sexta-feira, setembro 06, 2013

Expliquem a seus filhos o que é a Hajj

Anualmente, os muçulmanos de todo o mundo se preparam para a época da Hajj, e aqueles que têm a intenção de realizar este ritual sagrado dirigem-se a Meca, numa viajem espiritual da fé. A esse cumprimento do 5º Pilar do Islam dá-se o nome de Hajj ou Peregrinação.

Nesses dias, os nossos filhos têm a oportunidade de ouvir um montão de notícias sobre a Hajj (Peregrinação a Meca [ár. Makkah]); no entanto, a maioria deles não está ciente dos muitos detalhes associados com este momento sagrado. Quando as crianças começam a per-guntar sobre a Hajj, alguns pais sentem-se um pouco desconfortáveis para fazê-las entender.

Neste artigo, recolho informações em forma de conselhos para ajudar os pais a explicar a temática da Hajj, de forma simples, a seus filhos.

Prepare-se, muito bem, para lição da Hajj, antes de juntar os seus filhos para uma palestra introdutória. Obtenha livros islâmicos para crianças ou artigos e leia o que as crianças podem dizer sobre a Hajj (consulte artigos a respeito neste link, em língua portuguesa: http://alfurqan.pt/index.php/temas-islamicos/hajj-peregrinacao-a-meca). Isso lhe vai ajudar a entender os principais pontos que se destacam na lição.

• Eles precisam de algo mais do que uma palestra. Poderá obter fotos de muçulmanos em peregrinação, cartazes, mapas, sites, trechos de livros e material de vídeo, por exemplo.

Cobrir estes pontos na sua lição:

- Os Cinco Pilares do Islão e onde a Hajj se ajusta nesses pilares. A Hajj é - uma vez na vida - obrigação para os muçulmanos que tenham a capacidade física e financeira para fazer a viagem. É também uma forma de adoração que envolve todo o ser: corpo, mente e alma.

- A história do Profeta Ibrahim [Abraão] (que a paz esteja com ele) e o sacrifício que Deus o pediu de fazer.

- Descreva a Hajj a seus filhos e explique mais sobre a diversidade de muçulmanos que se reúnem para adorar a Deus, e identifique as razões que dão os muçulmanos para realizar a Hajj:

1. Tente tratar da Hajj, descrevendo exactamente como ele é feito. Faça um modelo da Caaba: pode ser feito com uma caixa de papelão cúbica, um pouco de tinta preta, e uma linha de material franja com cor de ouro. Se possível, obtenha algumas bonecas e bonecos para demonstrar como se realiza a Hajj.

2. Explique às crianças que roupa costumam utilizar os muçulmanos na Hajj e por quê. Além disso, consiga que um de seus filhos seja o modelo com ihram, roupas que colocam os homens durante a Hajj e 'Umrah.

3. Fale sobre a Talbiyah (o que recitam os peregrinos durante a Hajj) e recitem junto o Takbir de 'Eid.

4. Além de falar sobre como realizar a Hajj, poderá dar detalhes sobre a Caaba, da sua construção e das suas reparações (Para o efeito, pode consultar o livro editado pela Al Furqán: «A História de Makkah Mukarramah»)

5. Fale sobre o que os muçulmanos fazem na Caaba:

- Explique como a Hajj é diferente de uma viagem de férias.

- Explique o que os muçulmanos fazem em Arafat, Muzdalifah e Mina.

- Incentive as crianças a reflectir sobre a ideia de que os muçulmanos viajam com a esperança de que a viagem vai mudá-los, ou seja, eles se tornarão mais desenvolvidos espiritualmente, pela experiência.

- Converse com seus filhos a ideia de que, para muitas pessoas, a vida religiosa consiste na sensação de estar envolvido na tarefa de desenvolver espiritualmente, na medida do possível.

Tempo para o exercício

Convide as crianças para explicar ou representar como uma pessoa pode voltar da Hajj e como ela se sente transformada pela experiência. As crianças podem ter acesso a uma variedade de recursos que existem, como fotos, mapas, histórias, material de vídeo, etc., a fim de encontrar respostas para o seguinte:

1. Localizar num mapa os lugares de peregrinação nos arredores de Meca.

2. Quem deve realizar a Hajj, e quando?

3. O que devem vestir quando os muçulmanos estão em peregrinação em Meca, e porquê?

4. Onde está a Caaba? Que aspecto tem e quem a construiu?

5. Que fazem os peregrinos quando chegam, pela primeira vez, na Caaba, em Meca, e porquê?

6. Que fazem quando os peregrinos vão para Arafat, e por quê?

Ao responder a estas perguntas, in cha Allah, os seus filhos terão compreendido o essencial sobre a Hajj e saberão o que significa a Hajj.

Para aqueles que irão, este ano, em Peregrinação, desejo-lhes uma boa viagem espiritual da fé, que orem por mim e que apresentem, em Medina, os salames também da minha parte, ao nosso querido Profeta Muhammad (s.a.w.) ■

Por: M. Yiossuf Adamgy / Al Furqán

quinta-feira, setembro 05, 2013

A LÍNGUA – Segunda Parte- JUMA MUBARAK

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso)

Luqman foi agraciado por Deus com sabedoria e deixou importantes recomendações para toda a umanidade. Não foi um Profeta, mas Deus revelou um capítulo completo do Cur’ane com o seu nome. Lucman, dirigindo-se ao seu filho com palavras sábias e contundentes, exorta toda a humanidade para o melhor carácter e para terem cuidado com a língua , como por exemplo: “E modera o teu andar e baixa a tua voz, porque o mais desagradável dos sons é o zurro dos asnos ”.Cur’ane 31:19. Quem fala muito, pode exagerar no que diz ou pode até incorrer em erro. Por isso, Luqman recomenda: 

Ó meu filho, eu nunca senti qualquer arrependimento por guardar silêncio. Se as palavras são de prata, o silêncio é de ouro”. Uma vez, quando Luqman era escravo, o seu senhor ordenou-lhe para matar uma cabra e depois trazer-lhe duas das mais agradáveis partes . Luqman assim fez e trouxe para ele, a língua e o coração . E o seu senhor perguntou-lhe se não havia mais nada agradável, em relação àquilo que trouxe? E Luqman respondeu que não. Mais tarde, o seu senhor ordenou-lhe para matar outra cabra e trazer-lhe as duas partes mais malignas do animal. Assim fez Luqman e trouxe a língua e o coração . O ordenante, surpreendido, replicou: Eu ordenei-te que me trouxesses as partes mais deliciosas e tu trouxeste a língua e o coração. E depois ordenei-te para trazeres as partes mais malignas e tu voltaste a trazer a língua e o coração. Como pode ser isso? Luqman disse: “Nada mais pode ser mais delicioso do que a língua e coração se eles forem bons e nada mais poderá ser mais maldoso, se os mesmos forem malignos”.

Abdullah b. Amr b. al-As referiu que alguém perguntou ao Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam), quem dos muçulmanos é o melhor. O Profeta respondeu: “de cujas mãos e língua os (outros) muçulmanos estão seguros”. Muslim 1.64. Uma das recomendações do islam, é o de mantermos boas relações de amizade com os nossos vizinhos, independentemente da sua filiação religiosa. Não escolhemos os nossos vizinhos e por isso é natural que nos encontremos rodeados de pessoas de todos os extractos socias. São eles os primeiros a socorrer-nos quando surge uma preocupação. Esta belíssima recomendação não é seguida por alguns, que utilizam linguagem violenta, criando conflitos permanentes. Uma mulher (ou homem) que efectua as suas orações, jejua e distribui a caridade, mas que a sua língua incomoda e magoa os vizinhos, será uma das residentes do inferno. Bhukari.

Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Na verdade, Deus fixou para o filho de Adam, a sua parte inevitável do adultério e ele está ciente disso ou não. O adultério do olho é olhar (para algo que é pecado olhar) e o adultério da língua é proferir (o que é ilícito); o que anseia e deseja (adultério) e as partes íntimas transformam isso em realidade ou se abstém de se submeter à tentação . Bhukari 77.609

Quando duas ou mais pessoas se encontram, é natural que depois de se cumprimentarem, troquem impressões acerca dos diversos aspectos das suas vidas. Esgotada a política o futebol e receitas culinárias, para preencherem os temas da conversa, passam a falar dos ausentes, caindo na calúnia . “Ai do difamador e do caluniador”. Cur’ane 104.1. Se não tiverem mais motivos de conversa, é melhor estarem juntos em silêncio, do que falarem só por falar, dizendo bobagens e acabando por caírem na calúnia. Diz o provérbio árabe: If you can’t say a good word, keep silent. Se não conseguires dizer uma boa palavra, fique calado!. 

O Isslam ensina-nos de que o valor do crente é medido pelo seu carácter e não pela etnia, cor ou riqueza. Nas entradas das Mesquitas, enquanto não se iniciam as orações, é habitual vermos os crentes em pequenos grupos dialogando. Infelizmente, em alguns desses agrupamentos afiam-se as línguas, difamando os que não se encontram presente. “Ó fiéis, que nenhum povo zombe do outro; é possível que (os escarnecidos) sejam melhores do que eles (os escarnecedores). Que nenhuma mulher zombe de outra, porque é possível que esta seja melhor do que aquela…”. Surat Hujjurat 49.11. Seria melhor que fizessem companhia aos que se encontram dentro da mesquita em meditação.

Consta num hadice de que o Profeta Muhammad (Sallalahu Aleihi Wassalam) estava a passar com os seus companheiros perto de duas sepulturas e foi-lhe revelado que os ocupantes dessas duas campas estavam a ser castigados, um porque andava sempre a intrigar e a caluniar e o outro porque não se cuidava da urina. –Bhukari e Musslim.

Allahumaghfirli yá Arhama Ráhimin”. Ó Allah, perdoa-me e tenha pena de mim, ó Tu mais Misericordioso de todos os que mostram misericórdia!.

In Sha Allah, será concluído no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 05/09/2013 abdul.manga@gmail.com

sexta-feira, agosto 30, 2013

Vamos abrir o Qur'an? Após lermos certos versículos, precisamos fazer uma prostração. Quantos são esses versículos?

Há 14 aya (versículos) no Alcorão que é sunnah fazer uma prostração ao recitá-los.

Ao todo encontramos 15 os versículos de prostração, e embora muitos considerem que sejam 14 (muitos não consideram o versículo 24 de Surat Sad). Destes 15, os sábios são unânimes quanto à 12, e divergem sobre 3.

1. Surat al-A`raaf (surah 7, versículo 206) Por certo, os que estão juntos de teu Senhor não se ensoberbecem, diante de Sua adoração e O glorificam. E prosternam-se diante dEle.

2. Surat ar-Ra`d (surah 13, versículo 15) E diante de Allah prosterna-se, de bom ou de mau grado, quem está nos céus e na terra, e também suas sombras, ao amanhecer e ao entardecer.

3. Surat an-Nahl (surah 16, versículo 49-50) E, diante de Allah, prosterna-se o que há nos céus e o que há na terra de ser animal, e também os anjos, e eles não se ensoberbecem. Eles temem seu Senhor, acima deles, e fazem o que lhes é ordenado.

4. Surat al-Israa' (surah 17, versículo 107-9) Dize: “Crede nele, ou não creais. Por certo, aqueles aos quais fora concedida a ciência, antes dele, quando é recitado para eles, caem de mento, por terra, prosternando-se. E dizem: “Glorificado seja nosso Senhor! Por certo, a promessa de nosso Senhor foi cumprida”. E caem de mento por terra, chorando, e ele lhes acrescenta humildade.

5. Surat Maryam (surah 19, versículo 58) Esse, os que Allah agraciou –dentre os profetas da descendência de Adão, e dos que levamos, na arca, com Noé, e da descendência de Abraão e Israel, e dos que guiamos e elegemos – quando os versículos dO Misericordioso se recitavam para eles, caíam prosternados e chorosos.

6. Surat al-Hajj (surah 22, versículo 18) Não viste que diante de Allah se prosterna quem está nos céus e quem está na terra, e o sol e a lua e as estrelas e as montanhas e as árvores e os seres animais e muitos dos humanos? E sobre muitos destes, cumpre-se o castigo. E aquele, a quem Allah avilta, não terá quem o honre. Por certo, Allah faz o que quer.

7. Surat al-Hajj (surah 22, versículo 77) Ó vós que cedes! Curvai-vos e prosternai-vos e adorai a vosso Senhor, e fazei o bem, na esperança de serdes bem-aventurados.

8. Surat al-Furqan (surah 25, versículo 60) E quando se lhes diz: “Prosternai-vos diante dO Misericordioso”, dizem: “O que é O Misericordioso? Prosternar-nos-emos diante do que nos ordenas?” E isso lhes acrescenta repulsa.

9. Surat an-Naml (surah 27, versículo 25-6) “Afastou-os, para que não se prosternassem diante de Allah, Quem faz sair o recôndito nos céus e na terra, e sabe o que escondeis e o que manifestais. Allah, não existe deus senão Ele, O Senhor do magnífico Trono!”

10. Surat as-Sajda (surah 32, versículo 15) Apenas, crêem em Nossos versículos os que, ao lhes serem estes lembrados, came, em prosternação, e glorificam, com louvor, a seu Senhor, e não se ensoberbecem.

11. Surat Sad (surah 38, versículo 24) (...) E Davi pensou que Nós o provássemos; então, implorou perdão a seu Senhor e caiu em prosternação, e voltou-se contrito para Nós.

12. Surat Fussilat (surah 41, versículo 37-8) E, entre Seus sinais, está a noite e o dia e o sol e a lua. Não vos prosterneis diante do sol nem da lua, e prosternai-vos diante de Allah, Quem os criou, se só a Ele adorais. E se eles se ensoberbecem, os que estão junto de teu Senhor O glorificam noite e dia, enquanto não se enfadam.

13. Surat an-Najm (surah 53, versículo 62) Então, prosternai-vos diante de Allah, e adorai-O.

14. Surat al-Inshiqaaq (surah 84, versículo 21) E quando lhes é lido o Alcorão, não se prosternam?

15. Surat al-`Alaq (surah 96, versículo 19) Em absoluto, não lhes obedeças; e prosterna-te e aproxima-te de Allah.

Sujud al-Tilawah

Uma das etiquetas da recitação do Qur’an é fazer o sujud al-tilawah ou prostração de recitação, quando alguém recita uma ayah contendo ‘sajdah’ ou lugar onde a prostração é exigida. Em Seu Livro,Allah descreve os profetas e os virtuosos da seguinte forma:
“… Quando os versículos dO Misericordioso se recitavam para eles, caíam prosternados e chorosos.” (Surah Maryam 19:58)

Ibn Katheer, que Allah tenha misericórdia dele, disse: “Os sábios concordaram que nós devemos nos prostrar aqui (quando recitar esta ayah] para seguir o exemplo deles (o mencionados nesse versículo).” (Tafsir al-Qur’an al-‘Azim, 5/238)

Sujud al-Tilawah é muito importante porque aumentao khushu. Allah diz:

“E came de mento por terra, chorando, e ele (Quran) lhes acrescenta humildade (khushu)” (Surah al-Israa’ 17:109)

Foi relatado que o profeta s.a.w. prostrava-se quando recitava Surah al-Najm em sua oração. Al-Bukhari, que Allah tenha misericórdia dele, relatou em seu Saheeh que Abu Raafi’ disse:

“Eu rezei o ‘Isha com Abu Hurayrah, que Allah esteja satisfeito com ele, e ele recitou Idhaa al-samaa’u inshaqqat [Surah al-Inshiqaaq] e se prostrou. Eu perguntei a ele sobre isso e ele disse: ‘Eu me prostrei atrás de Abu’l-Qaasim [o Profeta s.a.w.], e vou continuar a fazer isso até que eu o encontre novamente.” (Saheeh al-Bukhari, Kitaab al-Adhaan, Baab al-Jahr bi’l-‘Ishaa’).

É importante mante a prática do sujud al-tilawah, principalmente porque ela perturba o Shaytan e o reprime, enfraquecendo sua influência sobre o servo. Abu Hurayrah disse: que o Mensageiro de Allah s.a.w. disse:

‘Quando o filho de Adão recita uma sajdah, o Shaytan se vai chorando, dizendo, “Ai dele! Foi-lhe ordenado que se prostrasse e ele se prostrou, então dele é o Paraíso; Foi-me ordenado prostrar-me e eu desobedeci, então o Inferno é meu destino!” (Muslim no.133)

É sunnah fazer uma prostração do Quran, ao ler os versículos apropriados, para quem os recita, para quem está escutando atentamente e para quem os escuta por acaso.

O Imam al-Bukhari também relatou que ‘Umar disse: “Ó gente, às vezes nós recitamos um versículo de Sajdah, então quem fizer a prostração agiu corretamente e não há pecado sobre aquele que não o faz”.

Como identificamos no Quran um versículo de sajdah?

Uma linha fica acima das palavras do versículo que indicam a prostração . Algumas vezes a indicação para prostração aparece no versículo anterior ao versículo de prostração. O símbolo do sujud aparece sempre no final do versículo após o qual fazemos a prostração.
Fontes: Al Quran - ILAEI

http://spa.qibla.com/issue_view.asp?HD=3&ID=2164&CATE=389

http://honeyfortheheart.wordpress.com/khushu-in-the-prayer/sujud-al-tilawah/

quinta-feira, agosto 29, 2013

A LÍNGUA – Primeira Parte.

JUMA MUBARAK -“Na verdade, Deus fixou para o filho de Adam, a sua parte inevitável do adultério e ele está ciente disso ou não. O adultério do olho é olhar (para algo que é pecado olhar) e o adultério da língua é proferir (o que é ilícito); o que anseia e deseja (adultério) e as partes íntimas transformam isso em realidade ou se abstém de se submeter à tentação . Bhukari 77.609

O coração é a parte mais importante do nosso corpo, donde emanam todas as ordens para os órgãos do nosso corpo. “Allah não olha para os vossos corpos nem para os vossos rostos, mas sim para os vossos corações”. Muslim 32:6220. É o coração que comanda todos os órgãos do nosso corpo. E todas as nossas ações serão julgadas de acordo com as nossas intenções. A língua age em conformidade com os desejos do nosso coração. Se o coração for bom, a língua habituar-se-á a falar bem e se o coração se encontrar corrompido, a língua expressará as maiores barbaridades. A língua tem uma capacidade de se mover com maior rapidez, em relação a qualquer outro membro do corpo. Se alguém não ponderar no que vai dizer, mesmo que seja uma palavra, poderá destruir num segundo, um trabalho, uma amizade ou um relacionamento que se considerava duradouro. Por causa desse perigo, os restantes órgãos do corpo avisam a língua: “Temei a Deus por nós, pois nós estamos dependentes de ti. Se tu fores justo, as nossas acções serão justas. Se tu estiveres corrompido, nós também estaremos todos corrompidos”. At Tirmidi.

Os animais apesar de terem línguas, não conseguem falar. Ao ser humano, Deus deu-lhe a capacidade de falar, tornando-se assim mais fácil a comunicação e o entendimento e infelizmente também o desentendimento. A língua , é uma verdadeira bênção concedida por Deus, que devemos agradecer, utilizando-a para aumentar os nossos conhecimentos, manter a língua úmida (na recordação de Deus), recomendando o bem, proibindo o mal e reconciliando os que se encontram de costas voltadas. Porém, a língua deve manter-se recatada , falando só o necessário, não difamar e nem prejudicar o próximo. Antes de falarmos, devemos pensar primeiro no que vamos dizer, se é bom ou se vamos ferir alguém. Issa Ibn Mariam (Aleihi Salam) – Jesus filho de Maria, que a paz de Deus esteja com eles, passou por um porco e ele disse: “vá em paz”. Alguém perguntou: “Está a dizer isso para um porco?”. Issa disse: “Não quero acostumar a minha língua a falar mal”. Maliks Muwatta 56.1.4.

A maior parte dos nossos pecados, são cometidos através da língua. Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quem crê em Deus e no Dia do Juízo Final, deve falar boas palavras ou então, o melhor é manter-se em silêncio” . Muslim 01.75. Devemos ter em atenção com as nossas palavras, porque por cada insulto ou difamação, Deus será severo na nossa prestação de contas. Deus é conhecedor de tudo o que fazemos e o que falamos . “Criamos o homem e sabemos o que a sua alma lhe confidencia, porque estamos mais perto dele do que a (sua) artéria jugular. Eis que dois anjos da guarda são apontados para anotarem (as suas obras), um sentado à sua direita e outro à esquerda. Não pronunciará palavra alguma, sem que junto a ele esteja presente uma sentinela (anjo), pronta para a anotar”. Cur’ane 50: 16,17 e 18.

Muitas vezes as disputas religiosas, trazem consequências graves para os interlocutores. Nas discussões acerca das questões duvidosas, cada um dará a sua opinião que muitas vezes é contrária à do outro. Teremos dois “sábios” a discutirem uma matéria sobre a qual não têm qualquer conhecimento. Das discussões, passarão às palavras ofensivas e deixar-se-ão de falar por longos períodos. Mais uma vez as línguas corromperam-se e eles caíram na armadilha do sheitan, cometendo vários pecados graves. Não seguiram as orientações do Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam): “Devemos estar longe do que é duvidoso, do qual não temos conhecimento, porque aquele que se protege contra as coisas duvidosas, mantém a sua religião e a sua honra irrepreensíveis; Bhukari 2:49 e Muslim 10:3882. “Não é permitido a um crente deixar de falar com outro crente, por um período acima de três dias. Se passarem 3 dias, ele deve procurar com quem se zangou e saúda-lo. Se o outro responder a saudação, ambos partilharão a recompensa. Mas se não retribuir a saudação, então este carregará o fardo do seu pecado e quem tiver cumprimentado, estará livre do pecado”. Relato de Abu Daud.

Allahumaghfirli yá Arhama Ráhimin”. Ó Allah, perdoa-me e tenha pena de mim, ó Tu mais Misericordioso de todos os que mostram misericórdia!

In Sha Allah, continua no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 29/08/2013 abdul.manga@gmail.com

sábado, agosto 24, 2013

Que profeta é conhecido como Dhul-Nun ذو النون- Profeta Jonas (Yunus) Aleihi Salam

E Zan-Nun, quando se foi, irado, e pensou que não tínhamos possibilidade de repreensão contra ele; então clamou nas trevas: “Não existe deus senão Tu! Glorificado sejas! Por certo, fui dos injustos.” 21:87

Allah, O Todo-Poderoso, convocou Yunus para pregar para o povo de Nineveh. Nineveh era uma grande cidade, capital de Assíria, e tinha se tornado um lugar muito perverso. Yunus foi até este povo e lhes disse para abandonarem seus maus hábitos e se voltarem para Allah. Mas eles não lhe deram ouvidos e assim Yunus os abandonou invocando a ira de Allah sobre eles. Sua pregação havia falhado então ele saiu enraivecido. Este foi a primeiro toque humano da história de Yunus. Mesmo sendo um profeta, Yunus era um ser humano e saiu enraivecido da cidade de onde ele não conseguiu o que queria. Ele sentiu que sabia o que Allah deveria fazer com aquele povo, pedindo a Allah que os punisse. Podemos identificar Yunus aqui, certo? Em um nível humano, nós geralmente desistimos muito rápido, e geralmente nos afastamos quando não conseguimos o que queremos. Em um nível espiritual, nós vemos muita perversidade no mundo e pensamos que sabemos como os malfeitores deveriam ser tratados. Algumas pessoas até assumem a punição desses.

Tendo deixado a cidade para trás. Yunus embarcou em um navio. Ele já estava farto de pregar a mensagem de Allah e decidiu navegar para longe do cenário desta falha. Uma vez no mar, entretanto, uma tempestade surgiu e a tripulação ficou aterrorizada. Esses navegantes pagãos pensaram que os deuses dos mares deviam estar insatisfeitos com eles, então fizeram um sorteio para retirar um homem da embarcação e acalmar a tempestade. Yunus foi sorteado, não uma, mas três vezes, e a tripulação aterrorizada o lançou no mar para protegerem a si e a embarcação.

Na água, algo extraordinário aconteceu. Allah enviou um peixe enorme, que alguns descreveram como sendo uma baleia, para engolir Yunus inteiro. No ventre na baleia, Yunus desceu ao fundo do oceano, tomado de desespero. Como ele poderia sobreviver a esse desastre? Que saída poderia haver para tal situação? Ele foi coberto pela escuridão: a escuridão da profundeza; a escuridão do ventre da criatura; e a pior de todas, a escuridão do desespero. Mesmo sendo um homem religioso, convocado para ser profeta, ele experimentou a dúvida e o desespero, e foi quando ele estava nas profundezas do desespero que as coisas mudaram para ele. No Quran, nós lemos que Yunus “clamou nas trevas”. Ele de deu conta de que Allah, O Todo-Poderoso, e não ele, estava no controle das coisas. Ele clamou: “Não existe deus senão Tu!” e pediu por ajuda. E pedindo ajuda, sua prece foi atendida.

Ibn Kathir comentou sobre esta parte da história, que quando Yunus admite que não existe nenhuma divindade além de Allah e que só Allah pode salvá-lo, algo maravilhoso acontece. Primeiro, a baleia começa a cantar louvores a Allah, depois também todos os pequenos peixes próximos a ela, e então todas as criaturas do mar, cada um de sua própria forma, até que houvesse um grande coro de louvor. A baleia nadou até a superfície e expeliu Yunus na praia. Assim como Allah usou a baleia para salvar Yunus na tempestade e de se afogar no oceano, Ele também a usou para levar Yunus a salvo para a terra novamente.

E tem mais. Yunus se sentia enjoado e dolorido enquanto deitava na areia sob um calor abrasador, ainda sem saber o que seria dele. Allah cuida ainda mais dele e faz crescer uma planta sobre ele para cobri-lo com sua sombra. Quando ele se recuperou do suplício e sua pele parou de doer por causa dos ácidos no estômago na criatura, ele decidiu retornar à Nineveh e ver o que tinha acontecido com a cidade e com seus habitantes. Quando ele chega lá, para sua grande surpresa ele vê que a cidade e os habitantes não tinham sido destruídos, mas que haviam todos se voltado para Allah. Sua mensagem os havia alcançado. Talvez quando eles viram a tempestade terrível crescendo distante, eles tenham visto nela uma imagem do que os atingiria se eles não se arrependessem. Não sabemos porque eles se voltaram para Allah, mas eles o fizeram. Yunus, então, após suas aventuras, finalmente ficou feliz pois sua missão havia sido completada.

Há muito que esta história de Yunus pode nos ensinar. Primeiro, leiam vocês mesmos no Quran. Yunus é mencionado nos seguintes versículos:

Surat an-Nissa 4:163; Surat Al-An’am 6:86; Surat Yunus 10:98; Surat Al- Anbiyah 21:87; Surat As-Saffat 37:139-148; e Surat Al Qalam 68:48-50.

sexta-feira, agosto 23, 2013

O Véu, Arma Contra a Islamofobia na Suécia

Na Suécia, apresentadoras de televisão, cantoras, políticas e dezenas de mulheres e homens anônimos, não muçulmanos, decidiram pôr um véu como forma de protesto, depois de um suposto ataque racista (em apoio a muçulmana grávida agredida no país). A iniciativa provocou furor nas redes sociais. Usando o hijab, as mulheres publicaram as sus fotos 'veladas'. As fotos podem, igualmente, ser vistas no Instagram.

O acontecimento que deflagou  a iniciativa ocorreu sexta-feira passada num parque de estacionamento em Estocolmo. Uma moça de 20 anos, grávida, foi agredida no subúrbio de Farsta. Um desconhecido bateu a cabeça dela contra um carro. Segundo o porta-voz da polícia, Ulf Hoffman, na imprensa local, diz não haver nenhuma dúvida de que isso é um crime racista.

Os organizadores dizem que não é um caso único, e que tais crimes estão crescendo na Suécia. "Queremos que as pessoas usem o lenço, na segunda-feira. Em primeiro lugar, porque queremos normalizá-los. As pessoas vêem os véus e os muçulmanos como algo estranho (impróprio). Esta poderia ser uma boa oportunidade para conhecer o que as mulheres muçulmanas estão passando", explicou Bilan Osman, um dos organizadores, ao Diário Göteborg.

Segundo um amigo da mulher atacada, que falou com a Radio Sveriges, resgaram o véu da vítima e depois bateu com a cabeça dela contra um automóvel até ela desmaiar, enquanto proferiram insultos racistas.

Num artigo de opinião publicado no jornal sueco 'Aftonbladet' no domingo, os organizadores do #hijabuppropet instaram a Ministra da Justiça, Beatrice Ask, a tomar medidas para "garantir o direito à segurança pessoal e a liberdade religiosa muçul-mana sueca, sem estar sujeita a ataques verbais e físicos", recolheu a Al Jazeera.

A apresentadora da Televisão mudou Gina Dirawi mudou a sua foto de Twitter e, juntou-se, também ao movimento da política Palma de Verônica.

«O princípio da liberdade religiosa é um princípio por todos partilhados. Contudo, será isto o que verdadeiramente se verifica? «Governos e a Sociedade Civil devem reagir perante a ISLAMOFOBIA e diante de qualquer prática que fomente o ódio e a intolerância religiosa, incluídos os ataques aos lugares de culto; só o fomento da compreensão, da tolerância e do respeito em questões de liberdade cultural e religiosa poderão assegurar o futuro da convivência democrática».

Fonte: 22/08/2013 - Autor: Amanda Figueras - Fonte: elmundo.es http://www.elmundo.es/elmundo/2013/08/20/internacional/1377009073.html (Tradução: M. Yiossuf Adamgy / Al Furqán).

quinta-feira, agosto 22, 2013

E NÃO NOS CABE MAIS DO QUE TRANSMITIR A MENSAGEM. Segunda e última parte do tema:

Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" .

No Surat 36 (capítulo do Cur’ane com o nome Yácin), encontramos palavras de conforto que Deus, o Altíssimo, transmitiu ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), quando ainda estava em Maka, após as primeiras revelações. Nos primeiros tempos da divulgação do monoteísmo, apelando aos Coraixitas para deixarem de adorar ídolos, que nada lhes serviam, foi muitas vezes agredido e maltratado. Os descrentes referiram que Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) não podia ser um mensageiro por ser um homem como eles e que ele pretendia desvia-los das tradições dos seus antepassados. Assim, nos seguintes versículos do Surat Yácin, Deus explica ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) que a mesma situação aconteceu aos mensageiros que mandou para uma certa cidade:

E lembra-lhes como exemplo o que aconteceu aos moradores duma certa cidade, quando lá chegaram os mensageiros. Yácin 36:13

Alguns comentadores referem-se à cidade de Antioquia, onde reinava o rei Antíoco. Outros referem que não há evidências de que se refere a esta cidade. O objectivo deste versículo foi alertar os Coraixitas por seguirem o mesmo exemplo da teimosia do povo daquela cidade, negando as mensagens de Deus, transmitidas pelos Seus Mensageiros.

Quando Nós (em primeiro lugar) lhes enviamos dois mensageiros e eles os desmentiram; e então Nós reforçamo-los com um terceiro; Eles (os três) disseram: “Ficai sabendo que fomos enviados a vós como mensageiros”. Yácin 36:14

Eles disseram: “Não sois senão mortais como nós, sendo que o Beneficente não vos revelou nada; vós não fazeis mais do que mentir”. Yácin 36:15.

Foram rejeitados muitos Mensageiros porque os povos não acreditavam que simples humanos pudessem ser portadores de revelações divinas. “Eles dizem: que espécie de mensageiro é este que come e se move nas ruas” . Al.Furqan 7. O povo de ‘Ad também rejeitou o Profeta Hud (Aleihi Salam) referindo que ele não era mais do que um ser humano. Ao Profeta Salih (Aleihi Salam) também foi-lhe dito pelo povo de Thamud: “vamos seguir um homem entre nós mesmo?”. (Al Qamar 24). E os Profetas de Deus sempre lhes respondiam: “É verdade que não somos mais do que seres humanos como vocês, mas Deus mostra o Seu favor aos Seus servos que Lhe apraz. (Ibrahim 10,11). Os descrentes de Maka também não aceitaram Muhammad (Salalahu Aleihi wassalam), por ser um homem como eles e saído deles mesmos. No Cur’ane e em todos os outros Livros Sagrados, é referido de que os mensageiros eram seres humanos e não anjos ou seres sobrenaturais.

Os mensageiros disseram-lhes: “Nosso Senhor sabe na verdade que somos enviados a vós, como mensageiros”. Yácin 36:16 
“E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem”. Yácin 36:17

Com estes versículos Deus tranquiliza e também lembra ao Profeta Muhammad (Salalalu Aleihi Wassalam) de que a sua missão é só o de transmitir a palavra de Deus. Se a aceitarem, serão bem aventurados neste e no outro mundo. Se a rejeitarem, prestarão contas por isso. E cabe a Deus encaminhar ou não os desviados. 

Lembremo-nos de que o Profeta insistia com o seu tio Abdul Talib para se converter ao Islam. De acordo com a narração de Al-Musaiyab, quando Abu Talib estava no seu leito da morte, Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam) foi visitá-lo e encontrou Abu Jahl que estava sentado ao lado dele. O Profeta disse: Ó meu tio diga: “Ninguém é digno de ser adorado, excepto Deus”, uma expressão com a qual te vou defender perante Deus”. Abu Jahl e Abdullah Bin Umaya disseram: “Ó Abu Talib, tu vais deixar a religião de Abdul Mutalib?”. E eles continuaram a dizer estas palavras e as ultimas palavras proferidas por ele (antes de morrer), foram: “Eu estou na religião de Abdul Mutalib”. Então o Profeta disse “Eu vou continuar a pedir perdão a Deus para ti, a menos que eu seja proibido de o fazer”. Então, foi revelado o seguinte versículo do Cur’ane: “É inadmissível que o Profeta e os fiéis implorem perdão para os idólatras, ainda que estes sejam seus familiares…” 9:113. Outro versículo foi revelado: “Por certo que não és tu que orientas a quem queres; contudo Deus orienta a quem Lhe apraz, porque conhece melhor do que ninguém os encaminhados. 28:56. Bhukari 58:223.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá 22/08/2013 abdul.manga@gmail.com

quarta-feira, agosto 21, 2013

A Compaixão no Islão - Por: M. Yiossuf Adamgy (Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán)

Será a compaixão central ao Islão? Muitas pessoas pensam que a jihád é mais importante para o Islão do que a compaixão. Pelo menos, esta é a impressão geral das pessoas, incluindo, naturalmente, os muçulmanos. Mas não é bem assim. A compaixão é muito mais central ao Islão do que a jihád. Certos acontecimentos na história do Islão e também no mundo contemporâneo é que fizeram com que esta impressão sobre a jihád se fosse espalhando...

De fato, a compaixão representa o verdadeiro espírito do Islão e é muito mais essencial aos ensnamentos islâmicos do que outra coisa qualquer. Existem certas palavras-chave no Alcorão que são extremamente destacadas, das quais quatro são frequentemente repetidas: rahmah, ihsan, ‘adl e hikmah (compaixão, bondade, justiça e sabedoria). Rahmah (compaixão, misericórdia) e as suas raízes abundam no Alcorão Sagrado. Entre os próprios nomes de Deus (ár. Allah) estão Rahman e Rahim (Beneficente e Misericor-dioso). Um muçulmano começa tudo por recitar Biçm-i-Allah al-Rahman al-Rahim (ou seja, começará em nome de Allah, Beneficente e Misericordioso). Assim, um muçulmano deverá invocar Deus como sendo compas-sivo e misericordioso em todos os momentos. Não invoca os outros nomes de Allah (de acordo com a crença islâmica, Allah tem 99 nomes), apenas o invoca como sendo Misericordioso e Compassivo.

O Alcorão também diz que os crentes (Mu'minin) são misericordiosos uns com os outros. Allah é chamado, pelo Alcorão, como Rahim e Rahman. E de acordo com Mufradat, do Imame Raghib, Rahman é Aquele cuja misericórdia engloba todos, não apenas todos os seres humanos, mas também toda a criação. Assim, só Deus pode ser Rahman, ninguém mais. Nós, os seres humanos, temos as nossas próprias limitações.

Amamos os nossos companheiros religiosos mais do que aqueles que pertencem a outros grupos religiosos; amamos aqueles que falam a nossa própria língua mais do que aqueles que falam outras línguas; e amamos os seres humanos mais do que os animais.

Mas não é assim com Allah. Allah ama e concede a Sua misericórdia de forma igual para todos. E se fomos realmente crentes em Allah, também não devemos fazer tais distinções. Devemos amar todos os seres humanos, independentemente de pertencerem ou não à nossa religião, falarem ou não a mesma língua ou terem ou não a nossa cor de pele. Se Deus é Rahman (Misericordioso) para todos nós, os Seus servos também devem tentar imitá-Lo tanto quanto puderem. A verdadeira ‘ibadah (adoração) pode apenas ser afirmada quando tentamos beber os elementos da Sua conduta.

Desta forma, um verdadeiro muçulmano é aquele que, embora fiel às suas tradições, mostra igual amor e compaixão por todos os seres humanos, quer pertençam ou não à sua fé. Cada fé é única e deverá ser reconhecida como tal, mas não deve ser uma ferramenta para a discriminação. O próprio Alcorão declara que todos os seres humanos, todos os filhos de Adão foram honrados da mesma forma (17:70). Assim, não há justificação para mostrar discriminação com base na religião, no que respeita aos ensinamentos do Alcorão.

Muitos ‘Ulema (eruditos) proeminentes alegaram que Deus é Rahman (Misericordioso) porque gostava até de kafirs (descrentes). Há uma importante tradição sufi que é um bom indicador desta compaixão de Allah. Diz- -se que o Profeta Ibrahim (Abraão), paz esteja com ele, não comia a menos que houvesse algum convidado na sua mesa. Uma vez, aconteceu que nenhum convidado apareceu e o Profeta Abraão (a.s.) estava com fome. Então, Abraão saiu à procura de um convidado e encontrou um homem muito idoso na floresta próxima. Convidou o homem para jantar com ele e o homem concordou e começou a caminhar com Abraão. No caminho, Abraão perguntou-lhe sobre a sua religião e o homem respondeu que era ateu. O Profeta Abraão ficou irritado e cancelou o seu convite. Após ter feito isto, ouviu uma voz do alto: “Ó Abraão, Nós toleramo- lo (esse homem muito idoso) durante setenta anos, apesar da sua descrença e tu não conseguiste tolerá-lo uma milionésima parte de 70 anos”. Abraão arrependeu-se e levou o homem para jantar.

A lição é clara: em que acreditar e quem está certo e quem está errado é uma questão que deve ser deixada a Allah e não ao nosso juízo fraco. Os nossos julgamentos são frequentemente influenciados por vários factores, incluindo o nosso ego, os nossos interesses, as nossas crenças, a cor da nossa pele e a nossa etnia. Só Deus pode julgar da forma mais imparcial. Assim, o nosso respeito pelos outros e a nossa compaixão não devem estar destinados a um número limitado de grupos. Devem ser o mais amplo possível.

Quando o Alcorão refere os pontos fracos (musta’ifun), não os qualifica como muçulmanos. Usa os musta’ifun como sendo de todos os seres humanos. E todos eles são igualmente merecedores da nossa compaixão e da misericórdia de Allah, nem mais, nem menos. O Alcorão não usa palavras como órfãos muçulmanos, viúvas muçulmanas ou escravos muçulmanos. Usa essas palavras no geral, sem qualificação alguma. Da mesma forma, o Alcorão não usa qualquer qualificação para os poderosos e arrogantes. Podem pertencer a qualquer religião, raça ou etnia. A arrogância é condenável, seja qual for o lugar em que se encontre.

A atitude do Alcorão é tão compassiva para com todos os seres humanos que, mesmo na questão de wassiyyah (ou seja, fazer um testamento) aconselha que, tirando a família, se alguém necessitado estiver presente nesse momento, há que tomar providências para com ele também. Além disso, o Alcorão usa a palavra sadaqah para a caridade, que deriva da raiz que significa Sidq – veracidade. A verdadeira caridade (sadaqah) é feita com total sinceridade e honestidade. Tudo o que for dado para mostrar e exibir, ou que não for dado com a intenção sincera e compassiva, não será considerada sadaqah.

Apenas esse sentimento se pode qualificar como compaixão, que move o nosso coração para o sofrimento dos outros e que nos motiva a ajudar os outros. Por isso, o uso da palavra sadaqah para caridade é muito significativo. É a condição de uma pessoa humana e não a sua religião que deve movê-la a ajudar. A compaixão é a uma das melhores qualidades que se pode ter para com as outras criaturas, especialmente em relação aos outros seres humanos e animais. É o sofrimento que é mais fundamental; não é a nossa religião, língua ou raça.

O Alcorão, que descreve algumas qualidades de um bom crente, diz: “Apressai-vos em obter a indulgência do vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à dos céus e da terra, preparado para os tementes, que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que perdoam o próximo. Sabei que Allah aprecia os benfeitores, que, quando cometem uma obscenidade ou se condenam, mencionam a Allah e imploram o perdão por seus pecados – mas quem, senão Allah perdoa os pecados? – e não persistem, com conhecimento, no que cometeram.” (3:134).

Assim, constata-se que aqueles que controlarem a sua raiva e perdoarem os outros e fizerem o bem aos outros, são aqueles a quem Deus ama. E essas qualidades estão muito na base da compaixão. A raiva e a violência são sempre denunciadas por Allah. São o exato oposto da compaixão. Um dos nomes de Deus é Ghafur, ou seja, aquele que perdoa, aquele que não é vingativo. Uma pessoa compassiva jamais pode ser vingativa.

Do estudo mais minucioso do Alcorão e dos Ahadith pode-se concluir que a compaixão é a melhor qualidade humana e que ninguém merece ser considerado humano a menos que seja compassivo. Por conseguinte, a compaixão é bastante central aos ensinamentos do Islão. 

Fonte:Reflexões Islâmicas - nº. 26 - www.islao.pt /www.alfurqan.pt - alfurqan2011@gmail.com / alfurqan04@yahoo.com

segunda-feira, agosto 19, 2013

O meu Comentário à reflexão islâmica intitulada «Seguindo as Tradições» da autoria de Joseph Islam, e traduzida e enviada por Yassin Fakir

Por: M. Yiossuf Adamgy

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

O nosso irmão e leitor de “Al Furqán” Yassin Fakir traduziu e enviou para a Al Furqán o artigo intitulado «Seguindo as Tradições», da autoria de Joseph Islam, o qual foi publicado na “Reflexão Islâmica” nº. 24.

Na altura, não obstante o artigo em questão requerer um comentário esclarecedor da minha parte, em ralação a alguns pontos, publiquei-o na sua íntegra, acrescentando-lhe, no entanto, apenas e em separado, uma informação sobre o livro «Um Dia na Companhia do Profeta Muhammad (s.a.w.)», editado pela “Al Furqán”, livro esse que apresenta 100 “Ahadith” seleccionados, para que os Muçulmanos e Não-Muçulmanos se familiarizem com a Sunnah do Profeta Muhammad (s.a.w.).

Decidi fazer o meu comentário, posteriormente e em separado, na “Reflexão Islâmica” seguinte, ou seja esta, a nº. 25.

Entretanto, quando me preparava para a publicar, recebi do ilustre Maulana Rizwan, Director do Colégio Islâmico de Palmela, um e-mail, onde manifesta o seu desagrado em relação ao conteúdo do artigo de Joseph Islam, e dizendo, a dado passo, o seguinte, que passo a citar:

«No artigo que Bhai Yussuf enviou, o autor (Joseph Islam) diz:

"Comer com a mão esquerda ou a mão direita não é uma questão do Alcorão. Mas, se alguém afirma, sem o mandado do Alcorão que os crentes são obrigados a comer com a mão direita por uma questão religiosa, então isso é inaceitável à luz do Alcorão, independentemente de como muçulmanos tentam justificar as tradições em nome do Profeta."

Isto é muito grave, não sei se Bhai Yussuf conhece pessoalmente o autor ou não, mas o teor do artigo evidencia a teoria dos Munkirin Hadith (ou Quránis).

Hoje falou de comer com a mão direita não estar no Qurán, por isso, simplesmente, rejeita-se apesar de à luz de claros Ahadith Sahih este acto ser considerado Sunnah do nosso Querido Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam). Hoje é isso amanhã talvez se questione onde está no Qurán que Salatul Fajr tem dois Fardh e Zuhr quatro e que Asr tem quatro e assim sucessivamente.

Com certeza que terá conhecimento dos Ahadith mas apenas por uma questão de relembrar deixo aqui dois Hadith claros: 

a) Sayyiduna Abdullah Ibn Umar (Radiyalláhu Anhuma) relata que Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) disse: "Quando um de vós comer, deve comer com a mão direita e se beber também deve beber com a mão direita." (Musslim, Tirmizi)

b) Sayyiduna Abdullah Ibn Umar (Radiyalláhu Anhuma) relata que Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) disse: "Nenhum de vós não deve comer ou beber com a mão esquerda pois o shaitán é que come e bebe com a mão esquerda." (Musslim)

Referir-se acerca deste tipo de narrativas claras e sucintas como não aceitável à luz do Alcorão é simplesmente o caminho da rejeição da fonte do Islám ou seja a Sunnah (Hadith). Pelo conhecimento que tenho de si, creio que até Bhai Yussuf não corroborará com essa visão pois nesse mesmo email há o anúncio de mais uma obra sua onde o Senhor, Mashaallah, escreve no sinopse o seguinte:

«Este livro observa as regras e as normas desde ao erguer-se ao alvorecer até à hora de ir dormir, na última parte da noite.

Os 100 Ahadith apresentados neste livro foram seleccionados e traduzidos pelo autor, das colecções de Sahi al-Bukhari, Sahi Muslim, Jami al-Tirmidhi, Sunan Abu Daud, Sunan al-Nissa’i e Sunan Ibn Maja. A maior parte foi retirada de Miskatal-Masabih e Riyad al-Salihin».

Bhai Yussuf sabe que o nosso querido Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) deixou para a Ummah duas coisas acerca das quais ele foi claro:

"Deixo ficar convosco duas coisas que se segurarem a elas jamais se desviarão: Livro de Allah e a minha Sunnah."

Por conseguinte, tentar compreender o Quran sem a Sunnah (Hadith) não só é impossível como até é contra a orientação do próprio Qurán que diz:

"E a Ti enviamos a Mensagem para que expliques os humanos a respeito do que foi revelado, para que meditem." (Surah Nahl (16), Versículo 44).

Portanto, Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) é o Mufassir (explicador) do sagrado Qurán, não sendo possível entender o Sagrado Qurán sem a sua explicação.

O facto de este artigo ter sido enviado por si, um homem respeitado por todos na nossa Comunidade, poderá criar nos nossos irmãos e irmãs muitas dúvidas e confusão, algo que shaitán aproveitará para desestabilizar o Imán (fé) que infelizmente nem é tão forte, nos dias de hoje.

Assim, agradeço que reflicta sobre as observações que deixo aqui e inshaallah se pretender, poderemos falar pessoalmente, também.

Jazakallah pela sua atenção.

Wassalam.

Rizwan».
///
Respondi ao Maulana Rizwan, dizendo-lhe que concordava com ele, agradecendo a sua intervenção. Que eu próprio era de opinião que se deve esclarecer, tanto que estava já a preparar um artigo a esse respeito. Com a sua ajuda, seria melhor.

Face ao exposto, solicitava a sua autorização para, baseando nesse seu e-mail, divulgar estas suas observações (e outras mais que fossem convenientes) na próxima reflexão. E que esperava que, in cha Allah, com esse esclarecimento, pudesse transmitir e rebater essas posições, não obstante o autor do artigo ter a respectiva liberdade de pensamento.

Quanto à sua afirmação ou opinião, no final do seu e-mail: “o facto de este artigo ter sido enviado por si, um homem respeitado por todos na nossa Comunidade, poderá criar nos nossos irmãos e irmãs muitas dúvidas e confusão...”, devo dizer, aqui, com todo o respeito e sinceridade, que não comungo dessa opinião, pois não obstante estar em desacordo em relação a alguns pontos deste artigo de Joseph Islam (traduzido e enviado por Yassin Fakir) que aqui se irá esclarecer, há que sublinhar o respeito que o autor merece, como testemunho revelador da tolerância, da liberdade de pensamento e do nível intelectual do debate de ideias dos pensadores. A minha missão é trazer luz à essas questões, de acordo com a Sunnah do Profeta (s.a.w.), sem contundir com o Alcorão.

Posto isto, aqui vai o meu simples e curto esclarecimento (embora, a esse respeito, já o tivesse feito, noutros meus artigos):

É certo que a primeira fonte do Islão é o Alcorão e depois a Sunnah, os Ahadith que servem para explicar e esclarecer os versículos Alcorânicos. Não para os contrariar. Por conseguinte, os Quranis não estão certos na sua inclinação de seguirem exclusivamente o Alcorão, pois erram ao supor que se seguirem Muhammad (p.e.c.e.) não estão a seguir o Alcorão. Obedecer ao Profeta é obedecer a Deus (ár. Allah). [Alcorão, 4:80]. Na verdade, vós tendes um bom exemplo no Mensageiro de Allah… [Alcorão, 33:21].

Por outro aldo, o Profeta Muhammad (p.e.c.e.) distinguia, inequivocamente, aquilo que lhe tinha chegado sob a forma de revelação divina, e o que não: «Não passo de um ser humano. Quando vos ordeno algo relativo à vossa religião, aceitem-no. Se vos ordenar algo baseado na minha opinião pessoal, sou meramente um ser humano».

Os seus seguidores assim o sabiam, pois ele frequen-temente seguia os seus conselhos ao invés de insistir nas suas próprias ideias, quando estas não eram reve-lações.

Aceitam a palavra do Alcorão e de Muhammad (p.e.-c.e.), que este era um ser humano que cometia falhas mas, como era um Profeta, era corrigido por Allah. 

Aceitam a palavra do Alcorão e que o Alcorão (os seus ensinamentos, como originalmente transmitidos, — i.e. o seu significado, Alcorão, 56:77-80) será preser-vado. Esta promessa não abarca os Ahadith. Os Aha-dith, apesar de conterem a Sunnah do Profeta (s.a.w.) são variáveis, tanto em termos de qualidade, confiança e interpretação. Devemos ser cautelosos na sua abordagem, embora não haja necessidade de os rejeitar a todos. É através dos Ahadith (Sahih) que sabemos a história do Profeta (s.a.w.) e a compre-ensão da revelação do Alcorão.

Existe sempre a possibilidade de seleccionar alguns Ahadith que são triviais, outros que aparentemente con-tradizem o Alcorão, outros que se contradizem entre si, outros ainda que são relatos diferentes de um mesmo acontecimento, outros elaborados como acrescentos ou distorções por sectários e assim por diante. Apesar dis-so, existem muitos que nos relatam as circuns-tâncias em que alguns dos versículos do Alcorão foram revelados, outros que nos dizem como aque-les foram interpretados e aplicados em determinada altura, e outros ainda que iluminam os versículos do Alcorão.

Se Allah me ajudar e se tiver algum apoio financeiro, gostaria, de um dia, publicar, para esclarecimento desta temática (Alcorão e a Sunnah são fontes inseparáveis do Islão), um trabalho intitulado "A Ciência do Hadith", estudando duas ciências principais: ‘ilm al-hadîz riwâyatan (a ciência do hadith enquanto a sua trans-missão) e o ‘ilm al-hadîth dirâyatan (a ciência do hadith como investigação)..., dando ênfase que a Sunnah tem, categoricamente, o seu lugar na Legislação Islâmica, e isso porque o Profeta Muhammad (s.a.w.) ordenou aos seus companheiros que obesdecessem o Alcorão e a Sunnah.

Para os eruditos do Islão, na verdadeira acepção da palavra, a Sunnah é o registo de todos os feitos, ditos e confirmações do Mensageiro, não obstante ser a segunda fonte da Legislação Islâmica (o Alcorão é, obviamente, a primeira).

O Alcorão e a Sunnah são inseparáveis. A Sunnah clarifica as ambiguidades que contém o Alcorão, explicando-se sobre o mencionado de modo sucinto neste; especificando o não condicionado; generalizando o específico; e particularizando o geral...

Por exemplo, como orar, jejuar, dar esmola e fazer a peregrinação é estabelecido e explicado na Sunnah. Na verdade, a Sunnah é relevante no que diz respeito a todos os aspectos do Islão e os muçulmanos devem viver de acordo com isso. Por este motivo, tem sido estudado e transmitido, de geração em geração, quase com o mesmo cuidado que com o Alcorão. 

O Profeta (p.e.c.e.) ordenou aos seus Companheiros que obedecessem a Sunnah categoricamente. Falou claramente para que eles pudessem entender e memorizar as suas palavras e os exortou que transmitissem a sua palavra às gerações futuras. Às vezes, ele até pedia que eles escrevessem as suas palavras, uma vez que "tudo o que digo é verdade". Os Companheiros prestavam toda atenção aos seus ditos e feitos e mostravam um grande desejo de moldar as suas vidas à dele, mesmo nos pequenos detalhes. Consideravam cada palavra e ação dele como um mandato divino ao qual deviam respeitar e seguir da forma mais fiel possível. Ao considerar as suas palavras como presentes divinos, eles interiorizaram-nas, preservaram-nas e transmitiram-nas.

Considerando que a verdade é a pedra angular do carácter muçulmano, os Companheiros não mentiam. Da mesma forma não alteraram o Alcorão, fazendo tudo o possível para preservar as tradições e confiá-las para as gerações futuras, memorizando-as ou escrevendo-as. Entre as colecções de Hadith feitas na época dos Companheiros, existem três muito famosos: a Al-Sahifa al-Jurema por Abdallah ibn Amr ibn al-As, Al-Sahifa Al- Saheehah por Hammam ibn Munabbih e Al-Majmu por Zayd ibn Ali ibn Husayn.

Os Companheiros foram extremamente sérios narran-do as tradições. Por exemplo, Aisha e Abdallah ibn Omar (r.a.) narraram-nas palavra por palavra, sem mudar sequer uma única letra. Ibn Massud e Abu al-Darda (r.a.) tremiam como se tivessem febre, quando se lhes pedia para que transmitissem uma tradição.

O Califa Omar ibn Abd al-Aziz (que governou durante a época de 717-720 d.C.) ordenou que fossem escritas as tradições preservadas oralmente e rela-tado numa base individual. Personalidades famosas tais como Said ibn al-Musayyib, Alqama, Sufyan al-Zawri e Zuhri, foram os pioneiros desta tarefa sagrada. Em seguida, eles foram seguidos pelos grandes especialis-tas que concentraram completamente na transmissão exacta das tradições e no estudo de seu significado, formulação e prudentes críticas de seus narradores.

Graças a todos eles, temos uma segunda fonte do Islão na sua pureza original. Somente através do estudo da vida do Profeta (s.a.w.) e moldando a ela a nossa vida, é que se pode alcançar a satisfação de Allah e o caminho que conduz ao Paraíso. Os grandes santos receberam a sua luz deste "sol" e guia, o Profeta Muhammad (s.a.w.), enviando-a aos que se encontra-vam na obscuridade, a fim de que pudessem encontrar o seu caminho.

Posteriormente o Bukhari e o Muslim e outros fizeram o seu melhor ao seleccionarem os Ahadith, não obstante terem rejeitado milhares de Ahadith aquan-do da sua consagrada selecção, por duvidarem da veracidade dos mesmos; ainda assim, eventualmente, poderão ter passado alguns Ahadith com falhas ou não serem correctos. Por conseguinte, os eruditos islâmi-cos são, na sua maioria, unanimes em afirmar que qualquer hadith que, em vez de esclarecer, contrarie o espírito dos versículos Alcorânicos, deve ser rejeitado.

«Quem introduza na nossa Sunnah uma opinião que não existia, será rejeitado”. (Bukhari, Muslim e Ibn Maja).

Este válido critério foi observado pelos grandes eru-ditos do Islão, desde o início. Hazrat Aisha (r.a.) teve um papel de capital importância no que se chamou a codificação ou regulamentação da Tradição do Profeta (s.a.w.) ou Tawtiq as-sunna. Foi a primeira sábia que criou as bases para esta codificação utilizando, parti-cularmente, o princípio da confrontação do hadith com o Alcorão. A sua célebre frase “Entre vocês e eu está o Livro de Deus”, dita num dos seus debates com outros sábios, foi tomada como base da legislação de nume-rosas disciplinas a fim de avaliar qualquer hadith, antes da sua propagação e difusão.

Continua a ser o fio condutor dos pensadores actuais. Ibn Khaldun escreveu: "Não acredito em nenhum Hadith ou relato de um Companheiro do Profeta, paz esteja com ele, como sendo verdadeiro se diferir do sentido do Alcorão, por muito fidedignos que tenham sido os seus narradores. Não é impossível que um narrador pareça fidedigno, embora seja movido por outros motivos. Se os Ahadith fossem analisados pelos seus conteúdos como o foram relativamente à cadeia de narradores que os transmitiram, grande parte deveria ter sido rejeitado. Um princípio aceite é o de que um Hadith pode ser rejeitado se divergir do sentido do Alcorão, dos princípios da Chariah, das leis da lógica, ou de qualquer outra verdade evidente". Este critério, que foi apresentado pelo Profeta Muhammad (p.e.c.e.) e seguido por ibn Khaldun, está em perfeita harmonia com a análise científica moderna».

Espero ter esclarecido, satisfatoriamente.

Que Deus nos abençoe a todos, concedendo-nos orientação e felicidade. Qualquer bem que advenha deste esclarecimento, deve-se à benevolência de Deus e, caso eu tenha dito algo inútil, foi por defeito meu. Deus, o Altíssimo, é perfeito.

Crê quem quiser, não crê quem quiser. Apenas Allah nos julgará.

"Ó Allah! É de Ti que dependemos, é a Ti que recorremos, e é para Ti que todos nós regressaremos." (Alcorão, 15:19). ■

sexta-feira, agosto 16, 2013

E NÃO NOS CABE MAIS DO QUE TRANSMITIR A MENSAGEM – 1ª. Parte

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício de Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações -  JUMA MUBARAK

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Estas palavras proferidas no final das intervenções dos nossos ulemás (responsáveis religiosos), constituem o versículo número 17 do Surat Yácin. Para melhor compreendermos o sentido desta advertência, vamos analisar alguns versículos do Cur’ane, onde Deus relata ao Profeta Muhammad (Salalahu Aleihi Wassalam), os acontecimentos duma certa cidade que, a exemplo de alguns Coraixitas (residentes de Maka), também rejeitaram os Seus Mensageiros. 

Deus enviou milhares de Profetas, que vieram trazer sempre a mesma palavra da Unicidade Divina. Os Profetas foram enviados para os que se desviaram da orientação, adorando ídolos, cometendo as maiores imoralidades e atrocidades. “…Se eles se submeterem, estão no caminho recto; e se eles voltarem as costas, teu dever é só proclamar a mensagem; e Allah vela por Seus servos”. Cur’ane 3.20. Outros povos não aceitaram as advertências dos Mensageiros, porque iriam pôr em causa os privilégios e o modo de vida que vinham adotando, desde os tempos dos seus antepassados. Por isso, maltrataram, agrediram e até mataram os enviados de Deus. “Na verdade, a esses que negam os versículos de Allah e que sem razão, matam os profetas e assassinam aquelas pessoas que ordenam a justiça, anuncia- lhes um castigo doloroso”. Cur’ane 3.2. Alegavam de que Deus nunca enviaria Profetas que eram de carne e osso, que bebiam, comiam e que eram tão humanos como eles. Por isso, Deus enviaria sim Profetas sob a forma de anjos ou de outra matéria que impressionassem os humanos. “E dizem: que espécie de mensageiro é este que come os mesmos alimentos e anda pelas ruas? Porque não enviaram um anjo …?” Cur’ane 25:7. 

Não faria sentido Deus enviar Profetas na forma de Anjos, porque eles, não comem, não bebem, não se reproduzem e não cometem qualquer erro. Deus enviou os Profetas iguais a nós, para seguirmos os seus exemplos e para nos servirem de código de vida. Apesar dessa semelhança, os Profetas tinham outras qualidades, como por exemplo a fé que estava sempre a aumentar, ao contrário da nossa que tem altos e baixos ou a dos anjos sempre estacionária. Mesmo com as rejeições dos povos, Deus com a Sua infinita Misericórdia para com a Sua criação, continuou a enviar Profetas, para nos tirarem das trevas. 

O Profeta Ibrahim (Aleihi Salam), Abraão (Que a Paz de Deus estela com ele), chamou a atenção ao seu povo para adorarem ao Deus Único e deixarem os seus ídolos porque não lhes proporcionavam quaisquer sustentos. “Se rejeitardes (a mensagem) sabei que outras gerações anteriores a vós desmentiram (seus mensageiros). E ao mensageiro só lhe cabe transmitir claramente a mensagem”. Cur’ane 29:18. 

Apesar da preocupação de fazerem o seu melhor, muitos Profetas sentiam-se impotentes para transformar os corações adormecidos dos seus povos e por isso ficavam preocupados, porque um dia irão prestar contas perante Deus. Para alguns Profetas, o resultado das suas missões, se reduziram a escassos seguidores e não conseguiram transformar a mentalidade dos desviados. No dia da Ressurreição, alguns Profetas entrarão sozinhos no Paraíso, outros terão poucos acompanhantes e outros muito mais seguidores. A propósito da quantidade de seguidores que cada Profeta irá levar com ele para o Paraíso, Ibn Abbas (Radiyalahu an-hu) contou que uma vez o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse que um Profeta irá passar por ele com um só seguidor, outro com dois, outro com vários, outro com um grupo de pessoas e outro não terá ninguém com ele. Bhukari 71:648. Anas b. Malik referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “ entre os apóstolos, eu terei o maior número de seguidores no Dia da Ressurreição; e eu serei o primeiro a bater a porta do Paraíso”. Muslim 1:382. Na noite de Mir’aj, Mussa - Moisés (Aleihi Salam) chorou quando Muhammad (Salalahu Aleihi wassalam) encontrou-se com ele. Foi-lhe perguntado os motivos da sua tristeza e ele disse: “Ó Senhor meu! Os seguidores deste jovem Profeta, que foi enviado depois de mim, vão entrar no paraíso em maior número, em relação aos meus seguidores. Bukhari 54.429. 

“Allahumaghfirli yá Arhama Ráhimin”. Ó Allah, perdoa-me e tenha pena de mim, ó Tu mais Misericordioso de todos os que mostram misericórdia!. 

In Sha Allah, Este tema será concluído no próximo Juma. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. Cur’ane 14:41. 

Cumprimentos Abdul Rehman Mangá 15/08/2013 abdul.manga@gmail.com.

quinta-feira, agosto 15, 2013

Seguindo as Tradições

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Muhammad (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Que Allah (SWT) abençõe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

Meus queridos irmãos e caríssimos leitores! Nós temos um grande respeito pelo irmão M. Yiossuf Adamgy, haja vista nos repassar muitos conhecimentos islâmicos e da vida através de seus artigos, livros etc. Nesse artigo Seguindo as Tradições, que hora publico em nosso blogger, me faz mister, emitir minha humilde opinião quanto o que afirma o escritor Joseph Islam, o qual não conheço: "Comer com a mão esquerda ou a mão direita não é uma questão do Alcorão. Mas, se alguém afirma, sem o mandado do Alcorão que os crentes são obrigados a comer com a mão direita por uma questão religiosa, então isso é inaceitável à luz do Alcorão, independentemente de como os muçulmanos tentam justificar as tradições em nome do Profeta".

Eu por exemplo na qualidade de um ignorante estudante da doutrina islâmica seu de dois ditos que toda a Ummar Sunnah respeitam e tem como fonte segura, nos orientando a comer com a mão direita:

01) Sayyiduna Abdullah Ibn Umar (Radiyalláhu Anhuma) relata que Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) disse: "Quando um de vós comer, deve comer com a mão direita e se beber também deve beber com a mão direita." (Musslim, Tirmizi).

02) Sayyiduna Abdullah Ibn Umar (Radiyalláhu Anhuma) relata que Raçulullah (Sallalláho Alaihi Wa Sallam) disse: "Nenhum de vós não deve comer ou beber com a mão esquerda pois o shaitán é que come e bebe com a mão esquerda." (Musslim).


Pois bem, eu entendo que a Sunnah é o modus-operandis do Alcorão Sagrado. Entendo também que temos que ter muito cuidado com as fontes das quais elas foram catalogadas e sabemos inclusive que pessoas mal intencionadas inventaram vários ditos para satisfazer suas inovações e confundir a Ummar do Rassulollah SAAS. Entendo também que nenhum dito pode ir de encontro ao que diz o Alcorão Sagrado, que é sem dúvidas a fonte número um da nossa Religião.

Acredito também, que como esses senhores tem fé pública e são multiplicadores de opinião, o que publicam pode criar no mínimo confusão aos milhares de leitores que diariamente leem suas publicações. E daí sair outros questionamentos, de outras ações que praticamos no dia a dia e também não estão explícitas nos Livro Sagrado, como por exemplo, a maneira que nós fazemos nossas orações diárias!

Considero que essas discussões são válidas e até refletem o respeito do "Livre Arbítrio", e do livre pensamento intelectual. Mas que devem ser tratadas em um Fórum restrito e com pessoas com no mínimo o mesmo conhecimento intelectual.

Segue abaixo, o texto na integra. Assalamu Aleikom - pedimos perdão a Allah SW e declaramos que não existe nenhuma Verdade e nenhum Poder a não ser o que vem Dele o Altíssimo.
========================================================================
Por: Joseph Islam no Facebook - Traduzido e enviado por: Yassin Fakir

Meu humilde conselho para uma alma simpática que perguntou-me sobre a minha opinião sobre seguir certas tradições.

... No final do dia, não há nada de errado em seguir as tradições. O Alcorão não tem a intenção de livrar um povo das suas tradições. O que o Alcorão procura fazer é ajudar os crentes a "discernir" e fazer julgamentos fundamentados à luz do Alcorão. Ele procura trazer as práticas sob a alçada do Islão e reduz as práticas incongruentes com a orientação do Alcorão. Daí porque ele próprio é chamado “al furqán“ (o critério).

Se as tradições que você segue parecem cumprir o "espírito" da orientação do Alcorão e não estão em conflito com ele, então não há necessidade de abandoná-las.

O problema só começa quando se afirma que a "tradição" é para ser seguida por uma "questão de religião". O Alcorão não procura impor uma tradição árabe dos séculos 7 ou 10 a uma população por exemplo, a chinesa do século 21. Este ponto, na minha humilde opinião continua a ser imperativo.

Comer com uma faca e um garfo é uma tradição. Comer com pauzinhos é uma tradição. Vestir um fato, uma túnica árabe ou um Zhiduo chinês é uma tradição de um povo. O Alcorão não vê isso como questões 'religiosas', desde que o requisito básico de cobertura e decência seja cumprido.

Comer com a mão esquerda ou a mão direita não é uma questão do Alcorão. Mas, se alguém afirma, sem o mandado do Alcorão que os crentes são obrigados a comer com a mão direita por uma questão religiosa, então isso é inaceitável à luz do Alcorão, independentemente de como os muçulmanos tentam justificar as tradições em nome do Profeta.

O que os crentes devem perceber é que o Profeta nasceu em um determinado momento da história. Ele foi um produto de um meio sectário e social do seu tempo. Ele simplesmente aplicou a orientação do Alcorão para as suas circunstâncias. Se ele nascesse hoje em sua casa, como iria ele se vestir? Como ele viajaria? Como é que ele iria comer? Qual seria a língua que ele falaria?

Tenho certeza que você apreciaria as respostas destas perguntas.

Os crentes devem melhorar a sua compreensão do Alcorão para que eles possam estar numa posição melhor de avaliar as suas tradições.

MEU CONSELHO HUMILDE

Leia o Alcorão tomando-o como a única autoridade religiosa e testemunho final de Deus. Extraia dele o melhor significado, faça do Alcorão o seu critério para julgar e executar a sua orientação.

Avalie as tradições que chegaram até si da cultura em que viveu, não as descarte simplesmente, mas melhore a capacidade de discernir. Aquelas tradições da sua cultura que se inserem no espírito e orientação do Alcorão, sê livre para adotá-las. Aquelas que não o são, respeitosamente deixe-as de lado ou restrinja o seu envolvimento nelas.

Respeite as tradições dos outros. Deus nos criou como pessoas diversas.

Apesar da tendência, às vezes, todos nós devemos esforçarmo-nos por abster-se de julgar os outros. Só Deus sabe o quanto de verdade chegou a uma pessoa, a sua viagem particular, o que está nos seus corações e como Ele quer testá-los.

Crie o hábito de ler o Alcorão com frequência, até mesmo algumas passagens por dia. É uma fonte imensa de conforto para o espírito humano ao permitir que Deus fale consigo diretamente e com regularidade através do Alcorão, na língua que perceba.

Com a idade, experiência e a subsequente sabedoria, o Alcorão vai falar com você de maneiras diferentes, ajudando-o a tirar o máximo partido deste mundo transitório e ajudando você a crescer espiritualmente em preparação para o próximo.

Seja atento e respeitoso com os outros nos percursos em que eles acreditam, trazendo à tona as suas próprias experiências. Somos todos viajantes, tomando caminhos diferentes e descansando em diferentes destinos. No final das contas, o objetivo de todos nós é Deus.

Esteja em paz!

Fonte: Reflexões Islâmicas - nº. 24 - www.islao.pt /www.alfurqan.pt - alfurqan2011@gmail.com / alfurqan04@yahoo.com

terça-feira, agosto 13, 2013

As Boas Maneiras nas Mesquitas

Bismillah Arahman Arahim

O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê paz) passou por um túmulo recente. Perguntou aos seus companheiros a respeito dele. Eles disseram: “É o túmulo de Ummu Muhjin (a mulher que limpava a mesquita)”. O Profeta censurou-os por não terem informado a ele a respeito da morte dela. Assim, ele teria feito a oração fúnebre por ela. Ele disse: “Por que não me avisaram?” Responderam: “Estava dormindo e não quisemos acordá-lo.” O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz), então, fez uma prece por ela. (Narrado por Musslim).

Um beduíno possuía um camelo de cor vermelha. Ele gostava muito dele. Um dia, o camelo sumiu. O homem ficou procurando-o durante toda a noite e não o encontrou. Durante a oração da alvorada o beduíno ficou em pé e ficou perguntando às pessoas a respeito do camelo. Quando o Profeta o ouviu ficou zangado com ele, por ter feito perguntas a respeito do camelo na mesquita. Disse-lhe: “Você pensa que as mesquitas foram construídas para isso?” (Narrado por Musslim).

O Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) ordenou as pessoas que, ao virem alguém fazer perguntas a respeito de algo que perderam nas mesquitas que lhe digam: “Que Allah não o restitua a você, pois as mesquitas não foram construídas para isso.” (Narrado por Musslim).

As mesquitas são as casas de orações dos muçulmanos: O muçulmano vai à mesquita para cumprir as orações por representar uma excelente recompensa. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Para aquele que constantemente vai e volta das mesquitas, Deus prepara para ele uma hospedagem no Paraíso, toda vez que for e voltar.” (Muttafac alaih).

O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz), também, disse: “Quanto àquele que fizer corretamente a ablução em sua casa, em seguida for a uma das Casas de Allah para realizar uma das orações obrigatórias, saiba que, por cada passo que der, ser-lhe-á perdoada uma falta e ele será elevado em um grau”. (Musslim).

O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) também disse: “Quem for constante em freqüentar as mesquitas para praticar a oração, tendo o coração ligado a elas será um dos sete que Allah irá proteger sob à Sua sombra no Dia da ressurreição.” 

As boas maneira da mesquita que o muçulmano segue assiduamente. Entre elas citamos:

A purificação: Não entra na mesquita quem não estiver higienizado, a parturiente, a menstruada,o poluto (emissão de semen), a não ser de passagem, para que o muçulmano aufira a excelente recompensa.
O perfumar-se e o usar roupas bonitas: Allah, exaltado seja, disse:
يا بني آدم خذوا زينتكم عند كل مسجد] الأعراف: 31].

“Ó filhos de Adão, revesti-vos de vosso melhor atavio quando fordes às mesquitas.”

O muçulmano deve evitar comer coisas com mau cheiro, como o alho, a cebola, e coisas similares. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Quem comer alho ou cebola que se afaste de nós, ou que se afaste das mesquitas e permaneça em sua casa.” (Muttafac alaih).

Ir muitas vezes à mesquita: O Islam nos incentiva irmos às mesquitas e o sentarmos nelas. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Gostaríeis que vos explicasse algo cujo cumprimento faria com que Deus vos apagasse as faltas e vos elevasse a um lugar de honra?” Responderam: “Ó Rassulullah, claro que sim!” Disse: “Fazer a ablução apropriadamente, conquanto dificultoso; frequentar mais amiúde as mesquitas, e ficar esperando, depois de uma oração, a oração seguinte. Isto sim, é a pessoa estar em constante vigília (esforço pessoal) e preparação!” (Musslim).

Fazer prece quando está se dirigindo à mesquita: O Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) costumava dizer à caminho da mesquita: “Ó Allah coloca luz em meu coração, na minha audição, na minha visão, à minha direita, à minha esquerda na minha frente, por trás de mim, por cima e por baixo de mim, e me concede a luz.” (Musslim).

O caminhar sossegadamente quando se está dirigindo à mesquita: O Rassulullah (que Allah o abençoe e lhe dê paz) disse: “Ao ouvirem o Icáma (o chamado para se iniciar a oração), devem se dirigir para a oração sossegada e solenemente, sem pressa. Que pratiquem o que alcançarem e completarem o que perderem.” (Muttafac alaih).

O entrar com o pé direito, fazendo prece: O muçulmano ingressa na mesquita com o pé direito e diz: “Ó Allah, abençoe Mohammad. Ó Senhor, perdoa os meus pecados e abre-me as portas de Tua Misericórdia.” (Musslim)

A prática de uma oração de duas unidades como saudação: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Ao entrarem na mesquita devem praticar uma oração de duas unidades antes de sentar.” (Musslim).

Não se deve sair da mesquita depois do Azan: Se o muçulmano estiver na mesquita e for feito o azan, ele não deve sair a não ser depois de praticar a oração. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Se estiverem na mesquita e for feito o azan, ninguém deve sair antes de praticar a oração.” (Ahmad). É permitido que saia em caso de necessidade.

A constância na recordação de Allah: O muçulmano está sempre se recordando de Allah, exaltado seja. Ele recita o Alcorão e evita se preocupar com as coisas terrenas enquanto estiver na mesquita. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “As mesquitas foram construídas para a recordação de Allah, para a prática da oração e para a recitação do Alcorão.” (Muttafac alaih).

Não se deve passar diante de quem está praticando a oração: O muçulmano evita passar diante de quem está praticando a oração. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Se quem passar diante de quem está praticando a oração soubesse o pecado que está cometendo, ficaria parado durante quarenta (foi dito dias ou anos) é preferível a ele do que passar diante do orador.” (Musslim). Se o muçulmano estiver praticando a oração em congregação, o Imam se constitui na barreira dos praticantes da oração. Se estiver sozinho, não é permitido que alguém passe na frente dele, a não ser que coloque uma barreira na frente.

A freqüência da mesquita: O muçulmano freqüenta a mesquita e se acostuma a praticar as orações nela. O seu coração está sempre ligado à mesquita. Ele não a abandona nunca. A mesquita é a casa de todo piedoso e constitui a Casa de Allah na terra. Allah, exaltado seja, diz:

[إنما يعمر مساجد الله من آمن بالله واليوم الآخر وأقام الصلاة وآتى الزكاة ولم يخش إلا الله فعسى أولئك أن يكونوا من المهتدين]
التوبة: 18

Só frequentam as mesquitas de Allah aqueles que crêem em Allah e no Dia do Juízo Final, observam as orações, pagam o zakat, e não temem ninguém além de Allah. Quiçá, estes se contem entre os encaminhados.” (9:18). Foi narrado que o Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Se virem a pessoa frequentando a mesquita, testemunhem que ele tem fé.” (Ahmad, Tirmizi e Ibn Mája).

Evitar falar em voz alta ou a discussão na mesquita: Quando o muçulmano entra na mesquita ele conserva o respeito, o sossego e a calma. Um dia, Omar Ibn Al Khattab (que Allah o abençõe) ao entrar na mesquita encontrou duas pessoas discutindo e elevando suas vozes. Ele disse para um dos companheiros: Vai e traga-os a mim. Quando chegaram, Omar perguntou: “De onde vocês são?” Responderam: “De Taif.” Omar lhes disse: “Se vocês fossem daqui, eu mandaria puni-los. Como ousam elevar as vozes na mesquita do Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz)?” (Bukhári).

O muçulmano não deve perturbar a quem está orando na mesquita, mesmo com a recitação do Alcorão ou saudando os presentes com Salam em voz elevada.

Conservar a mesquita limpa: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “O cuspir na mesquita é pecado. A expiação para isso é remover a sujeira.” (Muttafac alaih)

A prece ao se sair da mesquita: O muçulmano deve sair da mesquita com o pé esquerdo, dizendo: “Em nome de Allah. Ó Allah, abençoe a Mohammad. Ó Allah, peço a Tua graça.” (Musslim).

A não permanência dos polutos (emissão de semen) e das menstruadas: É permitida a passagem por ela por necessidade. Allah, exaltado seja, diz:

يا أيها الذين آمنوا لا تقربوا الصلاة وأنتم سكارى حتى تعلموا ما تقولوا ولا جنبًا إلا عابري سبيل حتى تغتسلوا] النساء: 43].

“Ó crentes, não vos deis à oração quando vos achardes ébrios, até que saibais o que dizeis, nem quando estiverdes polutos – salvo se vos estiverdes de passagem –, até que vos tenhais purificado.” (4:43).

Não se deve construir mesquita sobre túmulos: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Allah amaldiçoou os judeus por utilizarem os túmulos de seus profetas como locais de oração.” (Muttafac alaih).

A economia na construção das mesquitas e o evitar incluir muitos ornamentos nelas: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Não fui ordenado a exagerar na altura (ornamentos) das mesquitas.” (Abu Daoud). Omar Ibn Al Khattab (que Allah o abençõe) ordenou a construção de uma mesquita. Disse ao encarregado pelo trabalho: “Cuidado para não ornamentá-la muito, pois isso irá causar intriga entre as pessoas.” (Bukhári).

Construção da mesquita para agradar a Allah: Assim, o muçulmano alcançará excelente recompensa. O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Quem construir uma mesquita para agradar a Allah, Ele lhe construirá algo semelhante no Paraíso.” (Muttafac alaih).

Não se deve fazer compras ou vendas na mesquita: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Se vocês virem alguém vendendo algo na mesquita, devem dizer-lhe: ‘Que Allah não lhe dê lucro.’ Se virem alguém anunciando a perda de algo, digam-lhe: ‘Que Allah não o restitua a você.” (Tirmizi e Nissá-i).

O i’ticaf na mesquita: É o permanecer na mesquita com a intenção de se aproximar mais de Allah e para a prática do bem, como a prática da oração, recordação, glorificação, preces. O muçulmano pode fazer i’ticaf pelo tempo que desejar. Ele pode interromper o i’ticaf quando quiser. O Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) costumava fazer i’ticaf nos dez últimos dias do mês de Ramadan. Ele permanecia na mesquita e não saia a não ser para a oração do ‘id.

O dormir na mesquita: Não há inconveniência de se dormir na mesquita. O Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) costumava dormir na mesquita. Os seus companheiros (que Allah os abençoe) costumavam dormir também na mesquita. Porém, é dever do muçulmano conservar a mesquita limpa e organizada.

A organização das fileiras da oração: O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê paz) costumava organizar as fileiras da oração. Os homens ocupavam as primeiras fileiras, As crianças ocupavam as fileiras atrás dos homens. As mulheres ocupavam as últimas fileiras. O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê paz) costumava alinhar as fileiras e dizia: “Alinhem as fileiras, não devem diferir que seus corações irão diferir entre si. Que aqueles que são mais idosos e mais sábios fiquem atrás de mim.” (Musslim)

As Boas maneiras na visita a Casa Sagrada de Allah em Meca: 

Quando o muçulmano vê a Casa Sagrada de Allah seu coração se humilha. Ele ergue as mãos e sua língua diz: “Ó Allah aumenta a honra, a grandeza e o respeito. Ó Allah, aumenta a honra, a dignidade e a piedade de quem pratica a Peregrinação ou a ‘Umra.” (Cháfi’i). Ele, então segue até a Pedra Negra e a beija. Se não conseguir, ele sinaliza com a mão. Em seguida inicia a circungiração (tawaf) ao redor da Casa. Não deve praticar a oração de saudação da mesquita, pois a tawaf constitui a saudação. 

As Boas maneiras na visita à Mesquita do Profeta:

O muçulmano entra devagar e com respeito na mesquita do Profeta. É preferível que esteja perfumado, usando as melhores roupas. Ele faz a mesma prece da entrada na mesquita. Pratica uma oração de duas unidades como saudação da mesquita na nobre raudha (é o local entre a casa do Profeta e o púlpito). Então visita o túmulo do Profeta é respeitosamente o saúda. Move-se para a direita e saúda Abu Bakr (que Allah o abençõe) então volta-se um pouco e saúda Omar (que Allah o abençõe). Então se orienta para a quibla e faz a prece que quiser.

O muçulmano evita alisar ou beijar a nobre sepultura: Deve saber que isso iria entristecer ao Rassulullah (que Allah o abençoe e lhe dê paz) que proibiu engrandecer o seu túmulo. Ele disse: “Não fazem de meu túmulo local de cultuação.” (Abu Daoud)

As boas maneiras da mesquita durante as sextas-feiras:

Há Boas maneiras concernentes à ida à mesquita às sextas-feiras. Entre elas, citamos:

O banho, o embelezamento e o perfumar-se: O Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Quando um homem toma banho, às sextas-feiras, e se purifica o máximo que possa, perfuma-se e, em seguida, dirige-se para a mesquita, aonde se senta sem separar outros dois, e realiza as orações que Allah prescreveu; então escuta com atenção o que diz o imam, Allah lhe perdoa as faltas que havia cometido desde a sexta-feira anterior.” (Bukhári e Ahmad)

A invocação a Allah ao sair para ir à mesquita: O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Quem se banhar, na sexta-feira por ter tido relações sexuais com a esposa e então for para a mesquita na primeira hora, é como se tivesse oferecido um camelo; quem for na segunda hora é como se tivesse oferecido uma vaca. Quem for na terceira hora é como se tivesse oferecido um carneiro. Quem for na quarta hora é como se tivesse oferecido uma galinha. Quem for na quinta hora é como se tivesse oferecido um ovo. Quando o Imam se apresenta os anjos comparecem para ouvir a invocação.” (Muttafic alaih).

Não se deve passar no meio das pessoas: Um homem foi para a mesquita para orar junto com o Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) e ficou passando entre as pessoas . O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) estava fazendo o seu sermão em cima do púlpito. Ele disse para o homem: “Senta porque você está perturbando aos outros devido ao seu atraso.” (Abu Daoud, Nissá’i e Ahmad).

O ficar em silêncio durante o sermão: O muçulmano permanece em silêncio durante o sermão do Imam. Ele escuta o que o Imam diz de admoestação e orientação para se beneficiar dele. Não deve falar com quem está ao seu lado. Abu Huraira (que Allah o abençõe) relatou que o Profeta (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Se você disse: ‘fique quieto’ a quem está ao seu lado enquanto o Imam está proferindo o sermão, terá diminuída as recompensas de sua oração a sua oração.” (Narrado por todos os tradicionalistas)

O Rassulullah (que Allah o abençõe e lhe dê paz) disse: “Quem falar, na sexta-feira, enquanto o Imam estiver fazendo o sermão parece-se com o asno que carrega livros. Quem disser ao falante: ‘cala-te’, terá diminuída as recompensas da oração de sexta-feira.” (Ahmad, Bazzar e Tabaráni).

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Contribuição do Irmão: Mohamad ziad -محمد زياد - Os Muçulmanos Amam Jesus!