sexta-feira, outubro 11, 2013

Bondade com os Animais - Um recomendação aos Muçulmanos

Bismillah Arhamani Arahim!

O Rassululllah (SAAS) relatou: “Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava, de tanta sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: ‘Este cão está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofria!’ Por isso, descendo outra vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto subia; e deu de beber ao cão. Allah aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas.” Disseram ao Profeta (SAAS): “Ó Rassulullah, acaso receberemos também alguma recompensa por tratarmos bem os animais?” Respondeu: “Para cada ser vivente haverá uma recompensa.” (Muttafac alaih).

Allah criou o ser humano e foi generoso com ele, submetendo-lhe os animais para servi-lo nas suas atividades e se beneficiar de suas carnes e leites, além de se beneficiar de suas peles e lãs, tirando de alguns deles enfeites. Allah, Ta'ála diz: "E criou o gado, do qual obtendes vestimentas, alimento e outros benefícios. E tendes nele encanto, quer quando o conduzis aos abrigos, quer quando, pela manhã, o levais para o pasto. Ainda leva as vossas cargas até as cidades, às quais jamais chegaríeis, senão à custa de grande esforço. Sabei que o vosso Senhor é Compassivo, Misericordiosíssimo. E (criou) o cavalo, o mulo e o asno para serem montados e para o vosso deleite, e cria coisas mais, que ignorais." (16:5-8).

Dentre as boas maneiras que o muçulmano deve seguir no tratamento dos animais, temos:

O agradecer a Allah pela dádiva: Isso com o bom uso e aproveitamento deles, pagando o direito de Allah sobre eles com o pagamento do zakat e das caridades.

O ser misericordioso com os animais: O muçulmano prepara alimento, água e local propício para os animais. Os árabes tinham uma preocupação especial pelos cavalos. Eles se preocupavam com a criação e o pedegree dos animais. O Profeta (SAAS) costumava limpar o focinho de sua égua com a sua capa. O nobre companheiro, Abu Catada viu um gata procurando água para beber. Ele deitou-lhe a vasilha para que ele a bebesse e fosse embora.

O Profeta (SAAS) nos informa: “Uma mulher foi castigada e conduzida ao Inferno por haver prendido uma gata, até morrer. Eis que não lhe dava de comer nem de beber, nem a soltava para que pudesse alimentar-se de outros bichos.” (Muttafac alaih).

O Rassulullah (SAAS) disse: "A todo muçulmano que plantar uma árvore ou semear uma plantação das quais um pássaro, um ser humano ou um animal delas comam ser-lhe-á considerado como caridade." (Musslim).

Não carregar o animal com peso superior às suas forças: O muçulmano não aflige o animal, carregando-o com muito peso. O Profeta (SAAS) entrou num pomar que pertencia a um Ansari e, por acaso, viu ali um camelo que ao vê-lo, começou a grunhir e gemer. O Profeta (r) foi para perto do camelo, deu tapinhas na giba do dromedário e na parte superior da cabeça, coisa que confortou o animal. Então o Profeta (r) quis saber quem era o dono daquele camelo. Um jovem dos Ansari se apresentou, e disse: ‘Ó Mensageiro de Deus, este camelo me pertence.’ O Profeta (r) perguntou: ‘Acaso não temes a Deus quanto à manutenção deste animal do qual Ele te fez dono? Este camelo se queixa de que tu não o alimentas bem, e muito o sobrecarregas” (Abu Daúd).

O Rassulullah (SAAS) disse: "Allah, exaltado seja é Benevolente e aprecia a benevolência, e ajuda na benevolência, sem fazê-lo na violência. Portanto, ao montarem esses animais mudos, deixam-nos descansar onde vocês costumam descansar durante as viagens." (Málik).

Evitar castigar ou injuriar os animais: O Islam incentiva termos misericórdia e piedade. Por isso, o muçulmano não castiga qualquer animal ou pássaro, principalmente com fogo. O Profeta (r) viu um formigueiro que os companheiros dele haviam queimado, e disse: ‘Quem foi que o queimou?’ Respondemos que tínhamos sido nós. Disse: ‘Ninguém pode castigar com fogo, a não ser o Senhor do Fogo!” (Abu Daúd).

O Profeta (SAAS) ficou magoado ao ver um burro que tinha sido marcado no focinho. Ele disse: "Que Allah amaldiçoe quem o marcou." (Musslim).

Aicha (Que Allah esteja satisfeito com ela) acompanhou, um dia, o Profeta (SAAS) numa viagem montada num camelo. Ela ficou puxando-o com força. O Profeta (r) lhe disse: "Seja benevolente." (Muslim).

Não se deve utilizar animais para tiro ao alvo: O muçulmano não toma animal ou pássaro para tiro ao alvo. Abudullah Ibn Omar passou um dia por jovens coraixitas que haviam amarrado um pássaro num local alto e estavam praticando tiro ao alvo nele. Ao verem Ibn Omar saíram correndo. Ibn Omar disse: "Quem fez isso? Que Allah amaldiçoe quem fez isso. O Rassulullah (SAAS) amaldiçoou quem utilizar qualquer ser vivo para tiro ao alvo." (Musslim).

Anas viu uns meninos que amarram uma galinha e atiravam setas nela. Ele disse: "O Profeta (SAAS) proibiu que animais fossem utilizados para tiro ao alvo." (Bukhárii).

Não se deve separar os filhotes das mães: O Profeta (SAAS) estava viajando certa ocasião, com os companheiros. Estes encontraram um cardeal fêmea (pássaro), com seus dois filhotes, e levaram com eles esses filhotes. Um pouco mais tarde, o pássaro-mãe apareceu movimentando as asas para cima e para baixo, se queixando. O Profeta (r) entendeu o que havia acontecido. Perguntou: "Quem foi que a atormentou por causa dos filhotes? Devolvei-lhe já os filhotes!" (Abu Daúd).

O ter compaixão do animal ao abatê-lo: O muçulmano não abate animal nem caça a não ser por necessidade. Por isso, ele deve ter compaixão desses animais. O Profeta (SAAS) disse: “Allah prescreveu a benevolência quanto a todos os assuntos, inclusive quando tiverdes de aplicar a pena de morte. Do mesmo modo, se tiverdes de sacrificar algum animal, fazei-o com benevolência, afiando bem a faca, desejando que o animal descanse e não sofra.” (Musslim). E disse: "Quem tiver benevolência, mesmo de um pássaro, Allah terá benevolência dele no Dia da ressurreição." (Tabaráni).

Não se deve impor castigo aos animais: O muçulmano não castiga os animais com o corte das orelhas ou de um de seus órgãos enquanto está vivo. Foi narrado que o Profeta (SAAS) disse: "Quem impor castigo ao animal será amaldiçoado por Allah, por Seus anjos e por todas as pessoas." (Tabaráni).

Não se deve matar animal a não ser por necessidade: O mal tratamento de algumas espécies de animais leva ao desequilíbrio ecológico. Por exemplo, em algumas regiões o ser humano passou a matar gatos. Por isso, o número de ratos cresceu e passou a representar perigo à produção agrícola. Isso obrigou o homem de gastar enormes quantias na fabricação de venenos para acabar com os ratos.

O tratar o animal se adoecer: O muçulmano trata do seu animal, e é bondoso com ele.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é o mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos... 

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد

Os Muçulmanos Amam Jesus!

quinta-feira, outubro 10, 2013

A L M A D I N A O Q U R B Á N

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad
07.10.2013

Designa-se “Qurbán” o sacrifício de um animal quadrúpede, por ocasião da festa do Eid-Ul-Ad’há, a festa alusiva à peregrinação à cidade santa de Makkah. Tal ritual tem lugar nos dias 10, 11 e 12 de Dhul-Hidja, décimo segundo mês do calendário lunar. A hora para o seu início é logo a seguir ao Salaat (oração) do Eid, estendendo-se até ao pôr do sol do dia 12.


Embora se permita que o Qurbán se faça à noite, tal não é aconselhável. O melhor dia para a prática do Qurbán é o dia de Eid (dia 10), devendo obrigatoriamente ser feito depois da oração, pois se for feito antes, perde a sua validade.

De acordo com a interpretação de um dos quatro mais proeminentes Imaam’s, Abu Hanifa, o Qurbán só é obrigatório para o muçulmano (homem ou mulher) que possua nos três dias a ele consagrados, riqueza correspondente ao valor de Zakát.

Os animais que podem ser sacrificados são o camelo, o búfalo e o boi, (que podem ser partilhados por sete pessoas), o cabrito e o carneiro (para uma única pessoa, pois não são partilháveis). O boi deve ter mais de 2 anos de idade, o cabrito e o carneiro devem ter pelo menos 1 ano de idade.

É recomendável que se procure o animal destinado ao Qurbán alguns dias antes de sacrificá-lo, devendo ser bem tratado, pois destinando-se ao sacrifício para agradar a Deus, o animal deve ser do melhor que encontrarmos, pois não deve ser defeituoso (cego, zarolho, perneta, doente, com orelhas ou rabo cortados, chifre partido, etc.)

Ao viajante, o Qurbán não é obrigatório, mas caso regresse à casa antes do pôr de Sol do dia 12 de Dhul-Hidja, então deverá fazê-lo se par tal dispuser de meios materiais.

É sempre melhor (sunnat) que seja a própria pessoa, i. é., o adquirente do animal, a proceder à sua degolação caso tenha robustez física suficiente para o fazer, pois caso contrário, pode delegar a alguém, sendo porém recomendável que assista ao acto.

Aos menores não é obrigatório, mesmo que possuam riqueza.

No caso de o animal sacrificado ser de grande porte (camelo, búfalo ou boi) a divisão pelo grupo de sete pessoas deve ser feita por igual, em função do peso e não por estimativa. A porção de carne que couber a cada integrante do grupo pode ficar na totalidade na sua posse, pode doá-la na totalidade, ou pode dividi-la em três partes iguais, sendo uma para os pobres, outra para os familiares e amigos, retendo a restante para si mesmo. O mesmo critério é aplicável caso o animal sacrificado seja de pequeno porte (cabrito ou carneiro).

Considerando algumas bolsas de fome existentes um pouco por algumas das províncias do nosso País, havendo milhares de pessoas desprovidas de quase tudo, sem dúvidas que o melhor acto de momento será mitigar a fome destes nossos concidadãos. Portanto, doar a totalidade da carne aos pobres e necessitados afigura-se sendo a melhor opção.

Ainda de acordo com a interpretação do Imam Abu Hanifa, é permitido doar a carne de Qurbán aos não-muçulmanos.

A intenção de Qurbán não deve ser apenas o consumo da carne, pois se assim for o acto é inválido. Perde igualmente a sua validade se a carne for vendida ou distribuída aos empregados como forma de compensar o seu labor.

Se alguém tenciona fazer o Qurbán adquirindo o animal, mas por qualquer razão não conseguir fazê-lo nos três dias prescritos, então deve num ato de caridade doar o animal aos pobres.

Segundo o Imam Shafei, se alguém adquirir um animal para o Qurbán e o mesmo se perder, for roubado ou devorado, a aquisição de um outro animal para o substituir não é obrigatória. É sunnat para quem tenciona fazer o Qurbán abster-se de cortar as unhas, cabelo ou pelos do seu corpo desde o primeiro dia do mês lunar de Dhul-Hidja até ao dia da degolação do animal. Diz ainda o Imaam Shafei, que não é permitido fazer o Qurbán da parte de uma pessoa viva, sem a sua autorização. E quanto ao defunto, só é permitido se este tiver deixado dinheiro e um testamento para o efeito. Neste caso é obrigatório doar a totalidade da carne aos pobres.

Este ritual do Qurbán é de tão grande importância, que o Profeta Muhammad, (S.A.W.) diz: "Esse, que dispondo de meios, não fizer o Qurbán, que não se aproxime do local de Salaat de Eid".

Veja-se a gravidade da abstenção do Qurbán, a ponto de o Profeta (S.A.W.) querer distanciar-se desse tipo de gente.

Apelo a todos os muçulmanos com posses, que cumpram com este ritual que é uma tradição do patriarca dos profeta, Abraão (que a paz esteja com ele), e que distribuam aos pobres e necessitados a carne dos animais abatidos. Lembrem-se daqueles que neste momento de crise estão angustiados, sem nada para vestir e sem nada para comer.

É esta a única forma de perpetuar o espírito de sacrifício demonstrado por Abraão quando lhe foi ordenado por Deus que sacrificasse o seu único filho, Ismael.

Não devemos tomar isto como um ritual pesado, pois muitos muçulmanos, e não só, degolam animais obedecendo à recomendação de curandeiros para pretensamente agradar a santos e a espíritos. Outros ainda degolam generosamente animais de médio ou grande porte para comemorar aniversários, não raras vezes regados com álcool, com alguma devassidão à mistura.

O muçulmano deve, muito particularmente neste momento em que o desconforto atingiu milhares de lares de irmãos moçambicanos por esse País fora, mostrar-se mais generoso, fazendo o Qurbán, pois de um lado vai agradar a Deus, e de outro vai estender a seu braço em solidariedade para com os infortunados.

segunda-feira, outubro 07, 2013

Os Dez Primeiros Dias do Mês de Zul Hijja‏

Louvado seja Allah, Único, sem parceiros. Que a paz e a graça de Allah estejam com o nobre Profeta. É da graça de Allah, exaltado seja, que estabeleceu épocas para a obediência durante as quais muito se faz de benéfico, e se rivalizam no que os aproxima de seu Senhor.

Feliz é quem aproveita essa oportunidade e não a deixa passar em brancas nuvens. Entre essas épocas virtuosas encontra-se a dos dez primeiros dias do mês de Zul Hijja. São dias em que o Mensageiro de Allah (S) atestou que são os melhores dias do mundo. Ele estimulou as pessoas a praticarem bons atos durante eles. Allah, exaltado seja, jurou por eles, e isso é honra suficiente e exige que o servo se empenhe neles, com muitos atos benéficos e virtuosos, pois Allah só jura por coisa grandiosa. Devemos receber esses dias e aproveitá-los.

Nessa mensagem há uma evidência a respeito das virtudes dos dez primeiros dias de Zul Hijja e os méritos dos atos durante eles. Pedimos a Allah, exaltado seja a nos conceder os benefícios desses dias e nos ajude a os aproveitarmos da forma que Ele gosta.

Como Recebemos os Dez Primeiros Dias de Zul Hijja? É preferível receber todas as épocas de obediência, e entre elas a dos dez primeiros dias de Zul Hijja com o seguinte:

1. Com Sincero Arrependimento: É dever do muçulmano receber as épocas de obediência em geral com sincero arrependimento e com a resolução de retornar a Allah, pois no arrependimento reside a salvação do servo neste mundo e no Outro. Allah, exaltado seja, diz: “Ó crentes, voltai-vos todos, arrependidos, a Allah, a fim de que vos salveis!” (24:31).

2. A decisão sincera de aproveitar esses dias: É recomendado ao muçulmano a se preocupar em aproveitar esses dias com boas obras e bons conselhos. Quem decidir fazer algo, Allah irá ajudá-lo e lhe preparar os meios que irão ajudá-lo a completar seu ato. A pessoa que for sincera com Allah, Ele será sincero com ela. Allah, exaltado seja, diz: “Àqueles que diligenciam por Nossa causa, encaminhá-los-emos pela Nossa senda” (29:69).

3. Afastar-se das Desobediências: Como as obediências aproximam as pessoas de Allah, exaltado seja, as desobediência causam o afastamento de Allah e a expulsão de Sua misericórdia. A pessoa perde a misericórdia de Allah por cometer pecado. Se você deseja o perdão pelos pecados e se livrar do Inferno, tenha o cuidado de não cometer desobediências nesses e nos outros dias. Quem souber o que pedir, ficam fáceis para ele todos os seus esforços.

Portanto, irmão muçulmano, aproveite a oportunidade de utilizá-los antes que se arrependa de ter perdido essa excelente a oportunidade.

A Preferência Dada aos Dez Primeiros Dias de Zul Hijja

1. Allah, exaltado seja, jurou por eles: Quando Allah jura por algo isso indica a grandeza e preferência da coisa, por que o Grandioso só jura pela grandiosidade. Allah, exaltado seja, disse: “Pela aurora, e pelas dez noites” (89:1-2). As dez noites são as primeiras de Zul Hijja na opinião dos exegetas e dos antecessores. Ibn Kathir disse, em sua exegese: É a verdade.

2. São os dias mencionados em que Allah estabeleceu a invocação de Seu nome: Ele diz: “e invocarem o nome de Allah, nos dias mencionados, (agradecidos) pelo gado.” (22:28). É consenso entre os teólogos muçulmanos que os dias mencionados são os dez primeiros dias do mês de Zul Hijja, entre eles Ibn Omar e Ibn Abbás.

3. O Mensageiro de Allah (S) atestou que são os dias mais preferidos do mundo: Jáber (R) relatou que o Profeta (S) disse: “Os dias mais preferidos do mundo são os dez dias – ou seja, os dez primeiros dias de Zul Hijja -.” Os Companheiros perguntaram: “Ó Mensageiro de Allah, nem mesmo (é mais meritório) o lutarmos - empreendermos o jihad – em nome de Allah?” Respondeu: “Não, nem mesmo o jihad em nome de Allah, a não ser que se dê o caso de uma pessoa constituir-se num mártir do jihad.” (tradição narrada por Bazar e Ibn Hibban e atestado pelo Albáni).

4. Neles cai o Dia de Arafa: O dia de Arafa é o dia principal da peregrinação, o dia do perdão dos pecados, o dia de se libertar do fogo do Inferno. Se não houvesse nos dez primeiros dias de Zul Hijja mais do que o dia de Arafa, isso seria suficiente. (falamos da virtude do dia de Arafa e a orientação do Profeta (S) no Mensagem da Peregrinação: “O
Hajj (peregrinação) é Arafa”.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é o mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos...

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد - Os Muçulmanos Amam Jesus!

sexta-feira, outubro 04, 2013

Cuidar da Aparência

Por: In Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán, nº. 194, de Julho/Agosto.2013

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh,

Muito mais que uma religião, o Islão é um sistema de vida, completo, que abrange todas as facetas do dia-a-dia. Por trás de todo ensinamento, há uma sabedoria.

Além de nos ensinar sobre como cuidar do nosso lado interno e espiritual com perfeição, o nosso amado Pro-feta Muhammad (s.a.w.) também nos exortou sobre o cuidado com a aparência. Há vários relatos em que ele nos ensina que o muçulmano deve ter uma alimentação adequada e correta, pois, assim, o fiel consegue afastar certas doenças e será menos egoísta, pois, o excesso de comida também nos confere corações duros que não enxergam o sofrimento do irmão que passa fome.

Falou-nos também sobre a práticas de desporto, principalmente hipismo, para manter um corpo forte e saudável.

Falou-nos sobre o cuidado com a higiene, o cuidado com os cabelos, a barba e o cuidado com a saúde bucal, incentivando os muçulmanos a limparem os seus dentes aquando de cada uma das cinco orações diárias. O que os dentistas modernos diriam sobre esta recomendação? Foi comprovado cientificamente que muitas doenças, até mesmo cancerígenas, começam com problemas bucais.

Ensinou os homens a sempre vestirem trajes limpos e perfumados, sendo ele mesmo um grande apreciador de perfumes. É sabido que ele possuía uma vasilha a partir da qual ele próprio perfumava-se, e diz- -se que nela havia uma combinação de perfumes a partir de vários materiais. Ele tinha um cheiro forte a ponto de que se o Profeta (s.a.w.) passasse por uma rua em Medina, as pessoas diriam: "O Profeta passou por aqui", devido ao efeito de seu perfume. Ele também acon-selhou que os muçulmanos evitassem comer alimentos com odores fortes antes de irem para as Mesquitas, a fim de não causar mal-estar nos irmãos presentes.

Muitos podem perguntar-se: "isto é realmente importante?" "Deus olha para a nossa aparência"? De fato, estas orientações não são os principais pontos do Islão. E é narrado que o próprio Profeta Muhammad (p.e.c.e.) disse que o Nosso Senhor não olha para nossa aparência, mas sim, para os nossos corações. Porém, o muçulmano é orientado a ser um exemplo de conduta e comportamento impecável no seu círculo social. As pessoas que convivem com ele devem reconhecer os seus atributos e devem ligá-los diretamente ao Islão.

Tanto o nosso Profeta, como os muçulmanos comuns, são instruídos a se apresentarem da melhor forma para as pessoas, quer seja na conduta quanto na aparência, pois, assim elas estarão mais dispostas a ouvirem a palavra de Deus, estarão mais confortáveis com ela. A boa aparência abre portas, e quando falamos de boa aparência não falamos de beleza física, mas sim, de cuidados com o corpo. Bons cuidados. Nos cursos superiores voltados para moda, comércio, propaganda, marketing, psicologia etc., este tema é também bem conhecido e bem estudado. Qual o impacto que a boa e a má aparência causa na vida do ser humano? Ora, não é necessário nem fazer pesquisas sobre o tema, todo o ser humano se sente bem, com aquilo que é bom.

Louvado seja Nosso Senhor pela educação moral, ética, espiritual, tanto interna como externa, que Ele revelou ao nosso Profeta Muhammad (s.a.w.).

Obrigado, boas leituras.

M. Yiossuf Adamgy

terça-feira, outubro 01, 2013

SOBRE TASAWWUF (MISTICISMO ISLÂMICO) E OS SUFIS - ( Hadrat ‘Abdul-Qádir al- Djílání, O Segredo dos Segredos)


O nome sufi é uma expressão derivada da palavra árabe sáf, "puro". A razão pela qual os sufis foram chamados por este nome é que seu mundo interior está purificado e iluminado pela luz da sabedoria, da unidade e da unicidade. Outro significado desta denominação é também porque eles estavam conectados espiritualmente com os companheiros imediatos do Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), conhecidos como "os companheiros com manto de lã". 

Eles também podem ter usado o costumeiro manto de lã rústico (súf) quando noviços, e terem passado suas vidas em roupas velhas remendadas. 

Assim como seu exterior é pobre e humilde, também o é sua vida neste mundo. Eles são frugais na sua comida, sua bebida e demais prazeres deste mundo. No livro "al-Majma’" diz-se: "O que os faz vir a ser piedosos ascetas é a mais ordinária e humilde roupa e maneira de viver". Embora pareça muito pouco charmosos para o mundo, sua sabedoria se manifesta pela gentileza e delicadas maneiras, que os fazem atrativos àqueles que sabem. Na realidade eles são um exemplo para a Humanidade. Seguem as prescrições divinas. Eles estão à vista de seu Senhor, na primeira fileira da Humanidade. Aos olhos daqueles que buscam o seu Senhor, eles são formosos apesar de sua humilde aparência. Eles devem ser distinguidos e distinguíveis e devem ser assim, dessa maneira, um e todos, porque eles estão no nível da unidade e da unicidade, e devem aparecer como um. 

Em árabe, a palavra tasawwuf (Misticismo Islâmico; designa a disciplina e método dos sufis), consiste em quatro consoantes, T, S, W e F. 

A primeira letra, T, representa tawba, o arrependimento. Este é o primeiro passo que deve ser dado no caminho; é como se disséssemos um passo duplo, um vai para dentro e outro para fora. O passo exterior do arrependimento consiste em palavras, fatos e sentimentos: guardar a vida de pecado e de más ações, e inclinar-se para a obediência; fugir da revolta e a oposição, para procurar o acordo e a harmonia. O passo interior do arrependimento se realiza no coração. Consiste em limpar o coração de todos os desejos mundanos e conflitivos, e chegar à total afirmação do desejo pelo divino. Assim, o arrependimento, é dizer, ser consciente do errôneo e abandoná-lo, e ser consciente do correto e esforçar-se por ele, leva ao segundo passo. 

O segundo estágio é o estado de paz e alegria "safá". A consoante S é o seu símbolo. Nesta etapa também há dois passos a tomar: o primeiro, em direção da pureza do coração e o segundo para seu centro secreto. 

A paz do coração chega a um coração livre de ansiedade. A ansiedade está causada pelo peso de tudo que é material - o peso da comida, a bebida, o sono, a conversa fútil . Tudo isto, como a gravidade da Terra arrasta o coração etéreo para baixo, e se liberar deste peso cansa ao coração. Além do mais, há amarras - desejos, posses, amor da família e dos filhos - os quais atam o coração etéreo a terra, o que lhe impedem elevar-se. 

A maneira de liberar o coração, de purificá-lo, é louvar a Alláh. Ao princípio esta lembrança somente pode ser feita exteriormente, repetindo seus divinos Nomes, pronunciando-os em voz alta, de tal forma que tanto um quanto os outros possam escutar e recordar. Como a morização de Ele se torna constante, a recordação penetra no coração e se faz interior, silenciosa. Alláh diz: "Só são fiéis cujos corações, quando lhes é mencionado o nome de Alláh estremecem, e, quando eles são recitados os Seus versículos, é-lhes acrescentada a fé, e se encomendam a seu Senhor." (Sura Al-Anfal,VIII: 2). "Estremecem" significa temor, medo e amor a Alláh. Com sua lembrança e recitação dos Nomes de Alláh o coração acorda do sono da nconsciência, se limpa e chega a brilhar. Então formas e figuras procedentes do reino oculto e invisível se refletem neste coração. O Profeta (que Allah o abençoe e lhe dê Paz), diz: "Os homens de conhecimento exterior visitam e inspecionam coisas com suas mentes, enquanto que o sábio está interiormente ocupado limpando e lustrando seu coração". 

A paz do segredo do centro do coração é conseguida mediante a purificação do coração de toda e cada uma das coisas deste mundo e preparando-o para unicamente receber a essência de Allah, a qual entra quando o coração tem sido embelezado com o amor do divino. Os meios para esta limpeza são a constante lembrança interior e a recitação com a língua secreta da divina Confissão da Unidade, la illaha illa Llah - Não há mais deus que Alláh -. Quando o coração e seu centro estão em estado de paz e felicidade então a segunda etapa, representada pela letra S, foi completada. 

A terceira letra, W, simboliza a wiláya, que é o estado de santidade e proximidade dos amantes e amigos de Alláh. Este estado depende da própria pureza interna. Alláh menciona a seus amigos no Sagrado Alcorão: "Não é acaso, certo que os diletos de Alláh jamais serão presas do temor, nem se atribularão? Obterão alvíssaras de boas-novas na vida terrena e na outra..."(Sura-Yunis,X:62/64). 

Aquele que está no estado de santidade é totalmente consciente disto, está cheio de amor e está conectado com Alláh. Como resultado é embelezado com o melhor caráter e comportamento. Este é um presente divino com que foi agraciado. Nosso Mestre o Profeta (que Alláh abençoe e lhe dê Paz) disse: "Observa as divinas regras e comporta-te de acordo com elas...". Nesta etapa o homem consciente cobre sua mundaneidade e suas características temporais e aparece coberto em atributos divinos. Alláh disse através de seu Profeta (a paz e as bendições de Alláh sejam sobre ele): "Quando Eu amo a meu servo Eu me converto em seus olhos, sua língua, suas mãos e seus pés. Ele vê através de Mim, ele escuta através de Mim, ele fala em Meu nome, suas mãos chegam a ser as Minhas e ele caminha Comigo." 

Te limpa de todas as coisas e somente guarda a Essência de Alláh em ti, pois está escrito: "Chegou a Verdade, e a falsidade desvaneceu-se, porque a falsidade é pouco durável.” (Sura-Bani-Israil,-XVII:81). Quando a verdade chega à falsidade se desvanece e a etapa de wiláya foi completada.

A quarta letra, F, simboliza faná, a aniquilação de si mesmo, o estado de vacuidade (estar vazio de tudo o que não é a Essência de Alláh). A falsa identidade de si mesmo se derrete e se evapora quando os atributos divinos entram no ser íntimo, e quando a multiplicidade dos atributos mundanos desaparece, seu lugar é substituído pelo único atributo da Unidade. 

Na realidade, a verdade está sempre presente. Nunca desaparece nem declina. O que sucede é que o fiel se dá conta e chega a ser um com Aquele que o criou. Estando com Ele, o crente recebe Seu prazer: o ser temporal encontra sua verdadeira existência realizando o eterno segredo. "Tudo perecerá exceto Seu Rosto..." (Sura Al-Qassas,XXVIII: 88). 

O caminho para realizar Sua verdade é através de Seu prazer, através de Seu acordo. Quando vossas ações somente são feitas por Ele, somente para obter Sua aprovação, então os acercais a Sua Verdade, a sua Essência, tudo desaparece exceto Aquele que está agradecido e aquele com o qual Ele está agradecido, unido. 

As boas ações são a mãe que leva em seu ventre o fruto da verdade: a vida consciente de um verdadeiro ser humano. "Até a Ele ascendem às puras palavras e as nobres ações." (Sura Fáter,XXXV: 10). Atua-se e existe somente por Alláh, então se deixa de adjudicar sócios a Allah, deixa se de por a si mesmo ou a outros em lugar de Alláh (o imperdoável pecado que cedo ou tarde destrói a si mesmo). 

Mas quando o ego e o egoísmo são aniquilados alcança-se o estado da união com Alláh. O grau da união é o Reino da Proximidade a Alláh. Alláh descreve seu Reino desta maneira: "Certamente os homens retos estarão... no lugar da verdade, em presença do Soberano Onipotente" (Sura Al-Qâmar,LIV: 54 e 55). Este lugar é o lugar da Verdade Essencial, a verdade de todas as verdades, o lugar da unidade e da unicidade. É o lugar reservado aos Profetas, para aqueles que são amados por Alláh, para Seus amigos. Alláh está com aqueles que são verdadeiros. Quando uma existência criada se une a uma existência eterna já não pode ser concebida como uma existência separada. Quando todos os laços terrenos são abandonados e se está em união com Alláh, com a Divina Verdade, recebe-se a pureza eterna, nunca será amaldiçoado, e chegará a ser um dos "diletos do Paraíso, onde habitarão eternamente" (Sura Al-‘Araf,VII: 42). Eles são aqueles: "que praticam o bem" (Sura Al-‘Araf,VII: 42). E, no entanto, "jamais impomos a alguém uma carga superior às suas forças" (Sura Al-‘Araf,VII: 42), mas necessita-se uma grande dose de paciência, "porque Ele está com os perseverantes" (Sura Anfal,VIII; 66). 

sexta-feira, setembro 27, 2013

O Retorno do Islão a Espanha

Quando falamos do “retorno do Islão a Espanha” devemos evitar maus entendidos. Esta frase faz referência a uma situação precisa: depois do genocídio e da expulsão perpetrada contra os muçulmanos (como contra judeus, protestantes e cristãos unitários), o Islão volta a ser praticado no Estado Espanhol, tanto por causa da emigração como por causa do crescente número de cidadãos espanhóis, que se reconhecem muçulmanos.

Prezados Irmãos,
Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:
Esta realidade encontrou um reflexo na Legislação Espanhola na Constituição de 1978, e de um modo específico em 1989, quando o Islão foi reconhecido oficialmente como “religião notoriamente enraizada”, e em 1922, com a assinatura de um acordo de cooperação entre o Estado e a Comissão Islâmica de Espanha. Este acordo foi realizado num momento em que se cumpriam quinhentos anos das Capitulações de Granada, os pactos assinados pelos Reis Católicos com os Muçulmanos Espanhóis, através dos quais se garantia a sua liberdade de culto. Como é sabido, as Capitulações foram incumpridas de forma sangrenta, dando início ao período mais obscuro da história da Península Ibérica.

É necessário recordar que a prática do Islão permaneceu proibida nas nossas terras durante séculos, com o qual todo o mundo reconhecerá o Acordo como um feito saudável: o fim de quinhentos anos de monopólio religioso, de pensamento único imposto pela força, e a conseguinte recuperação da liberdade religiosa e da consciência que tinha caracterizado a Espanha Muçulmana. O retorno do Islão a Espanha não vem abrir uma ferida curada pelo tempo, mas é a possibilidade de fechar uma ferida aberta, com a conseguinte recuperação de um passado destruído pela violência e pelo fogo.

Este feito pode trazer novas luzes a isso que os intelectuais chamaram “a realidade histórica de Espanha”. Situamo-nos perante a possibilidade de reescrever a história da Península desde o ponto de vista do cruzamento de civilizações e culturas, recordar o nosso passado como expressão de um pluralismo que sempre devia ter prevalecido numa terra situada como confluência dos mundos. Estamos num momento privilegiado para rever a nossa história, para superar toda a tentação totalitária e plantar um futuro onde a convivência entre as religiões e concepções do mundo seja possível, o que nos exige o esforço pessoal de superar toda a tentação de considerar o nosso caminho como o melhor ou o único possível, de reconhecer a todo o mundo o seu direito de eleger aqueles princípios pelos quais quer guiar a sua vida.

No entanto, a situação da liberdade religiosa em Espanha está longe de ser boa. A resistência em cumprir com o mencionado Acordo por parte do Estado Espanhol tem a sua origem na resistência dos poderes que se beneficiaram de exercer o monopólio, e que olham para a diversidade como um perigo. Todos aqueles que advogamos pelo reconhecimento da realidade plural de Espanha, quer seja a nível religioso ou das diferentes nacionalidades vemo-nos defrontados com a mesma persistência de estruturas mentais que têm a ver com o Antigo regime. O facto de que estas correntes reacionárias vinculadas ao nacional catolicismo tenham tanta força constitui um autêntico escândalo, é a negação dos princípios do estado de direito que deveriam reger todos os cidadãos.

No caso dos muçulmanos, isto significa: dificuldades para abrir centros de culto, negação de espaços em cemitérios públicos, não comemoração de festivi-dades religiosas islâmicas, não regulamentação da alimentação halal, negação da participação dos mu-çulmanos na gestão do património de origem islâ-mica, restrição do direito ao ensino do Islão nas escolas, e uma geral desatenção das instituições para com as necessidades religiosas deste colec-tivo. Tudo o que foi mencionado são direitos legítimos dos cidadãos muçulmanos, mencionados como tal na Lei do Acordo de Cooperação, direitos que são vulne-rados uma e outra vez por juntas, comunidades au-tónomas e por todo o aparato do Estado.

A falta de cultura democrática em Espanha é desoladora. Hoje em dia, os princípios constitucionais de aconfessionalidade e de igualdade e não discriminação entre as religiões não são respeitados, ainda sendo os pilares da liberdade religiosa. A Igreja Católica recebe enormes quantidades de dinheiro, saído dos nossos bolsos, e goza de claros privilégios. Os políticos acodem a atos religiosos católicos, no exercício das suas funções públicas, e as Forças Armadas continuam a celebrar festividades religiosas católicas, que discriminam os membros de outras confissões. As câmaras financiam o restauro e manutenção de Igrejas, mas nega-se ajuda e proteção às confissões não católicas.

Os cidadãos de confissão muçulmana têm muitos motivos de queixa, e, no entanto, somos assinalados constantemente como causa de problemas. É curioso que se chamem constantemente os emigrantes muçulmanos a integrar-se na sociedade, a cumprir com os seus deveres, no entanto o Estado e a Sociedade no seu geral permitem-se vulnerar, de forma manifesta, os seus direitos. O que gostaria de saber é quais sãos os deveres como cidadãos que se supõe que os muçulmanos não cumprem em Espanha. Pelo contrário, sei muito bem quais são os direitos que o estado atual das coisas não nos garante.

“Wa salamu aleikum wa ráhmatullahi wa barakatuh.

E a paz de Deus esteja convosco... ."■

Fonte: 05/09/2013 - Autor: Abdennur Prado - Fonte: Webislam – Tradução: Yiossuf Adamgy

segunda-feira, setembro 23, 2013

As Boas Maneiras nos Cortejos Fúnebres

Um Cortejo Fúnebre passou pelo Rassulullah (r) e os companheiros elogiaram o morto. O Rassulullah (r) disse: “Ele merce.” Então passou outro Cortejo Fúnebre e os companheiros falaram mal do morto. O Profeta (SAAS) disse: “Ele merce.” Omar Ibn Al Khattab (t) perguntou ao Profeta (r) o que ele queria dizer com as suas palavras. O Profeta (SAAS) respondeu: “O primeiro foi elogiado e merece o Paraíso, o segundo foi mal falado e ele merece o Inferno. Vocês são as testemunhas de Allah na terra.” (Muttafac alaih). 

O Rassulullah (r) incentivou seguir os Cortejos Fúnebres mostrando a virtude disse, dizendo: “Quem presenciar o Cortejo Fúnebre até a oração terá um quilate. Quem o presenciar até o sepultamento terá dois quilates.” Foi-lhe perguntado: “Que são dois quilates?” Respondeu: “Como duas enormes montanhas.” (Muttafac alaih).

Cortejo Fúnebre possui boas maneiras que todo muçulmano deve seguir em relação ao morto. As mais importantes, são:
Fazê-lo pronunciar os dois testemunhos na hora da morte: Quem estiver presente na hora da morte de alguém deve lhe dizer: Diga: Lá iláha illal láh (não há outra divindade além de Allah), devido às palavras do Rassulullah (SAAS): “Fazem o moribundo dizer: lá ilaha illal Allah.” (Musslim).

O Profeta (SAAS) também disse: “Quem forem suas últimas palavras lá iláha illal Allah entrará no Paraíso.” (Tirmizi e Hákim).

Fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto: A primeira coisa que o muçulmano deve fazer, ao presenciar a morte de alguém é fechar-lhe os olhos e cobrir-lhe o rosto. “Quando a alma sai, a visão vai junto.” (Musslim).

A paciência, a conformação e a repetição da fórmula de retorno a Allah: O muçulmano é paciente quando morre algum ente querido. Ele fica repetindo: “Somos de Allah e a Ele retornaremos. Ó Allah, protege-me nessa calamidade que me ocorreu e a substitua com algo melhor.” (Musslim). E diz: “Não há força nem poder a não ser em Allah.” Então, invoca a Allah pelo morto. O Profeta (SAAS) entrou na residência de Abu Salama que estava moribundo. Ele fechou-lhe os olhos e disse: “Quando a alma é retirada a visão vai junto.”

Alguns de seus familiares se agitaram. Ele lhes disse: “Não invoquem a não ser o bem, pois os anjos são encarregados do que dizem.” Então, disse: “Ó Allah, perdoa a Abu Salama, eleve a sua posição entre os servos orientados e cuide de seus familiares que ele deixou para trás. Ó Senhor do Universo, perdoa-o e a nós, amplie o seu túmulo e coloque luz nele para ele.”

O chorar nessa hora não contraria a paciência e a submissão à determinação de Allah. O Rassulullah (SAAS) chorou quando morreu o seu filho Ibrahim. Ele disse: “O olho chora, o coração está triste, e não dizemos a não ser o que agrada ao nosso Senhor. Estamos tristes pela tua partida ó Ibrahim.” (Bukhári e Abu Daúd).
O que se deve evitar é o que acompanha o choro com coisas contrárias à lei islâmica, como esbofetear o rosto, rasgar as roupas, e dizer palavras da época pré-islâmica.

A pressa em preparar o morto: Deve-se apressar em banhar, perfumar e amortalhar o morto. Não há necessidade para isso se morto for um mártir, morto por incrédulos em batalha. Ele não precisa ser lavado nem amortalhado. É enterrado com as roupas com que foi morto. Allah, glorificado seja, irá ressuscitá-lo, no Dia da Ressurreição com o cheiro de almíscar exalando dele.

O praticar a oração fúnebre: É direito do morto que os muçulmanos presentes ao seu sepultamento praticarem a oração fúnebre por ele.

O levar o morto para o enterro e se apressar com isso: O Rassulullah (SAAS) costumava acompanhar os mortos e aconselhava os outros fazê-lo. Aconselhava não se sentar a não ser após o enterro. O Rassulullah (SAAS) disse: “Ao verem a passagem de um Cortejo Fúnebre  fiquem de pé. Quem o acompanhar não deve sentar até ser enterrado.” (Bukhári).

A proibição de lamentos e o bater nos rostos: O Profeta (r) proibiu isso veementemente. Ele disse: “Não pertence a nós quem esbofeteia o rosto e rasgas roupas e pronunciar palavras da época pré-islâmica.” (Muttafac alaih).

Cumprir o testamento do morto: é dever dos familiares do falecido cumprirem o seu testamento, se não deixar testamento ilegal. Omar Ibn al ‘Ass (RAA), ao falecer não quero ser acompanhado por nenhum lamento nem fogo. Ao ser enterrado, joguem a terra sobre o túmulo com delicadeza. Então permaneçam ao redor do meu túmulo o tempo de sacrificarem animais e distribuírem sua carne. Dessa forma eu me sociabilizo com vocês e vejo o que dizer aos mensageiros de meu Senhor.” (Musslim).

O Invocar a Allah pelo Morto: É recomendável que os muçulmanos permaneçam ao redor do túmulo após   o enterro, invocando a Allah, glorificado seja, que o perdoe e seja misericordioso com ele. Entre as preces do Profeta (r) para o morto: “Ó Allah, perdoa-o e tenha misericórdia dele, sê generoso com ele, fortalece-o. Que a sua entrada seja ampla e confortável, lave-o com a mais pura e limpa água. Purifique-o dos pecados como o roupa branca é lavada da sujeira. Concede-lhe um lar melhor do que o lar dele (na terra) e uma família melhor do que a família dele, uma esposa melhor do que a esposa dele, e protégé-o do tormento do túmulo ou do tormento do Inferno.” (Musslim, Tirmizi e Nassá-i).

A Oração pelo morto ausente: Se morrer um muçulmano em local distante e nenhum dos muçulmanos consegue praticar a oração fúnebre por ele, os muçulmanos fazem a oração fúnebre onde estiverem e isso se chama: “a oração pelo morto ausente”. O Rassulullah (SAAS) fez a oração fúnebre pelo Négus, imperador da Abissínia, com o corpo ausente ao saber da morte dele.

Enviar comida aos familiares do morto: Isso por amizade e a cooperação para aliviar a aflição deles. Quando Jaafar Ibn Abi Tálib faleceu, o Rassulullah (r) disse: “Preparem comida para os familiares de Jaafar, porque eles estão ocupados com os seus problemas.” (Tirmizi e Ibn Mája).

Pagar as dívidas do morto: O pagamento das dívidas do morto é obrigatório. O Profeta (r) ordenava o pagamento da dívida do morto antes da oração fúnebre. (Tirmizi).

As condolências: O muçulmano presta condolências aos aflitos e os incentiva a terem paciência e aceitarem a determinação de Allah. É desaconselhável ficar sentado para as condolências, o fazer sala, o contratar recitadores do Alcorão, como é desaconselhável prestar condolências após o terceiro dia, a não ser ao ausente. Também é desaconselhável o que chamam de sétimo dia ou de quarenta dias. Tudo isso constitui em inovações que não ajudam o morto nem os seus parentes por motivo de orgulho e de vaidade.

Aproveitar as lições: O muçulmano tira lições do acompanhamento dos Cortejos Fúnebres  prendendo-se a Allah, lembra-se muito de Allah, obedece a Ele e afasta-se das desobediências, porque sabe que terá o mesmo destino. O seu enterro será preparado, o corpo será transportado, será enterrado em seu túmulo e deixado sozinho. Quem quiser um admoestador, a morte lhe é suficiente.

O muçulmano ignorante não entende sua religião e é extremista na sua ignorância e escuridão, ele é  mais perigoso para o Islam do que os seus inimigos... 

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

"Desejam em vão extinguir a Luz de Allah com as suas bocas; porém, Allah nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!" (41:33)

Mohamad ziad -محمد زياد

domingo, setembro 22, 2013

Palestra proferida pelo Sheikh Mohamad Al Bukai no Ato Ecumênico e Palestra sobre "Doação de Órgãos" na visão islâmica, realizada em 26/09/2011, às 14:00h, no Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP.

Em nome de Deus, O Misericordioso, O Misericordiador raças a Deus, O Criador dos Mundos, que as bênçãos e a paz estejam com todos os profetas e mensageiros e com todas as pessoas que  seguem seus ensinamentos com benevolência.

Agradeço a presença de todos e em especial aos organizadores deste evento pelo  convite e a oportunidade que me foi dada em expor o ponto de vista do Islam sobre a doação de órgãos e tecidos humanos.

Esta questão é recente, não havendo menção na história que relata o passado, a não ser por alguns pequenos implantes de pele, o destaque veio com o contínuo avanço e desenvolvimento da ciência no campo da saúde humana.

A posição do Islam a esse respeito é clara e não deixa dúvidas. A comunidade de sábios e jurisprudentes islâmicos, reunidos no Congresso Islâmico de 06/02/1988, realizou várias interpretações de textos do Alcorão e da Sunna (tradições com base na vida e na prática do Profeta Muhammad, que a benção e a paz estejam com ele), para dar fundamento à declaração que torna licita a prática de doações de órgãos. O contexto das interpretações considera a doação um ato de humanidade recomendável e muito bem aceito.

Os sábios se guiaram por meio de diversos versículos do Alcorão e das nobres narrativas (hadices) da sunna (tradição). Algumas das bases para fundamentar a sua condição lícita são: “QUEM MATAR UMA PESSOA, SEM QUE ESTA TENHA COMETIDO HOMICÍDIO OU SEMEADO A CORRUPÇÃO NA TERRA, SERÁ CONSIDERADO COMO SE TIVESSE ASSASSINADO TODA A HUMANIDADE; QUEM A SALVAR, SERÁ REPUTADO COMO SE TIVESSE SALVADO TODA A HUMANIDADE”. ALCORÃO, VERSÍCULO 32, SURATA 05 - AL MAEDA (A MESA SERVIDA).

Fica óbvio nesse versículo que temos de ajudar outro ser humano a por fim ao sofrimento e à dor, caso isso seja possível, por meio de métodos que sejam de nosso conhecimento e estejam disponibilizados e ao nosso alcance.

Na sunna do Profeta Muhammad (SAAS) há um dito que contem uma ordem dada aos crentes por ele, para que se mediquem e se tratem de todas as doenças: “(...) mediquem-se, ó servos de Deus, pois Deus, para toda doença existente na Terra, disponibilizou a cura”.

Em outro hadice, o profeta diz: “Não há doença cuja cura para esta não tenha sido disponibilizada por Deus (...) a disponibilidade existe para quem a procura e inexiste para quem opta pela permanência na ignorância”.

Quando o Profeta foi perguntado sobre como conciliar a medicação e a prevenção das doenças e o tratamento por meio da imposição das mãos - Ciência do Rukai - com o que nos foi predestinado e reservado por Deus, ele respondeu: “A cura também faz parte da predestinação e do que Deus nos reservou”

Aproveito para fazer a indicação de pesquisa sobre temas tais como: os conceitos no Islam do livre arbítrio, do poder da fé, da intenção, da contemplação e da submissão total aos desígnios de Deus.

O transplante de órgãos deve ser inserido no contexto em que se encontrem meios para a cura; a procura de tais meios que leve à preservação do ser humano é lícita no Islam. 

a)o Islam é paz, a paz leva à continuidade da vida e à saúde;

b)o Islam é o equilíbrio; a boa saúde é uma das expressões do equilíbrio;

c)o Islam promove os meios que levam o equilíbrio à vida do ser humano;

d)a ligação com Deus, a família, a saúde e o trabalho são as bases para uma vida 

feliz e equilibrada;

e)os meios para se chegar a esse equilíbrio devem ser conciliados de forma a 

alcançá-lo em sua plenitude.

Logo, uma das regras conhecidas na ciência dos estudos islâmicos é: “TUDO É LÍCITO, ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO”.

Não há escrituras, explícitas ou não, que proíbam a doação de órgãos. São encontrados somente textos que, por meio do razoamento, nos levam a constatar a sua licitude.Os muçulmanos e seguidores de diferentes religiões são unanimes ao aceitar a como lícitos os seguintes itens:

1. A doação de bens materiais e dinheiro em prol da melhoria da condição de vida 

do próximo;

2. A doação de sangue para salvar a vida do próximo;

3. A doação de leite humano para ajudar na sobrevivência de crianças mesmo que 

não sejam seus filhos;

Partindo desta premissa, é permitida a doação de órgãos e tecidos para o fim de  salvar vidas humanas.

A doação de órgãos é considerada no Islam como uma caridade contínua, ou seja, mesmo após a morte do doador, a sua alma continuará recebendo as bênçãos e glórias pela eternidade. Disse o Profeta (SAAS): “No momento da morte do ser humano, é finda também a oportunidade de fazer a caridade e obter as suas bênçãos, a não ser que tenha realizado três tipos de caridade:

1. A caridade contínua;

2. A propagação de conhecimento que deixem marcas e afetem as gerações futuras 

positivamente;

3. A geração de um filho que receba os ensinamentos que o tornem benevolente e 

dirija suas súplicas a Deus em benefício de seus geradores;

Assim, o doador de órgãos recebe as bênçãos de sua caridade de forma contínua pela eternidade, mesmo após a sua morte, pois Deus lhe concede a misericórdia e o perdão por seus pecados. Basta ter a sincera intenção de fazê-lo sem nenhum interesse que não seja a de agradar a Deus, O louvado, O altíssimo.

As condições lícitas da doação de órgãos entre vivos, citadas pelos sábios islâmicos são:

1. gozar de pleno juízo para decidir;

2. no caso de menores de idade, os seus responsáveis podem optar pela doação de 

seus órgãos e tecidos;

3. não doar órgãos que leve à morte do doador, como o caso do coração;4. não doar órgãos que prejudique a saúde do doador;

5. não doar órgãos em troca de dinheiro,bens materiais ou favores;

6. não adquirir órgãos por meio do comércio legal ou ilegal destes.

As condições lícitas da doação de órgãos de mortos para vivos citadas pelos sábios muçulmanos são:

1. permissão da pessoa em vida; caso este não tenha se posicionado em vida, os 

herdeiros têm o direito de decidir pela doação ou não;

2. não doar órgãos em troca de dinheiro, bens materiais ou qualquer tipo de favor;

3. não adquirir órgãos por meio do comércio legal ou ilegal destes.

Muito obrigado e Graças a Deus, o Senhor dos Mundos!

Sheikh Mohamad Al Bukai

Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil – Mesquita do Pari Rua Barão de Ladário, 922 – Pari – São Paulo - Telefone (11) 3311-6734 / 3311-8697 - www.ligaislamica.org.br

Criação de Cães sem Necessidade

Manter cães dentro de casa sem qualquer necessidade, apenas como animais de estimação, foi proibido pelo Profeta Muhammad. Quando observamos o luxo com que as pessoas de boa situação(econômica) tratam os seus cães, ao mesmo tempo desprezando seus parentes, e quanta atenção eles dedicam aos seus cães ao mesmo tempo que negligenciam seus vizinhos, compreendemos a sabedoria desta proibição. Além do mais, a presença de um cão se torna anti-higiênicos os utensílios caseiros devido a serem lambidas pelo animal. O Profeta Muhammad, disse:

"Se um cão lambe um prato(ou panela), limpe-o diversas vezes, das quais uma pelo menos deve ser com areia(ou com terra)." (Al-Bukhari)

Alguns sábios são da opinião de que a razão para a proibição da manutenção de cães pode ser por eles latirem aos visitantes, espantarem os necessitados que vem em busca da caridade, e perseguem e tentam morder os que passam.

O Profeta Muhammad, disse:

"O anjo Gabriel veio a mim e disse: `Procurei-o ontem, mas o que me preveniu de entrar foi haver uma estátua à porta, uma cortina com imagens e um cão dentro da casa. Assim sendo, mande que seja quebrada a cabeça da estátua para que parece o tronco de uma arvore, que cortem a cortina e façam dela duas almofadas para reclinar, e que o cão seja posto para fora.`" (Abu Daud, An-Nissaí, e Ibn Hibban em seu Sahih)

Esta proibição se limita à criação de cães sem necessidade ou utilidade.

A Permissibilidade de Manter Cães de Caça e de Guarda

Os cães que são criados com um propósito, tais como os de caça, os pastores de gado ou guardas de colheitas e outros parecidos, estão livres da proibição. Em uma tradição relatada tanto por Al-Bukhari como por Muslim, o Profeta Muhammad, disse:

"Aquele que criar um cão que não seja de caça ou para guardar a colheita ou o gado, perderá uma medida de sua recompensa por dia." (Abu Daud, An-Nissaí, e Ibn Hibban em seu Sahih)

Com base nesta Tradição, alguns juristas argúem de que criar cães como animais de estimação podem ser considerado como desaconselhável e não ilícito já que o que é ilícito, é terminantemente proibido sem a preocupação de haver uma redução da recompensa ou não.

Entretanto, esta proibição de se manter cães em casa não significa que eles devem ser tratados com crueldade ou de que devam ser exterminados. Aludindo-os seguinte versículo do Alcorão:

"Não existe ser algum que ande sobre a terra, nem ave que voe, que não constituam nações semelhantes à vós." (6: 38)

O profeta Muhammad contou aos companheiros uma historia sobre um homem que havia encontrado um cão no deserto, resfolegando e lambendo a areia de sede. O homem foi até um poço, encheu seus sapatos de água, e aliviou a sede do cão. Disse o Mensageiro de Deus"Deus aprovou isto e perdoou-lhe todos os seus pecados." (Al-Bukhari)

As Descobertas Cientificas Sobre a Criação de Cães

Alguns admiradores do ocidente nos países muçulmanos, alegam estar imbuídos de amor e compaixão por todas as criaturas vivas, e questionam a razão do Islam prevenir contra o "melhor amigo"do homem. Para informação destes, citamos aqui um longo trecho de um artigo escrito por um cientista Alemão, o Dr. Gerard Finstimer, no qual o autor esclarece sobre os perigos à saúde humana resultante da criação de cães ou do contato constante com eles. Diz ele:

"O crescente interesse demonstrado por muita gente dos tempos atuais na criação de cães como animais de estimação, compeliu-nos a chamar a atenção do publico aos perigos que daí resultam, especialmente pelo freqüente carinho com que os cãezinhos são abraçados e beijados, deixando-se que lambam as mãos dos jovens e dos idosos, e o que é pior, deixando-os lamberem pratos e utensílios que são usados por seres humanos para comer e beber. Alem de anti-higiênico e desagradável, este costume é de má educação e abominável ao bom gosto. Entretanto, não estamos preocupados aqui com estes aspectos, deixando que eles sejam abordados por professores de boas maneiras e etiqueta. Ao invés disso, este artigo pretende apresentar algumas observações cientificas. Do ponto de vista medico, que é nossa principal preocupação aqui, os riscos à saúde e vida humana resultantes de se manter e brincar com cães, não podem ser ignoradas. Muitas pessoas já pagaram um alto preço por sua ignorância, adquirindo coisas como a solitária, verme transmitido pelo cães, e que causam doenças crônicas e à vezes fatais. Esse verme é encontrado no homem, no gado e nos suínos, mas só é encontrado completamente desenvolvido nos cães, lobos, e raramente nos gatos. Esses vermes diferem dos outros por serem pequenos e quase invisíveis, daí somente terem sido descobertos muito recentemente."

E ele continua,

"Biologicamente, o processo de desenvolvimento desse verme tem certas características singulares. Nas lesões que causa, um único verme dá origem a várias cabeças ou carnegões, que se espalham e formam outros tipos e variedades de lesões e abscessos. Essas cabeças se transformam em vermes "adultos" somente nas amídalas dos cães. Nos seres humanos e em outros animais eles só aparecem como lesões e abscessos completamente diferentes do verme ele próprio. Nos animais, o tamanho do abscesso pode chegar a ser igual ao uma maçã, enquanto que o fígado do animal infectado pode crescer até cinco ou dez vezes o seu tamanho normal. Nos seres humanos, o tamanho do abscesso pode chegar ao de um punho fechado ou mesmo igual ao de uma cabeça de recém-nascido; ele fica cheio de um liquido que pode pesar de 5 a 10 quilos. Em um ser humano contaminado, ele pode causar diversos tipos de inflamação nos pulmões, músculos, baço, rins e cérebro, e aparece em formas tão diversas e inesperadas que os especialistas, até recentemente, tinham dificuldade em reconhecê-lo. De qualquer modo, onde quer que tal inflamação é localizada, ela representa grave perigo a sua saúde e vida do paciente. O que é pior, apesar do nosso conhecimento de sua vida, história, origem e evolução, ainda não somos capazes de chegar a uma cura para ele. exceto que em certos casos esses parasitas se extinguem, talvez devido à formação de anticorpos produzidos pelo corpo humano. Infelizmente, os casos em que esses parasitas se extinguem sem causar danos são muito raros. Além disso, a quimioterapia não conseguiu produzir qualquer melhoria, e o tratamento comum é o da remoção cirúrgica das partes afetadas do corpo. Por todas essas razoes, devemos despender todos os recursos possíveis para combater esta horrível doença e salva o homem dos seus perigos. "O professor Noeller, por intermédio da dissecação post-mortem de corpos humanos na Alemanha, constatou que a contaminação com vermes provenientes de cães é de pelo menos um por cento. em lugares como a Dalmácia, a Islândia, o sudeste da Austrália e Holanda, onde se usam cães para puxar trenós, a taxa de incidência dessa verminose nos cães é de 12%. Na Islândia, o numero de pessoas que sofrem de inflamação causada por esse verme já alcançou a taxa de 43%. Se acrescentarmos a isso o sofrimento humano, o prejuízo em carnes devido à contaminação do gado, e o risco permanente que reapresenta à saúde humana a mera presença da solitária, não podemos permanecer impassíveis diante do problema.

"Talvez a melhor maneira de combater o problema é limitar os vermes aos cães, não deixando que se disseminem, uma vez que na realidade nós precisamos de alguns cães. Não devemos deixar de tratar dos cães quando necessário, eliminando os vermes de suas amídalas e talvez repetindo esse processo periodicamente com os cães pastores e de guarda."

"O homem poderá proteger melhor sua vida e saúde mantendo uma distância segura entre ele e os cães. Ele não deve ficar abraçando-os, brincando com eles, nem deixá-los aproximar-se das crianças. As crianças devem ser ensinadas a não brincar com cães nem de acariciá-los. Não se deve deixar o cão lamber as mãos das crianças ou mesmo permanecer no lugar onde elas brincam. Infelizmente, é comum deixar-se os cães vagar por todos os cantos, especialmente nos locais onde brincam crianças, e suas vasilhas ficam espalhadas por toda parte. Os cães devem ter suas próprias vasilhas, e não se deve deixá-los comer ou lamber vasilhas ou pratos usados pelos humanos. Não se deve deixá-los entrar nos mercados, restaurantes ou lojas de viveres. Em geral, muito cuidado deve ser exercido para que eles não tenham contato com coisas usadas pelo ser humano para comer e beber." (Traduzido da revista alemã `Kosinos`)

Nos já sabemos que o Profeta Muhammad proíbe misturar-se aos cães, e de que admoestava sempre contra deixá-los lamberem pratos e mesmo de criá-los desnecessariamente. Como é possível que os ensinamentos de um árabe iletrado, Muhammad, pudessem estar em conformidade com os últimos resultados de pesquisas cientificas? Em verdade, não sabemos dizer nada além de repetirmos as palavras do Alcorão:

"Nem fala por capricho. Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelado." (53: 3-4)

sexta-feira, setembro 20, 2013

"Lê" (Iqra’),"“Lê, em nome do teu Senhor, Que Criou; Criou o homem (...)”. (96ª Surata, versículos 1-2)"

por: M. Yiossuf Adamgy

Algumas pessoas leem muitos livros, mas não podem compreender o que leem, e alguns são incapazes de assimilar o que têm vindo a saber. 

Prezados Irmãos,

Assalamu Alaikum Wa ráhmatullahi Wa barakatuh:

Como seres humanos conscientes, o nosso compromisso primário tem de ser ler e estudar, uma vez que não há comparação entre quem sabe e quem não sabe. Tal como o Glorioso Único diz no Alcorão Sagrado:

"São iguais, aqueles que sabem e aqueles que não?" (39:9).

Este nobre versículo foi revelado para aqueles que nunca ponderam, digerem ou põem em prática o que lêem.

Algumas pessoas leem muitos livros, mas não podem compreender o que lêem, e algumas são incapazes de assimilar o que têm vindo a saber. Allah, o Exaltado e Glorioso, diz:

"O exemplo daqueles que estão encarregados da Tora, e não a observam, é semelhante ao do asno que carrega grandes livros". (Alcorão, 62:5).

Não há nenhuma diferença entre aqueles que leem sem apreensão e não praticam o que aprenderam, e o asno carregado de livros. Pôr à prova a nossa compreensão não é tarefa fácil. O nosso abençoado Mestre disse que uma hora de contemplação é mais amada por Deus que sessenta anos de adoração...

O turco místico Yunus Emre, escreve: conhecer é compreender o conhecimento, conhecer é compreender a si mesmo; se não te compreendes a ti mesmo, de que serve ler?

O conhecimento sem contemplação causa sofrimento igual que o alimento não digerido. Ler pode ser enten-dido simplesmente como virar as páginas, mas a reflexão e a meditação requerem que o leitor aplique os seus poderes de apreensão. Ler é a habilidade prática para saber os valores simbólicos das letras, enquanto a verdadeira compreensão requer o conhecimento daquilo que estes símbolos se referem. O mais nobre Mensageiro recebeu a ordem de meditar na solidão do Monte Hira (Caverna), antes que lhe fosse dada a sua missão Profética.

As Fontes Islâmicas estão de acordo em que foi após este longo período de meditação que o Anjo Gabriel lhe trouxe a inspiração Divina. O ser humano é, na verdade, a coroa da criação. Tudo o que vemos neste universo foi criado para a humanidade.

O Sufismo, Tasawwuf em árabe, é a ciência do caminho místico que ensina ao ser humano o seu próprio e verdadeiro valor. "Aquele que conhece a si mesmo, conhece o seu Senhor". Essa tradição nobre torna-nos conscientes de que se, na verdade, um ser humano conhecer a sua própria impotência e mortalidade, compreenderá o poder e força, o esplendor e a majestade do seu Senhor e experimentará o que é o amor e o que é temer a esse exaltado Ser. O ser humano se torna verdadeiramente humano quando ele vê que foi criado com amor, e que o temor reverente da Verdade Divina é o princípio da sabedoria.

Ó amante buscador da Verdade! Os servos fiéis dos amigos de Deus, não são abandonados na necessidade. Se Qitmir foi admitido ao Paraíso porque era o cão dos Companheiros da Caverna, será desapropriado o servo de um Santo? Deus o proíba! Por certo que não será despojado e entrará no Paraíso com o ser que serviu. Acaso não nos disse o mais nobre Mensageiro (s.a.w.): "Estamos com aqueles que amamos".

O discípulo é o filho ou a filha espiritual do guia. Seria uma mãe ou um pai capaz de abandonar os seus descendentes, sem importar que as crianças fossem boas ou más? Os verdadeiros guias estão ainda mais compassivos para com seus filhos espirituais. Através do excesso de indulgência, ignorância ou falta de experiência, muitas vezes os pais levam os seus filhos para uma posição inferior a que eles poderiam ter obtido.

No entanto, como pais espirituais, os verdadeiros guias são inteiramente dedicados à elevação de seus filhos espirituais para posições mais elevadas, para guiá-los para a segurança e a felicidade neste mundo e na Vida Futura e para garantir o seu bem estar. Eles não abandonam nem mesmo os filhos de espírito maligno. Não duvidais disso. A aprovação do verdadeiro guia é a aprovação do nobre Mensageiro, e a aprovação de nobre Mensageiro é a aprovação de Deus, o Todo-Glorioso.

“Wa salamu aleikum wa ráhmatullahi wa barakatuh.

E a paz de Deus esteja convosco... ."

quinta-feira, setembro 19, 2013

VIVER E MORRER MUÇULMANO (SUBMISSO A DEUS).

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - 
JUMA MUBARAK

Tawaffani musliman wa alhiqni bi sualihin” - “…Faz com que eu morra muçulmano (submisso a Ti) e junta-me aos virtuosos”. Cur’ane 12.101

 “Rabbaná af-rig ãleiná sab-ran wa ta wa fana muslimin” - “…Senhor nosso, concede-nos a paciência e faz com que morramos submissos a Ti (como muçulmanos)!” . Cur’ane 7:126

Abdullah Ibn Massude (Radyialahu an-hu), referiu que O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) jurou por Deus e disse: “acontece que um de vós praticar acções próprias da gente do paraíso até não faltar senão um palmo para chegar a este (paraíso) e aí ele ser antecipado pelo livro e começar a praticar ações da gente do inferno e assim ele entrar no inferno. E acontece que um de vós praticar ações da gente do inferno até não faltar senão um palmo para chegar ao inferno e começar a praticar ações da gente do paraíso e entrar no paraíso. (Bukari e Muslim).

Deus deu a cada um de nós a faculdade de distinguirmos o bem e o mal. Este mundo passageiro, é um autêntico teste para determinação do nosso destino na vida futura. No momento da nossa morte, a nossa crença, ou não, no Deus Único e nos Seus Profetas, é crucial para a determinação do nosso futuro. Há certos crentes que passam a sua vida felizes e com estabilidade financeira, agradecidos e cumpridores das orientações de Deus e do Seu Profeta. Quando lhes acontece alguma desgraça, por exemplo, perda de um ente querido, ficam revoltados, culpando tudo e todos. Mais grave do que isso, acabam por perder a fé, culpando a Deus pelos seus infortúnios. E ainda outros que passam a sua vida com o suficiente para a subsistência e submissos a Deus. Quando a sorte bate-lhes à porta, não saberão utilizar a riqueza, perdendo-se na luxúria, nos jogos de azar e no adultério. Morrerão desgraçados!

Outros passam a maior parte das suas vidas praticando maldades e prejudicando o próximo, esquecendo as orientações divinas. Mas perto do final das suas vidas arrependem-se e pedem perdão a Deus. “Todos os filhos de Adão são pecadores. Mas o melhor dos pecadores, é aquele que se arrepende e pede perdão”. Tirmidi. Tentam remediar todo o mal causado aos outros, reconciliando-se com eles e no momento da morte, morrem submissos a Deus (muçulmanos). “E diz (Ó Muhammad); “Ó meus servos que se excederam contra si próprios, não desespereis da Misericórdia de Deus; certamente Ele perdoa todos os pecados, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo”. Cur’ane 39.53.

A fé do ser humano tem sempre altos e baixos. Tudo o que lhe rodeia, condiciona ou lhe aumenta a fé. Embalado pelos bons momentos da sua vida esquece o Sustentador. As dificuldades que devem ser aproveitadas para nos reconciliarmos com o nosso Criador, podem também provocar desânimo e afastamento Dele. O ser humano deve preocupar-se em todos os momentos da sua vida, em manter acesa a chama da fé. O muçulmano deve pedir a Allah, o Criador e o Sustentador, para que lhe permita viver e morrer com fé e como muçulmano (submisso a Deus). Que lhe conceda a tranquilidade na sua sepultura e a facilidade na entrada no paraíso. O crente não deve limitar-se a pedir, mas deve demonstrar essa preocupação praticando boas acções e cumprindo com as obrigações religiosas. “Salvo aqueles que se arrependem crerem e praticarem o bem; a estes Deus computará as más acções como boas, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”. Cur’ane 25:70.

Para um crente, é melhor uma longa vida, porque lhe permitirá continuar a praticar boas acções, que lhe facilitarão a vida no Akhirat (vida do além). Quando uma doença grave nos atinge, não podemos pedir a Deus para nos levar depressa, mas devemos ter a paciência e pedirmos o alívio da dor. A dor e o sofrimento são uma espécie de purificação dos nossos pecados. Também servem de alertas para nos voltarmos para Deus, suplicantes e arrependidos. A dor é um “presente” e não um “castigo”. No Dia do Juízo Final, o fardo dos nossos pecados será menor. Procuremos em Deus, o bálsamo necessário para que a tranquilidade da alma atenue a dor do corpo. “Procurai o auxílio (de Deus) na paciência (Sabr) e na oração: na verdade isto é difícil, excepto para os que têm um espírito humilde”. Cur’ane 2: 45.

Ó Criador dos céus e da terra. Tu és o meu Protector neste mundo e no outro. Faz com que eu morra muçulmano (submisso a Ti) e junta-me aos virtuosos”. Surat Yussuf: 101.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

sexta-feira, setembro 13, 2013

"Uma bela carta" - de Hazrat Aisha (r.a.), durante o reinando do Califa Muawiyya ...

Aisha durante o reinado do Califa Muawiyya

Muawiyya foi o sucessor do Imam Ali (r.a.), assassinado em momentos difíceis da história do Islão. A nossa intenção não é evocar aqui todas as intrigas que acompanharam a tomada de poder pelo califa Muawiyya e as suas desastrosas consequências para o futuro da comunidade muçulmana. Trata-se sim de insistir no papel e análise de Aisha (r.a.) ante a decadência do sistema político criado pelo Profeta (s.a.w.) e seus sucessores e ante o nascimento de um desvio do poder defendido por Muawiyya, que deu inicio ao primeiro sistema dinástico dos Omíadas.

Aisha (r.a.) não tardou em expressar o seu desacordo e a sua cólera face ao abuso de poder de Muawiyya. Muitos relatos históricos dão conta das suas propostas e críticas, particularmente, na morte do seu irmão, Mohammed Ibn Abi Bakr, governador do Egipto durante o reinado do Imam Ali (r.a.), assassinado pelos aliados de Muawiyya.[1] Por outro lado, criticou a recusa do novo califa e do seu governador Marwan Ibn al-Hakam, em enterrar al-Hassan perto do seu avô, o Profeta (s.a.w.). Também não mostrou medo ao condenar Muawiyya por ter mandado assassinar Hajar ibn Adi e os seus amigos, quando o visitavam. Publicamente, Aisha (r.a.) disse-lhe: “Ouve Muawiyya, não tens medo de Deus ao assassinar Hajar e os seus amigos?” [2]

Muawiyya sempre tentou, inutilmente, aproximar-se de Aisha (r.a.) para lhe pedir a sua opinião e o seu conselho. Enviava-lhe, com frequência, somas elevadas em dinheiro, que ela distribuía de imediato pelos mais necessitados. Um dia em que o Califa lhe escreveu a pedir conselhos, Aisha (r.a.) respondeu, clarificando o que pensava dele:

“As salam alaykum. Ouvi o Profeta (s.a.w.) dizer o seguinte: “Aquele que procura satisfazer a Deus decepcionando as pessoas, Deus o protegerá das pessoas. No entanto, aquele que busca satisfazer as pessoas decepcionando Deus, Deus deixá-lo-á como prisioneiro das pessoas. Salam”. [3]

Para instaurar uma espécie de monarquia hereditária durante o seu reino, Muawiyya aboliu o califado, primeiro sistema político da cidade muçulmana no qual, o califa é eleito depois de ser consultada a comunidade (shura). Desta maneira, lançou uma campanha, através de todos os territórios muçulmanos, favorecendo um juramento de fidelidade política para o seu filho Zayd.

Marwan ibn al-Hakam, filho do inimigo mais hostil do Mensageiro (s.a.w.), converteu-se num fervoroso apoiante da sucessão do filho de Muawiyya e pronunciou um discurso no qual justificava esta nova visão de poder. Isto provocou a ira de Abd ar-Rahman Ibn Abi Bakr, irmão de Aisha (r.a.), que respondeu:

“É mais parecido com uma ditadura hereditária como a de César. Agora vocês prestam juramentos de fidelidade aos vossos filhos!”[4]

Marwan, muito lastimoso com esta resposta, espalhou falsos rumores sobre Abd ar-Rahman, provocando um verdadeiro conflito no seio da comunidade. [5]

Aisha (r.a.) protestou violentamente contra o que dizia Marwan e defendeu o seu irmão neste contencioso político, optando pela shura (princípio da consulta). Ao recusar a designação de um sucessor entre família, o clã ou os amigos do califa, o Profeta (s.a.w.) decidiu um futuro e uma orientação específica para o conjunto dos muçulmanos. A mensagem que transmitiu sugeria o direito da comunidade eleger a pessoa mais qualificada e competente, sem ter em conta o sangue, a raça ou a etnia.

Aisha (r.a.) opôs-se a esta nova visão do poder no Islão que se converteria numa profunda chaga na história da civilização muçulmana: a monarquia hereditária despótica, verdadeira perversão do poder político que evoluirá até um verdadeiro despotismo arcaico (mulk).

Os leitores interessados em saberem mais sobre a nobre biografia de Hazrat Aisha (r.a.), poderão ler, em livro, a vida de "Aisha (r.a., Esposa do Profeta (s.a.w.)", de autoria de Asma Manrabet. Este livro encontra-se traduzido em português, e foi editado pela Al Furqán. A Sinopse completa sobre este livro pode ser vista neste link:

Wassalam.
M. Yiossuf Adamgy
(Director de Al Furqán)

[1] - Said Ramadan al Bouti, Aisha um al-muminin, al Farabi, Damas,1998, p. 66.

[2] -Ver a este respeito a interessante análise política desta época no livro de Nadia Yassine, Todas as velas para fora, Alter Editions, Paris. 2002.

[3] - Said Ramadan al-Bouti, o. cit. p. 132.

[4] - A resposta às rectificações feitas por Aisha (r.a.) aos companheiros encontra-se na obra do Imam Az-Zarkashi, Edition al-Khangi, 2001, Cairo, p. 126.

[5] - Sobre esta questão, ver o debate dos ulemas. Ibid. P. 126

quinta-feira, setembro 12, 2013

TEMA DA SEMANA: A LÍNGUA – Terceira e Última Parte.

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) - Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) - JUMA MUBARAK

Outra forma de difamar um crente, é chamá-lo à atenção em frente de outras pessoas. É uma humilhação que alguns sentem o prazer de cometer. Se vermos alguém a praticar algo que consideramos errado, deveremos chama-lo à parte e conversar com ele. Nunca o devemos fazer à frente de todos e ainda em voz alta, para dar ênfase ao “nosso saber”. A melhor maneira é pedir ao responsável da Mesquita, ou alguém mais erudito para falar com ele. Lembremo-nos de que com a globalização, estamos juntos nas orações com irmãos de todos os quadrantes. Cada um aprendeu nos seus países, de acordo com as 4 escolas sunitas. O desconhecimento da existência dessas pequenas diferenças, podem causar estranheza e discussões desnecessárias. Já temos assistido a discussões violentas de duas pessoas, cada uma defendendo a sua posição e cada uma pensando que sabe mais do que o outro, quando na realidade, nada sabem. “Depois de assentar a poeira, verás se montavas num cavalo ou num burro.” (ditado popular muito utilizado no meio muçulmano). Os eruditos têm uma responsabilidade acrescida. Como responsáveis religiosos, dão orientações religiosas à comunidade e muitas vezes não seguem essas mesmas orientações. “Faz aquilo que eu digo e não aquilo que eu faço”. Ammar (Radiyalahu an hu), referiu que o Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Quem tiver duas caras neste mundo, terá duas línguas de fogo no dia da Ressurreição” . 41-4855 Sunan Abudawud.

Os gestos também se expressam no bom e no mau sentido. Quantas vezes utilizamos gestos para ridicularizar, difamar e menosprezar os nossos semelhantes? Com os dedos das nossas mãos, fazemos gestos para caracterizar uma situação ou então para ofender as pessoas. Ai das mãos que também prestarão contas por tudo o que o nosso coração lhes ordenou! “Ó féis, evitai tanto quanto possível a suspeita, porque algumas suspeitas implicam em pecado. Não vos espreiteis nem vos calunieis mutuamente. Quem de vós seria capaz de comer a carne do seu irmão morto? Tal atitude vos causa repulsa! Temei a Deus, porque Ele é Remissório e Misericordiosíssimo”. Cur’ane 49:12

O Profeta proibiu a sua família de falar mal dos outros, como é referido numa passagem em que Aisha (Radiyalahu an-há), ao falar de Saffiya, dizendo tal e tal e um terno que significa de que ela é duma estatura baixa. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) repreendeu-a, dizendo: “Você disse uma palavra que se fosse misturado no mar, o mesmo mudaria de cor”. Sunan Abu Dawood. 41/4857. Aproveitemos a oportunidade, enquanto estiverem vivos aqueles que ofendemos, para lhes pedirmos desculpas pelo mal causado pelas nossas línguas , porque se não o fizermos, na prestação de contas as nossas boas acções serão entregues aos

ofendidos como compensação, até que se esgotem e passemos a assumir os pecados deles. Mas se o ofendido não aceitar o pedido de desculpas ou se a situação não for possível para essa remissão pelas teimosias dos ofendidos, então deve pedir perdão a Deus pelo sucedido e falar bem deles publicamente. “Ó meus servos que se excederam contra si próprios, não se desesperem da Misericórdia de Deus, certamente que Ele perdoa todos os pecados, porque Ele é o Clemente e Misericordioso. ” Cur’ane 39:53.

Habituemos a nossa língua a falar o bem e a verdade. A verdade conduz à virtude e a virtude conduz ao paraíso. A mentira leva à maldade e a maldade leva ao inferno. Falamos mentiras, como se fosse algo normal e quando alguém nos pede contas, dizemos: “eu estava a brincar”. Na presença ou não dos nossos amigos, da nossa família, em especial dos nossos filhos, não devemos utilizar palavrões, mesmo a linguagem grosseira que possa ser considerada menos ofensivas. Lembremo-nos de que os nossos filhos têm tendência de nos copiarem, das nossas atitudes e das nossas palavras. Assim eles se absterão do mal dizer. Quando os nossos filhos nascem, preocupamo-nos em ensina-los a transformarem os pequenos sons em palavras. Porque não incluir também “Lá ilah ilallah”? Para os mais adultos, a língua deve estar sempre úmida, na recordação de Deus. O Apóstolo de Deus (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “As duas palavras a seguir, são frases os expressões muito fáceis para a língua e muito pesadas na balança (da recompensa) e muito amadas pelo Misericordioso Todo-Poderoso: Subhan Allah Wa Bi-Hamdihi; Subhana Allahi-L-Ãzim”. Bukhari 78:673.

Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem" . Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!” . 10.10. “Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

12/09/2012