segunda-feira, junho 09, 2014

Contribuição Islâmica para a Ciência

Durante o século VI, os muçulmanos herdaram a tradição e o conhecimento científico da antiguidade. Preservaram, elaboraram, fizeram uma releitura e, finalmente, passaram-na para a Europa. Foi nessa época que a dinastia omíada manifestou seu interesse pela ciência.

Foi o século que para os muçulmanos correspondeu às luzes da filosofia, da descoberta científica e do desenvolvimento, enquanto que a Europa mergulhava no que se convencionou chamar a Idade das Trevas. Os árabes desse tempo assimilaram o conhecimento persa e a herança clássica dos gregos, adaptando-os às suas próprias necessidades e formas de pensamento.

Pela primeira vez na história da humanidade, a teologia, a filosofia e a ciência puderam ser harmonizadas em um todo unificado, graças à capacidade islâmica de conciliar o monoteísmo com as provas da ciência, ou mais adequadamente, a fé com a razão. Talvez, um dos motivos que pode explicar esse desenvolvimento da ciência seja o mandamento de Deus para que as leis da natureza sejam exploradas. A idéia é admirar a criação por sua complexidade, admirar o Criador por sua habilidade. Talvez por causa dessa crença é que as contribuições do Islam à ciência alcançaram os diversos ramos do pensamento, inclusive a matemática, a astronomia, a medicina e a filosofia.

As culturas persa e hindu tornaram-se parte da herança islâmica no campo da Matemática. No século VII, durante a existência do Profeta, um matemático muçulmano hindu desenvolveu o símbolo "zero", que viria a revolucionar o estudo da matemática e tornar possível as grandes conquistas nesse campo, não só muçulmanas, mas de toda a humanidade.

Palavras como "algebra" e "algorítimo" foram, na verdade, tiradas do vernáculo árabico e traduzidas para o latim. Foi um matemático muçulmano que formulou, explicitamente, a função trigonométrica. A palavra "seno" é uma tradução da palavra arábica "jayb". Al-Khwarizmi escreveu o mais antigo livro sobre matemática, conhecido somente na versão traduzida. Ele apresentou mais de 800 exemplos de cálculo de integração e equação, que viriam a ser adotados pelos neo-babilônios. Os muçulmanos introduziram os algarismos arábicos na Europa e ensinaram aos ocidentais as convenções mais adequadas ao conceito aritmético. O "zero" e os algarismos arábicos são a base da ciência dos cálculos, conforme é conhecida hoje.

Na primeira metade do século IX, os números exponenciais, incluindo o zero, foram usados por al-Khwarizmi, para substituir as letras. Na segunda metade desse mesmo século, os muçulmanos da Espanha desenvolveram numerais ligeiramente diferentes na forma, huruf al-ghubar, originariamente usado em conjunção com um tipo de ábaco de areia. Leonardo Fibonacci, de Pisa, que havia sido discípulo de um mestre muçulmano, publicou um trabalho que permanece um marco na introdução dos numerais arábicos.

No início do século IX, cálculos matemáticos estimulavam o desejo de repostas para o movimento celeste. Esta curiosidade introduziu um novo campo no conhecimento humano, o da Astronomia. Uma das aplicações mais importantes da Astronomia é o cálculo para o horário das cinco orações diárias, que todo muçulmano faz. Ele é definido de acordo com a posição do sol, movendo-se de leste para oeste. As primeiras tabelas conhecidas, feitas para tal propósito, são datadas do século X, e são instrumentos importantes usados pelos muçulmanos.

O magnífico relógio do sol, que Ibn al-Shatir contruiu no ano de 1371 para enfeitar o minarete principal da mesquita omíada de Damasco, confirma a exatidão dos cálculos. O relógio mostra as horas do dia relativas ao nascer do sol, ao meio-dia e ao por-do-sol. Há, também, curvas especiais para as horas relativas ao amanhecer e ao anoitecer. O relógio do sol mede o tempo para cada hora das cinco preces diárias.

Ibn al-Sarraj inventou uma série de astrolábios, quadrantes, grades trigonométricas e outros instrumentos que foram extremamente inovadores na época e que mais tarde foram utilizados pelos europeus quando iniciaram as grandes navegações para a descoberta de novos mundos.

Al Khwarizmi, o gênio matemático, aplicou suas descobertas ao novo campo, de onde ele compôs as mais antigas tabelas planetárias. Seu trabalho serve de referência e foi traduzido para o latim no século XII, por Gerard de Cremona. O primeiro observatório astronômico foi construído em Jundaysabur, sudoeste da Pérsia, sob a direção de Sind ibn-'Ali e Yahia ibn-abi-Mansur. Sendo o astrônomo do califa, ele elaborou uma carta dos movimentos celestes. Os astrônomos de Al-Mamun, o califa abássida, fizeram muitas observações originais. Uma das mais notáveis é a medida do meridiano, próximo a Mosul. O objetivo era determinar o tamanho da terra e a sua circunferência, na suposição de que ela fosse redonda.

Na Espanha, os estudos sobre Astronomia foram incentivados após a segunda metade do século X. O sistema aristotélico foi reproduzido, com a representação dos movimentos celestes. Abu al-Qasim Maslamah al-Majriti, de Madrid, o mais antigo astrônomo muçulmano espanhol, editou e corrigiu as tabelas planetárias de Al-Khwarizmi. Entre os títulos de Al-Majriti, estava o de ser al-hisab, isto é, o matemático, porque ele era considerado o mestre do conhecimento matemático. Cerca de quatorze anos mais tarde, as tabelas planetárias de al-Battani foram traduzidas para o latim, por Plato de Tivoli. Copérnico, mais tarde, iria citar Al-Battani em seu livro "De Revolutionibus Orbium Coelestium". Al-Zarqali, o mais notável observador astronômico de sua época, imaginou um tipo de astrolábio que comprova o movimento do apogeu solar em relação às estrelas. Al-Bitruji desenvolveu uma nova teoria do movimento estelar.

Os astrônomos árabes deixaram no céu os traços imortais de suas descobertas. São os nomes de estrelas, incorporadas às línguas européias, uma infinidade de termos técnicos, como azimuth (as-sumut), nadir (nazir), zenith (as-samt), todos derivados do árabe, o que só vem comprovar o rico legado do Islam para a Europa cristã.

Ibn Sina, mais conhecido como Avicena, recebeu o título de "Príncipe da Medicina". Seu trabalho mais consagrado é Al-Qanun Fil-Tibb, o " Cânone da Medicina". Ele é um dos maiores nomes da história da Medicina. Aos dez anos conhecia de cor o Alcorão, e aos doze, discutia sobre Direito e Lógica. Ele achava que a medicina era um assunto fácil. "Quando eu estou em dificuldade", ele disse, "consulto minhas anotações e rezo ao Criador". Em seu livro, ele mostrou muitos aspectos da medicina. Classificou as causas e os sintomas das doenças. Dizia que as doenças são causadas por um desequilíbrio das quatro qualidades elementares do corpo: calor, frio, húmido e seco. Elas são provocadas por uma composição, ou conformação, defeituosa das partes do corpo, que provocam o trauma. A causa das doenças está ligada ao ambiente e à psicologia. Entre elas, está o tradicional esquema das doenças "não naturais", oriundas do ar, do excesso ou falta da alimentação e da bebida. Seu livro também discute os cuidados com a conservação da saúde em partes separadas, pediátricas, adultas e geriátricas.

A peste negra assolou a Europa em meados do século XIV, deixando os cristãos desamparados. Enquanto isso, Ibn-al-Khatib, um clínico de Granada, escreveu um tratado, no qual ele elabora uma defesa sobre a teoria do contágio:

"Para aqueles que dizem 'como posso admitir a possibilidade de infecção, quando a lei religiosa a nega', respondemos que a existência do contágio é constatada pela experiência, pela investigação e pela evidência de relatórios confiáveis. Estes constituem argumento sólido. O contágio se torna claro ao investigador, quando observa como ele, que está em contato com pessoas doentes, pega a doença, ao passo que aquele que não tem o contato fica a salvo, e como se dá a transmissão através de roupas e recipientes."

A circulação do sangue e a idéia da quarentena veio da indicação empírica sobre o contágio e foi descoberto por Ibn al-Nafis. Em 943, Ibn Juljul, de Córdoba, tornou-se um físico famoso com a idade de 24 anos, compilou um livro, que era um tratado especial sobre drogas, encontrado na Andaluzia, na península ibérica. Ibn Masawayh escreveu o mais antigo tratado sobre Oftamologia. O livro, entitulado al-Ashr Maqalat fi al-'Ayn é o mais antigo texto sobre a matéria. No uso curativo das drogas, alguns avanços fantásticos foram feitos pelos muçulmanos. Eles criaram as primeiras boticas e a mais antiga escola de Farmácia.

O Príncipe da Medicina, Avicena, também foi um filósofo. A Filosofia naquele tempo era definida como o conhecimento da causa verdadeira das coisas. Ele foi o primeiro árabe a criar um sistema filosófico que é completo. De seus estudos iniciais da Lógica ele se voltou para o estudo da Física e da Metafísica, por sua própria iniciativa. Tornou-se mentor de muitos físicos, e aos dezoitos anos dominava a Lógica, a Física e a Matémática, e não havia nada mais que ele pudesse aprender a não ser concentrar-se na Metafísica. Seu mais importante tratado filosófico é o Kitab al-Shifa, ou o Livro da Cura, conhecido em latim pelo título deSufficienta. É uma enciclopédia sobre o saber greco-islâmico do século XI, que vai da Lógica à Matemática.

Um grande patrono da filosofia e da ciência da História do Islam é o califa al-Mamun. Filho do califa Harun al-Rashid, ele estimulou as discussões na corte sobre Lógica, Direito e Gramática. Construiu em Bagdá a sua famosa Bayt al-Hikmah, a Casa do Conhecimento, uma combinação de biblioteca e academia, e que em muitos aspectos é uma instituição educacional importante. Esta biblioteca contém livros sobre todos os assuntos, especialmente Ciências Islâmicas, Ciências Naturais, Lógica, Filosofia e muitos outros.

A maior figura na história da filosofia islâmica, e que representa uma reação ao neo-platonismo, foi Imam al-Ghazali, um jurista, teólogo, filósofo e místico. Ele dizia que o "fiqh" é o pão diário da alma crente, ao passo que a doutrina é valiosa da mesma forma que a medicina é para a doença. Também disse que foi tomado pelo desejo da verdade. Resolveu buscar um "certo conhecimento", além do qual o objeto conhecido não se abre para duvidar completamente. Fundamentalmente, Al-Ghazali afirmava seu agnosticismo sobre a natureza absoluta e final de Deus. Esta necessidade de uma certeza religiosa impulsionou Al-Ghazali para o misticismo e o remeteu à descoberta do conceito alcorânico de Deus, o que mostrou que a natureza de Deus é constituída pelos nomes e abributos divinos.

O primeiro filósofo autêntico a escrever em árabe foi Al-Kindi. Ele está relacionado de muitas formas aosmutazilas e aos filósofos naturais neo-pitagóricos . Foi um homem de extraordinária erudição, que relatou suas observações como geógrafo, historiador e físico. Kindi foi mais do que um filósofo. Era químico, oculista e teórico musical. A sua influência como autor e professor deu-se, principalmente, nos campos da matemática, geografia e medicina.

A história intelectual dos árabes, com o desenvolvimento da Filosofia e da Ciência no Oriente Próximo, começa com a ascensão do Islam. A primeira geração de muçulmanos eruditos dedicou-se completamente ao estabelecimento de um cânon baseado no Alcorão e isto por causa da santidade irresistível do Alcorão e das tradições do Profeta Mohammad. Para os estudiosos muçulmanos, cuja obra é mostrada, o Alcorão é a fonte de todo o conhecimento - a revelação de Deus.

Muitas sugestões foram apresentadas no Alcorão como uma prova da Onisciência de Deus. Tais sugestões estimularam a curiosidade do homem e provavelemente satisfizeram suas buscas do conhecimento. Com as raízes do conhecimento já estabelecidas, seus ramos e folhas cresceram em direção ao avanço tecnológico. Essas raízes não podem ser esquecidas jamais, porque sem uma fundação sólida nenhum pilar pode ser construído e sobreviver. A seguir, alguns nomes de muçulmanos eminentes, que deixaram seus nomes marcados para sempre a história da humanidade, pela enorme contribuição que deram.

História  1. Al-Biruni

Abu Raihan Muhammad al-Biruni, um sábio persa, foi contemporâneo do grande físico Ibn Sina (Avicena), com quem se correspondia. Com um talento especial para as línguas, inclusive o turco, o Persa, o sânscrito, o hebreu e o árabe, Al-Biruni despertou a atenção do governante ghazanavida Mahmud, cujo território incluía o norte da Índia. Mahmud muitas vezes levava Al-Biruni em suas campanhas pela Índia, e ele aproveitava para estudar a língua, a história e a ciência dos lugares por onde passava. Um de seus livros mais famosos, Kitab al-Hind (Livro da Índia), foi o resultado dessas viagens. Foi um estudo tão completo sobre a Índia que trabalhos posteriores sobre a história hindu tiveram como base esse livro de Al-Biruni.

Além de sua obra sobre cultura e história, Al-Biruni foi também um cientista notável. No campo da astronomia, ele foi pioneiro na noção de que a velocidade da luz era muito maior do que a velocidade do som, observou os eclipses solar e lunar e aceitou, muito antes do que qualquer outro, a teoria de que a terra girava em torno de um eixo. Na geografia, calculou a latitude e longitude corretas de muitos lugares e questionou a visão ptolomaica européia, de que a África se estendia infinitamente para o sul; Al-Biruni insistia que ela era circundada pela água. Em seu trabalho sobre a Índia, Al-Biruni apresentou a idéia controversa - mais tarde provada correta- de que o vale do Hindu tinha sido uma bacia de mar. Também desenvolveu uma teoria para o cálculo da qibla - a direção de Meca de qualquer lugar em que se esteja - tão importante para os muçulmanos, a fim de praticarem suas orações voltados para aquela cidade. Na física, ele determinou, de forma muito precisa, as densidades de 18 pedras preciosas e metais. Foi o primeiro a estabelecer a trigonometria como um ramo distinto da matemática. Por causa de sua obra em diversos campos do pensamento, Al-Biruni é considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos.

2. Ibn Khaldoun
'Abd al-Rahman Ibn Khaldoun, é considerado o fundador da moderna sociologia e filosofia da história. Nasceu em Túnis, onde seus pais mais tarde morreram em decorrência da peste negra. Ibn Khaldoun passou a maior parte de sua vida no norte da África e Espanha. Teve uma vida política, trabalhando para inúmeras cortes reais norte-africanas, onde foi capaz de observar a dinâmica política e social da vida cortesã. Essas observações mais tarde influenciaram sua obra sobre a história das civilizações.

Seu livro mais famoso foi o Muqaddimah ("Introdução" ou Prolegômenos), que foi o primeiro volume do que pretendia ser uma obra sobre a história mundial. No Muqaddimah, Ibn Khaldoun expôs sua filosofia de história, e suas opiniões sobre como o material histórico devia ser analisado e apresentado. Concluiu que as civilizações surgem e desaparecem, como num ciclo, como resultado de fatores psicológicos, econômicos, ambientais, sociais e polícios. Sua atenção voltada para aspectos mais do que simplesmente políticos foi revolucionária, porque ele buscou examinar também os fatores religiosos, sociais e econômicos para explicar a história mundial. Ele submeteu seu estudo da história à análise objetiva e científica, e lamentava o cunho eminentemente tendencioso da história escrita antes dele.

Além do Muqaddimah, Ibn Khaldoun escreveu sobre os árabes, judeus, gregos, romanos, persas, egípcios e bérberes, e sobre os governantes europeus e muçulmanos. Escreveu sua autobiografia, tornando-se um líder nessa nova forma literária. Sua atenção para os fatores sociais na ascensão e queda das civilizações, ajudou a criar a ciência do desenvolvimento social, conhecida, hoje, como sociologia. Sua influência nos campos da sociologia e da história foi enorme, principalmente porque sua ênfase na razão e racionalismo para o julgamento histórico deu um tom não religioso ao seu trabalho.

3.Ibn Hisham; 4. Ibn Ishaq; 5. Ibn Miskawayh; 6. Al-Tabari; 7. Abu Hamid al-Ghazali; 8. Al-Suyuti; 9. Ibn Qutaybah,

Medicina 1. Ibn Sina (Avicena)
Abu Ali al-Husayn Ibn Abdullah Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena, nasceu em Bucara, em 980. Este físico persa tornou-se o mais famoso e influente de todos os cientistas e filósofos muçulmanos. Ele conquistou o favor real por tratar dos reis de Bucara e Hamadan, que tinham contraído doenças que os clínicos da época não diagnosticaram nem curaram. Embora treinado para ser um físico, Ibn Sina trouxe importantes contribuições para a filosofia, matemárica, química e astronomia. Sua enciclopédia filosófica, Kitab al-Shifa ("O Livro da Cura"), aproximou as filosofias aristotélica e platônica da teologia islâmica, dividindo o campo do conhecimento em conhecimento teórico (física, matemática e metafísica) e conhecimento prático (ética, economia e política).

Seu legado mais permanente, no entanto, foi no campo da medicina. Seu livro mais famoso, Al-Qanum fi al-Tibb ("O Cânon da Medicina"), ainda é um dos mais importantes livros de medicina jamais escrito, e por 600 anos, serviu como referência médica em toda a Europa. Entre as contribuições do Cânon para a moderna medicina, estavam: o reconhecimento de que a tuberculose era contagiosa; as doenças podiam se difundir através da água e do solo; a saúde emocional influencia a saúde física. Ibn Sina também foi o primeiro clínico a descrever a meningite, as partes do olho e as válvulas cardíacas, e descobriu que os nervos eram responsáveis pela dor muscular. Também deu sua contribuição para os avanços na anatomia, ginecologia e pediatria. O Cânon foi traduzido para o latim no século XII e rapidamente tornou-se a referência médica predominante nas escolas de medicina européias até o século XVII. Ainda é utilizado hoje nas escolas de medicina islâmicas do Paquistão e da Índia. Nenhum outro livro sobre medicina foi tão aclamado por tanto tempo. Quando o original árabe foi publicado em Roma, em 1593, tornou-se um dos primeiros livros árabes a ser produzido de acordo com a nova invenção do prelo. A Faculdade de Medicina da Universidade de Paris traz em sua entrada principal um retrato de Ibn Sina.

2. Abu al-Fath al-Chuzini Ibn Zuhr; 3. 'Abd al-Malik Abu Marwun Ibn Zuhr; 4. Abu al-Qasim; 5. Ibn Tufayl al-Razi; 6. Ibn al-Haytham.

Matemática 1. Al-Khwarizmi
Abu Ja'far Muhammad Ibn Musa al-Khwarizmi nasceu em Khwarizm, atual Usbequistão. Ele viveu em Bagdá, sob o patrocínio de Al-Mamun, o califa abássida, entre 813 e833, durante o período conhecido como a "Idade de Ouro" da ciência islâmica. Um matemático celebrado em seu tempo, assim como séculos mais tarde, Al-Khwarizmi é melhor conhecido por ter introduzido o conceito de álgebra na matemática. O título de seu livro mais famoso, Kitab al-Jabr wa al-Muqabilah ("O Livro da Integração e da Equação"), na verdade, apresenta a origem da palavra álgebra. No curso de sua obra, Al-Khwarizmi introduziu ouso dos numerais indo-arábicos que se tornaram conhecidos como algorítmos, um derivado latino de seu nome. Ele também começou usando o zero, que abriria o caminho para o desenvolvimento do sistema decimal.

A obra de Al-Khwarizmi teve uma tremenda influência sobre a matemárica, não só no mundo islâmico mas também em outras culturas. Muitos de seus livros foram traduzidos para o latim no século XII e Kitab Al-Jabr wa al-Muqabilah foi a principal referência matemática nas universidades européias até o séculoXVI. Além disso, Al-Khwarizmi produziu trabalhos sobre astronomia e geografia, muitos dos quais foram traduzidos para línguas européias e para o chinês. Em 830, uma equipe de geógrafos, trabalhando sob sua chefia, produziu o primeiro mapa do mundo conhecido. Os méritos científicos de Al-Khwarizmi continuam a produzir impactos nos dias de hoje.

2. Omar Kayyam 

Nascido Ghiyath al-Din Abul Fatah Umar Ibn Ibrahim al-Khayyam, em 1044, em Nishapur, uma cidade persa, Omar Kahyan foi também um famoso matemático, astrônomo, filósofo e poeta. Passou a maior parte de sua vida nos centros intelectuais persas, como Samarcanda e Bucara, e gozou da simpatia dos sultões seljúcidas que governavam a região.

As contribuições científicas mais conhecidas de Kayan foram na álgebra e na astronomia. Sua classificação das equações algébricas foi fundamental para o progresso da álgebra como uma ciência, da mesma forma que sua obra sobre a teoria das linhas paralelas foi importante para a geometria. Na astronomia, o maior legado de Kayan é um calendário solar fantasticamente preciso, que ele desenvolveu quando o sultão seljúcida Malik Shah Jalal al-Din, solicitou um novo programa para a coleta de impostos. O calendário de Kayan era muito mais preciso do que o calendário gregoriano, usado atualmente na maior parte do mundo: o dele apresenta um erro de um dia em 3770 anos, enquanto que o gregoriano tem um erro de um dia em 3330 anos. Kayan mediu a extensão de um ano em 365,24219858156 dias. Embora o calendário tenha sido abolido depois da morte de Malik Shah, em 1092, no entanto, ele ainda é utilizado em algumas partes do Irã e do Afeganistão.

Omar Kayan também foi poeta, e é assim que ele é melhor conhecido no ocidente, em detrimento de sua obra científica. Sua fama como poeta existe desde 1839, com a tradução para o inglês de seu livroRubayat. Tornou-se um clássico da literatura mundial e é responsável pela influência que teve no conceito europeu sobre a poesia e literatura persas. Tendo em vista que em sua época ele foi mais conhecido por sua obra científica, duvidava-se que Kayan fosse realmente o autor de Rubayat. Mas, uma análise criteriosa efetuada por muitos estudiosos comprovou que ele é mesmo o autor da obra.

3. Kushyar Ibn Labban, 4. Ibn Turk, 5. Abda al-Hamid, 6. Ibn Qurra, 7. Thabit, 8. Al- Kashi, 9. Nasir al-Din al-Tusi, 10. Abu al-Wafa', 11. Ibn Yunus, 12. Al-Battani, 13. Ibn al-Haytham (Alhazen).

Astronomia

1. Ibn al-Muqtafi, 2. Abu al-Fadl Ja'far, 3. Nasir al-Din al-Tusi, 4. Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, 5.Abu al-Wafa', 6. Ibn al-Shatir; 7. Ibn Yunus, 8. Omar Khayyam, 9. Al-Battani, 10. Abu al-Abbas al- Farghani,

Geografia
Abu al-Abbas al- Farghani,

Filosofia -1. Al-Farabi
Abu'l-Nasr Al-Farabi, um muçulmano de origem persa, que estudou em Bagdá, foi considerado em seu tempo como o maior filósofo desde Aristóteles. Na verdade, ele era conhecido como o "Segundo Mestre", sendo Aristóteles o primeiro. Ele era fluente em diversas línguas e através de suas traduções de antigas obras gregas, ele foi um dos primeiros filósofos muçulmanos a introduzir a filosofia grega no mundo islâmico. Escreveu sobre diversos assuntos, inclusive lógica, sociologia, ciência política, medicina e música, mas seu legado mais importante foi sua obra sobre filosofia.

Ao escrever seus comentários sobre a obra dos antigos gregos, Al-Farabi procurou reconciliar os pensamentos aristotélico e o platônico com a teologia islâmica. Ao mesmo tempo, no entanto, ele tornou-se o primeiro filósofo muçulmano a separar filosofia da teologia, influenciando estudiosos de muitas religiões que o seguiam. Ele concluiu que a razão humana, o instrumento da filósofo, era superior à revelação, o instrumento da religião, resultando numa vantagem da filosofia sobre a religião. Ele afirmava que a filosofia era baseada na percepção intelectual, enquanto que a religião baseava-se na imaginação. Assim, ele atribuia características solenes ao filósofo e defendia a presençade um filósofo na chefia do estado. Ele achava que as revoltas políticas no mundo islâmico deviam-se ao fato de o estado não ser administrado por filósofos, cujos poderes superiores da razão e do intelecto determinavam a liderança ideal.

A obra de Al-Farabi influenciou enormemente os filósofos islâmicos que se seguiram a ele, principalmente Ibn Sina e Ibn Rushd. Também serviu de palco para debates acalorados entre os representantes da filosofia e da teologia, na medida em que pensadores muçulmanos buscavam harmonizar as disparidades entre esses dois campos.

2. Al-Ghazali

Abu Hamid al-Ghazali nasceu em1058, na província persa do Corassã. Foi estudou teologia islâmica em renomadas instituições de Nishapur e Bagdá, e tornou-se professor em religião e filosofia na Universidade de Nizamiyah, em Bagdá, uma das mais importantes instituições islâmicas daquela época. Em 1095, no entanto, depois de um período de confusão interior a respeito de sua fé, Al-Ghazali deixou a universidade, abandonou seus bens materiais e tornou-se um ascético errante. Devotou-se ao sufismo, o ramo místico do Islam que se ocupa do conhecimento direto de Deus, e viajou a Meca, Síria e Jerusalém, antes de voltar para Nishapur, para escrever.

Sua obra a respeito da relação entre a filosofia e a religião contribuiu para uma discussão no mundo islâmico sobre como harmonizar esses dois campos. Ao adotar os princípios aristotélicos do humanismo dos antigos gregos, filósofos muçulmanos, como Al-Farabi e Ibn Sina, entraram em conflito com os telólogos que afirmavam que a filosofia aristotélica contradizia a doutrina islâmica. Al-Ghazali defendia firmemente a religião contra o ataque dos filósofos e assim fazendo ajudou a construir uma ponte entre essas duas correntes de pensamento. Ele também buscou prevalecer no que ele acreditava ser excessivo no sufismo e trazê-lo para uma linha mais compatível com o Islam ortodoxo. Continuou a salientar a importância do sufismo como um caminho para a verdade absoluta, mas procurou redefinir sua imagem extremista como uma desobediência aos ensinamentos básicos do Islam.

Al-Ghazali escreveu muitos livros a respeito desses assuntos, que ficaram famosos, um dos quais inspirou o filósofo Ibn Rushd a responder com um livro de sua autoria, depois da morte de Al-Ghazali. Em Tuhafat al-Falasifa ("A Incoerência dos Filósofos"), Al-Ghazali expôs alguns argumentos a respeito do por quê algumas vezes a filosofia soava herética ao Islam. Ele, particularmente, discordava dos argumentos apresentados pelos filósofos de influência grega, que questionavam a imortalidade da alma, a ressurreição do corpo, a recompensa e a punição depois da morte, o conhecimento de Deus de todas as coisas e a eternidade do mundo. Al-Ghazali aceitava o fato de que os filósofos questionassem alguns princípios da fé islâmica, mas repudiava-os por não provarem suas posições. Ao mesmo tempo, Al-Ghazali foi muito cuidadoso em não refutar tudo que os filósofos dissessem. Ele não rejeitou as descobertas dos cientistas-filósofos das ciências naturais, e admitia que muitos avanços científicos haviam sido feitos. Também repudiou os muçulmanos que, em nome da religião, rejeitavam toda ciência que estivesse ligada aos filósofos, afirmando que essaabordagem somente levaria os filósofos a concluírem que o Islam baseava-se na ignorância. Al-Ghazali defendia a aceitação das conquistas científicas válidas, e desafiava os filósofos a provarem suas objeções em relação à teologia islâmica. Ibn Rushd, um filósofo aristotélico e racionalista, respondeu ao livro de Al-Ghazali com um de sua autoria, Tuhafut al-Tuhafut ("A Incoerência da Incoerência"), no qual ele reproduziu e comentou seus argumentos, página por página.

Al-Ghazali é considerado um dos maiores teólogos do Islam. Seus argumentos influenciaram sábios religiosos judeus e cristãos e até Santo Tomás de Aquino usou muito dos temas de Al-Ghazali para fortalecer o cristianismo no Ocidente.

3. Ibn Rushd (Averróes)
Abu'l Waleed Muhammad Ibn Ahmad Ibn Muhammad Ibn Rushd nasceu em Córdoba, em 1126, então parte da Espanha Muçulmana. Foi um dos maiores pensadores e cientistas do século XII. Conhecido no ocidente por seu nome latino, Averróes, Ibn Rushd influenciou a cultura do mundo islâmico e da Europa por séculos, e é melhor conhecido no Ocidente por seus comentários sobre a filosofia aristotélica.

Como muitos sábios famosos antes dele, Ibn Rushd gozava da simpatia da corte real e passou sua vida entre a classe dirigente de Marraquesh, Marrocos e das cidades espanholas de Sevilha e Córdoba. Embora suas opiniões sobre religião e filosofia ocasionalmente aborrecessem seus padrinhos, Ibn Rushd foi capaz de continuar seus estudos nesse campo, graças a sua amizade com os governantes muçulmanos. Ele foi fortemente influenciado pela filosofia grega e escreveu muitos comentários a respeito das obras de Aristóteles. Ele usava o racionalismo grego para questionar diversos princípios da teologia islâmica, ganhando a crítica de muitos religiosos muçulmanos eruditos, como Al-Ghazali, por exemplo. Apesar de sua defesa veemente da filosofia, Ibn Rushd era um muçulmano devotado que também tentou integrar a visão política de Platão ao moderno estado islâmico, harmonizando o pensamento grego e as tradições islâmicas.

Enquanto o mundo islâmico se dividia no apoio à obra filosófica de Ibn Rushd, ele ficou muito popular na Europa. Seus comentários sobre a obra de Aristóteles e Platão foram traduzidos para o latim, inglês, alemão e hebreu, e depois foram incluídos nas edições sobre as obras dos filósofos gregos. A idéia de que ele foi mais popular no Ocidente do que no mundo islâmico, foi também baseada no fato de que poucos de seus escritos sobreviveram em língua original, o árabe.

Além de filósofo, Ibn Rushd foi médico e astrônomo. Seu famoso livro sobre medicina, Kitab al Kulyat fi al-Tibb, discutiu vários diagnósticos e curas para as doenças, assim como a sua prevenção. Ele foi o físico pessoal de muitos dos califas almorávidas em Espanha e no Magrebe. Na astronomia, escreveu tratados sobre o movimento das esferas.

4. Abu Yusuf Ya'qub Kindi, 5. Ibn Bajjah, 6. Abu 'Ali al-Husayn Ibn Sina (Avicena), 7. Ibn Tufayl, 8. Nasir al-Din al-Tusi, 9. Ibn Miskawayh.

Teologia
1. Al-Tabari, 2. al-Zamakhshari, 3. al-Suyuti, 4. Ibn Qutaybah,

Alquimia
1. Abu Musa Jabir ibn Hayyan, 2. al-Razi,

O Papel dos Muçulmanos na Transmissão da Ciência Islâmica

No aparecimento e desenvolvimento das diferentes civilizações, a troca de idéias pertencentes a diversas culturas e nações teve, sem margem de dúvidas, o seu papel preponderante, assim sendo, é de estranhar o fato de uma parte do Mundo Ocidental não dar aos Muçulmanos o que lhes é devido, nem reconhecer o papel importantíssimo dos Muçulmanos na História da Ciência.

Os Muçulmanos absorveram ciências, desenvolveram-nas a um grau elevado e transmitiram-nas, posteriormente, aos Europeus. Não obstante, o ponto de vista que parece prevalecer é o de que os Muçulmanos tiveram um papel muito pequeno no desenvolvimento e transmissão das ciências.

Uma outra idéia, largamente difundida, refere-se ao fato de supor que as ciências foram acumuladas pelos Europeus, diretamente dos Gregos. Parece-nos que a maioria da bibliografia relacionada com esta temática, e com a história de autores Europeus, tem que ser, ou revista, ou escrita de forma a que a verdade venha à tona.

Foram muitos os caminhos através dos quais os Tesouros da Civilização Islâmica se propagaram e influenciaram a Europa, durante os séculos de escuridão, ou seja, durante a Idade Média, uma vez que "a Idade Média foi realmente uma época sombria, já que a grande maioria dos historiadores nos mostrou apenas o seu lado mais «cinzento»; na realidade, estes séculos nunca foram tão «escuros» quanto a nossa ignorância acerca deles".

Estes caminhos estavam concentrados em três locais na Europa, o primeiro deles encontrava-se no Ocidente, ou seja, na Espanha Muçulmana (o domínio Muçulmano iniciou-se em toda a Europa em 711, tendo terminado em 1492); o segundo localizava-se no Sul, ou seja, na Sicília e no Sudeste da Itália (os Muçulmanos dominaram esta região durante mais de 200 anos de mais ou menos 840 até 1060) ; e o terceiro encontrava-se no Oriente, ou seja, em Constantinopla (1096 a 1274). A maioria dos historiadores desta temática encontra-se de acordo com a idéia de que a Espanha, ou Andaluzia, teve um papel de elevada importância no processo de transmissão da cultura Muçulmana, bem como das suas ciências, à Europa .

Se a Espanha ficou com a maior parte neste processo de transmissão, então, quais foram os caminhos e meios, através dos quais a Cultura e Ciências Muçulmanas foram transmitidas à Europa? Este processo pode ter tido lugar de diferentes maneiras. Só o fato de os Muçulmanos, e o seu "modus vivendis", terem dominado uma parte da Europa durante, praticamente, 800 anos é, por si só, uma grande proeza e, consequentemente, devido a esta proximidade e presença na Europa, o processo de transmissão foi grandemente acelerado.

Se não fosse a presença Muçulmana na Espanha, e a sua contribuição para a Ciência, receio que o mundo Ocidental talvez nunca tivesse conseguido alcançar o estádio do pensamento moderno, nem tão pouco proezas científicas e tecnológicas, que foram obtidas durante o presente século.

Por outro lado, se os Muçulmanos não tivessem dominado a Espanha, ou qualquer outro país Europeu, provavelmente nós encontrar-nos-íamos alguns séculos atrasados, visto que o processo de transmissão das Ciências Muçulmanas à Europa teria levado, neste caso, muito mais tempo a ser efetuado.

O fato dos Muçulmanos terem estado presentes em Espanha, ajudou largamente os meios através dos quais as Ciências Muçulmanas foram transmitidas à Europa.

Após o fim do domínio Muçulmano na Espanha, no século XV, é um prodígio relativo, digamos assim, encontrarmos a Espanha e Portugal Cristãos a liderarem os denominados "Descobrimentos Marítimos", na América e no Oriente, através da navegação da costa Africana. Refiro-me a estas viagens, "assim denominadas", uma vez que a maioria destes caminhos, sulcados pelos Espanhóis e Portugueses, eram já do conhecimento dos muçulmanos.

De fato, as embarcações espanholas e portuguesas fizeram uso dos mapas geográficos muçulmanos e, até mesmo, de navegadores muçulmanos, como no caso de Ibn Majid, que foi o piloto de Vasco da Gama.

Por exemplo, marinheiros muçulmanos já tinham dobrado o Cabo da Boa Esperança, muito antes de Vasco da Gama, e até o batizaram de "Jabal al Nadam", que significa "Montanha do Arrependimento", por causa da sua linha costeira extremamente perigosa. Ao que parece, o famoso geógrafo muçulmano do século XIV, Al Idrissi(3) (493-560 da Hégira / 1100-1165 da Era Cristã) teria alcançado as Índias Ocidentais e, provavelmente, até a América.

Face a estes fatos, poder-se-á colocar a seguinte questão: se estes caminhos marítimos eram do conhecimento dos Muçulmanos, então porque não foi tal fato celebrado entre os próprios Muçulmanos? A resposta a esta questão encontra-se estritamente ligada com os princípios básicos da crença e da fé dos Muçulmanos.

Nós sabemos que no Islam toda a Glória e Poder pertencem a Deus Todo-Poderoso, e a mais ninguém. Consequentemente, verificamos que, em toda a História do Islam, os Muçulmanos nunca celebraram o fato de terem descoberto um local, esta coisa, ou aquela, do mesmo modo que os Europeus fizeram (e continuam a fazê-lo), se bem que os Muçulmanos realizaram inúmeras descobertas em muitos campos, incluindo os das Ciências.

Neste ponto, julgo que a grande maioria dos livros históricos europeus encontra-se extremamente necessitada de uma profunda revisão, ou mesmo de ser escrito de novo, por forma a revelar a verdade ao Mundo.

Por: M. Yossuf Muhamad Adamgy

sexta-feira, junho 06, 2014

AS VIRTUDES DE SHA’BAN, o mês de MUHAMMAD (s.a.w. = p.e.c.e.)

É um mês que se situa entre Rajab e Ramadan e que é negligenciado por muitas pessoas. É um mês em que a conta do ser humano se apresenta diante de Deus, e eu desejo que as minhas ações sejam apresentadas estando em jejum».

Costuma-se dizer que o mês de Sha'ban é o Mensageiro e Embaixador do mês de Ramadan. 

Neste mês, Allah (Deus Uno) envia presentes ao Seu servo. 

Comecemos por ver o significado das CINCO letras que formam a palavra Sha'ban, pois esta palavra, na escrita árabe, se soletra com cinco letras: shin, ‘ain, ba’, alif e nun. 

SHIN representa sharaf (a nobreza); 

AIN representa ‘uluww (a sublimidade); 

BA’ representa birr (a devoção); 

ALIF representa ulfa (privacidade harmoniosa); e 

NUN representa nur (a luz radiante). 

Estes são, pois, os presentes de Allah a Seu servo, neste mês. É um mês em que os tesouros são exibidos e abertos, em que as bênçãos são enviadas, em que as faltas são perdoadas, os pecados expia-dos; e é o mês em que se multiplicam as bênçãos sobre o Profeta Muhammad (p.e.c.e.), considerado o melhor dos seres humanos. 

Este é o mês das bênçãos sobre o Profeta eleito, pois Allah diz, textualmente, no Nobre Alcorão: 

Inna ‘llaha wa mala’ikata-hu yussalluna ‘ala ‘n-Nabiyy ya ayyuha ‘lladhina amanu sallu ‘alai-hi wa sallimu taçlima. 

«Na verdade, Allah e os Seus anjos abençoam o Profeta; ó crentes, abençoai-o e saudai-o, reverente-mente». (33:56). 

A bênção de Allah é misericórdia; a dos anjos é mediação e pedido de perdão; e a dos crentes é súplicas e agradecimentos. 

Segundo Mujahid (que Allah esteja satisfeito com ele), disse: 

«A bênção de Allah é prosperidade e virtude; a dos anjos, ajuda e sustento; e a dos crentes, a submis-são e respeito». 

Ibn Ata disse: 

«A bênção de Allah sobre o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) é ligação; a dos anjos é o atencioso cuidado; e a dos crentes em segui-lo com amor». 

Ainda há quem disse: 

«A bênção de Allah sobre o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) é engrandecê-lo com respeito; a bênção dos anjos sobre o Profeta (p.e.c.e.) é a realização de seu favor atencioso; a bênção da sua comunidade, isto é da sua hummah sobre o Profeta (p.e.c.e.) é a súplica para a intercessão». 

Como o próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse: 

«Quando alguém pronuncia uma só bênção sobre mim, Allah o abençoa dez vezes». 

Por isso, longe de sermos negligentes durante este mês, cada crente, cada momin, consciente, deve aplicar--se a si mesmo e preparar-se para a chegada do mês sagrado de Ramadan, utilizando os dias que ainda faltam para limpar os seus pecados e arrepender-se do que tenha feito no passado. Deve suplicar a Allah neste mês de Sha’ban. Deve-se pedir a Allah S. T. através do dono deste mês, Muhammad (s.a.w.), até que a corrup-ção do nosso coração esteja corrigido e a doença esteja curada. 

Isto deve ser feito sem demora e sem retardá-lo para amanhã, porque os dias só são três: 

ONTEM, que é uma data passada (ajal); 

HOJE, que é o momento para a ação (‘amal); e 

AMANHÃ, que é uma expectativa de esperança (amal). 

Por conseguinte, o ontem é um aviso; o hoje é uma oportunidade; e o amanhã é um risco. 

Da mesma forma, os meses são três: RAJAB, que já passou e não se sabe se voltaremos a ver; RAMA-DAN, que esperamos chegar no futuro que talvez nem todos possamos ver; e no meio, SHA’BAN, que é hoje uma oportunidade para realizarmos as nossas devoções e adorações. 

O último Profeta de Allah, Muhammad (p.e.c.e.), uma vez, deu o seguinte conselho a uma pessoa: 

«Aproveita estas cinco coisas antes de esperar as outras cinco: a juventude antes da velhice; a saúde antes da doença; a riqueza antes da pobreza; o des-canso antes das ocupações; e a vida antes da mor-te». 

A terminar, louvado seja Allah, o Senhor dos mundos, e a paz e bênçãos estejam com o Seu último Mensa-geiro, com a sua família, com os seus companheiros e com os seus seguidores até ao Último Dia.■ 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. M. Yiossuf Adamgy - 07/06/2014.

quinta-feira, junho 05, 2014

A L M A D I N A DIA INTERNACIONAL DA CRIANÇA

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 02.06.2014
 
O Profeta Muhammad (S.A.W.) disse: “A melhor prenda que um pai pode dar aos seus filhos é a boa educação”.

Neste dia 10 de Junho, dia tradicionalmente dedicado à situação da criança (em Moçambique) e dos seus direitos, vamos falar sobre a sua educação.

A educação é um direito fundamental da criança. Contudo, só nos podemos aperceber da sua importância quando os resultados emergirem na sua plenitude, pois se a pessoa mesmo depois de ter adquirido educação, se sentir incapaz de se inserir no meio de gente culta da sociedade, bem como se a sua personalidade não constituir modelo e exemplo para os outros, então a educação que lhe foi transmitida não lhe terá acrescentado nenhum bem, nenhum valor.

Neste século XXI, apesar da tendência de crescimento da educação, o que de alguma forma favorece o progresso do Ser Humano em termos de meios, os indivíduos sensíveis de todos os povos continuam preocupados com a educação das novas gerações por acharem que nos próximos tempos, se quiserem ter presença no Mundo em pé de igualdade com os povos avançados será necessário que os níveis de educação sejam os mais elevados, daí que muitos pais invistam avultadas somas na educação dos seus filhos.

Temos é que analisar se de facto todo o esforço estará a produzir algum benefício, e se as novas gerações estão a mudar para melhor, ou não.

A realidade é que para muitos, a educação atual só lhes aguçou o interesse pelo materialismo, pois quanto a valores humanos, morais e boas tradições, não há progressos. Pelo contrário, há retrocessos, pois os valores sublimes são quase inexistentes na vida das novas gerações. A maioria dos jovens de hoje detêm conhecimentos, mas são pouco cultos e estão longe de constituírem exemplo para os outros. Aliás, muitos de entre eles nem sequer detêm qualidades que deveriam ser intrínsecas a pessoas instruídas. Têm uma linguagem grosseira e com muitos palavrões pelo meio, não sabem como tratar o seu próximo, como tratar os mais velhos, como tratar os seus próprios pais, não têm misericórdia para com os mais novos, não apoiam os mais fracos, não são verazes e não se abstêm da obscenidade. Pelo contrário, nos dias que correm muitos dos supostamente instruídos estão envolvidos em práticas desumanas, na corrupção, no crime e enfim, em coisas que talvez até os mais iletrados não praticam.

A prostituição, o adultério e a imoralidade são venenos fatais para qualquer sociedade civilizada, mas infelizmente encontramos muitos dos ditos educados não só envolvidos, mas mais grave ainda, promovendo tão nefastas práticas. E tais práticas tornaram-se tão comuns nas escolas e na sociedade, que já ninguém se sente incomodado.

Portanto, a questão é: Por que razão os efeitos negativos a nível da sociedade estão a aumentar não obstante o aumento da escolaridade?

Por que razão os valores humanos e morais na sociedade estão a reduzir cada vez mais, e porque é que a educação não consegue transformar os humanos em Verdadeiros Humanos?

Quer parecer que falta algo na educação. A educação atual pode produzir materialistas que com o seu conhecimento produzam vários tipos de coisas, que possam voar, até mesmo chegar à Lua, mas dificilmente poderá produzir um Bom Ser Humano.

Por isso, os pais também devem educar os seus filhos nas suas casas. Devem procurar para eles as melhores escolas onde haja um bom ambiente, onde se ensine moral, humanismo e boas maneiras.

O ambiente dentro e fora de casa, a companhia e as amizades também são determinantes para o futuro da criança, pois isso exerce uma grande influência no seu comportamento, dado que o que estas aprendem agora, reflctir-se-á na edificação do seu futuro. Se apreenderem coisas negativas será inútil esperar delas coisas positivas, pois só se colhe o que se semeia.

Há na nossa sociedade pais alcoólatras ou tóxico dependentes, e a maldição dessa dependência não só destrói as suas vidas como também as vidas das suas famílias, das suas crianças, pois devido ao fato de se gastar no vício tudo o que se ganha, nada lhes resta para dar aos seus filhos. Nem comida, nem tratamento médico, nem livros, nem vestuário, nem casa condigna, etc., o que concorre para que muitas crianças abandonem as escolas, abandonem as suas casas para “procurarem abrigo” na rua, entregando-se à mendicância, e mais grave ainda, transformando-se em potenciais delinquentes. Isto constitui uma grosseira violação aos Direitos das Criança!

As religiões na generalidade recomendam que os pais cumpram com o seu papel para que os filhos tenham êxito na vida. A ênfase que o Isslam dá para o sucesso dos filhos pode ser percebida no Versículo 3 do Capítulo 17 do Al-Qur’án:

“E não mateis vossos filhos por temerdes a miséria, pois Nós lhes daremos o seu sustento, tal como a vós. Na verdade, matá-los é pecado grave”.

Deste versículo aprendemos que matar os filhos, qualquer que seja a forma, é um grande pecado. Hoje em dia já não se mata como se matava em tempos idos, quando por exemplo, os filhos eram enterrados vivos, mas mata-se de outras formas, mais sofisticadas, mas com o mesmo objetivo. Por exemplo o aborto nas suas variadas formas, constitui uma forma de matança, mas hoje na era moderna, em países ditos desenvolvidos, existem clínicas super sofisticadas, licenciadas, que praticam aborto aos milhões anualmente, mas cinicamente dizem defender os Direitos da Criança. Mas afinal qual é o maior Direito da Criança senão a vida? Isto é o cúmulo da hipocrisia!

Os pais têm a obrigação de cuidar das crianças e criá-las da melhor maneira, e não matá-las O direito das crianças à comida, à água, ao vestuário, à assistência médica, etc., é sagrado, e se não forem os pais a providenciar todos esses cuidados quem o fará?
Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu.

RECOMENDAR O BEM (MA’RUF) E PROIBIR O ILÍCITO (AL-MUNKAR) – 1ª. parte:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK
1 - Recomendar o Bem e Proibir o Mal. “Yiá Buneiiá, Aquimi Salat……….” “Ó meu filho, faça a oração (na  sua devida hora), recomenda as pessoas para o bem (ma’ruf) , proibi o ilícito (al-munkar) e sofre pacientemente em tudo o que te suceda, porque isto é firmeza”. Cur’ane 31.17.
Allah, Rabbil Ãanlamin, Senhor (Protector e Sustentador) dos mundos, criou o ser humano na mais perfeita das condições. Atribuiu-lhe os critérios do bem e do mal, para que o homem possa reflectir e ser agradecido. Deus também criou tudo o que está na terra e nos céus para benefício do homem, mas alertou-o para se afastar da imoralidade e da corrupção. 

Deus dividiu os seres humanos em povos diferentes, para que se possam conhecer e ajudar-se mutuamente. A diversidade é benéfica e seria enfadonho estarmos todos “vestidos de amarelo”. O Islam é uma religião universal não sectária, que implica ter fé em Deus, praticar e recomendar o bem, afastar e combater o mal. “Os crentes são irmãos uns dos outros…”. Cur’ane 49:10. O Islam é viver em Paz consigo mesmo, com o seu semelhante e também com a natureza.
 
O bem e o mal estarão sempre presentes e em confronto na vida do ser humano. Os crentes que têm fé, temor em Deus e esperança na Misericórdia Divina, fomentarão o bem e afastar-se-ão do mal. Outros embriagados pelos prazeres da  vida terrena, esquecerão a verdadeira vida que lhes espera no além.
 
Deus com a Sua infinita Misericórdia, sabendo das inúmeras tentações que o ser humano está sujeito, alerta-o através de vários versículos do Cur’ane, para praticar e recomendar o bem e também para proibir e afastar-se do ilícito. “Deus ordena a justiça e a benevolência: “Deus ordena a justiça, a caridade, o auxílio aos parentes e veda a obscenidade, o ilícito e a iniquidade. Ele vos exorta que mediteis”. Cur’ane 16:90.

A disseminação do bem (ma’ruf) como barreira para protecção contra o mal (munkar), é um dever religioso aceite por todos os muçulmanos. O crente deve ser exemplar na prática e na recomendação do bem, não de acordo com os seus caprichos ou da vontade de cada povo, mas de acordo com os princípios revelados por Deus e das orientações que nos foram deixadas por todos os Seus profetas e
mensageiros.
Os que tem fé em Deus, dotados de conhecimentos religiosos e que praticam o bem, devem ser sentinelas permanentes para prevenir que outros pratiquem o ilícito (al-munkar), recomendando-os o caminho do mãnruf. “Os crentes e as crentes são protectores uns dos outros; ordenam o bem e proíbem o mal; observam a oração e pagam o zakat; obedecem a Allah e a Seu Mensageiro. Por isso tudo, Allah será Misericordioso para com eles. Na verdade, Allah é Poderoso e Sábio”. Cur’ane 9:7.

In Sha Allah, continua na próxima semana. Rabaná af-rig ãleiná sab-ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126
“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
05/06/2014

sexta-feira, maio 30, 2014

O Islão: A vanguarda histórica na Ciência e Arte

Os descobrimentos e avanços dos crentes islâmicos na História - Fonte: Webislam — Coord. e Adaptação: Al Furqán.

Cada vez se sabe mais extensamente que a Primeira Universidade da Europa foi estabelecida em Espanha por muçulmanos espanhóis, mas quantos de nós, inclinados ao acadêmico ou não, sabemos que os ves-tidos negros que os professores vestiam antes, foram criados com kaftan, traje de uso externo tradicional usado pelos homens árabes desde tempos antigos?

Seis séculos antes de Cristóvão Colombo navegar até ao Ocidente, para provar que a terra era redonda, antes de ser interrompido pelo novo mundo na sua investi-gação, os matemáticos muçulmanos de Kufa, no Iraque, não só sabiam que a terra era um globo e já tinham calculado, com exactidão notável, a sua circunferência.

Tão pouco nos podemos olvidar do desenvolvimento da arte da metalurgia, com as espadas de Damasco e as lâminas de Toledo cujo valor é altamente estimado, assim como o café, o açúcar e os condimentos que chegaram a toda a Europa.

Outra das grandes contribuições do Islão a Ocidente no campo da arte é o fabrico de papel, o qual se adap-tou e desenvolveu graças às técnicas pioneiras chine-sas, com uma muito boa qualidade e papel de alta qualidade para a impressão, o qual logo foi usado para a criação de livros de educação universal.

Assim mesmo o ritual da Peregrinação (Hajj), que é um dever de cada muçulmano com recursos e saúde, ao menos uma vez na sua vida, permitiu que eruditos de países longínquos pudessem encontrar-se ... e o conhecimento científico foi propagado rapidamente no mundo, sendo compartilhados e trocados facilmente todos os novos conhecimentos para além do Mundo Islâmico.

Por outro lado, enquanto a Europa estava na idade obscura, os muçulmanos estabeleceram uma civilização altamente avançada e sofisticada que, ainda hoje em dia, os historiadores não explicam ditos avanços tão notórios.

O escritor Belg May Sarton, nascido nos Estados Unidos, disse a respeito do Islão que a criação de uma nova civilização de magnitude internacional e enciclopédica, num prazo menor que dois séculos, é algo que se pode facilmente descrever mas não se pode explicar totalmente, sendo o movimento mais criativo da Idade Média até ao século XIII.

O Islão fomenta o livre pensamento e permite o de-senvolvimento dos métodos racionais e experimentais, que fundaram as ciências modernas e a filosofia. Antes do Profeta Muhammad (p.e.c.e.), as pessoas não se atreveram a realizar experiências devido ao temor de re-presálias por espíritos demoníacos, sendo que o Islão deu fim à grande quantidade de superstições falsas e medos, e permitiu que a sociedade fomentasse e usasse o seu grande potencial de investigação cien-tífica.

Vale a pena destacar que um dos mais memoráveis ditos do Profeta (p.e.c.e.) é: «A tinta do sábio é mais sagrada que o sangue do mártir».

O Profeta (p.e.c.e.) ensinou aos muçulmanos que a ignorância é a pobreza maior da humanidade e que uma mente sem educação é como um homem valente sem braços, sendo que o conhecimento dá às pessoas o mais alto grau de realização humana, indiferente ao seu género, idade, raça ou religião.

Por isso podemos dizer que o tratado Judeu maior da Idade Média foi escrito por Maimonides, não em hebreu mas em árabe, e um cristão serviu como Reitor de uma Universidade de Damasco.

O Islão também desenvolveu a sua própria arquitec-tura, influenciada pelo contacto com pensadores e arquitectos da Índia, China, África e Rússia, e os tártaros transmitiram a cultura e arte islâmica à Rússia, os turcos levaram-na aos Balcãs, Áustria, Polónia e Alemanha meridional; os trajes nativos bárbaros, as mantas hún-garas e os cascos prussianos revelam as suas origens islâmicas.

A Europa foi obviamente lenta a reconhecer que a Cultura Islâmica é a fonte que originou o Renasci-mento, especialmente com a influência islâmica na Cilícia e Espanha, com a que a civilização europeia foi transformada.

Hoje em dia, parece que as civilizações do Oriente e Ocidente, ou o mundo muçulmano e não muçulmano se inverteram, mas quem sabe é um possível caso de amnésia tardia, na qual as glórias anteriores se esfu-maram por meio da busca do material e das agendas políticas.

Um redescobrimento e apreço renovado dos alcances e descobrimentos feitos por muçulmanos beneficiam, novamente, toda a humanidade e permite-nos desenvol-vermos uma consideração, que traga a esperança em resolver os conflitos presentes, na mais ampla gama da história humana.■
Obrigado, boas leituras. Wassalam.

M. Yiossuf Adamgy - 18/05/2014.

A bondade e generosidade no Islam

Centro Islâmico de Brasília-DF - Khutuba : Sheikh Muhammad Zidan

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Não reparas em que Allah conhece tudo quanto existe nos céus e na terra ? não há confidência entre três pessoas, sem que Ele seja a quarta delas ; nem entre cinco, sem que Ele seja a sexta ; nem que haja menos ou mais do que isso, sem que Ele esteja com elas, onde quer que se achem. Logo, no Dia da Ressurreição, os inteirará de tudo quanto fizerem, porque Allah é Onisciente.

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus irmãos e irmãs muçulmanos nosso assunto desta Sexta-feira abençoada será sobre a caridade e a generosidade no Islam, isto é uma das característica do muçulmano. A religião é baseada em dar e gastar e não devemos ser avarento e mesquinho, pois são características compreensíveis cuja a presença estraga a alma e escurece o coração. Um homem generoso sempre irá partilhar o que tem com os outros, e pensar nas outras pessoas como ele pensa de si mesmo. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL BAQARA vers 274 : « Os que despendem suas riquezas, quer de noite quer de dia, secreta e manisfestamente, terão seu prêmio junto de seu Senhor, e nada haverá que temer por eles, e eles não se entristecerão. » É uma obrigação, para todo muçulmano sempre ajudar o próximo, e não perder a sua riqueza toda ajudando-os, pois Allah(SWT) nos abençoou com sua riqueza. Devemos sempre ajudar os mais necessitados e os mais carentes. O Islam com a bondade e generosidade, combate a mesquinhez e o avarento. Assim se torna um sistema que não há e não haverá no mundo uma forma em que os seres humanos não se cooperem e se consolem entre si. E praticar as boas obras em silêncio e confiando em Allah(SWT). Os ricos devem ser compreensivo com os pobres. Na sociedade existe diferença entre ricos e pobres, assim os ricos sempre devem procurar ajudar os mais necessitados. E o Islam se importa que as pessoas mais privilegiadas realizem este ato de caridade, bondade e generosidade com seu próximo, estabelecendo bases valiosas que engrandece o ser humano. Todas essas ações quem se beneficia por ajudar os outros e resolver seus problemas, a tornado-as felizes, voltará para a pessoa que as pratica. Não é vergonhoso ser pobre, porém se o rico ver um pobre com suas roupas velhas, rasgadas e descalço e não ajuda-lo, ele não é um ser humano e nem um muçulmano. Entre os seres humanos existe misericórdia, que é necessário e deve chegar ao seu próximo afastando-o da miséria. E a nossa FÉ se sensibiliza com remorso das pessoas carentes. O Profeta Muhammad(SAAW), teve uma visão de triste sobre as pessoas carentes, e reuniu os fiéis muçulmanos e deu um sermão e lembrou que eles deviam se recordar dos seus irmãos carentes, e temer a Allah(SWT) e do Dia do Juízo Final, para continuarem a praticar o bem, e doar de suas riquezas e que façam caridade isso será melhor do que serem miseráveis. O ZAKAT, quando chega a uma pessoa carente faz a alegria e deixam eles mais felizes. O Islam nos ensina sempre a ter atitudes nobres e dar bons exemplos , pois tudo que for gasto voltará multiplicado e Allah(Louvado Seja) aumentará tudo que ele der neste mundo e no outro. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL BAQARAH vers 271 : « Dai vossas esmolas aos pobres, que, impedidos pelo combate, no caminho de Allah, não podem percorrer a terra, para ganhar seu sustento. O ignorante supõe-nos ricos, por suas maneiras recatadas. Tu os reconheces por seu semblante ; não pedem esmolas aos outros, insistentemente. E o que quer que despendais de bom, por certo, Allah é, disso, Onisciente. » 

Meus irmãos se vocês estão afastado de Allah(SWT), procurem No e façam doações para purificarem e voltarem a estar próximo de Allah(SWT). Devemos gastar nossas riquezas com obras de caridade para diferenciar das ações como ZAKAT, caridade , doação, ou outra obra, desta forma quem fica zangado com essa ação é o Satanás, pois o trabalho dele é o contrario de deixar o fiel de praticar essa obra, tanto que no momento que for fazer uma caridade o Satanás fica dizendo em nossos consciente pra que fazer isso não há necessidade esta pessoa não precisa, fica tentando mais de setenta vezes para que o fiél desista de fazer a caridade. Disse Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL BAQARAH vers 268 : «Satã promete-vos a pobreza e ordena-vos a obscenidade, e Allah promete-vos perdão dEle e favor. E Allah é Munificente, Onisciente. » A beleza da caridade são as pessoas que as praticam ; Essa ação pode fortalecer ou enfraquecer a nossa religião. O Profeta Muhammad(SAAW) disse : « 

A senha da caridade extingue a irá do Senhor.» Meus irmãos tudo que é dado para a causa de Allah(SWT), nunca irá diminuir sua riqueza, e sim irá abençoar e purificar e aumentá-la , como o Profeta Muhammad(SAAW) disse : « A caridade não diminui a riqueza. » também disse o Profeta Muhammad(SAAW) : « Um homem que dá sadaqa, ocultando-la para que a sua mão esquerda não saiba o que faz a mão direita. » Deve-se começar a dar primeiro a seus dependentes e familiares. E o melhor objeto de caridade é a que é dada por uma pessoa rica, pois não devemos deixar nossas famílias de lado, primeiro devemos nos importar e atender a necessidade dela, depois ajudar as pessoas mais carentes. Abu Khuraira(RA) relatou que o Mensageiro de Allah(que a paz de Allah esteja com ele) disse : « Do dinar você gastar como uma contribuição no caminho de Allah, ou do dinar gasto para libertar um escravo, ou do dinar gasto como sadaqa dado a um necessitado, ou do dinar gasto para apoiar a sua família, há uma recompensa maior a gasta com sua família. » Que Allah aceita o nossa caridade e o nossa ZAKAT, e nos deixe sempre generosos e bondosos com nossos familiares e os necessitados.

Ó Allah conceda gloria ao Islam e aos muçulmanos, proteja a unidade de sua religião, destrua os inimigos do Islam. Ó Allah conceda a vitória a sua religião e de seu Livro e a Sunna do Profeta Muhammad (SAAW) Ó Allah conceda piedade a nossas almas. Ó Allah cure aqueles que estão doentes. Ó Allah abençoe as almas daqueles que já morreram. Ó Allah nos pedimos que nos perdoe e tenha misericórdia de nós. Ó Allah nos faz pacientes tanto na dificuldade como na facilidade da vida. Que a Paz e as bênçãos estejam com nosso amado Profeta Muhammad sua família, companheiros .

E Todo o Louvor a Allah, O Senhor do Universo!

(SWT) = SUBAHANA WA TAALA = (LOUVADO SEJA ALLAH)

(SAAS) = SALA ALLAHU ALEIREM WA SALAM ( QUE A PAZ DE ALLAH ESTEJA COM ELE)

(R.A) = RADY ALLAHU AANHO( QUE ALLAH ESTEJA SATISFEITO COM ELE)

ALLAH = DEUS

ZAKAT= UM DOS PILARES DO ISLAM, CONTRIBUIÇÃO OBRIGATÓRIA ANUAL, DISTRIBUIDA PARA OS MUÇULMANOS MAIS NECESSITADOS, PARA PURIFICAR SEUS BENS, CORRESPONDE A 2,5% DE SEUS BENS

HADITH SHARIF= DITOS DE ALLAH(SWT) DIRETO PARA O PROFETA MUHAMMAD(SAAS)

Estamos conscientes de que a tradução do sentido tanto da khutba (Sermão) quanto do Alcorão Sagrado, seja qual for a precisão, é quase sempre inadequada para realçar o magnífico sentido do texto, a tradução pode conter falhas ou lapsos como todo ato humano. Que Allah (SWT) nós perdoe.

 Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!

A L M A D I N A - MAIS UMA LUZ SE APAGOU!

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 26.05.2014

Sábado, 17 de Maio de 2014. Alguém me telefona para me informar da morte do nosso eminente ãlimo, Sheikh Muhammad Yussuf.

Ao ouvir essa triste notícia, a minha memória recuou no tempo e comecei a pensar nesta distinta personalidade que há pouco nos deixou.

O Sheikh Muhammad Yussuf deu um grande contributo na divulgação do Isslam em Moçambique, o que merece ser registado com letras de ouro. A sua morte deixa-nos consternados, pois há personalidades que são como faróis para as caravanas. Se por um lado a sua breve passagem por esta vida serviu para endireitar muita coisa, por outro a sua partida criou um vazio de difícil preenchimento, ainda mais nesta época em que os ãlimos verdadeiros rareiam cada vez mais.

Depois do pôr-do-sol podemos acender muitas lâmpadas para nos iluminar, mas não é possível adquirir o calor contido na luz do Sol.

Os âlimos são como lâmpadas brilhantes, que acabam com as trevas, e se estas lâmpadas começam a apagar-se uma a seguir a outra, então a escuridão espalhar-se-á por todo o lado.

O saudoso Sheikh foi uma personalidade abrangente, um ilustre ãlimo, um eloquente orador, um reformador, um esplêndido recitador de Al-Qur’án, Livro Sagrado de que era um tenaz defensor, assim como do Hadith. Cumpriu todas as suas tarefas com firmeza até ao fim da sua vida, e silenciosamente partiu ao encontro do seu Senhor. Sendo ãlimo, ele sabia dar o devido valor aos sábios. Deixou muitos alunos e adeptos. Com as suas eloquentes palavras, com a moderação que era uma das suas principais características, mostrou o caminho certo a milhões de pessoas, contribuindo bastante na erradicação de inovações, superstições e falsidades em Moçambique.

Tive a honra de conhecê-lo no início dos anos 70, ainda no tempo colonial, juntamente com o também já falecido Sheikh Abubacar Mangirá. Na altura eu ainda era estudante de teologia no Paquistão, e tinha vindo de férias, e escutei a sua palestra na Mesquita Anwaril Isslam. A sua retórica impressionou-me bastante, de tal maneira que retenho ainda o tema abordado na altura (Surat Fátiha – capítulo de abertura do Al-Qur’án).

A morte não é algo estranho, cuja ocorrência nos possa admirar. Ela é uma tradição nos filhos de Adão, pois a vinda para este Mundo já constitui o início da passagem para o Outro Mundo. Todos os que para aqui vêm, são para ir, pois ninguém é eterno e todos saborearemos a morte. Esta é uma lei divina inalterável, e o termo que foi fixado por Deus para cada um de nós será cumprido sem quaisquer atrasos ou adiamentos. Ninguém está isento da lei da morte portanto, todos os seres vivos terão que sair deste Mundo. Nenhum profeta, nenhum santo, nenhum sábio, nenhum ignorante, nenhum crente, nenhum descrente, nenhum presidente, nenhum rei, nenhum súbdito, nenhum plebeu, etc., escapou da morte. Todos os que ainda estão vivos, bem como os que estão por nascer, todos terão de ir um dia. O Criador fixou um tempo de saída para cada um, assim como consta no Al-Qur’án:

“Toda a alma saboreará a morte”.

Todavia, há alguns felizardos que mesmo indo, deixam marcas tão profundas quanto indeléveis pelas quais se guiam os que ainda ficam. Esses são como a vela que se consome, mas continua iluminando os outros.

Há quem que parte e ninguém chora por ele. Há quem têm a família para chorar por ele, mas há também quem parte e deixa um País inteiro a chorar por ele, pois a sua morte não só afecta a sua família, mas muita gente, sendo recordado por muito tempo.

A partida de um ãlimo entristece a todos nós, pois ficamos privados de um tesouro, de um manancial de sabedoria, um modelo de prática, pois os ãlimos são a garantia da continuidade do Isslam, e enquanto estiverem vivos e presentes, o Ummat dificilmente será desviado, daí que a sua ida deste Mundo seja uma grande perda.

Foi por isso que o Profeta Muhammad, (S.A.W.) disse que Deus não tira de uma única vez dos peitos das pessoas a sabedoria do Mundo, mas sim tira-a ao chamar para junto de Si os sábios um a um, até que quando já não existirem mais sábios, as pessoas tomam os ignorantes por líderes e estes, por não deterem nenhum conhecimento, desviam-se arrastando atrás de si os menos precavidos. (Mishkat)

São os ãlimos que defendem a pureza do Isslam contra todas as deturpações.

De facto, a morte na piedade nunca cessa, pois há gente que aparentemente está morta, mas ainda continua viva nos corações das pessoas.

O Sheikh Yussuf era humilde e amado, pois aqueles que alcançam a realidade suprema e o conhecimento divino, apesar dos seus múltiplos méritos, julgam-se sempre insignificantes e simples.

A parte mais triste da morte dos servos piedosos e queridos de Deus, é que com a sua partida as pessoas ficam privadas dos seus conhecimentos e bênçãos, do seu choro nas súplicas quando invocam Deus nas noites e madrugadas. Partem levando consigo a dor e preocupação para com o Ummat. Vai-se tudo e cria-se um vazio muitas vezes difícil de preencher.

Os teólogos e os Homens de Deus são como as fontes das quais as pessoas se saciam. Nessas fontes há as que saciam poucas pessoas, e há as que saciam inúmeras pessoas. O falecido Sheikh foi daqueles que saciou muita gente, pois cumpriu com o seu dever em várias mesquitas do Rovuma ao Maputo, em Nampula onde nasceu, e noutras cidades do País.

Pela Sua graça e generosidade para com aqueles que sacrificaram as suas vidas somente para elevar a Sua palavra, Deus reservou grandes prémios, recompensas e o Paraíso.

Rogo à Deus para que lhe cubra com o manto da Sua misericórdia, lhe conceda o melhor que houver no Paraíso, dê paciência aos seus familiares e entes-queridos, preencha o vazio criado pela sua morte, e nos mantenha firmes no caminho da Sua satisfação. Ameen!

A PACIÊNCIA – 10ª. E ÚLTIMA Parte

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e  Misericordioso) - JUMA MUBARAK
inna Llaha maã sabirin. Na verdade, Deus está com os pacientes. Cur’ane, Surat Anfal 8:46.
A PACIÊNCIA NA DIVULGAÇÃO DO ISLÃO
O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), último Profeta enviado por Allah, foi o exemplo da paciência e da perseverança, na divulgação da palavra de Deus. A responsabilidade de espalhar a palavra da fé e da paciência, cabe a cada um dos membros da Umah, junto dos seus filhos, da sua família, dos seus amigos, ou junto da sua comunidade como responsável religioso.
 
Os que se dedicam ao trabalho da divulgação da religião, devem dar o exemplo através da conduta e do carácter. No inferno, habitam também os que mandavam fazer algo, mas faziam o contrário. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) quando visitou o inferno, viu umas pessoas com línguas de fogo e Jibrail (Aleihi Salam) anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, esclareceu de que se tratavam de eruditos que nos seus sermões mandavam praticar o bem, mas eles próprios não o faziam.
 
O trabalho da divulgação da religião requer muita fé, paciência e firmeza. Praticar a paciência neste tipo de trabalho, é um exercício de sabr e um requisito de fé. O divulgador da fé encontrará resistência e provocações, por parte de alguns não muçulmanos. Mas o pior é a oposição por parte dos muçulmanos e daqueles que se consideram mais esclarecidos. As pessoas esperam que um responsável religioso seja perfeito nas suas palavras e atitudes. Mas perante qualquer falha ou erro, elas não perdoam e lançam calúnias e palavras desagradáveis, esquecendo-se dos seus próprios erros e pecados. Haverá também os que pensam saber tudo sobre a religião e comentam entre eles de que até fariam melhor. Estar à frente duma comunidade religiosa, não é fácil. Os fundamentos da religião são únicos, mas difíceis de contentar todos os tipos de mentalidades. “Cada cabeça, sua sentença”.
Malik bin Anas (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalhu Aleihi Wassalam) disse: “chegará um tempo em que a pessoa quando estiver firme na religião, será como segurar uma brasa na mão”. Tirmidhi.
Os corações dos seres humanos estão cada vez mais insatisfeitos e virados para o consumo exagerado e para outras questões mundanas. O Mensageiro de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “O coração do filho de Adão é mais instável do que a água fervendo numa panela”. Imam Ahmad. O coração está sempre em constante mutação e por isso Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) suplicava frequentemente a Allah Subhana Wataala: “Ó Transformador de corações, mantenha-nos firmes na Tua religião”.

Rabaná af-rig ãleiná sab-ran wa tawafaná muslimun: “Senhor Nosso, concede-nos a paciência e faze com que morramos submissos a Ti!”. Cur’ane 7:126.

Com esta mensagem, termina o tema “Sabr - a Paciência”. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”.

Cur’ane 14:41. Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 36:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmuminina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41
Cumprimentos
Abdul Rehman Mangá
29/05/2014

sexta-feira, maio 23, 2014

A L M A D I N A - A A S T R O M A N C I A

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 19.05.14

Muitos jornais, revistas, estações radiofónicas e televisivas, reservam nas suas edições um espaço onde inserem artigos relacionados com a futurologia isto é, o que acontecerá às pessoas nesse dia, nessa semana, ou num futuro breve ou distante. Os títulos geralmente usados nesses artigos são: “O que dizem as Estrelas” ou “O Horóscopo”. Neles informam-se as pessoas sobre a sorte de cada um, em função da sua data de nascimento, baseando-se em signos das constelações dos astros, que são doze.

Há pessoas que acreditam naquilo que tais publicações escrevem, pois compram-nas apenas para lerem sobre o prognosticado nos seus signos, ficando satisfeitos quando neles encontram informações que lhes agradam, ou entristecidos quando as informações são desagradáveis. Há também quem não acredita muito no que se prognostica, mas lê na mesma, sem contudo se deixar influenciar. 

Gostaria aqui de esclarecer o ponto de vista isslâmico. O Isslam veio para libertar as pessoas, corporal e espiritualmente, das superstições, falsidades, ilusões, fantasias e ficções, seja qual for a forma sob a qual se apresentem, e para isso ligou as pessoas à natureza e ao sistema de Deus na Sua criatura, ordenando-lhes que O respeitem e O considerem se quiserem alcançar o bem estar neste Mundo e o êxito no Outro Mundo.

Portanto, o Isslam condena todo o tipo de superstição, bem como os autores de tais atos que não passam de charlatães e exploradores. Em qualquer sociedade sempre existe uma camada vulnerável à acção deste tipo de gente, que se dedica à magia, seja ela branca ou negra, à bruxaria, à adivinhação e todo o tipo de manifestação de aparente conhecimento do oculto, como a futurologia através dos astros, demónios ou outras formas, orientais ou ocidentais. 

Ninguém é conhecedor do oculto, excepto Deus. Por isso Ele ordena ao próprio Profeta a anunciar que ele não conhece o oculto: 

Dize: Eu mesmo não posso lograr, para mim, mais benefício nem mais prejuízo do que o que for da vontade de Deus, E se estivesse de posse do incognoscível, aproveitar-me-ia de muitos bens, e o infortúnio jamais me açoitaria. Porém, não sou mais do que um admoestador e alvissareiro para os crentes”.

É por isso que Muhammad S.A.W. foi atingido por muitos dos males que atingiram outros mortais. Se ele conhecesse o oculto teria acumulado para si todo o bem e nenhum mal o teria atingido. Só Deus único é conhecedor do oculto.

O Profeta Muhammad diz: “Não serão aceites as orações (Salaat) de quem consultar o prestidigitador, o adivinho ou o bruxo, durante quarenta dias, e ele passará para o grupo dos descrentes”.

Os mágicos, os adivinhos e os bruxos pertencem ao mesmo grupo, pois todos eles reivindicam conhecer o oculto através dos demónios e astros.

Na história do Homem houve povos que acreditavam em astros, bem como na sua influência nos acontecimentos do Mundo, a tal ponto que os associavam à Deus. De entre esses povos, houve ainda os que deixaram de adorar a Deus passando a adorar astros.

A actual inclinação para a horoscopia não é mais do que a remanescência dos tempos em que as pessoas adoravam astros, pois desses tempos ficou a convicção de que o que acontece na vida de cada um é influenciado positiva ou negativamente pelo posicionamento dos astros no firmamento. No conceito dessas pessoas a ascensão ou o declínio na vida, a felicidade ou a infelicidade, a alegria ou a tristeza, a paz ou a guerra, a abundância ou a carência, o sucesso ou a adversidade, são resultado dos movimentos dos astros. 

O Isslam não só discorda em absoluto desse tipo de crença como a repudia, pois os astros não passam de criaturas de Deus neste Universo, colocados ao serviço da Humanidade. Um exemplo disso, é que o homem se serve dos astros para se orientar.

Portanto, o recurso aos astros para reivindicar o conhecimento do oculto e da futurologia é rejeitado no Isslam. Porém, não há mal nenhum que se recorra aos astros para a orientação geográfica ou para qualquer outro objectivo, baseado em experiências científicas, o que se enquadra no encorajamento pelo Isslam da procura do saber e do conhecimento para a melhoria da vida do homem na terra. Aliás nos primórdios do ressurgimento do Isslam, os muçulmanos de origem árabe destacaram-se como pioneiros na ciência de estudo dos astros.

A ideia de ligar a sorte das pessoas e o que lhes irá acontecer, com os astros em função das suas datas de nascimento, é algo sem base e sem fundamento algum no Isslam.

De fato a prevalência deste fenômeno assim como o seu alastramento, e a importância que os jornais, revistas estações radiofônicas e televisivas lhe dispensam, revelam-nos as seguintes realidades, deveras importantes:

1 - A existência de um vazio mental, espiritual e psicológico dentro das pessoas no mundo atual. E um vazio, exige sempre que seja preenchido, seja qual for a forma. É por isso que se costuma dizer que “Quem não se ocupa com a verdade será ocupado pela falsidade”. 
2 - O aumento de preocupações, inquietações, perturbações e a falta de sossego e tranquilidade íntimas. Estes dois fatores são o segredo da felicidade. E isto é um assunto que envolve a todos no Mundo, até mesmo os que atingiram níveis mais altos de estabilidade material, vivem numa tensão, stress e medo constantes.
3 - A conjugação destes dois aspectos - o vazio e a perturbação - na realidade resultam da falta de algo muito importante na vida de uma pessoa, bem como na sua autodeterminação. E o que está em falta nada mais é do que a fé, que é a fonte de sossego e da tranquilidade.

Se as pessoas desenvolvessem a fé convicta de que só Deus conhece o oculto e ninguém sabe o que irá acontecer amanhã, e que os magos, os adivinhos, os astrólogos, etc., são mentirosos e charlatães, pois passam a vida a enganar para obterem dinheiro fácil, este falso mercado não prosperaria, nem encontraria entre os muçulmanos gente para escrever e ler sobre astromancia.

quinta-feira, maio 22, 2014

RELEMBRANDO: A NOITE DE MI’RAJ

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as  Bênçãos de Deus) - 
Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK 

Refere o sagrado Cur’ane: “Glorificado seja Aquele que transportou, durante a noite, o Seu servo, da Mesquita sagrada (em Makka), à distante Mesquita de Al-Aqsa (em Jerusalém), cujos arredores abençoamos, para mostrar-lhe alguns dos nossos sinais. Deus ouve tudo e vê tudo”. Cap.17, Vers.1. 

Devido à preocupação do Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) por causa do seu umah (seguidores), não só por aqueles que o acompanhavam mas também por todos aqueles que iriam nascer depois dele, até ao final do mundo), Deus, nosso Criador, para o tranquilizar, concedeu-lhe a noite de Mi’raj. 

Isrá, significa viagem nocturna que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) efectuou a partir de Makkah, para Jerusalém. Mi’raj é derivado da palavra Uruj, que significa subida aos céus. 

No edifício original da Caaba, onde os jovens Quraischitas e o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) costumavam descansar, veio Jibrail (Aleihi Salam) – O Anjo Gabriel, que a Paz de Deus esteja com ele, acompanhado de outros anjos, levaram o Profeta (Salalahu Aleihu Wassalam) para junto do poço da agua de zam-zam, abriram-lhe o peito, retiraram-lhe o coração que foi lavado. De seguida encheram o seu peito de fé e de luz e depois fecharam o peito. 

Com o animal que os anjos trouxeram o – Buraq, mais veloz que o relâmpago, o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) foi transportado para Jerusalém. Na Mesquita sagrada de Al.Aqsá, fez dois rakates (2 ciclos de oração). Quando saiu da Mesquita, o Anjo Gabriel (Aleihi Salam), apresentou-lhe 2 taças. 

Uma com vinho e outra com leite. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) preferiu o leite, pelo que o anjo referiu: “Ainda bem que preferiste a taça de leite, porque senão a tua comunidade desviar-se-ia do bom caminho”. 

Ambos ascenderam ao céu. Na respectiva porta perguntaram quem é! Respondeu o anjo: “É o Anjo Jibrail acompanhado de Muhammad”. Perguntaram: “Foram chamados?”. Sim, disse ele. As portas do céu abriram-se. 

No primeiro céu viram um homem com muitas sombras nas duas faces da cara. Quando o homem olhava para o lado direito da cara, sorria. Quando olhava para o lado esquerdo da cara, chorava. O Profeta perguntou ao anjo, quem era. Respondeu-lhe: “ é o teu pai Adam (Adão), Aleihi Salam”. Do lado direito, estão as pessoas todas que irão para o paraíso. Do lado esquerdo, estão os que irão para o inferno. 

O Profeta foi passando por todos os céus, fazendo perguntas e obtendo respostas. Em cada céu, encontrava-se com Profetas (Aleihi Salam). Encontrou-se com Issa (Jesus) e Yáhhá (João Baptista), Que a Paz de Deus esteja com eles, que lhe apresentaram boas vindas. Depois encontrou-se com os Profetas José, Idriss, Aarão e com Moisés (que a Paz de Deus esteja com eles). Ao falar com o Profeta Mussa - Moisés (que a Paz de Deus esteja com ele), o Profeta Moisés começou a chorar e disse: “Ó meu Deus; Tu enviaste este jovem Mensageiro depois de mim, cujos seguidores serão mais a entrarem no paraíso do que os meus.” 

No sétimo céu, foi recebido pelo Profeta Ibrahim (Abraão), que a Paz de Deus esteja com ele. O Anjo Jibrail, que sempre acompanhava o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), disse-lhe: “Este é o teu pai”. 

A seguir foi apresentado a Allah, Senhor dos mundos, o Uno, o Majestoso. A distância em que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) se encontrava com Allah, Subhana Wataala, era somente o equivalente a dois arcos (arcos de atirar flechas). O Profeta chegou tão perto, onde o Anjo Jibrail nunca tinha chegado. Se o Anjo Jibrail desse mais um passo, transformar-se-ia imediatamente em cinzas! 

Aí começou o diálogo entre Allah, nosso Criador e o seu Mensageiro: Deus diz que chegou o momento de estarmos juntos. O Profeta responde que chegou o momento de estar com Allah. Allah, Subhana Wataala, diz que todo o universo é para si ó Rassulullah. Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) responde: “deixei tudo para satisfazer a Allah, somente para adorar a Allah”. 

O Profeta levou 3 ofertas para Allah: 1)- ATAHIATO LILAHI; 2)- WA SALAWATO; 3)- WA TAHIBATO. 

Atahiato Lilahi – Toda a adoração (ibádate) que é efectuada no mundo verbalmente; Wa Salawato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, fisicamente; Wa Tahibato – Toda a adoração que é efectuada no mundo, monetariamente e com bens mundanos, É SÓMENTE PARA AGRADAR A ALLAH. 

O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), não regressou de mãos vazias. Trouxe também 3 presentes 
de Allah, Subhana Wataala: 1) – ASSALAMO ALEIKA AIHUHANABÍ; 2) – WA RAHMATULAHI; 3- WA BARAKATUHU. 

Assalamo Aleika Aihuhanabi – Que a Paz esteja acima de ti. Wa Rahmatulahi – Rahmat (Misericórdia) estejam também acima de ti; Wa Barakatuhu – As bênções também acima de ti. 

Sendo que a preocupação do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) era por causa do seu umah, seus seguidores, o que seria deles no dia do julgamento final? Aí o Profeta depois de receber as 3 ofertas, disse: ASSALAMO ALEINA WAALÀ IBADILAHI SUALIHINA – Que a Paz não só acima de nós, mas também acima de todas as pessoas piedosas. 

Em baixo o Anjo Jibrail, ao ouvir aquelas palavras disse em voz alta: ASH-HADU AN LA ILAHA ILALAHU, WA ASH HADU ANÁ MUHAMMAD ABDUHU WA RASSULUHU – Testemunho a unidade de Allah e que Muhammad é o Seu servo e apóstolo. 

Os muçulmanos lembram-se deste Atahiato, todos os dias nas suas 5 orações. 

Depois, Allah, nosso Senhor, instituiu a Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) 50 orações diárias. 

Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) estava de regresso, voltou a encontrar-se com o Profeta Mussa (Aleihi Salam), que lhe perguntou o que Allah lhe tornou obrigatório para ele e para a sua comunidade. Respondeu: “50 orações diárias.” Mussa (Aleihi Salam) disse: “A tua comunidade não conseguirá cumprir com isso, porque eu tenho experiência dos filhos de Israel. Volta ao nosso Senhor e pede-Lhe que reduza o número das orações. 

Na primeira redução conseguida para 45 orações, o Profeta Mussa (Aleihi Salam), continuou a dizer que os seus seguidores não conseguirão cumprir, pelo que lhe recomendou outra vez, ir solicitar uma redução. Com várias idas e regressos, finalmente o Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) conseguiu a redução para 5 orações diárias. Porque já sentia vergonha de solicitar nova redução, ouviu do nosso Senhor e Criador, as seguintes palavras “Ó Muhammad! Na minha ordem já não haverá mais alterações. As orações obrigatórias serão apenas 5, mas a recompensa de cada oração será equivalente a 10 orações, o que equivale a mesma, às 50 orações diárias. 

Quando o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) regressou à terra, o Anjo Jibrail (Que a Paz de Deus esteja com ele), ensinou-lhe como fazer as orações. 

O Profeta sempre se preocupou com todo o seu Umah e em especial com aqueles que virão depois dele, conforme o referido no seguinte hadice: O Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), uma vez estava com os seus companheiros e disse: “Quando verei eu os meus irmãos?”. E os companheiros perguntaram-lhe surpreendidos, se eles não eram os seus irmãos. E ele respondeu “Vós sois os meus companheiros; mas os meus irmãos serão aqueles que acreditarão em mim sem nunca me terem visto”. – Hadice narrado por Ahmed. Alahhuma Sali Alã Muhammad Waalã Alihi Wassalam. 

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41. "Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". 

Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10. 

Cumprimentos 

Abdul Rehman Mangá 

22/05/2014 

abdul.manga@gmail.com

terça-feira, maio 20, 2014

Não existe no Alcorão a pena capital como castigo para a apostasia

A intolerância revela ignorância relativamente ao Islão!
Por: M. Yiossuf Adamgy
Prezados Irmãos, 
Assalamu Alaikum: 

Embora os Muçulmanos se queixem da incompreensão Ocidental para com o Islão, certa interpretação errônea dos textos sagrados prevalece, infelizmente, em algumas mentes Muçulmanas. 

Matar uma pessoa devido à sua escolha intelectual, contradiz toda a essência dos princípios Islâmicos de liberdade de religião e de culto, repetidamente acentuada no Alcorão e na prática do Profeta Muhammad (p.e.c.e. = paz esteja com ele). 

Não existe compulsão na Religião. O fato de uma pessoa abandonar a fé Islâmica, trocando-a por uma outra, representa um grave pecado. Trata-se de uma violação clara do pacto individual firmado com Deus; contudo, tal não viola, seja de que forma for, a Lei Islâmica. O Alcorão condena repetidamente aqueles que trocam a fé Islâmica por uma outra, avisando-os do severo castigo que os espera no Dia do Juízo Final. Contudo, o Alcorão nunca determinou um castigo mundano para os apóstatas. Consequentemente, caso um Muçulmano pretenda mudar de fé, pode fazê-lo. A crença, por definição, emana do coração da pessoa. 

O Islão não deixa qualquer margem de dúvida ao dizer que a fé é uma questão de escolha e convicção pessoal; consequentemente, poder compulsório algum poderá ser usado para obrigar uma pessoa a adotar uma determinada fé ou impedi-la de mudar de credo. 

É dito o seguinte no Alcorão: 

«Não há imposição quanto à religião». (2:256). 

«Dize-lhe: A Verdade emana do vosso Senhor; quem quer crê e quem não quer não crê …» (18:29). 

«Se Deus quisesse, todos os que estão sobre a Terra creriam. Queres (ó Muhammad) obrigá-los a tornarem-se crentes? Na verdade, não é dado a ser nenhum crer sem a anuência de Deus. Ele lançará a sua indignação sobre àqueles que não raciocinam». (10:99-100). 

«Na verdade, temos-te revelado o Livro, para (instruíres) os humanos. Assim, pois, quem se encaminhar, será em benefício próprio; por outra, quem se desviar, será em seu próprio prejuízo. E tu não és guardião deles». (39: 41). 

«Admoesta, pois, porque és tão somente um admoestador! Não és, de maneira alguma, guardião deles». (Alcorão 88: 21-22). 

Em obediência a esta orientação Alcorânica, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) nunca castigou ninguém por abandonar o Alcorão. 

Isto é prova evidente que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) não pretendia castigar ninguém devido à sua escolha espiritual e intelectual. 

Se houvesse um castigo mundano para os apóstatas do Islão, Muhammad (p.e.c.e.) teria sido o primeiro a aplicá-lo. Contudo, era do seu conhecimento que Deus não lhe havia confiado uma tal autoridade. 

“O Islão não há de ser imposto nem pela coação nem pela violência, mas o povo há de aceitá-lo conscientemente e com plena liberdade”. — Az-Zamakhshari, in Al-Kaixaf, p.229. 

“Não se há de obrigar ninguém a abraçar o Islão: o Islão é, por si próprio, uma prova clara e manifesta, os seus argumentos fazem-se evidentes para o espírito; não há nenhuma necessidade, então, de obrigar ninguém a aceitá-los. Pelo contrário: o coração daquele que Deus guia para o Islão alarga-se e o olhar ilumina-se até o ponto de que o Islão se lhe aparece como toda uma evidência. Muito diferente é o caso daquele cujo coração Deus cega e cujos olhos e ouvidos fecha: nenhuma coação nem violência lhe farão converter-se em muçulmano (submisso à Vontade de Deus!” — Ibn Kaçir, in Mujtaçar, vol. 1/3, p.232. 

Existem dados que sugerem que o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) permitiu, a alguns judeus que se reconheceram muçulmanos, voltar ao judaísmo e que não castigou em absoluto os beduínos que voltaram à sua fé pagã depois de se terem feito (nominalmente) muçulmanos. 

Consequentemente, julgamentos referentes à fé deverão ser remetidos a Deus, que os avaliará no Dia do Juízo Final. 

Esperemos, in cha Allah, que a sudanesa Meriam Yehya Ibrahim Ishag, condenada, em Fevereiro deste ano, no seu país pelo crime de apostasia — condenação essa que, conforme sublinhou um dos diplomatas que esteve presente no julgamento, «não respeita a própria Constituição Sudanesa e as obrigações internacionais” e, pelos vistos, nem respeita a essência do próprio Islão — seja absolvida pelo Tribunal Constitucional, conforme o recurso feito pelo advogado da sudanesa, Mohamed Mustafa. 

De referir que, após o veredito, vários diplomatas e instituições manifestaram a sua “profunda preocupação” com o caso de Meriam e pediram ao Sudão que respeite o “direito à liberdade de religião”. 

Obrigado, boas leituras. Wassalam. 
M. Yiossuf Adamgy - 18/05/2014.

segunda-feira, maio 19, 2014

A L M A D I N A A NEGLIGÊNCIA PARA COM OS IDOSOS – UM PROBLEMA DA ATUALIDADE

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 12.05.2014

O Mundo de hoje enfrenta um problema tão grande, quanto crítico – os cuidados a dispensar à população de idosos. 

De acordo com estatísticas, quase metade da população mundial é constituída por idosos. Um estudo revela que num futuro não muito distante a população de idosos ultrapassará a de crianças de cinco anos, em particular na Europa, Ásia e Américas. Quer parecer que é a primeira vez que tal fenómeno ocorre na história da Humanidade. 

O crescimento do nível de vida em países prósperos, traduzido na melhoria no acesso aos cuidados médicos e na educação, e também no aumento da provisão, de alguma forma proporciona uma maior esperança de vida dos cidadãos desses países. 

É importante que olhemos para isso num sentido positivo. Todavia, é bastante triste que de um lado o nível de vida melhore, mas de outro, a situação dos idosos se nos apresente de forma negativa. Sente-se isso de forma particular, na atitude por parte das novas gerações que chegam ao extremo de praticar alguma forma descriminação aos idosos, o que leva a que estes se sintam marginalizados. 

Urge que se faça algo para se estancar esta tendência e nos dediquemos mais aos cuidados a dispensar aos idosos, pois com o avançar do século, a situação dos idosos pode vir a agravar-se. 

Há um ditado popular que diz que “O arroz quanto mais velho for, mais aumenta o seu valor”, mas contrariamente, na sociedade atual, quanto mais velho o Homem fica, mais se reduz o seu valor, o que revela a tortuosidade que reina na sociedade. 

Por isso hoje em dia os nossos concidadãos idosos vivem numa ânsia constante de estarem mais tempo ao pé dos seus entes-queridos, de passarem os últimos dias das suas vidas junto aos seus familiares, filhos e netos, pois apercebem-se que estes se distanciam cada vez mais deles, não se preocupando com os seus sentimentos. No fundo, o que eles desejam é que pelo menos os seus filhos estejam por perto, e os netos que são a sua maior alegria, se aconcheguem a eles. 

O materialismo e o egoísmo aumentam na razão directa da evolução da ciência e da tecnologia, ao ponto de as novas gerações esquecerem-se de muitos dos legados deixados pelas velhas gerações, considerando os idosos um fardo, um obstáculo à sua liberdade. 

As famílias no sentido mais alargado, dispersam-se cada vez mais, supostamente devido à preocupação na busca de provisão. Mas muitos têm alguma facilidade de deslocação, e deviam capitalizar essa facilidade, transformando-a em factor de aproximação e não de distanciamento. 

Por um lado a noção de liberdade está a aumentar, mas por outro, aumenta o isolamento, abandono e dependência dos idosos, o que leva a que estes julguem ser inúteis e estarem a mais nas sociedades modernas, já que não encontram um trabalho ou uma actividade compatível. Por isso os que não têm nenhuma receita, ou têm uma receita mínima, tornam-se mendigos como forma de conseguirem satisfazer as suas necessidades básicas. 

As pensões que os governos atribuem a alguns, são tão mesquinhas que não dão para nada, talvez nem mesmo para uma refeição condigna, quando os idosos necessitam, para além de alimentação, de medicamentos e cuidados médicos. 

Nos países ocidentais os governos têm casas ou lares onde albergam os idosos, onde conseguem algum conforto físico, mas que não lhes proporcionam a indispensável tranquilidade psicológica e emocional que as pessoas tem nas suas casas. 

Os nossos governos não têm meios para fazer o que os governos ocidentais fazem, mas é triste que não se faça o mínimo que se poderia fazer, de tal maneira que vemos idosos deambulando pelas ruas, postados em paragens, praças ou semáforos a mendigar. 

Não obstante a leis não serem suficiente para resolver este tipo de problemas, seria desejável que o Parlamento legislasse sobre os idosos para que a sua situação melhore e as novas gerações se sintam responsabilizadas. 

Tratar bem os idosos é uma particularidade especial da nossa tradição isslâmica, e as novas gerações têm que manter esta milenar tradição. 

Consta no Al-Qur’án, no Cap. 17, Vers. 23: 

O teu Senhor decretou que não adores senão a Ele; Que sejais bondosos com vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes digas “uff” (arre) nem os maltrates; Dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura) estende sobre eles a asa da humildade e diz: “Ó Senhor meu, tem misericórdia de ambos, como eles tiveram de mim, criando-me desde pequenino”. 

Consta ainda no Cap.46, Vers. 15: 

E recomendou ao Homem benevolência para com os seus pais. Sua mãe carrega-o penosamente durante a sua gestação (9 meses) e posteriormente, sofre as dores do parto”. 

Consta também no Cap. 2, Vers. 215: 

“Perguntam-te o que devem gastar. Os bens que gastardes deverão ser (em primeiro lugar) para os teus pais, os parentes, os órfãos, os pobres e os viajantes (necessitados). Todo o bem que fizerdes, Deus conhece-o perfeitamente”.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu

A L M A D I N A DIA INTERNACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad - 05.05.2014

Comemorou-se recentemente, a 03.05.2014, o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. É sobre o jornalismo que proponho, reflictamos. 

O jornalismo é uma profissão de grande importância, uma profissão que alberga dentro de si inúmeras obrigações e um vasto campo de acções. É uma actividade que exige coragem, força e capacidade mental, de argumentação e de redacção fora do vulgar. Para o seu exercício é importante que se seja verdadeiro, paciente e sempre pronto a consentir sacrifícios. Estes constituem os seus pilares fundamentais. 

Jornalismo é saber descrever o ambiente, a situação, os objectivos, o pulsar da opinião pública e as tradições e valores morais. 

Os jornalistas determinados, competentes e de pensamentos sublimes são aqueles cuja caneta é destemida e reportam a verdade sem temer eventuais perigos, e não são susceptíveis a pressões. 

Esta actividade enfrenta nos dias que correm, vários desafios. Contudo, é sua tarefa apresentar perante as pessoas as realidades do País e da sociedade. 

Para todos aqueles que estão ligados ao jornalismo nas suas várias vertentes, é importante que dominem com alguma profundidade as matérias que pretendem abordar. 

Se a reportagem versar por exemplo, matéria religiosa, legal, económica ou financeira, o jornalista deve ter profundos conhecimentos sobre a religião a que se propõe escrever, sobre as leis, sobre economia ou sobre finanças. 

É necessário que o jornalista, independentemente de pertencer a algum partido, grupo, religião, ou etnia, se abstenha de ser influenciado por esses factores, reportando com isenção, pois o verdadeiro jornalista deve ser destemido e imparcial. 

Infelizmente, o que nos é dado ver hoje em dia, salvaguardadas raras e honrosas excepções, deixa muito a desejar. O jornalismo de hoje é susceptível a pressões e muitos outros males, por enquanto no passado, era livre de mentiras, de falsas informações, de fanatismo, de parcialidade, de intolerância, de medo, de terror, etc. O profissional de comunicação social era uma pessoa apaixonada pela literatura, pela sua caneta e papel, abstendo-se sempre de se deixar arrastar pela propaganda barata. 

O jornalismo não é como qualquer outra profissão como por exemplo a de comerciante. Ele deve dedicar a sua vida a causas nobres. A profissão que abraçou obriga-o a denunciar a opressão e a injustiça, devendo sempre falar em nome dos oprimidos, e se necessário estar preparado para consentir sacrifícios pelas causas nobres. 

Infelizmente muitos jornalistas não têm isto presente. Ao invés de se sacrificarem, entregam-se a actos de desonra e menosprezo aos outros. Inventam estórias em que o opressor passa a oprimido, o mau passa a bom, o injusto passa a justo, o criminoso a vítima, o assassino a inocente, e vice-versa, e assim vai desvirtuando a justiça, as leis e a constituição, pois todos sabemos que o jornalismo é uma faca de dois gumes, pois ao menor descuido tudo acaba deturpado. 

Por isso, nessas circunstâncias é necessário que o jornalista seja fiel, honesto, veraz, corajoso, e cumpra com a sua missão sem ganância. 

Deve tratar a todos por igual, independentemente da sua religião, etnia, grupo ou filiação partidária, defender o direito de todos e insurgir-se contra a discriminação e contra as divisões na sociedade. 

Falar, escrever e publicar apenas a verdade, ainda que ninguém dê ouvidos ou preste a menor atenção. 

Os jornais, a rádio e a televisão devem ser o espelho da sociedade, contribuindo para a sua reforma, e promovendo as ciências e a tecnologia. 

Devido a pressões de vária ordem os jornalistas são levados a publicar notícias sem fundamento, boatos e enfim, matérias susceptíveis de criar desestabilização, confusão e cisões. Isso cria um impacto negativo no País e atenta contra a unidade nacional. 

O jornalismo não deve ser um meio para se acumular dinheiro, pois quando o jornalista pensa que com a sua profissão deve acumular dinheiro, acaba perdendo credibilidade e mancha o jornalismo. 

E o profissional de imprensa que se insurge contra os desequilíbrios sociais, acalenta alguma esperança aos desesperados. Ele acaba sendo a voz dos sem voz, pois denuncia as injustiças na sociedade, combate as falsas propagandas, contra a desordem, a imoralidade e a obscenidade, mostra e ensina o caminho recto, pois a verdade sempre é benéfica, enquanto a mentira sempre é prejudicial e destrutiva, devendo ser combatida. 

Os jornalistas devem desempenhar o seu papel tendo em conta a grandeza e nobreza da sua profissão. Caso se sintam incapazes de exercer a sua profissão com alguma verticalidade, então devem abandoná-la, evitando assim manchar esta nobre tarefa. 

O jornalista deve ser isento de egoísmo, deve escrever com seriedade, com o objectivo de beneficiar a sociedade e nunca com a intenção de prejudicar quem quer que seja, e esmerar-se no sentido de as suas reportagens serem de nível elevado, para que possam ser uma referência para os historiadores. 

Se se praticar esta profissão com honestidade e isenção, a caneta manter-se-á impoluta, a sociedade elogiará, o País progredirá, a profissão será respeitada, pois de contrário as pessoas perderão confiança e interesso na actividade jornalística. 

É triste e condenável o que ocorre em certos países, onde jornalistas são presos por exercerem com imparcialidade e profissionalismo a sua profissão, como se ser jornalista fosse sinônimo de criminoso. Há ainda casos noutros países, de jornalistas que são assassinados. Estas são práticas que todos nós devemos condenar, pois devemos respeitar esta nobre profissão, proporcionando aos jornalistas informações verdadeiras que permitam que eles cumpram com a sua missão de manter a sociedade informada.

Assalamu Aleikom wa Ramatulahi wa Baraketuhu!