uma vacina, você deixa que o médico enfie uma agulha no seu braço. Enfiar uma agulha no seu braço, em si, é um mal. Nós não encorajamos as pessoas a enfiar agulhas em nós, mas se enfiar a agulha como na acupuntura ou na vacinação, existir um bem, então nós nos submetemos a que se enfie uma agulha no nosso braço!

Então as pessoas dizem: se Allah sabia antes de criar Iblis e Adão, que Iblis iria se recusar a se curvar diante de Adão, e que Adão iria comer da árvore por causa da trapaça de Iblis... então POR QUE ELE CRIOU IBLIS??

Quando Allah criou Iblis, o mal que viria dele produziria um grande bem. Ambos Iblis e Adão desobedeceram Allah. Algumas pessoas acreditam que a recusa de Iblis de se curvar diante de Adão foi o que o tornou um incrédulo. Mas, se na desobediência de Iblis existe incredulidade, o que dizer então sobre Adão que também desobedeceu Allah? Temos então que dizer que ele se tornou um incrédulo também!

NÃO! Desobediência em si não faz com que uma pessoa se torne incrédula!

O fato é que quando Adão desobedeceu Allah, e Allah o chamou para se arrepender, ele se voltou arrependido para Allah. Mas no caso de Iblis, quando Allah o chamou, ele disse

É aí que entra a incredulidade. Porque o que Iblis disse foi que não tinha benefício nenhum em se curvar diante de Adão, porque ele se sentia superior a Adão. E o fato de que Allah disse a Iblis que se curvasse diante de Adão significava para Iblis que Allah estava errado! Ele atribuiu erro a Allah. Isso é um dito de incredulidade.

Voltar-se arrependido para Allah é um dos maiores atos de adoração. O profeta Muhammad s.a.w disse: Kulu bani Adam khata wa khairu khatta’in atwabun. Todos os descendentes de Adão cometem erros. E os melhores daqueles que constantemente cometem erros são aqueles que constantemente se voltam arrependidos para Allah.

E o profeta Muhammad s.a.w também disse: Atta ‘ibu min adhanbi kaman la dhanba lah. Aquele que se arrepende do pecado é como aquele que não tem pecado.

Quando Adão se voltou para Allah arrependido, Allah o perdoou.

O grande benefício de ser perdoado por Allah, este grande ato de adoração aconteceu por causa da trapaça de Iblis. Então a criação de Iblis não foi para a trapaça, mas para o bem que viria de sua trapaça.

Então quando olhamos para o bem e para o mal neste mundo, nós reconhecemos que no fim tudo o que Allah criou é bom.

Se existe um mal puro relativo, é aquilo que vem dos humanos e dos jinns. Quando um ser humano tenciona o mal e implementa esse mal. O intuito de Allah é bom.

Algumas pessoas entendem erroneamente a história de Moises a.s. e de Khidr em Suratu Kahf, cap 18, achando que devem seguir seus sheikhs incontestavelmente. Mas este é um entendimento incorreto porque nem nosso sheikh é equivalente a Khidr, que recebeu uma revelação de Allah, nem nós somos equivalentes a Moisés a.s., um profeta de Allah. Está é uma análise errada. A análise correta é que por trás das calamidades existe um bem.

Khidr furou o barco. O rei estava descendo o rio destruindo todos os barcos, mas ele não destruiu o barco que Khidr furouu, porque estava afundando. A família a quem pertencia aquele barco ainda podia consertar o barco, pois o rei não o havia destruído. Alhamdulillah o bem foi visto imediatamente.

Khidr matou um jovem, baseado em revelações de Allah, porque aquele jovem se tornaria fitna para seus pais a um ponto em que seus pais teriam caído na incredulidade. Ele era só uma criança, e o mal que ele faria só apareceria no futuro. Mas Allah tirou sua vida. Para os pais Allah deu uma nova criança, uma filha que era virtuosa. Mas eles teriam nos seus corações até o dia em que morressem uma tristeza pela perda do filho. Mas no dia do Julgamento quando Allah explicar para eles, eles saberão que não foi uma perda. Foi um ganho.

Entender Ruboobiya, entender a criação de tudo o que existe, nos dá fundamentos para entender a tragédia na vida, para reconhecer que existe bem por trás de tudo mesmo que não sejamos capazes de perceber isso. Assim somos capazes de colocar nossa confiança em Allah. O que quer que aconteça em nossas vidas, é Allah que controla tudo e no fim isso é para nosso próprio bem.


Por: Abu Aminah Bilal Philips/ Tradução: Ninevah Barreiros

sexta-feira, agosto 22, 2014

Quem são os Muçulmanos?

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Aquele ou aquela pessoa que se submete, voluntariamente, à Vontade a Deus, é chamado Muçulmano. Não foi o Profeta Muhammad (paz esteja com ele) mas sim Abraão (paz esteja com ele), quem primeiro transmitiu o Islão (submissão à Vontade de Deus) à Humanidade. Posteriormente, cada um dos Profetas e Mensageiros que se lhe seguiu, exortou o povo a compreender de forma inequívoca os mandamentos de Deus. Para o conseguirem, usaram ensinamentos relevantes, adequados à época em que viviam, até que Deus escolheu o último dos Profetas, Muhammad (p.e.c.e.), que trouxe consigo o Último Testamento, conhecido pelo nome de “o Alcorão”. 

Existem ovelhas negras em todas as comunidades. Por isso, não se pode julgar a qualidade do Islão pelos seus seguidores. Se quisermos julgar a qualidade do Islão, então julguem-o pelas suas fontes autênticas, ou seja, o glorioso Alcorão e os Sahi Ahadith (Ditos idôneos do Profeta Muhammad (p.e.c.e.).

Ser muçulmano significa sobretudo crer em Deus, que é «Rab-bil-alamin», Criador e Sustentador de todos os povos e universos. O Alcorão, que é a fonte primária do Islão normativo, diz que a Criação de Deus “tem como finalidade a justiça” e não uma “simples diversão”. A humanidade, formada “no melhor dos moldes” tem sido criada para servir Deus. Segundo o ensinamento Alcorânico, servir a Deus não pode ser diferente de servir a humanidade, ou, em termos islâmicos, aqueles que crêem em Deus devem respeitar ao mesmo tempo os “Haquq Allah” (Direitos de Allah) e os “Haquq al-ibad” (Direitos das criaturas). Cumprir as suas obrigações para com Deus e a humanidade faz parte da virtude, conforme estabelecido no Alcorão, que diz assim:

"A virtude não consiste só em que orientais os vossos rostos até ao Levante ou ao Poente. A verdadeira virtude é a de quem crê em Deus, no Dia do Juízo Final, nos anjos, no Livro e nos profetas; de quem distribuiu os seus bens em caridade por amor a Deus, entre parentes, órfãos, necessitados, viajantes, mendigos e em resgate de escravos; e a dos que observam a oração, pagam zakat, cumprem os com-promissos contraídos, são pacientes na miséria e na adversidade, e em tempo de guerra; esses são os verazes e esses são os piedosos". (Alcorão, 2:177).

Ser muçulmano, hoje em dia, significa ter em conta o imperativo do Alcorão que é o seguinte: “Que não haja nenhuma coerção no Islão”, sabendo que o direito de exercer a livre escolha no âmbito da crença está assumido, sem nenhuma ambiguidade, pelo Alcorão.

Ser muçulmano, hoje em dia, significa, também, dar-se conta de que não alcançamos o Paraíso com a simples profissão do Islão, e que os muçulmanos não têm a exclusividade da graça de Deus, pois o Alcorão nos diz, textualmente:

Os crentes, os judeus, os cristãos e os sabeus, enfim todos os que creem em Deus, no Dia do Juízo Final e praticam o bem, receberão a sua recompensa do seu Senhor; e não serão presas do temor, nem se entristecerão”. (Alcorão, 2:62 e 5:69).

Por último, ser muçulmano, hoje em dia, — e sempre — significa fazer uma reflexão, interna e externa, tendo como finalidade encontrar um estado de paz, que seja o objectivo do Islão. Todavia, a paz não é a ausência de conflitos simplesmente, tal como a saúde não é a ausência de doenças simplesmente. De acordo com a perspectiva Alcorânica, a paz é um estado positivo da segurança em que o indivíduo está livre de toda ansiedade e de qualquer medo. Este estado aparece quando os seres humanos cumprem a ordem divina, que consiste em viver de maneira justa, aprendendo a ser justos consigo mesmos e com os demais. Requer-se um esforço constante para superar o estado de fragmentação a que a maioria dos seres humanos estão sujeitos nesta era tecnológica.

Que a Paz de Allah esteja com todos nós. Obrigado. Wassalam. - M. Yiossuf Adamgy - 28/08/2014.

quinta-feira, agosto 21, 2014

A Importância da Oração (Salát) no Islão

A última exortação que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi : “Cumpri com a Salát! Cumpri com a Salát!”

Prezados Irmãos, 

Assalamu Alaikum: 

Louvado seja Deus, Quem nos guiou favorecendo-nos com a fé e não poderíamos encaminhar-nos sem ser por Ele. Testemunho que não há ninguém digno de ser adorado excepto Deus, Único, sem associados. Testemunho que Muhammad é Seu servo e último Mensageiro. 

Irmãos! O Islão outorgou à Oração (ár. Salât) um grau de importância muito elevado, pois é o pilar mais importante do Islão, depois dos dois testemunhos de fé (Ash-Shahâdatân). 

Abdullah Ibn Umar (r.a.) relatou que o Mensageiro de Deus (p.e.c.e.) disse: “O Islão ergue-se sobre cinco pilares: o testemunho de que não há ninguém digno de adoração excepto Deus (ár. Allah) e que Muhammad é Seu servo e último Mensageiro, a prática da Oração, o jejum de Ramadão, o pagamento do Zakât, e a Peregrinação à Casa Sagrada”. 

A Oração (Salât) é a primeira questão pela qual se perguntará ao servo no Dia do Juízo. Abû Hurairah (r.a.) relatou que o Profeta (p.e.c.e.) disse: “Primeira coisa pela qual se pedirá contas ao ser humano no Dia da Ressurreição será pela sua Oração (Salât). Se tiver cumprido com ela, todas as suas demais obras serão aceites, mas se se descuidou, as suas boas acções terão sido em vão”. 

Salât é o que diferencia o muçulmano do incrédulo. Deus disse: “Mas, se se arrependerem da sua idolatria, observarem a oração prescrita e pagarem o Zakât, então serão vossos irmãos na religião...” (Alcorão, 9:11) 

E Jâbir (r.a.) disse: Ouvi o Profeta (p.e.c.e.) dizer: “Certamente entre o ser humano e o Shirk e o Kufr está o abandono da Oração (Salât).” 

Salât previne de incorrer no extravio. Deus disse: “Recita o que te foi revelado do Livro (Alcorão) e observa a oração, porque a oração preserva de cometer atos imorais e reprováveis...” (Alcorão, 29:45) 

A última exortação que o Profeta (p.e.c.e.) fez quando se encontrava em estado de agonia foi: “Cumpri com a Salât! Cumpri com a Salât!” 

A Salât é um meio de expiação. Deus disse: “E observa, oh Muhammad, as orações prescritas du-rante o dia: Salât Al Fajr, Salât Adh Dhuhr e Salât Al Asr e durante a noite Salât Al Magrib e Salât Al Ishâ', pois as boas obras apagam as más. Certamente isto é uma exortação para quem reflecte.” (Alcorão, 11:114). 

E Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “Imaginai se um rio passasse em frente à porta de vossas casas, e se se lavásseis nele, todos os dias, cinco vezes. Por acaso ficaria alguma imundice?” Responderam (os Sahâba): Claro que não! E o Profeta (p.e.c.e.) disse: “Pois assim é como Allah apaga, com as cinco orações, as faltas.” 

A Salât é luz para o servo crente e piedoso. Abû Mâlik Al Ashari (r.a.) narrou que o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) disse: “A purificação é a metade da fé. Dizer Al hamdulillah (Louvado seja Allah!) equilibra a balança divina (que Allah colocará no Dia do Juízo para pesar as acções). Dizer Subhânallah e Al ham-dulillah (Glorificado e louvado seja Allah!) preenche o espaço que há entre o Céu e a Terra. A oração é luz, a caridade é uma prova, a paciência é lumino-sidade e o Alcorão é uma evidência a favor ou contra vós. Todas as pessoas amanhecem vendendo a sua alma, libertando-se ou condenando-se”. 

Quem cumpre com a Salât, o Zakât e o Jejum alcança o nível dos servos virtuosos e dos mártires. Abû Hurairah (r.a.) relatou: Dois homens da tribo de Qudâah abraçaram o Islão na época do Mensageiro de Allah (p.e.c.e.); um deles morreu numa batalha e o outro faleceu no ano seguinte. Um dia, Tal-hah Ibn Ubaidillah sonhou com o Paraíso e viu que o segundo destes homens era introduzido nele (no Paraíso) antes do mártir; então, surpreendido pelo que tinha visto, perguntou ao Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) que, depois de ouvir o relato do sonho, disse-lhe: “Por certo que ele jejuou no mês de Ramadão logo depois do primeiro servo ter falecido; para além disso observou muitos rakaât em orações voluntárias”. 

É uma obrigação cumprir com cada uma das cinco Orações (Salâwat) diárias no seu horário estabelecido. Deus disse: “... A oração foi prescrita aos crentes para ser cumprida em horários determinados”. (Alcorão, 4:103). 

Realizar a Salât no seu horário é a obra que mais agrada a Allah. Abdullah Ibn Massoud (r.a.) relatou: Perguntei ao Mensageiro de Allah (p.e.c.e.): Qual é a obra mais querida por Allah? Respondeu: “A oração na hora determinada”. Perguntei: Depois, qual? E respondeu: “O bom trato com os pais”. Finalmente perguntei: E depois, qual? E respondeu: “O esforço pela causa de Allah”. 

A Salât é preferível ser realizada nas Mesquitas. “Allah permitiu que fossem erigidas e honradas as Mesquitas para que se invoque o Seu nome, e nelas O glorifiquem pela manhã e pela tarde, homens aos quais nem os negócios nem as vendas os distraem da recordação de Allah, da prática da Oração pres-crita e do pagamento do Zakât, pois temem o dia em que os corações e os olhares se transformem...”. (Alcorão, 24:36-37). “Só devem frequentar as Mes-quitas de Deus aqueles que crêem n’Ele e no Dia do Juízo Final, observam a Oração prescrita, pagam o Zakât, e não temem senão a Deus. Certamente, estes são aqueles que se contam entre os encaminhados.” (Alcorão, 9:18). 

E Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “Não há oração mais pesada para os hipócritas que a oração de Ishâ' e a de Fajr; e se soubessem o que há nelas assistiriam ainda que fosse gatinhando”. 

Num Hadith conhecido sobre as sete pessoas a quem Allah protegerá com a Sua sombra no Dia em que não exista mais sombra além da Sua, menciona-se o jovem cujo coração está ligado às Mesquitas. As Mesquitas são as Casas de Allah e todo aquele que ingresse nelas é um hóspede para o seu Senhor. Não há maior felicidade para um servo piedoso que ser hóspede de Allah e permanecer sob a Sua protecção. Abû Hurairah (r.a.) relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (p.e.c.e.) dizer: “A Mesquita é a casa de todo o piedoso, e Allah bendiz quem faz da Mesquita a sua casa com a Sua misericórdia e recompensa-o guiando-o pelo caminho que o conduzirá a alcançar a complacência divina com a qual ingressará no Paraíso”. 

Prezados Irmãos! As graças que Deus concede a Seus hóspedes nesta vida são o sossego, a tranquilidade e a felicidade; e na outra vida (no Além) a morada eterna no Paraíso. 

Que Deus nos bendiga com o Grandioso Alcorão e nos guie para que O temamos como merece; 

Que Deus nos perdoe as nossas faltas, pois Ele é Absolvedor, Misericordioso. 

Ó Senhor meu! Rogo-te a indulgência e bem-estar nesta vida e na outra. Rogo-te a indulgência e bem-estar nos meus assuntos religiosos e mundanos, na minha família e nos meus bens. 

Ó Senhor meu! Cobre as minhas debilidades e sossega os meus medos. 

Allah disse no Sagrado Alcorão: “Deus ordena a justiça, a caridade, o auxílio aos parentes próximos; e proíbe a obscenidade, o ilícito e a iniquidade. Assim vos exorta para que reflectis”. (16:90). 

Invocai Allah, o Grandioso, que Ele recordar-vos-á sempre e agradecei-Lhe pelas Suas graças que as incrementará. 

Sabei que Ele está bem informado do que fazeis, temei-o pois, e pedi bênçãos pelo Profeta Muham-mad, e repeti: Allahumma salli ‘al a Muhammadin. 

Obrigado. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 16/08/2014.

domingo, agosto 03, 2014

Casamento, Poligamia e Divórcio no Islão

Intróito
No Islão, não é o indivíduo, mas a família que constitui o tema essencial do Direito e a principal célula em que assenta toda a estrutura da sociedade.

No capítulo do estatuto pessoal islâmico, o Direito de Família desempenha um papel fundamental e dentro dele há TRÊS instituições que cabe destacar, pela sua peculiaridade, e que são: o Casamento, a Poligamia e o Divórcio.

No Islão, o Casamento é um dever e uma tradição religiosa e o celibato uma anomalia deplorável.

O Profeta Muhammad [conhecido, vulgarmente, em Portugal por Maomé], (paz e bênçãos de Deus estejam com ele), disse: Aquele que casa cumpre metade da sua religião e falta-lhe completar outra metade para uma vida cheia de virtude, em firme respeito de Deus. (Hadith) 

No Islão, existe o Divórcio como último recurso quando todos os esforços conciliatórios falharem. A este propósito, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) avisou com veemência: De todas as coisas lícitas, o divórcio é a mais detestável aos olhos de Deus, (Hadith) porque o Islão encara o casamento como uma instituição sagrada.

2. Definição de Poligamia

A poligamia designa um sistema de casamento de acordo com o qual um indivíduo tem mais do que uma esposa. A poligamia pode ser de dois tipos. Um destes é a poligamia, em que o homem casa com mais do que uma mulher; o outro é a poliandria, de acordo com a qual uma mulher casa com mais do que um homem. No Islão, a poligamia limitada é permitida, enquanto a poliandria é totalmente proibida.

Indo agora ao cerne da questão, por que razão é permitido que um homem case com mais do que uma mulher?

3. O Alcorão é a única escritura religiosa que afirma “... casa apenas com uma (mulher)”

O Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que contém a frase “…casai apenas com uma só”. Não existe mais nenhum Livro religioso que instrua os homens a casarem com uma única mulher. Em nenhuma das outras escrituras religiosas, seja na Veda, no Ramayan, no Mahabharat, na Geeta, no Talmud ou na Bíblia, é imposta qualquer restrição ao número de esposas. De acordo com estas escrituras, o homem pode casar-se com quantas desejar. Só mais tarde os sacerdotes hindus, assim como os padres católicos, limitaram o número de esposas.

De acordo com as suas escrituras, muitas personalidades religiosas hindus tiveram várias esposas. O Rei Dashrat, pai de Rama, teve mais de uma esposa. Krishna teve várias esposas.

Antigamente, era permitido aos cristãos terem tantas esposas quantas desejassem, uma vez que a Bíblia não limitava o número de esposas. Só há alguns séculos é que a Igreja restringiu o número de esposas.

A poligamia é permitida no Judaísmo. Segundo a lei Talmúdica, Abraão teve mais do que uma esposa, enquanto Salomão teve …setecentas esposas de sangue real e trezentas concubinas… (1º Reis 11:3). A prática da poligamia manteve-se até que o Rabi Gershom ben Yehudah (950 E.C. a 1030 E.C) publicou um édito contra essa prática. As comunidades sefarditas judaicas que vivem nos países muçulmanos continuaram a praticá-la até 1950, quando uma Lei do Rabino Chefe de Israel estendeu a proibição ao casamento com mais do que uma mulher.

4. Os hindus são mais polígamos do que os muçulmanos

O relatório do “Comité para o Estatuto da Mulher no Islão”, publicado em 1975, referia nas páginas 66 e 67 que a percentagem dos casamentos polígamos entre os anos 1951 e 1961 foi de 5,06% entre os Hindus e de apenas 4,31% entre os Muçulmanos. De acordo com a Lei Indiana, apenas os homens muçulmanos estão autorizados a ter mais do que uma esposa. Apesar de ser ilegal, é mais frequente entre os hindus ter várias esposas do que entre os muçulmanos. No passado, nem aos homens hindus eram impostas restrições relativamente ao número de esposas permitido. Só em 1954, quando foi publicada a Lei do Casamento Hindu, é que se tornou ilegal que um hindu tivesse mais do que uma esposa. Actualmente, é a Lei Indiana que proíbe um homem hindu de ter mais do que uma esposa, e não as Escrituras Hindus.

Passemos então à análise das razões pelas quais o Islão permite ao homem ter mais do que uma esposa.

5. O Alcorão permite a poligamia limitada

Tal como atrás foi referido, o Alcorão é o único Livro religioso à face da terra que afirma “... casai apenas com uma só”. O contexto desta frase é o versículo que se segue, que pertence à Surah Nissa, do Glorioso Alcorão:

E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente. (Alcorão 4:3).

Antes de o Alcorão ter sido revelado, não existia limite máximo restritivo para a poligamia, e muitos homens tinham dezenas de esposas, alguns até centenas. O Islão impôs o limite máximo de quatro esposas. O Islão autoriza o homem a casar-se com duas, três ou quatro mulheres, desde que ele as trate de forma justa. No mesmo capítulo, isto é, na Surah Nissa, versículo 129, afirma-se: Não podereis, jamais, ser equitativos com vossas esposas, ainda que nisso vos empenheis...(Alcorão 4:129).

Assim sendo, a poligamia não é a regra, mas a excepção. Muitos consideram, erroneamente, que é obrigatório para o homem muçulmano ter mais do que uma esposa.

Na generalidade, o Islão delimita cinco categorias de “coisas a fazer” e “coisas a evitar”:

1. “Fard”, isto é, obrigatório ou compulsivo;

2. “Mustahab”, isto é, aquilo que é recomendado ou incentivado;

3. “Mubah”, isto é, aquilo que é permitido ou admitido;

4. “Makruh”, isto é, aquilo que não é recomendado ou é desaconselhável;

5. “Haraam”, isto é, aquilo que é proibido ou condenável.

A poligamia enquadra-se na categoria média, que identifica aquilo que é permitido. Não se pode afirmar que um muçulmano que tem duas, três ou quatro esposas é melhor que um muçulmano que tem apenas uma esposa.

6. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens

Na natureza, homens e mulheres nascem, aproximadamente, na mesma proporção. Uma criança do sexo feminino tem mais defesas do que uma do sexo masculino. Uma menina tem mais formas de combater os germes e doenças do que um menino. Por esta razão, durante a própria infância, registam-se mais mortes entre as crianças do sexo masculino do que entre as crianças do sexo feminino. Durante as guerras, existem mais baixas de homens do que de mulheres. Morrem mais homens devido a acidentes e doenças do que mulheres. A esperança média de vida das mulheres é superior à dos homens, e em qualquer altura constatamos a existência de mais viúvas do que viúvos, por esse mundo fora.

7. A Índia tem uma população masculina superior à feminina, devido ao infanticídio feminino.

A Índia, assim como os seus países vizinhos, é um dos poucos países em que a população feminina é inferior à masculina. A razão para esta realidade prende-se com a elevada taxa de infanticídio existente na Índia e com o facto de mais de um milhão de fetos femininos serem abortados todos os anos nesse país, depois de serem identificados como sendo do sexo feminino. Se esta prática vil for erradicada, também a Índia terá mais mulheres do que homens.

8. A população feminina mundial é superior à masculina

Nos E.U.A., a população feminina ultrapassa a masculina em 7.8 milhões. Em Nova Iorque, existe um milhão de mulheres a mais, quando comparadas com os homens, sendo que da população masculina de Nova Iorque um terço são homossexuais, isto é, sodomitas. Nos E.U.A. enquanto um todo, existem mais de vinte e cinco milhões de homossexuais. Tal significa que esses indivíduos não têm intenções de casar com mulheres. A Grã-Bretanha tem mais quatro milhões de mulheres do que homens. A Alemanha tem mais cinco milhões de mulheres do que homens e a Rússia tem mais 9 milhões. Só Deus sabe quantos mais milhões de mulheres existem, em comparação com o número de homens.

9. Limitar todo o homem a ter uma única mulher não seria prático

Mesmo que cada homem casasse apenas com uma mulher, continuariam a existir mais de trinta milhões de mulheres nos E.U.A. que não conseguiriam arranjar um marido (tendo em conta que nos Estados Unidos existem vinte e cinco milhões de homossexuais), na Grã-Bretanha existiriam quatro milhões, cinco milhões da Alemanha e, na Rússia, existiriam nove milhões de mulheres que não seriam capazes de encontrar um marido.

Imaginemos que a minha irmã era uma dessas mulheres solteiras dos E.U.A., ou que era a sua irmã uma das mulheres solteiras dos E.U.A.

As duas únicas opções que lhe restariam era que casasse com um homem que já tinha uma esposa ou então tornar-se propriedade pública. Não existiriam outras opções. Todas aquelas que forem decentes escolherão a primeira.

Na sociedade ocidental é comum os homens terem amantes e/ou casos extramatrimoniais, sendo que, em qualquer uma das situações, a mulher leva uma vida desvirtuosa e desprotegida. No entanto, essa mesma sociedade não é capaz de aceitar que um homem tenha mais do que uma mulher (licitamente), dessa forma permitindo que as mulheres tenham uma posição digna e honrada na sociedade, levando uma vida protegida.

Assim sendo, as duas únicas opções possíveis para uma mulher que não encontrou um marido são: casar com um homem já casado ou tornar-se propriedade pública. O Islão prefere atribuir às mulheres uma posição honrada, permitindo a primeira opção e proibindo a segunda.

Existem várias outras razões pelas quais o Islão permite a poligamia limitada, mas a principal é a protecção da decência das mulheres.

10. A análise histórica de poligamia e seus resultados

O que conclui de tudo isto a análise histórica? Que Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – defendia a monogamia e aconselhava o seu cumprimento. É esta a base do exemplo da sua vida conjugal com Khadijah (r.a.), assim como dos mandamentos do Alcorão:

«E se receais que não podereis tratar com justiça os órfãos casai com as mulheres que vos parecerem boas para vós — duas, três ou quatro. E se receais que não podereis proceder com equidade com todas casai, então, com uma somente». (Alcorão 4:3).

Este versículo foi revelado lá para o fim do oitavo ano da Hégira, depois do Profeta ter desposado todas as suas mulheres.

O objectivo deste versículo era o de limitar a quatro o número de mulheres que um Muçulmano podia desposar enquanto que, antes de sua revelação, esse número era ilimitado. Este facto histórico derruba a afirmação de que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) permitiu a si próprio o que proibia ao seu povo. Além do mais, este versículo foi revelado a fim de enfatizar a prevalência da monogamia sobre a poligamia. O Alcorão ordenava o limitar a uma esposa por receio de injustiças, bem como pela convicção de que a justiça a ser feita a mais de uma mulher está para além da capacidade dos homens. Contudo, a revelação admitia que, perante as circunstâncias de excepção de um povo, pudesse existir a necessidade de desposar mais de uma mulher; não obstante, limitava a poligamia a quatro mulheres e condicionava a sua prática à capacidade de justiça e justeza do marido. Muhammad – que a paz e a bênção de Deus estejam com ele – solicitou aos Muçulmanos que aplicassem estes valores, exemplificando-os na sua própria existência, e numa época em que os Muçulmanos batalhavam e pereciam como mártires. Mas poderia alguém em justiça decidir terminantemente que a monogamia era um mandamento absoluto a ser aplicado incondicionalmente e em todas as circunstâncias? Qual seria o efeito de semelhante lei quando guerras e epidemias matavam milhares, senão milhões, em pouquíssimo tempo? Seria então a monogamia preferencial à poligamia perante tais circunstâncias de excepção? Podem os Europeus da época seguinte à Primeira Guerra Mundial afirmar categoricamente que esta é a lei dos seus cidadãos, embora possam afirmar ser a dos livros? Não terão sido os distúrbios socioeconómicos ocorridos na Europa do pós-guerra, e testemunhados pelo mundo inteiro, o resultado deste desequilíbrio entre os dois sexos e da sua incapacidade de manter a harmonia e a prosperidade das suas relações conjugais, e da consequente insistência em procurar essa mesma harmonia fora dos laços conjugais?

Não é minha intenção decidir aqui a questão. Deixo, todavia, no ar o assunto, para que o leitor nele pondere. Contudo, é meu desejo repetir que a felicidade da família e da comunidade podem melhor ser atingidas por intermédio da limitação imposta pela monogamia. É isto verdade, mas somente se a vida comunitária for normal.

Mahomed Yiossuf Mahomed Adamgy - Alfurqan -Lisboa, Março de 2011

sexta-feira, julho 25, 2014

JUMU’AT-UL-WIDA’ (A Última Sexta-Feira do Mês do Ramadan) Por: Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum:

Estamos, hoje, a celebrar JUMU’AT-UL-WIDA’, ou seja a última Sexta-Feira do mês de Ramadan, o mês mais sagrado de todos os meses Islâmicos, o mês em que toda a Ummah Muçulmana se esforçou por adquirir o máximo de recompensas e bênçãos que Allah S. T. pôs, de forma livre, fácil e benevo-lentemente, à disposição de todo o ser humano submisso à Vontade de Allah.

Hoje, nas Mesquita de todo o Mundo, falar-se-á, portanto, da última Sexta-Feira do Ramadan, da despedida do mês do Ramadan, da completação da Recitação do Sagrado Alcorão e, sobretudo de TAQWA (autodisciplina) que obtivemos através da IBADAT (adoração) que fizemos ao longo do mês de Ramadan.

A palavra TAQWA e os verbos e nomes ligados a essa raiz podem significar, conforme o texto, o seguinte: o temor a Allah; proteger a língua, a mão e o coração do mal; daí a tradução da palavra taqwa como rectidão, piedade, a boa conduta, bom comportamento.

Estamos a dois ou três dias do fim do Ramadan. O mês que revigorou a nossa energia espiritual, deu-nos TAQWA e lições que devemos adoptar nos próximos ONZE meses da nossa vida, até que, ao 12º. Mês, in cha Allah (se Deus quiser), voltarmos a encontrar o Ramadan para, de novo, renovarmos as nossas energias espirituais, de modo a praticarmos boas acções e recordarmos Allah constantemente.

Que Allah abençoe ao Seu servo e Mensageiro Muhammad (s.a.w.) e a sua família; e seus nobres Companheiros; e a todos quantos os seguem com sinceridade até ao Último Dia. 

Wa salla Allahu ala Saydina Muhammad wa ‘ala alihi wa sahbihi wa sallam. Amín.■
Que o nosso próximo Ramadan seja de muita paz e de muitas conquistas inshallah.

ID FITR MUBARAKA INSHALLAH



quarta-feira, julho 23, 2014

Uma Pausa para a Paz - Uma pausa interminável pela paz!

A Paz é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações. Derivada do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se-à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações e dentro delas, é o objectivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU...

No plano pessoal, paz designa um estado de espírito isento de ira, desconfiança e de um modo geral todos os sentimentos negativos. Assim, ela é desejada por cada pessoa para si próprio e, eventualmente, para os outros, ao ponto de se ter tornado, sobretudo no Islão, uma contínua saudação, (que a paz esteja contigo) e um objectivo de vida. 

Sempre nos moverá a esperança de um mundo novo, melhor, mais humano, mais fraterno. As guerras deve-riam terminar, deveria melhorar-se a organização da sociedade, da economia, da política; algo anda mal, quando temos que usar as armas e matar, para solucionar os nossos conflitos.

As sombras da morte mancham-nos a todos, venham de onde vierem, como dizia o poeta John Donne: ─ “Nenhuma pessoa é uma ilha; a morte de qualquer uma me afecta, porque me encontro unido a toda a humanidade; por isso, nunca perguntes por quem dobram os sinos; dobram por ti”. Cada caído inocente, nessa guerra inútil, da chamada faixa de Gaza ou do país de Israel ou nas ruas de qualquer cidade do mundo, é uma bofetada na Paz, na humanidade.

E Albert Einstein dizia in 'Como Vejo o Mundo', “o mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade. (...) Desarmamento e segurança só se podem alcançar se ambos forem considerados interdependentes. A segurança só estará garantida quando, todas as nações, se comprometerem a cumprir as decisões internacionais”. 

Encontramo-nos, portanto, numa encruzilhada. De nós depende seguirmos o caminho da paz ou continuarmos trilhando o da força bruta, indigno da nossa civilização. Dum lado esperam-nos a liberdade dos indivíduos e a segurança das comunidades, de outro lado ameaçam-nos a servidão para os indivíduos e o aniquilamento da nossa civilização. O nosso destino será tal qual nós o merecermos. O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância. Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importan-tes motores de acção é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração. 

O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética», não há salvação para os homens. 

O Papa Francisco viajou a Jerusalém, ao lugar onde agora caiem mísseis e mortos, procurando o caminho da Paz e da Unidade. Esta porção da terra é quem sabe o sítio que mais desejou estes dois dons, na qual mais sementes, que continham estes ansiados presentes, se polvilharam, na qual mais gritos os pediram…, e, quem sabe, também é o espaço de mais violência e destruição da História.

Agora que os noticiários se enchem das imagens das bombas, dos mortos sem sentido nessa terra bendita, onde viveram e caminharam grandes Profetas da paz — Abraão, Jesus, Muhammad — continuo a gostar mais da imagem desse homem chamado Francisco caminhando até ao muro das lamentações, para abraçar-se a um imame muçulmano e a um rabino judeu. Essa foto comove a alma de paz, de esperança. Apesar das sombras, o passo deste homem de Deus, certifica que a Paz e a Unidade são possíveis, para além das religiões. Benditos sejam os anúncios de paz, a Paz…!

Não me iludo. Sei que os homens da guerra não param. Move-os a cobiça, a ambição, a vingança, o rancor…, feridas profundas submersas na alma, muito difíceis de arrancar, e, das quais todos temos algo. As guerras não cessam, nunca cessaram, ao longo da história. As sombras da morte e as crueldades cumprem alguma missão que acabamos por não entender nesta evolução da sociedade até ao mundo melhor, até “os céus novos e a terra nova”.

Mas também sei, sou consciente, de que os homens da paz, continuam semeando as sementes do perdão, do consolo, da misericórdia… As bombas fazem mais ruído, deixam rasto de morte, de sangue… As rosas, as árvores, as montanhas, os rios, a luz do sol…, símbolos da paz e da esperança, por outro lado, continuam firmes, fiéis à sua missão; não fazem tanto ruído, são mais subtis, mas também são mais pacientes, mais estáveis, as suas raízes são muito mais profundas, o seu odor mais suave e doce.

Se a guerra avança, nada nem ninguém impedirão que continuemos unidos às pessoas de boa vontade, gritando do silêncio da oração, desde o nascer do sol até ao ocaso, PAUSA para Paz! Uma pausa interminável a favor da Paz!■

— «A paz é fruto da justiça» - Profeta Isaías, 32:7.

— «Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho». - Mahatma Gandhi.

— «Aquilo que se obtém com violência só se pode conservar pela violência». - Mahatma Gandhi.

— «A paz não pode ser mantida à força. Somente pode ser atingida pelo entendi-mento». - Albert Einstein.

Obrigado. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 22/07/2014.

quinta-feira, julho 17, 2014

A L M A D I N A RAMADHAAN - UM MÊS DE MISERICÓRDIA E BENÇÃOS

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 14.07.2014

 Mais uma vez chega-nos o sagrado mês de Ramadhaan, um mês de misericórdia e bênçãos.

O mês de Ramadhaan significa tudo aquilo que o Isslam defende: cuidar, partilhar, economizar, e moderar em todos os assuntos.

Ramadhaan é o nono mês do calendário isslâmico, que se orienta pelo calendário lunar, isto é, cada mês tem início com a visualização da Lua Nova e termina com a visualização da Lua Nova do mês seguinte. O ciclo lunar tem a duração de 29 a 30 dias. No mês de jejum - mês de Ramadhaan – caso não se consiga visualizar a Lua no vigésimo nono dia devido à nebulosidade, deve-se estender o jejum ao trigésimo dia.

Para mais de um bilião e meio de muçulmanos pelo Mundo fora, Ramadhaan é um mês muito especial, caracterizado por orações extras e actos de generosidade. Um dos aspectos importantes do Ramadhaan é que este mês prepara-nos para uma vida de sacrifício e contenção, e os seus efeitos não se circunscrevem apenas à perda de peso, pois dos ensinamentos do Profeta Muhammad (S.A.W.) sabemos que o controlo na dieta é a melhor cura para muitas doenças, facto confirmado por recentes pesquisas científicas.

A ideia por detrás desta abstenção não é apenas o crente passar fome e sede, mas também incutir no crente o “takwa” (temor a Deus). Aliás, o “takwa” constitui a essência de todos os actos isslâmicos de adoração.

O jejum tem muitos benefícios, pois quando ao jejuar passamos fome e sede, recordamo-nos do sofrimento por que os pobres passam todos os dias do ano.

É também uma oportunidade para a prática do auto-controlo e purificação da nossa alma. Isto contribui para que os muçulmanos sintam a paz que emana da devoção espiritual e sejam solidários para com os outros crentes.

Tal como as orações diárias obrigatórias, o jejum impede-nos de praticar tudo o que seja mau e pecaminoso, e fortifica a noção da presença constante de Deus na nossa vida. Por isso o jejuador, mesmo sentindo fome e sede, resiste à tentação de comer e beber, ainda que esteja sozinho. Essa auto-restrição é uma das lições pertinentes do sagrado mês de Ramadhaan, tanto para os jovens como para os idosos.

Se este sentimento existisse em toda a gente e durante todo o ano, certamente que não haveria maldade nem criminalidade no Mundo, pois geralmente os malfeitores só respeitam as Lei quando estão perante agentes da polícia. Mas é necessário criar de forma constante, a noção da presença de Deus, pois se o malfeitor tiver a noção de que Deus está vendo os seus actos pecaminosos, dificilmente se atreverá a transgredir. E esse sentimento se faz mais presente no jejum.

A generosidade e a gratidão são também os aspectos importantes deste mês. Embora no Isslam a prática constante de caridade e boas acções seja importante, no mês de Ramadhaan assume um significado especial, pois todos os muçulmanos sentem a obrigação de irem até ao pobre e ao necessitado para alimentá-los e solidarizar-se com eles.

Além disso, através de todas as práticas associadas ao Ramadhaan, recorda-se aos muçulmanos a sua identidade comum, e de que todos eles são iguais perante Deus.

Outro aspecto importante deste mês de bondade é o espírito de partilha e cuidado que são manifestos na preparação de refeições de abertura do jejum em todas as mesquitas no Mundo todo, e a distribuição de cabazes (kits) de Ramadhaan aos pobres.

Na generalidade, todos os actos de adoração instituídos pelo Isslam, tais como o jejum, as orações diárias, a caridade e a peregrinação, são para disciplinar as nossas almas, purificar os nossos corações e elevar o Ser Humano para os valores mais altos e nobres. E nisso o Ramadhaan continua a ser uma grande escola.

Todos nós devemos aproveitar este grande mês na prática de boas acções, na adoração, e evitar todas as futilidades, os pecados e tudo o que nos impede a prática do bem.

Devemos alimentar os pobres jejuadores, ocuparmo-nos na recordação e gratidão a Deus, no arrependimento dos nossos pecados, na recitação do Al-Qur’án, e tentarmos fazer o máximo de “khatams” (recitação integral do Al-Qur’án) neste mês sagrado, e dentro do possível, melhor que seja com o máximo de meditação, sempre com a intenção de pôr tudo isso em prática.

Por fim, gostaria de desejar a todos os muçulmanos, em especial os de Moçambique, a continuação de um Feliz Ramadhaan, e que o seu jejum seja aceite. 

Que o Ramadhaan sirva para transformar as nossas vidas para melhor. Oremos para que haja prosperidade e bem-estar do nosso País, e também dos muçulmanos de todo o Mundo. 

Até quando?”

Até quando continuaremos a crer no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo? Um país bombardeia dois países. A impunidade poderia resultar assombrosa se não fosse costume. Alguns tímidos protestos dizem que houve erros. Até quando os horrores se continuarão a chamar erros? 14/07/2014 - Autor: Eduardo Galeano - Fonte: Ecoportal  - In http://www.ecoportal.net/Temas_Especiales/Derechos_Humanos/Hasta_cuando - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

 Esta carniceira de civis desatou-se a partir do se-questro de um soldado. Até quando o sequestro de um soldado israelita poderá justificar o sequestro da sobera-nia Palestina? Até quando o sequestro de dois soldados israelitas poderá justificar o sequestro do Líbano inteiro?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o desporto preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando continuarão os palestinos e outros árabes a pagar crimes que não cometeram?

Hezbollah não existia quando Israel arrasou o Líbano nas suas invasões anteriores. Até quando continuare-mos a crer no conto do agressor agredido, que pra-tica o terrorismo porque tem direito a defender-se do terrorismo?

Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano… Até quando se poderá continuar a exterminar países impune-mente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, não têm nada de novo para nós, os latino-americanos. Os nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Améri-cas, que agora perdeu o nome mas não as manhas. Até quando continuaremos aceitando que a tortura se vá legitimando, como fez a Tribunal Supremo de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel não fez caso de quarenta e seis recomen-dações da Assembleia Geral e de outros organismos das Nações Unidas. Até quando o governo israelita continuará exercendo o privilégio de ser surdo?

As Nações Unidas recomendam mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que deci-dam, porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, quarenta resolu-ções que condenavam Israel. Até quando as Nações Unidas continuarão actuando como se fossem outro nome dos EE.UU.?

Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras, muito sangue correu. Até quando continuará correndo o sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história repete-se, dia após dia, ano após ano, e um israelita morre por cada dez árabes que morrem. Até quando continuará valendo dez vezes mais a vida de cada israelita?

Em proporção à população, os cinquenta mil civis, na sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque, equivalem a oitocentos mil estado-unidenses. Até quando continuaremos aceitando, como se fosse costume, a matança de iraquianos, numa guerra cega que esqueceu os seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irão está desenvolvendo a energia nuclear. Até quando continuaremos crendo que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? À chamada comunidade internacional não angustia para nada o facto de que Israel tenha duzentas e cinquenta bombas atómicas, ainda que seja um país que vive à beira de um ataque de nervos. Quem maneja o peri-gosímetro universal? Terá sido o Irão o país que lan-çou as bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais que o direito de expressão. Para justificar a ilegal ocu-pação de terras palestinas, a guerra chama-se paz. Os israelitas são patriotas e os palestinos são terroris-tas, e os terroristas semeiam o alarme universal.

Até quando os meios de comunicação continuarão sendo “medos” de comunicação?

Esta matança de agora, que não é a primeira nem será, temo, a última, ocorre em silêncio? Está mudo o mundo? Até quando continuarão soando como um sino tardio as vozes da indignação?

Estes bombardeamentos matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciá-lo são acusados de anti-semitis-mo. Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes de terrorismo de estado? Até quando aceitaremos essa extorsão? São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome? São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes que defendem a pátria palestina e repudiam o manicómio fundamentalista?

Os terroristas parecem-se entre si: os terroristas de estado, respeitáveis homens de governo, e os terroristas privados, que são loucos soltos ou loucos organizados desde os tempos da guerra fria contra o totalitarismo comunista. E todos actuam em nome de Deus, assim se chame Deus ou Allah ou Jeová. Até quando continuaremos ignorando que todos os terrorismos desprezam a vida humana e que todos se alimentam mutuamente? Não é evidente que nesta guerra entre Israel e Hezbollah são civis, libaneses, palestinos, israelitas, que são mortos? Não é evidente que as guerras do Afeganistão e do Iraque e as invasões de Gaza e do Líbano são incubadoras de ódio, que fabricam fanáticos em série?

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos dois mil e quinhentos mi-lhões de dólares, por dia, aos gastos militares. A mi-séria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, comem os vivos e os mortos. Até quando continuaremos aceitando que este mundo ena-morado pela morte é o nosso único mundo possível?…

segunda-feira, julho 14, 2014

A 19 Anos do Massacre de Srebrenica

Uma ferida que não cicatriza - 14/07/2014 - Autor: Yasmin Matuk - Fuente: Blog Yasmin Matuk / Webislam - Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy 

Buscando eliminar uma parte da população bósnia muçulmana, as forças servo-bósnias cometeram genocídio. Seleccionaram para a sua extinção quarenta mil bósnios muçulmanos que viviam em Srebrenica, um grupo particularmente emblemático entre os bósnios muçulmanos em geral. Despojaram todos os varões prisioneiros, tanto militares como civis, jovens ou maiores, das suas pertenças e identificações; e deliberada e metodicamente eliminaram-nos, unicamente em razão de sua identidade.” — Theodor Meron, presidente do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia. 

19 Anos depois do massacre de Srebrenica e a Bósnia continua enterrando cadáveres e, ainda que países como a Holanda ofereçam a soma de 80.000 euros a alguns familiares de vítimas, nenhum tipo de recompensa econômica pode apagar a desonra e detrimento que sofreram os inocentes assassinados. 

Srebrenica, uma ferida que não cicatriza: 

Para quem não o conheça, ou pouco recorde, o geno-cídio de Srebrenica foi o assassinato de mais de 8.000 pessoas de etnia bósnia muçulmana na região de Srebrenica, em Julho de 1995, durante a Guerra da Bósnia por parte de sérvios de afiliação católica. Este assassinato massivo, levado a cabo por unidades do Exército da República Srpska, o VRS, sob o comando do general Ratko Mladic - assim como por um grupo paramilitar sérvio conhecido como “Os Escorpiões” – produziu-se numa zona previamente declarada como “segura” pela ONU, já que nesse momento se encon-trava sob a suposta protecção de 400 capacetes azuis holandeses. 

O que sucedeu em Srebrenica não foi um único grande massacre de muçulmanos, perpetrado por sérvios, mas uma série de ataques e contra-ataques muito sangrentos ao longo de um período de três anos, que chegou ao seu ponto alto em 1995… 

Ainda que se buscasse supostamente a “eliminação” dos varões bósnios muçulmanos, o massacre incluiu o assassinato de crianças, adolescentes, mulheres e anciãos, com o objetivo de conseguir a LIMPEZA ÉTNICA da cidade. Como atualmente sucede na Palestina: qual será o tribunal internacional que con-denará os crimes de lesar a humanidade cometidos por Israel? 

A NATO

Uma das grandes mentiras que escutamos durante as guerras da Jugoslávia foi que a NATO tinha que intervir porque havia perigo de que o conflito se estendesse. Mas nenhum grupo dentro da ex-Jugoslávia tinha ambições fora da Jugoslávia. Eram as nações de fora quem tinham ambições dentro da Jugoslávia. 

Com o final da Guerra Fria, o papel da NATO como aliança defensiva conclui-se. Havia quem dissesse que a NATO deveria dissolver-se agora que já não existia a União Soviética. Mas havia também quem dissesse -muitos deles burocratas que beneficiavam da existência de uma organização tão imensa - que a NATO deveria utilizar-se agora como arma para “forjar” a democracia por todo o planeta, ou seja, que deveria utilizar-se para promover a economia global, o mercado internacional com as suas consequências escravistas e alienantes; a abertura a um mundo livre que fomente o consumismo desavergonhado. 

Todos eles slogans que disfarçam o verdadeiro detrimento que causa a NATO de cada vez que pisa solo alheio. Exemplos mais próximos na nossa memória são Iraque, Somália, Afeganistão, Sudão, Paquistão, Iémen, Líbia… Países com legítima soberania nacional atacados, destroçados, usurpados e usufrutuados. 

Valeria a pena perguntar-se, como exercício de sensatez, se isto é exportar a liberdade… 

“Recordamos, porque estamos vivos, e conhecemos a nossa história. Buscamos justiça: somos um povo pa-ciente.” — Yasmin Matuk 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. M. Yiossuf Adamgy - 14/07/2014.

Palestina Resiste em Gaza, Outra Vez

Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo - 11/07/2014 - Autor: Kamel Gomez - Fonte: Webislam – Trad. Portuguesa de: Yiossuf Adamgy
"...O exército colonial mostra-se feroz: quadrilhas, 'ratoeiras', concentrações, expedições punitivas; assassinam-se mulheres e crianças. Ele sabe-o: esse homem novo começa a sua vida de homem pelo final; sabe-se potencialmente morto. Mataram-no: não só aceita o risco mas tem a certeza; esse morto em potência perdeu a sua mulher, os seus filhos, viu tanta agonia que prefere vencer a sobreviver; outros gozarão da vitória, ele não: está demasiado cansado. Mas essa fatiga do coração é a fonte de um incrível valor. Encontramos a nossa humanidade mais para cá da morte e do desespero, ele encontra-a mais além dos suplícios e da morte. Nós semeamos o vento, ele é a tempestade. Filho da violência, nela encontra a cada instante a sua humanidade: éramos homens às suas custas, ele faz-se homem às nossas custas. Outro homem: de melhor qualidade." — Jean-Paul Sartre, no Prefácio a "Os Condenados da Terra".

A situação no Médio Oriente é catastrófica. A região hoje, desde o Afeganistão até ao Egipto, está submersa em várias batalhas que aos leigos parecem diferentes, Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo mas quanto mais se aproxima a lupa analítica, mais se assemelham. 

Israel utiliza a cobertura do mundial de futebol para aniquilar Hamas. Aproveita o acordo tácito com os mercenários que vêm de todo o mundo, acompanhados de dinheiro saudita e armas estado-unidenses. 

Havia que romper o acordo de unidade Fatah-Hamas. Então, castigar os bárbaros palestinos com o melhor da civilização ocidental: armamento de última geração, a não ser que as pedras e os foguetes caseiros molestem os bons colonos que a imprensa internacional pinta. De fundamentalistas, eles, os bons judeus, não têm nada: essa palavra é para os sujos muçulmanos. Para além disso, o Hamas atreve-se a retomar as suas relações com o Irão. Com mais razão, já não chega matá-los com os seus aviões; melhor: pegam-lhes fogo antes de morrer. 

A quem importam os palestinos? Se em plena matança Israel recebe cartas mimosas da dinastia As-Saud. Os sauditas já querem viajar de Riad a Jerusalém sem escala. Francisco, o Papa, todavia não se pronunciou. O papel que Israel pretende dar à EE.UU. nas negociações, agora Netanyahu, o mentiroso dá-o ao Sumo Pontífice: envergonha o Vaticano, ri-se das orações de Bergoglio. Eis que o sionismo entende por uma forma de paz: quando matarmos todos os palestinos, crianças, mulheres, anciãos, vamos viver em Paz. Pobre Francisco, papel internacional para ele, presente de Teodoro Herzl. 

Total, a indiferença de muitos, a traição de outros, as dificuldades dos amigos da Palestina, permitem a Israel cometer o seu plano racional de exterminar os árabes palestinos. Pensaram os sionistas, a terceira em Gaza, é a vencida. 

Por isso peço-lhe, querido leitor, que acompanha e sofre, que volte à citação do começo com esperança, que a releia, que a medite, assim entenderemos juntos que, apesar da dureza criminal do sionismo, a Palestina é bandeira dos oprimidos do mundo, que é a causa que triunfa graças a esses homens, hoje palestinos, que são a melhor qualidade da humanidade.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 

M. Yiossuf Adamgy - 10/07/2014. _________________________________________