quinta-feira, novembro 15, 2012

ALDEIA DAS RELIGIÕES- ENCONTRO DE DIVERSAS RELIGIÕES EM PORTUGAL

Em nome de Deus o Clemente e Misericordioso!

Queridos irmãos e caros leitores, hoje, eu quero dividir com vocês uma experiência maravilhosa vivida por irmãos portugueses ou mesmos de outras nacionalidades, mas, que vivem naquele país. Enquanto em alguns lugares do mundo pessoas de diferentes credos de procuram nisso um motivo para discórdia, naquele mais milenar a proposta é aproximar os credos, conhecer suas bases religiosas, compreenderem suas crenças e por fim, conviverem harmoniosamente com as diferenças.

Centro Cultural Islâmico do Porto, em representação dos muçulmanos residentes em Portugal, participou na “Aldeia das Religiões”, que se realizou em Priscos – Braga, nos dias 25 a 28 de Outubro de 2012, no âmbito da Capital Europeia da Juventude. É a segunda vez que, a nível mundial, se realiza este tipo de encontros. A primeira experiência teve lugar no Brasil em 1992, apenas por uma noite. Em Priscos, uma aldeia pacata à entrada de Braga, os visitantes puderam visitar e dialogar com as diferentes confissões religiosas durante 4 dias, entre as 10 horas e às 22 horas.

Foram construídas de raiz 13 casas todas iguais, que albergaram as diversas confissões religiosas, entre elas, a Igreja Católica e a Comunidade islâmica, bem como outras minoritárias, como por exemplo a Comunidade Portuguesa de Candomblé Yorúbá.

Hesitamos em aceitar o convite, porque o evento teve lugar na altura da comemoração do Idul Adha (festa religiosa dos muçulmanos relativa ao final da Peregrinação à Maka). Mas o Padre João Torres, da paróquia de Priscos e responsável pelo evento, insistiu na nossa presença, considerando que era importante, por dois motivos: a primeira, para os visitantes obterem esclarecimentos sobre os verdadeiros fundamentos do Islão, em contraste ao que se ouve e se lê; em segundo lugar porque ele guarda boas recordações do convívio com os muçulmanos, quando esteve em Moçambique, em missão de serviço. Com estes argumentos, acabámos por aceitar. 

Para decorar e apetrechar a “nossa casa” com motivos islâmicos, tive o apoio de um vizinho e amigo, que sendo temente a Deus, não professa a nossa religião. Este é um exemplo de entre ajuda, da harmonia e da convivência pacífica, independentemente da raça e da confissão religiosa de cada um. Em caso de emergência, é o vizinho que está mais próximo para nos acudir. Quem acredita em Deus, e no Último dia, deve tratar o seu vizinho generosamente. Aicha e Ibn Omar referiram que o Profeta (Que a Paz e as Bênçãos de Deus estejam com ele), lhes transmitiu a seguinte preocupação: “O anjo Gabriel recomendou-me frequentemente no que se refere aos direitos dos vizinhos, que receei que estes também seriam declarados como herdeiros)”. Bukhari 73:43,44

Nos primeiros dois dias do certame não foi possível a nossa presença, por motivos profissionais e por causa do Idul Adha, dia de orações e de festa. Nos referidos dias, o Padre João Torres, responsável pelo evento, ficou a tomar conta da “nossa casa”.

Nesses dias, os visitantes tiveram acesso às informações acerca do islão que se encontravam afixadas nas paredes, bem como às fotocópias que foram distribuídas gratuitamente. Ao longo destes anos, nas diversas reuniões de esclarecimento e de divulgação da Religião islâmica, tenho convivido com responsáveis das várias igrejas cristãs, em especial com os padres católicos, com os quais mantenho uma relação de cordialidade e de proximidade. Refere o Alcorão: “….E encontrarás os mais próximos dos crentes aqueles que dizem “somos cristãos”. Isso porque entre eles há sacerdotes e monges e eles não são orgulhosos”. 5:82.

Nos dias seguintes, sábado e domingo, a “Aldeia da Religiões”, foi “invadida” por milhares de visitantes. Este evento foi pensado nos jovens, a fim de perceberem os fundamentos e os rituais de cada confissão. Organizados em grupos, vieram acompanhados pelos professores e outros na companhia dos pais. Os mais idosos também marcaram presença. Movidos pela curiosidade, quiseram saber as manifestações espirituais de cada uma das confissões e como Deus é representado.

Não esperávamos ver tanta gente, porque normalmente este tipo de eventos não tem suscitado grandes concentrações de pessoas. Foram distribuídas mais de 2.500 fotocópias referenciando diversos temas, nomeadamente: Princípios Gerais do islão,

Os Pilares da Fé, a Importância da Água no Islão, a Esposa, versículos do Alcorão,Jesus também um Profeta do islão e a Espiritualidade no Islão.

Com o apoio da Al Furqan, editora de livros islâmicos de Portugal, foi possível colocar à disposição dos visitantes, livros diversos focando temas da história do Islão, bem como de assuntos da actualidade. Nestas terras do Norte de Portugal, muito conservadora, os pilares da fé islâmica são desconhecidos. Conhecem o Islão pelas informações deturpadas que são transmitidas através da comunicação social, a qual muitas vezes associa a violência à Religião. Ao entrarem na “nossa casa”, os visitantes deparavam-se com um grande quadro representando a Mesquita Sagrada de Maka e no centro a Caba. Entre outras exclamações o que mais ouvi foi: “É esta a pedra negra que vocês adoram?”; “Que quadro bonito! Ficaria muito bem na minha sala!”. Estavam assim lançados os temas para o diálogo. O quadro representa o período de Haj – a Peregrinação a Meca, que estava a decorrer. A peregrinação a Meca é obrigatória, pelo menos uma vez na vida, para os muçulmanos que tenham possibilidades financeiras. Foi assim possível falar do Profeta Abraão – Que a Paz de Deus esteja com ele, tronco comum das 3 religiões monoteístas, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Ele e o seu filho primogénito Ismael, também Profeta do Islão, reconstruiram a Caba, a Casa de Deus.

Depois de concluídos os trabalhos, pai e filho circundaram a casa por 7 vezes, louvando e pedindo a Deus: “Senhor Nosso, aceita (este serviço) de nós. Tu és o Exorável, o Sapientíssimo”. 2:127. “Senhor Nosso! Faz de nós submissos a Ti, e que surja da nossa descendência, um povo submisso à Tua vontade…” 2:128.

“Senhor Nosso! Faz surgir no seu meio, um Mensageiro saído entre eles, que lhes recite os Teus Versículos e lhes ensine a Escritura e a Sabedoria, e os purifique; Tu és o Poderoso, o Sábio.” 2:129.

A peregrinação consiste em lembrar as principais tribulações sofridas pelo Profeta Abraão e sua família, nomeadamente quando Deus testou Abraão, que recebeu instruções através do sono para sacrificar o seu filho Ismael. Quando se dirigia para cumprir as ordens de Deus, Abraão foi tentando pelo diabo por três vezes, persuadindo-o para que não o fizesse. Abrão afugentou o diabo, atirando 7 pedras.

Por 3 vezes o Profeta Abraão foi tentado e por três vezes atirou pedras para afugentar o diabo. Deus com a sua infinita misericórdia, entregou a Abraão um carneiro para ser sacrificado. Também os muçulmanos quando vão fazer a peregrinação, vão atirar as pedras para 3 grandes pilares, representando os diabos. Não os que tentaram Abraão, mas os que nos atormentam dia a dia e nos desviam do caminho da verdade. Os muçulmanos que estão em peregrinação e os que estão em todo o mundo, sacrificam carneiros, camelos ou vacas, lembrando o sacrifício que Abraão. Com esta explicação, muitos interrompiam: ”É só o prazer de matar animais?. Por ser um dia de festa, a carne é dividida em 3 partes iguais, uma para nosso consumo próprio, outra para os vizinhos e familiares e outra para os pobres. Assim, todos têm o suficiente para passarem o dia de festa. A carne era e continua a ser um bem escasso para os mais necessitados. Depois deste esclarecimento, exclamavam e continuavam com as perguntas: “Ah, assim tem lógica! E já agora, vocês adoram a pedra negra?”. Não adoramos a Caba, só adoramos unicamente a Deus, e não necessitamos de nenhuns intermediários, para nos dirigirmos a Ele. Nas nossas Mesquitas não temos figuras de Santos ou de Profetas. A representação em imagens não é permitida, porque isso conduziria à adoração dos mesmos. A Caba é um lugar sagrado e serve de orientação para todos os muçulmanos para se virarem na sua direcção para efectuarem as orações. Se a Caba desaparecesse, o local em si, continuaria sagrado.

A condição da mulher muçulmana foi tema de conversas e de pedidos de esclarecimentos. Em qualquer parte do mundo, onde os empregos são escassos, os melhores lugares são ocupados pelos homens e as mulheres ficam a tomarem conta da casa e dos filhos. Elas ficam assim mais disponíveis para educarem os filhos. Com a evolução dos tempos, com o aumento da oferta de trabalho e com a necessidade de aumentar os rendimentos do lar, a mulher começou a exercer diversas profissões. Era assim também em Portugal, se recuarmos para os anos 40 e 50. Hoje em dia, muitas mulheres muçulmanas já estudam, trabalham e ocupam lugares de destaque e de responsabilidade. É uma evolução gradual, dependente das condições económicas e financeiras dos países ondem vivem. Infelizmente algumas mulheres, em qualquer parte do mundo, sofrem violências por parte dos maridos desprovidos de carácter, como é o exemplo, em Portugal, dos 28.980 casos de violência doméstica participados às autoridades em 2011 e das mais de 30 mulheres que são mortas anualmente. O Islão recomenda o tratamento condigno à mulher. Repetidamente o Profeta e a Palavra de Deus, alertam-nos para o bom carácter em relação a todos, em especial para com a mulher. O homem encontrará o paraíso nos pés da mãe. A melhor descrição acerca do relacionamento entre marido e mulher, é referida no Cur’ane: “Elas são as suas vestimentas e vós sois as vestimentas delas”. 2:187.

Protecção, apoio e conforto mútuo.

À pergunta “Nas mesquitas, porquê que as mulheres fazem as orações  separadas dos homens?”, esclarecemos: Nas orações em congregação, os crentes ficam muito juntos uns dos outros, ombro a ombro. E uma das partes da oração, é de nos prostrarmos a Deus. Por estarmos “colados” uns aos outros, os homens e as mulheres oram em salas separadas. Assim, Desligamo-nos de tudo e mantemo-nos concentrados nas orações. Referi também que nas Igrejas do interior, onde já fui várias vezes assistir a casamentos ou acompanhar funerais, os homens ficam numa ala e as mulheres noutra e isto não corresponde a nenhuma descriminação, mas sim respeito pelo lugar onde nos encontramos.

Nós acreditamos em Deus e vocês acreditam em Allah? De que matéria é Ele representado? Eram outras perguntas frequentes. Outros afirmaram que Allah é Deus dos Árabes. Ficaram espantados quando lhes disse que os Cristãos Coptas que estão no Egipto, também dizem Allah quando se referem a Deus. Deus é único para toda a humanidade e cada povo O denomina na sua própria língua. Assim, Allah é o termo arábico, que significa Deus, God, Dieu, Kulukumba (um dos dialectos moçambicanos).

Deus não é feito de ouro, de prata ou de qualquer outra matéria. Ele é o Único e não tem nenhuma representação, porque ninguém O conhece como Ele é. “Adorai a Deus e não lhe atribuais parceiros…”.

Muitos ficaram surpreendidos quando falámos de Issa – Jesus e de sua mãe Mariam – Maria, que a Paz de Deus esteja com eles; do nascimento milagroso de Jesus, masnão como filho de Deus; dos milagres feitos com a permissão de Deus; de ser um dos Mensageiros / Profetas mais importantes do islão; e que descerá à terra, quando se encontrar próximo o final do mundo. Quando lhes falámos de outros Profetas,

nomeadamente Abraão, Moisés, David, Salomão, João Baptista, compreenderam de que o Islão é uma religião monoteísta, sendo o Profeta Abraão o tronco comum das três religiões, o Judaísmo, Cristianismo e o islamismo. “Porque entram descalços nas mesquitas?” As Mesquitas são lugares sagrados, como as Igrejas e as Sinagogas. São Casas de Deus e devemos permanecer nelas de forma humilde e com trajes adequados. Entramos descalços para não transportarmos os detritos das ruas e porque são lugares onde nos prostramos a Deus. Por outro lado Deus refere na Bíblia – Êxodo 3:4,5: “Deus chamou Moisés no meio da sarça:

“Moisés! Moisés!” – Ele respondeu: “Aqui estou”. Deus disse-lhe; Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés porque o lugar onde te encontras é terra sagrada”. E Deus diz no Cur’ane: “Tira as tuas sandálias porque estás no vale sagrado de Tuwa”. 20:12

O tema quente muito debatido, foi a questão das guerras. Perguntaram os motivos “da Jihad, das guerras santas”, que actualmente são noticiadas com muita frequência nas televisões. A questão da Palestina e a invasão do Iraque, foram os principais temas de conversa. Um dos visitantes, ao pretender justificar a invasão do Iraque, afirmou: ”a América fez bem em invadir o Iraque, para derrubar o ditador”.

Imediatamente se ouviram vozes discordantes e curiosamente o “debate” teve lugar  entre os visitantes. Para acalmar os ânimos, pedi a palavra para referir que já é mais do que conhecido de que a invasão ocorreu sob um falso pretexto de existência de “armas de destruição massiva” e que a guerra só veio trazer a destruição de um país, a desestabilização política e militar da região, a morte de milhares de civis e de militares e o aumento da desconfiança e do ódio em relação aos invasores. O dinheiro despendido nesta invasão, poderia ter sido utilizado para ajudar a combater o flagelo da fome e da pobreza, que continuam a afligir milhões de seres humanos.

A Jihad não é guerra santa. É o esforço no caminho de Deus. A Jihad pode ser o esforço de um crente, na procura de conhecimentos escolares, com vista à obtenção de melhores condições de vida para si e para os seus. Neste caso particular, a melhor jihad é não ter medo de, cara a cara, proferir uma palavra justa, perante um governante injusto.

A questão da Palestina foi explicada recorrendo a exemplos concretos do que se passa em Portugal. Os diferendos relativos à posse da terra, geram conflitos entre vizinhos e herdeiros. Se alguém verificar que o seu quintal foi ocupado, ele ficará muito aborrecido com a situação. Pior ainda se a ocupação se estender a uma divisão da casa. Ele fará todos os possíveis para retirar os invasores, recorrendo aos tribunais. Com processos “apinhados”, as instâncias judiciais vão arrastando as decisões por muitos anos. Entretanto a paciência vai-se esgotando e os protagonistas continuarão a acusar-se mutuamente, recorrendo à força. Muitas vezes os diferendos acabam em mortes. Em Portugal, onde vivemos em paz, é frequente ouvirmos que um irmão matou o outro por causa dum pedaço de terreno.

A maior parte das querelas que vemos neste mundo conturbado, são derivadas por questões políticas, económicas e territoriais. Alguns muçulmanos, não respeitando os ensinamentos religiosos, em resposta às provocações, manifestam-se duma forma violenta, utilizando o nome da religião, acendendo ainda mais a fogueira da discórdia.

“….Quem matar uma pessoa que não tenha cometido homicídio ou semeado corrupção na terra, será julgado como se tivesse assassinado toda a humanidade.” Cur’ane 5:32.

Durante os dias em que decorreram as actividades, a afluência dos visitantes obrigou os responsáveis a permanecerem nas “suas casas”. As pausas eram aproveitadas para tomarmos em conjunto as refeições, num refeitório construído para o efeito. Os responsáveis das casas aproveitaram a oportunidade para conversarem acerca de diversos temas e pontos de vista religiosos. A curiosidade era imensa, mesmo entre as confissões cristãs. As voluntárias que se ofereceram para a cozinha, muito amáveis, serviram-nos refeições quentes, compostas por comida vegetariana e com opção de peixe e de carne. Por uma questão de respeito e de tolerância, nas ementas não constavam as carnes de porco e de vaca.

A nossa participação na “Aldeia das Religiões” teve como objectivo principal, esclarecer os visitantes dos verdadeiros princípios da fé islâmica. “Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente.” Cur’ane 16:125. Não vivemos sozinhos neste mundo, cada vez mais global. Também aprendemos convivendo com outras confissões, conhecendo outras formas espirituais de estar na vida. Conhecer os “outros”, mesmo que oceanos e montanhas nos separem, ajuda-nos a compreender e a perspectivar um mundo melhor, onde possamos viver em paz e em harmonia.

Participámos nesta concentração de confissões religiosas, com muito entusiamo e com muito empenho, mas sem qualquer intenção de converter alguém ao Islão. “Não há compulsão na religião”. Cur’ane 2:256. Deus deu a todos os seres humanos a faculdade da livre escolha. Os seguintes versículos são bem elucidativos: “ó descrentes (da minha religião). Eu não adoro o que vós adorais, nem vós adorais o que adoro……… Para vós a vossa religião e para mim a minha religião”.Cur’ane 109, 1 a 6.

“Quando é que a religião foi única? Sempre houve duas ou três…. Elas tornarse-ão uma no Dia do Julgamento, mas aqui em baixo é impossível, pois cada um tem finalidade e desejos diferentes… no Dia do Julgamento, todos se tornarão um, se voltarão para uma só direcção e terão a mesma língua e o mesmo ouvido....” Djalal Ud-Din-Rumi.

Cumprimentos

Abdul Rehman Mangá

15/11/2012

Califas Probos 4-Califa Áli Ibn Abi Tálib (RAA)

“Você não ficaria satisfeito ser para mim o que Aarão foi para Moisés? Fique sabendo que não haverá qualquer profeta depois de mim”? 
(Bukhári e Musslim) 

Preparação: Dr. Ahmad Al Mazid
Dr. Ádel Ach Chadi

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Allah, Protetor dos temente e Ajudante dos enfraquecidos. Que a paz e a graça de Deus esteja com o derradeiro dos profetas e dos mensageiros, nosso Profeta Mohammad(S), com os seus familiares e com todos os seus companheiros.

Esta é a última jornada dos Califas probos e líderes dos orientados. Vamos viver com ela com o quarto califa probo, um dos dez auspiciados com o Paraíso, o primeiro menino a adotar o Islam, o califa mais próximo em parentesco do Rassulullah (S). É o seu primo, tendo o mesmo avô, Abdel Mutalib, marido da filha do Profeta (S) e pai do Hassan, Ali Ibn Abi Tálib (R).

Um dos famosos sábios, dos ascetas conhecidos, os oradores lembrados, herói dos heróis, cavaleiro dos cavaleiros, forte, o mestre dos corajosos, o portador do estandarte no dia de Khaibar para educar todo covarde!

Sob a Doção do Profeta (S)

Áli Ibn Abi Tálib (R) foi educado na casa do Profeta (S), isso antes do início da mensagem. Ibn Isaac 
relatou, com base em Mujáhid Ibn Jubair: “Foi da graça de Deus ao Áli Ibn Abi Tálib que uma crise se abateu sobre os coraixitas. Abu Tálib tinha uma família numerosa. O Profeta (S) pediu ao Abbás, um dos mais ricos entre o clã de Háchim, para aliviarem a carga familiar de Abu Tálib, adotando cada um deles um dos filhos dele. O Abbás aceitou e foram ter com Abu Tálib, expondo-lhe a questão. Este lhes disse: “Se vocês me deixarem ‘Aquil, podem fazer o que quiserem.”

O Rassulullah (S) levou Áli e o Abbás levou Jaafar. Áli permaneceu com o Profeta (S) até o início de sua mensagem. Ele o seguiu, acreditando e tendo confiança nele.

A Sua Conversão (R)

Áli (R) disse: “O Rassulullah (S) foi comissionado na segunda-feira, e eu adotei o Islam na quarta-feira.” Foi o primeiro menino a se tornar muçulmano. Estava com oito anos de idade.
Devido à sua pouca idade e a sua permanência na casa do Profeta (S), Áli Ibn Abi Tálib foi educado na boa conduta. Nunca foi pueril, nunca adorou ídolos, nunca ingeriu álcool, nem conheceu o caminho da diversão e da indecência.

Dormiu no Leito do Profeta (S)

No dia da Hégira, Áli Ibn Abi Talib (R) dormiu no leito do Profeta (S), mesmo sabendo do perigo que estava correndo, uma vez que os politeístas estavam à espreita, do lado de fora, armados, querendo matar quem estavam dormindo no leito. A sua vida, porém, não era mais querida do que a vida do Rassulullah (S).

Entrega dos Depósitos

Quando o Profeta (S) migrou para Madina, ordenou Áli (R) a permanecer em Makka para devolver os depósitos que estavam sob a guarda do Profeta (S), e então o seguisse junto com a sua família, e ele o fez.

Suas Participações

Áli (R) participou da batalha de Badr, e foi decisivo nela. Participou de Uhud, e estava do lado direito portando o estandarte depois de Mus’ab Ibn Umair. Participou da Batalha do Fosso e matou o herói dos árabes e um de seus famosos valentes, Amru Ibn Wad al Ámiri. Participou do pacto de Hudaibiya, da aclamação de Radhwan. Participou da expedição de Khaibar, tendo uma participação espantosa, conquistando a fortaleza e matando o seu comandante.

Participou de Umratul Cadhá. Nela o Profeta (S) disse: “Você é de mim e eu sou de você.” (Bukhári).
Participou da conquista de Makka, da campanha de Hunain, de Taif. Em todas essas batalhas lutou com coragem ímpar. Ele acompanhou o Rassulullah (S) na Umra à partir de Ju’rána.

O Rassulullah (S) o enviou como emir e governador do Iêmen, juntamente com Khálid Ibn al Walid. Acompanhou o Rassulullah (S) na Peregrinação de Despedida, levando as oferendas, cumprindo os rituais que o Rassulullah (S) cumpria. Acompanhou-o na oferenda, permanecendo com o ihram (veste da peregrinação) até sacrificarem as oferendas após o término dos rituais da peregrinação. 

Será que o Profeta (S) Designou Áli Para a Sua Sucessão?

Quando o Profeta (S) adoeceu, o Abbás disse para Áli (R): “Pergunte ao Rassulullah (S) quem irá sucedê-lo?” Áli respondeu: “Por Deus que não irei perguntar. Se ele nos proibir, as pessoas não irão nos aceitar mais depois dele.” 

As tradições verdadeiras e sinceras mostram que o Rasssulullah (S) não indicou a ele ou a ninguém para sucedê-lo, mas aludiu ao Siddik e indicou de forma compreensível e visível a ele.

O que muitos ignorantes e estúpidos alegam que ele indicou Áli para o califado, estão mentindo, proferindo calúnias e falsidades, e cometem um grave erro, acusando os companheiros de traição e de parcialidade, deixando de executar o seu testamento, desviando-o para outro, sem sentido nem causa.

Cada crente em Deus e no Seu Mensageiro confirma que o Islam constitui na verdade e sabe que essa alegação é falsa, porque os companheiros do Rassulullah (S) eram pessoas melhores depois dos profetas, as melhores gerações dessa comunidade, a mais nobre das comunidades neste mudo e no Outro, de acordo com o texto do Alcorão, do consenso dos antecessores e dos sucessores, com a graça de Deus.

Alegar, também, que o Profeta (S) designou Áli (R) para o califado e ele não o exigiu, mas exerceu a função de ministro e conselheiro dos califas anteriores, casou e concedeu sua filha em casamento, acusando-o de mudez e fraqueza, Deus está isento disso, pois ele foi o cavaleiro indomável, que não se furtava em pronunciar a verdade.

A Sua Posição Quanto ao Califado dos que o Antecederam

Quando o Rassulullah (S) faleceu, Áli participou da preparação, banho e amortalhamento e sepultamento do corpo. Quando o Siddik foi aclamado, em Saquifa, Áli fazia parte dos que o aclamaram na mesquita. 
Estava ao lado do Siddik, com os outros líderes dos companheiros, consciente de seu dever de obedecê-lo e servi-lo.

Quando Abu Bakr faleceu e Omar assumiu o califado por designação de Abu Bakr, Áli participou de sua aclamação, e foi o seu fiel conselheiro.

Diz-se que Omar lhe pediu para sentenciar durante o seu califado, foi com ele e um grupo dos companheiros para a Síria, assistiu ao seu discurso em Jábiya.

Quando Ômar foi apunhalado, e tornou a sucessão numa questão de consulta entre seis candidatos, com Áli sendo um deles, e a escolha ficou entre Osman e Áli e a escolha ficou com Osman, ele acatou a escolha. Quando Oman foi assassinado, numa sexta-feira, as pessoas escolheram Áli e o acalmaram.

Áli negou-se atendê-los em aceitar o califado mesmo com a insistência no pedido. Ele se retirou para o 
pomar de Bani Ámru Ibn Mabdul e se fechou no local. As pessoas foram atrás dele, insistiram com ele, juntamente com Tal-há e Zubair. Disseram-lhe: “Não se pode ficar sem um governante.” Continuaram insistindo com ele até aceitar.

Suas Virtudes

Áli Ibn Abi Tálib (R) teve muitas virtudes e muitos méritos. O Imam dos sunnitas, Ahmad Ibn Hanbal (que Deus tenha piedade dele), disse: “Nenhum dos companheiros do Rassulullah (S) teve os méritos de Áli.” Isso indica o amor dos sunnitas a Áli e os familiares do Profeta (S), pois eles conservaram essas tradições e as narraram como as ouviram do Profeta (S), sem omitir nenhuma delas. Entre as tradições a respeito de seus méritos (R), citamos:

Primeiro. Áli como Mártir: Abu Huraira (R) relatou que o Rassulullah (S) estava em Harrá juntamente com Abu Bakr, Omar, Osman, Áli, Tal-há e Zubair, e a rocha se moveu. O Rassulullah (S) disse: “Quita, está sobre você um profeta,ou Siddik ou mártir.”

Segundo. Áli no Paraíso. O Rassulullah (S) disse: “Abu Bakr estará no Paraíso, Omar estará no Paraíso, Osman estará no Paraíso e Áli estará no Paraíso.” (Ahmad).

Terceiro. Só o ama o crente e só o odeia o hipócrita: Áli (R) disse: “Por Aquele que criou a semente e fez soprar a brisa, que o Profeta iletrado (S) me afiançou que só me amará o crente e só me odiará o hipócrita.” (Musslim).

Quatro. Sua posição em relação ao Profeta (S): Saad Ibn Abi Waccas relatou que o Rassulullah (S) deixou Áli em Madina durante a expedição de Tabuk. Disse-lhe: “Ó Rassulullah, está me deixando junto com as mulheres e as crianças”? Respondeu-lhe: “Você não ficaria satisfeito ser para mim o que Aarão foi para Moisés? Fique sabendo que não haverá qualquer profeta depois de mim”? (Bukhári e Musslim).

Quinta. Familiares do Profeta (S). Saad Ibn Waccas relatou que quando o seguinte versículo: “Vinde! Convoquemos os nossos filhos e os vossos” (3:61), o Rassulullah (S) convocou Áli, Fátima, Hassan e Hussein e disse: “Ó Deus, estes são os meus familiares” (Musslim).

Sexta. Áli ama Deus e Seu Profeta (S), Deus e Seu Profeta (S) o amam. Sahl Ibn Saad (R) relatou que o Rassulullah (S) disse no dia de Khaibar: “Amanhã vou entregar o estandarte a um homem, por intermédio do qual, Deus irá conceder a vitória. Ele ama Deus e Seu Profeta (S) e Deus e Seu Profeta (S) o amam”. As pessoas foram dormir querendo adivinhar a quem daria o estandarte. Ao amanhecer, foram ter com o Rassulullah (S), cada um desejando ser escolhido. Ele perguntou: “Onde está Áli Ibn Abi Tálib”? Responderam-lhe: “Ele está se queixando dos olhos”. Pediu: “Mandem chamá-lo”. Áli chegou, o Rassulullah (S) pegou a sua saliva, passou nos olhos dele, fez uma prece e a vista de Áli ficou boa, sem dor. Deu-lhe o estandarte e Deus lhe concedeu a vitória. (Bukhári e Musslim).

Sétima. Áli, como juiz. Áli (R) relatou: “O Rassulullah (S) me enviou ao Iêmen, como juiz. Perguntei-lhe: ‘Ó Rassulullah, está me enviando a pessoas mais velhas do que eu para ser juiz deles’? Respondeu: ‘Vai, Deus, Altíssimo, firmará a sua língua e orientará o seu coração’. (Ahmad e Nissá-i).

Oitava. Você é meu e eu sou seu. Bará Ibn ‘Azib (R) relatou que o Profeta (S) disse a Áli: “Você é meu e eu sou seu”. (Bukhári).
Habachi Ibn Junáda relatou que o Profeta (S) disse: Áli é meu e eu sou dele e, só pagam as minhas dívidas, eu ou Áli”. (Ahmad e Tirmizi).

Os elogios dos companheiros e de seus antecessores

Ômar Al Khattab (R) disse: “Áli é o nosso juiz”. Costumava pedir refúgio em Deus, quanto aos problemas em que não havia opinião de Abul Hassan, quer dizer Áli.

Ibn Abbás disse: “Quando era-nos apresentado um parecer de Áli, não objetávamos”.
Ibn Saad, baseado em Said Ibn Mussib relatou: “Nenhum dos companheiros se atrevia a dizer: ‘Perguntem-me’, a não ser Áli Ibn Abi Tálib”.

Ibn Mass’ud declarou: “O mais sensato e o maior juiz de Madina era Áli”.
Aicha (R) declarou: “Era o mais conhecedor do que restou dos companheiros quanto a Sunna”.
Massruk declarou: “O conhecimento dos companheiros do Rassulullah (S) terminou em Ômar, Áli e Ibn Mass’ud”.

Abdullah Ibn Abbás disse: “Áli possuía um conhecimento vasto, foi um dos primeiros muçulmanos, genro do Profeta (S), jurisprudente da Sunna, aliado nas batalhas e muito generoso”.
Ômar Ibn Al Khattab (R) disse: “Foram concedidas a Áli pelo Profeta (S) três características, se uma deles fosse concedida a mim, eu a preferiria às coisas mais valiosas”. Perguntaram-lhe: “Quais são”? Respondeu: “O casamento com a sua filha, a sua residência na mesquita e o estandarte no dia de Khaibar”.
Áli (R) disse: “Por Deus, nenhum versículo foi revelado sem que eu soubesse sobre o quê, onde e a respeito de quem foi revelado. Meu Senhor me concedeu um coração sensato e uma língua eloquente”.

Conduta de Áli (R)

Costumava varrer a casa da moeda, rezava nela, com a esperança de que Deus testemunhasse que não deixava de distribuir os bens entre os muçulmanos.

Seu ascetismo

Quando Áli assumiu o califado, não mudou a sua conduta ascética quanto ao mundo. Recusou-se a morar no palácio do califado. Abandonou-o dizendo: “É o palácio dos insânos, nunca irei morar nele”.

Jarmuz relatou: “Vi Áli vestindo roupas rústicas, a calça até metade da canela, camisa curta, com bastão na mão, andando pelo mercado, ordenando às pessoas temerem a Deus e serem honestas no seu comércio, dizendo-lhes: “Pesem e meçam devidamente”. 

Sua Justiça

Áli sentiu falta de um escudo quando estava em Siffin, encontrou-o na casa de um judeu. Queixou-se ao juiz Churaih, acusando-o de ter roubado o escudo.
O judeu negou. Churaih pediu a Áli para que apresentasse testesmunhas. Áli apresentou o seu ajudante e Hassan. O juiz lhe disse: “Testemunho de filho não é aceito” e sentenciou a favor do judeu. O judeu então disse: “O emir dos crentes me levou perante o juiz e este o condenou”. Por isso declaro: “Presto testemunho de que não há outra divindade além de Allah e de que Mohammad é seu Mensageiro. O escudo é seu, ó emir dos crentes”. Áli lhe deu o escudo de presente.

Dhirar Bin Dhamra Descreve ÁliMuáwiya pediu a Dhirar Ibn Dhamra: “Descreve-me Áli.” Respondeu-lhe: “Isente-me disso.” Pediu-lhe: “Peço-lhe por Deus que o faça.” Disse:
Era, por Deus, de longa visão, muito forte, falava com eloqüência e sentenciava com justiça. O conhecimento brotava de seus flancos, sua língua pronunciava sabedoria, negava o mundo e suas flores e tinha intimidade com a noite e suas trevas. Era, por Deus, de lágrima fácil, de pensamento longo, gostava as vestes curtas e os alimentos simples. Era como nós, respondia quando era perguntado, atendia ao nosso convite e nós, por Deus, apesar de sua proximidade não conseguíamos lhe falar por respeito e reverência. Ele valorizava os religiosos, se aproximava dos necessitados. O forte não cobiçava o sua ilicitude e o fraco não se desesperava pela sua justiça. Presto testemunho que o vi em algumas situações, tarde da noite, segurando a barba, agitado como se tivesse sido picado, chorando de tristeza e dizendo: “Ó mundo, tente outro, não adianta se expor ou se enfeitar. Sei de três coisas a seu respeito: A sua vida é curta, o seu perigo é grande. Temo a pouca provisão, a longa jornada e a solidão do caminho.”
Muáwiya chorou e disse: “Que Deus tenha misericórdia de Abul Hassan. Por Deus, era realmente assim.” 

Seu Assassinato
Quando a disputa entre Áli e Muáwiya se agravou, três pessoas dos khawárij resolveram assassinar Áli, Muáwiya e Ômar Ibn Al ‘(RAA).  (Que Deus esteja Satisfeito com todos eles). 

Quanto ao encarregado de assassinar Áli, foi Abdul Rahman Ibn Muljim (Que Deus o deteste). Foi ajudado por Chubaib Ibn ‘Ajra Achja’i (Que Deus o deteste).

Na noite de sexta-feira, 17 de Ramadan do ano 40 da Hégira, Áli (R) acordou cedo para o Sahur, o muézin foi ter com ele e o avisou do horário da oração. Áli saiu, chamando as pessoas à oração. Os dois criminosos estavam de tocaia. Chubaib o segurou, Áli o golpeou com a espada. A espada atingiu a porta. Então, Ibn Muljim o golpeou com a espada, atingindo-o na fronte e fugiu. Chubaib voltou para casa e um homem de Bani Umaiya o matou.

Quanto a Ibn Muljim, foi perseguido, preso e levado até Áli que o olhou e disse: “Vida por vida. Se eu morrer, matem-no como me matou. Se eu escapar, vou estudar o seu caso”.
Ibn Muljim ficou preso, enquanto Áli permaneceu vivo na sexta e no sábado, faleceu na noite de domingo. Hassan ordenou que cortassem a cabeça de Ibn Muljim. 

Que Deus esteja satisfeito com Áli Ibn Abi Tálib(R). Ó Senhor seja testemunha de que o amamos, a todos os califas probos e a todos os companheiros de Seu Profeta. Que Deus abençoe e dê paz ao nosso Profeta Mohammad(S), aos seus familiares e a todos os seus companheiros.

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"São aqueles aos quais foi dito: Os inimigos concentraram-se contra vós; temei-os! Isso aumentou-lhes a fé e disseram: Allah nos é suficiente. Que excelente Guardião! Pela mercê e pela graça de Deus, retornaram ilesos. Seguiram o que apraz a Deus; sabei que Allah é Agraciante por excelência." (03: 173-174)

يُرِيدُونَ أَن يطفئوا نُورَ اللّهِ بِأَفْوَاهِهِمْ وَيَأْبَى اللّهُ إِلاَّ أَن يُتِمَّ نُورَهُ وَلَوْ كَرِهَ الْكَافِرُونَ

......Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos!

terça-feira, novembro 13, 2012

O comportamento com os vizinhos:

Orientado por Sheikh Abdu Osman

Disse o Profeta Mohamad (SAS): “de tanto que o Anjo Gabriel me recomenda pelo vizinho eu pensei que Deus haverá de prescrever parte da minha herança para ele”, e disse também “quem acredita em Deus e no dia do julgamento final, que seja generoso com seu vizinho.” Portanto cabe ao muçulmano ter o seguinte comportamento:

1- não maltratá-lo com palavras e/ou atitudes, disse o profeta (SAS): “por Deus não é crente aquele que seu vizinho não tem sossego quanto a ele.” e quando lhe falaram sobre uma mulher que orava, jejuava e fazia caridade, mas maltratava seus vizinhos o profeta (SAS) disse: “ela estará no inferno.”

2- tratar bem os vizinhos, apoiá-lo quando precisa de apoio, ajuda-lo quando precisa de ajuda, visita-lo quando está doente, parabenizá-lo nas suas alegrias, conforta-lo nas suas tristezas, socorre-lo quando precise, inicia-lo com os cumprimentos, falar com educação com ele, conversar com carinho com seu filho e aconselha-lo, cuidar da sua família quando for preciso, perdoar suas falhas, não ficar observando as falhas dele, conservar a sua dignidade e honra, não perturbá-lo com construção ou corredores, não jogar o lixo em frente a sua casa.

3- ser generoso com ele, mandar comida para ele.

4- respeita-lo e não perturbá-lo ao pregar um quadro na parede de divisa deverá informá-lo e consulta-lo, não alugar o vender a sua casa antes de dar preferência a ele, se ele precisa usar a parede de divisa não impedi-lo.

5- ter paciência com os maus tratos da vizinhança.

Fonte:http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp? od_noticia=17130&cod_canal=54

O comportamento com os seres inanimados (Meio ambiente)

Orientado por Sheikh Abdu Osman

O Islam antes dos ambientalistas estabelecerem regras para o meio ambiente há 1433 anos atrás ao falar sobre o equilíbrio na criação do universo que não foi criado a toa mas todas as coisas nele criadas são criados devido a uma exata proporção, as regras estabelecidas evitam choque entre as funções de cada elemento neste universo para manter o equilíbrio. Podemos citar o exemplo da China onde os pássaros comiam 3% da safra do arroz e para impedir esse prejuízo mataram os pássaros, logo apareceu um problema maior quando as minhocas acabaram consumindo 50% da safra. O Islam para preservar o ambiente estabeleceu regras como: “impedir os danos é melhor que trazer benefícios”, também não há dano singelo nem recíproco” tais regras impedem os transgressores ao meio ambiente de causar danos.

Estabelece a regra de “prevenir contra a corrupção” esta regra impede o ser humano de agredir o meio ambiente, o profeta Mohamed (SAS) orienta para que as pessoas preservem as fontes hídricas de poluição quando disse: “evitem as três maldições: fazer necessidades nas fontes de água, lugares de passagem de pessoas, e na sombra” e completou “não urine na água parada” o Islam dá orientação para que se preserve a higiene nas residências, disse o profeta(SAS): “Deus é belo e aprecia tudo o que é belo e limpo, então limpem suas casas e jardins”.

O Islam estimula as pessoas a plantarem e embelezarem o meio ambiente, disse o profeta (SAS): “todo muçulmano que plante uma planta ou uma muda e vem se alimentar dela uma ave, ser humano ou um animal é considerado uma caridade para ele, e disse também “se vier a acontecer o fim do mundo e na mão de um de vocês tiver uma muda , que a plante se puder”. Existem três fundamentos básicos nos Islam para a preservação do meio ambiente:

1- o muçulmano deve ser justo e não deve transgredir os limites, deve observar a Deus em qualquer ação seguindo Sua orientação e por tal razão não deve corromper nenhum dos alimentos da natureza, portanto não deve poluir a água, extrapolando no seu consumo, matar um animal sem razão, proteger a terra;

2-o Alcorão veio para organizar os aspectos geria da vida e entre esses aspectos está o meio ambiente, proibindo assim exagero nas medidas para que não haja desequilíbrio;

3- buscar o equilíbrio e respeitar os limites estabelecidos por Deus e não causar danos, disse Deus no Alcorão:
وَلاَ تَعْثَوْا فِي الأَرْضِ مُفْسِدِينَ (85)
“não espalhem na terra a corrupção” ( Surat Hud 85 )

Na Assunnah profética há ênfase sobre o meio ambiente, podemos dividí-la em três grupos:

1- ditos que estimulam a plantação e preservação de árvores, considerando que o plantio é uma obrigação coletiva e para preservar a plantação e as sementes o profeta (SAS) proibiu a coleta antes da época, além de estabelecer garantias financeiras contra danos causados às plantações por animais.

2- Regras relacionadas à caça, onde é proibido a prática a não ser para alimentação, disse o profeta(SAS): “não tome algo vivo como alvo e quem matar um pássaro por brincadeira irá testemunhar contra ele no dia do julgamento final”.

3- Regras que estabelecem a quarentena e reservas ambientais, disse o profeta (SAS): “não deve-se apresentar uma pessoa doente a outra sã” sabe-se tbm que o Islam havia estabelecido determinados período do ano onde proíbe matar e assustar animais e cortar e queimar plantações em determinados lugares.

Fonte: http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=17521&cod_canal=54

O comportamento com as mulheres

Orientado por Sheikh Abdu Osman.

O Islam desde o início da revelação do Alcorão e através da orientação do Profeta Mohammad (SAS) estabelece princípios fundamentais no tratamento dado às mulheres, são eles:

1- que a mulher é igual ao homem no sentido da humanidade disse Deus no Alcorão:
يَا أَيُّهَا النَّاسُ اتَّقُوا رَبَّكُمُ الَّذِي خَلَقَكُم مِّن نَّفْسٍ وَاحِدَةٍ وَخَلَقَ مِنْهَا زَوْجَهَا وَبَثَّ مِنْهُمَا رِجَالاً كَثِيراً وَنِسَاءً

“Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres. (surata das mulheres-ver: 1) além disso disse o Profeta(SAS): “pois as mulheres são a metade que completam os homens.”

2- o Islam eliminou a maldição das mulheres atribuída pelas outras religiões antigas por ela ser a razão da expulsão de Adão do paraíso, o Islam afirma que ambos cometeram a falha e ambos foram punidos como conseqüência dessa falha de uma forma igual, disse Deus:
فَأَزَلَّهُمَا الشَّيْطَانُ عَنْهَا فَأَخْرَجَهُمَا مِمَّا كَانَا فِيهِ وَقُلْنَا اهْبِطُوا بَعْضُكُمْ لِبَعْضٍ عَدُوٌّ وَلَكُمْ فِي الأَرْضِ مُسْتَقَرٌّ وَمَتَاعٌ إِلَى حِينٍ
“todavia, Satanás os seduziu, fazendo com que ambos saíssem do estado (de felicidade) em que se encontravam, então Dissemos: Descei! Serei inimigos uns dos outros, e, na terra, tereis residência e gozo por um determinado tempo.” (surata da vaca 36); e disse também sobre o arrependimento de ambos:
قَالا رَبَّنَا ظَلَمْنَا أَنفُسَنَا وَإِن لَّمْ تَغْفِرْ لَنَا وَتَرْحَمْنَا لَنَكُونَنَّ مِنَ الخَاسِرِينَ
“Ó Senhor nosso, nós mesmo nos condenamos e, se não nos perdoares e Te apiedares de nós, seremos desventurados!” (surata os Simos, 23). O Alcorão por vezes em alguns versículos atribui o pecado, chamado original, a Adão apenas, quando disse Deus:
وَعَصَى آدَمُ رَبَّهُ فَغَوَى (121) ثُمَّ اجْتَبَاهُ رَبُّهُ فَتَابَ عَلَيْهِ وَهَدَى (122)
“Adão desobedeceu ao seu Senhor, e deixou-se seduzir, mas logo seu Senhor o elegeu, o absolveu e o encaminhou. (Tá-há 121/122). Além disso, Deus inocenta tantos homens quanto mulheres de carregarem o pecado dito original quando disse:
تِلْكَ أُمَّةٌ قَدْ خَلَتْ لَهَا مَا كَسَبَتْ وَلَكُم مَّا كَسَبْتُمْ وَلاَ تُسْأَلُونَ عَمَّا كَانُوا يَعْمَلُونَ (134)
“aquela é uma nação que já passou; colherá o que mereceu e vós colhereis o que merecerdes, e não sereis responsabilizados pelo que fizeram.” (surata da vaca 134).
3- a mulher tem o mesmo grau de religiosidade e de devoção, merece o paraíso se praticar o bem e o castigo se fizer o mal, da mesma forma que o homem, disse Deus:
مَنْ عَمِلَ صَالِحاً مِّن ذَكَرٍ أَوْ أُنثَى وَهُوَ مُؤْمِنٌ فَلَنُحْيِيَنَّهُ حَيَاةً طَيِّبَةً وَلَنَجْزِيَنَّهُمْ أَجْرَهُم بِأَحْسَنِ مَا كَانُوا يَعْمَلُونَ (97)
“a quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for crente consideremos uma vida agradável, e premiaremos com uma recompensa, de acordo com a melhor das suas ações.” (surata das abelhas, 97), e disse também:
إِنَّ المُسْلِمِينَ وَالْمُسْلِمَاتِ وَالْمُؤْمِنِينَ وَالْمُؤْمِنَاتِ وَالْقَانِتِينَ وَالْقَانِتَاتِ وَالصَّادِقِينَ وَالصَّادِقَاتِ وَالصَّابِرِينَ وَالصَّابِرَاتِ وَالْخَاشِعِينَ وَالْخَاشِعَاتِ وَالْمُتَصَدِّقِينَ وَالْمُتَصَدِّقَاتِ وَالصَّائِمِينَ وَالصَّائِمَاتِ وَالْحَافِظِينَ فُرُوجَهُمْ وَالْحَافِظَاتِ وَالذَّاكِرِينَ اللَّهَ كَثِيراً وَالذَّاكِرَاتِ أَعَدَّ اللَّهُ لَهُم مَّغْفِرَةً وَأَجْراً عَظِيماً (35)

“quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, aos crentes e às crentes, aos consagrados e às consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Allah e às que recordam d’Ele, saibam que Allah lhes têm destinado a indulgência de uma magnífica recompensa.” (surata dos partidos, 35).

4- o Islam combateu o desprezo que os árabes tinham ao receberem a notícia de que nasceu uma menina para eles e vem dando uma ênfase para que demonstrem darem boas vindas ao nascimento das meninas.

5- o Islam ordena honrar e dignificar as mulheres sendo elas filhas, esposas e mães, como filha disse o Profeta (SAS): “qualquer homem que tiver uma menina que consegue educa-la bem, trata-la bem e cuidar dela bem eu garanto para ele o paraíso.” E como esposa disse o Profeta (SAS): “ o melhor entre vós é o melhor para sua esposa e eu sou o melhor entre vós para a minha esposa.” E disse também: “a vida é sedutora e o melhor bem a ser adquirido nela é ter uma virtuosa esposa.” Quanto às mãe disse o profeta (SAS): “o paraíso repousa debaixo dos pés das mães.”

6- igualar as mulheres na educação, disse o profeta (SAS): “a busca pelo conhecimento é uma obrigação de cada muçulmano” incluindo neste dito as mulheres.

7- o Islam garantiu direito à herança às mulheres, sejam elas mães, esposas, filhas, adultas ou menores ou até na barriga de sua própria mãe.

8- o Islam organiza as obrigações do casal um com o outro estabelece nisso direitos iguais os do homem para as mulheres, disse Deus:
وَلَهُنَّ مِثْلُ الَّذِي عَلَيْهِنَّ

“ela têm direitos equivalentes aos seus deveres.” (surata da vaca, 228).

9- o Islam organizou o divórcio de modo que impede o homem tornar-se injusto durante a aplicação de divórcio, como por exemplo o limite de divórcio é se divorciar 3 vezes, não podendo também ocorrer a qualquer hora, além de estabelecer prazo para concretizar o divórcio. Se a mulher engravidar o prazo fica alterado até conceber a criança para se divorciar.

10- quem acompanha as regras das leis islâmicas não encontra diferença entre a capacidade do homem e da mulher em todos os aspectos inerentes às finanças, como comércio, contratação, pagamentos, intermediações, locações, penhores, divisões, alegações mediantes a justiça, declarações, procurações, fianças, acordos de conciliação, acordos comerciais, investimentos, contas bancarias e donativos.

11- no que tange os direitos sociais cabe a mulher escolher seu marido com quem vai casar, mantendo o nome de solteira mesmo após o casamento, além de ter o direito ao divórcio há mais de quatorze séculos, algo que foi contemplado pela legislação brasileira somente em 1979.

12- quanto ao direito econômico o Islam dá autonomia e independência econômica para as mulheres antes, durante e depois do casamento; em tudo o que ela ganhar pelo seu esforço com trabalho e investimentos ou sem esforço como no caso da herança, também o Islam desobriga as mulheres a sustentarem a família, mesmo sendo ricas, e tornou isso apenas uma obrigação dos homens, sendo pai irmão ou esposo não tem o direito de arbitrar sobre o destino a ser dado aos recursos financeiros das mulheres, exceto ao tutor das mulheres se forem menores de idade e mesmo assim com bastante cautela, ou quando a mulher permite ao homem administrar seus bens por livre e espontânea vontade e com as devidas precauções legais.

13- é dado às mulheres o direito na participação da vida política de acordo com as leis islâmicas, no voto, na tomada das decisões e na fiscalização dos órgãos governamentais, inclusive contestando as decisões tomadas principalmente quando se trata de leis e normas referentes às mulheres. 

Fonte: http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=17521&cod_canal=54

domingo, novembro 11, 2012

Perdão e Conselho um direito de todos os muçulmanos

Em nome de Allah , O Clemente, O Misericordioso. Louvado Seja Allah , criador do céu e da terra. Nos recordamos e nos voltamos humildes a Allah (SWT), pedimos o Seu perdão e suplicamos a Sua misericórdia.

Testemunho que não há Divindade a não ser Allah (SWT), e testemunho que o Profeta Mohamed (SAAW) é seu servo e Mensageiro, o escolhido entre as criaturas. Aquele que divulgou a mensagem, zelou pelo que lhe foi confiado, aconselhou o povo, aboliu a injustiça e serviu em nome de Allah (SWT).

Que Allah (SWT) abençoe e de paz ao Profeta (SAAW), bem como para a sua família, companheiros e seguidores até o Dia do Juízo Final.

No Islam, o arrependimento consiste em reconhecer o pecado cometido, solicitar sinceramente o perdão a Allah(SWT), e afastar-se definitivamente do pecado. Pois Allah(SWT) é Perdoador.

Todas as pessoas devem se arrepender, pois o Profeta Muhammad(SAAW) disse: “Ó humanos, arrependei-vos perante Allah, e implorai o Seu perdão, pois eu me arrependo perante Ele cem vezes ao dia.” Isto por que praticar um ato ilícito pode levar a pessoa à descrença. Portanto cometer ou persistir no pecado pode tornar o crente descrente".

O conselho faz parte das bases do Islam. Allah(SWT) no Alcorão Sagrado na Surat AL-ASR vers 1 ao 3 "Pela era, que o homem está na perdição, salvo os crentes, que praticam o bem, aconselham-se na verdade e recomendam, uns aos outros, a paciência!"

Narra-se que Hassan e Hussein passaram por um homem idoso que estava se abluindo de forma errônea. Eles combinaram aconselhar o homem e ensiná-lo como praticar corretamente a ablução. Eles se colocaram ao lado dele e lhe disseram: "Tio, veja quem de nós dois sabe se abluir melhor. Quando cada um deles praticou a ablução, o homem percebeu que eles praticavam a ablução de forma correta. Assim, ele descobriu que ele não o fazia corretamente. Ele os agradeceu pelo que lhe darem conselho sem constrangimento.


O Profeta (SAAW) disse: “A religião constitui conselho sincero.” Então lhe perguntamos: “A quem?” Disse: “A Deus, a Seu Livro, a Seu Mensageiro, aos líderes muçulmanos, e aos muçulmanos em geral.” Não se deve guardar o conselho: O muçulmano sabe que o conselho é um dos direitos que ele deve dar aos irmãos muçulmanos. O muçulmano é o espelho do irmão, aconselha-o, mostra-lhe os seus defeitos, e não guarda nada dele. Que o conselho seja em segredo: O muçulmano não revela os defeitos do irmão nem o constrange. Foi dito que o conselho público é denuncia."

Quando o Profeta (SAAW) desejava aconselhar alguém presente na reunião, dizia: "Que pensam pessoas que fazem tal coisa? Que pensa alguém de vocês que faz tal coisa?" Foi dito que o conselho é pesado. Portanto não o transformem do peso de uma montanha, nem o enviem como polemica. As verdades são amargas. Portanto, cooperem em torná-las suaves".

As boas maneiras do aconselhado: Aceitar o conselho com boa vontade, sem aborrecimento, ou pesar ou orgulho. Foi dito: Aceite o conselho de qualquer forma e o dá da melhor forma.

Não se deve persistir no erro: O retornar ao certo é uma virtude e o apegar-se ao inútil é vício. O muçulmano evita ser daqueles a respeito dos quais Allah(SWT) Louvado Seja no Alcorão Sagrado na Surat AL-BACARA vers 206: "Quando lhe é dito que tema a Allah, apossa-se dele a soberba, induzindo-o ao pecado. Mas o inferno ser-lhe-á suficiente castigo. Que funesta morada!"

quinta-feira, novembro 08, 2012

O CHAMAMENTO DOS PAIS:

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus, o Beneficente e Misericordioso) JUMA MUBARAK 

“O teu Senhor decretou que não adoreis senão a Ele; e que sejais bondosos com os vossos pais. Se um deles ou ambos atingirem a velhice, em vossa companhia, não lhes diga “uff”, nem os maltrates. Outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E estende sobre eles a asa da humildade e diz: Ó Senhor meu, tem misericórdia deles, como tiveram misericórdia de mim, criando-me desde pequeno”. Cur’ane 17:23-24.

A importância dos pais na sociedade é tão elevada, que o Islam refere que a desobediência a eles constitui um dos grandes pecados, imediatamente a seguir à associação de algo a Deus. Irritar os pais e pior ainda, fazê-los chorar, estão também inseridos nesta desobediência. Em pequenos, quando nos sentíamos doentes, gritávamos pela nossa mãe. O colo dela era um bálsamo para as nossas dores e para os nossos mimos. Depois, mais crescidos e até com barbas, quantas vezes não choramos no ombro dos nossos pais, em especial no doce ombro da nossa mãe?

Então porque, deliberadamente ou não, fazemos sofrer os nossos pais, ao ponto de eles deitarem lágrimas na solidão das suas preces? Na presença de Deus, eles choram, procurando alívio. Pensam que fizeram tudo pelos filhos, mas agora crescidos, não lhes obedecem e muitas vezes colocam os seus interesses acima das necessidades dos pais. Uma mãe aborrecida com um filho, pode suplicar a Deus “que lhe ajude a dar um puxão de orelhas ao filho desobediente”. Acontece que Deus, vendo o sofrimento da mãe, acaba por aceitar o pedido de ajuda.
 
Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Sem quaisquer dúvidas, três súplicas são aceites: 1) a prece de alguém que é oprimido; 2) a súplica de um viajante e 3) a prece dos pais contra o seu filho”. Imam Bukhari.

A passagem a seguir mencionada, tem como protagonista, um waliulá (amigo de Deus), dos tempos antigos de Bani Israil. Dedicava todo o seu tempo na oração, não se importando com bens terrenos. Porque desobedeceu a sua mãe, Deus acabou por aceitar a prece que ela fez contra o próprio filho:

Abu Huraira (Radiyalahu an-hu) referiu: O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) disse: “Nenhuma criança falou no berço, excepto Issa (Jesus), filho de Mariam (Maria), que a Paz de Deus esteja com eles e o associado ao Jurayj. Foi-lhe  perguntado quem era o associado ao Jurayj. O Profeta (Salalahu Aleihi Wassalam) respondeu: “Jurayj era um monge que vivia só no seu ermitério, lugar afastado do povoado. Havia um pastor que costumava abrigar-se no sopé, perto do ermitério.

Uma mulher da aldeia, costumava visitar o pastor.

Um dia a sua mãe veio e chamou-o, “Jurayj”, enquanto ele estava a orar. Ele interrogou-se: “Minha mãe ou a minha oração?”. Ele pensou, que o melhor é continuar com a oração. Ela voltou a chamá-lo pela segunda vez e ele inquiriu-se a ele próprio: “Minha mãe ou a minha oração?” E ele voltou a preferir a oração. Ela o chamou pela terceira vez e ele pensou o que deveria fazer: “Minha mãe ou a minha oração?” e preferiu a oração. Como ele não respondeu, pela terceira vez, ao seu chamamento, a mãe (zangada, fez uma prece contra ele e disse-lhe: “Jurayj, que  Deus não te dê a morte enquanto não vires a cara das prostitutas”. Depois ela   retirou-se.

Passado algum tempo, a referida mulher da aldeia, deu a luz a uma criança e foi levada à presença do rei, que a interrogou? “De quem é esta criança?” Ela respondeu:

“É do Jurayj”. O rei perguntou: “O homem do ermitério?” Sim, respondeu ela. Ele ordenou para destruírem o ermitério e para trazerem o homem para junto dele. O seu ermitério foi golpeado com machados, até que entrou em colapso. As mãos do Jurayj foram amarradas com uma corda ao seu pescoço. Arrastado, desfilou ao longo da rua das prostitutas. Elas estavam a olhar para ele, juntamente com outras pessoas. Ele as viu e esboçou um sorriso (pensando na contra prece que ouviu da sua mãe).

O rei perguntou: “Conheces o que esta mulher reivindica?” Jurayj perguntou: “O que é que ela reivindica?” Ele disse: “Ela reclama de que tu és o pai da recém-nascida”.

Jurayj perguntou à mulher: “É isto que tu reivindicas?” Sim, respondeu ela. Ele perguntou onde está a criança. Eles responderam: “É o que está no seu colo”. Juraij voltou-se para a criança e perguntou-lhe: “Quem é o teu pai?” A criança respondeu: “O pastor do gado”. O rei (para recompensar o erro cometido) perguntou a Jurayj:  “Podemos reconstruir o teu ermitério com ouro?” Respondeu Juraij: “Não”. O rei voltou a perguntar: “Então de que matéria o poderemos reconstruir?” E ele respondeu para o erguerem de pé, tal como era antes”. Curioso, o rei perguntou: “O que te fez sorrir?”

Respondeu: “Coisas que eu sei. Fui apanhado pela prece da minha mãe”. Então ele lhe contou o sucedido. Imam Bhukari – Al-Adab Al-Mufrad.

“Rabaná ghfirli waliwa lidaiá wa lilmu-minina yau ma yakumul hisab”. “Ó Senhor nosso, no Dia da Prestação de Contas, perdoa-me a mim, aos meus pais e aos crentes”. 14:41.

"Wa ma alaina il lal balá gul mubin" "E não nos cabe mais do que transmitir claramente a mensagem". Surat Yácin 3:17. “Wa Áhiro da wuahum anil hamdulillahi Rabil ãlamine”. E a conclusão das suas preces será: Louvado seja Deus, Senhor do Universo!”. 10.10.

Votos de um bom dia de Juma.

domingo, novembro 04, 2012

A Educação dos Nossos Filhos

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Deus colocou no instinto dos pais o amor para com os seus filhos, e é este amor que os leva a dedicarem-se a eles de corpo e alma, pesem embora o incomodo  as dores e as preocupações que tem que enfrentar, fazendo tudo isso de forma conscienciosa e com prazer, pois se o Criador não tivesse incutido esse espírito nos seus corações, a opção consciente por esses incômodos seria considerada uma estupidez que nenhuma pessoa inteligente adotaria.

De facto, depois de os pais passarem por tudo isso, é um grande infortúnio ter filhos de mau carácter, pois esses não ajudam em nada. Ter bons filhos é sinal de boa sorte e ter maus filhos é porque se é desditoso, ainda que se tenha muita fama e riqueza. Mas há gente que não se apercebe deste aspecto negativo, pois olha apenas para a aparência e não para o conteúdo.

Um pai ignorante fica satisfeito com a beleza do filho, não se importando com o seu mau carácter, enquanto que um pai inteligente fica satisfeito com o bom carácter do filho, ainda que este não seja gracioso.

Se cada pai reservasse uma parte do tempo disponível por dia para cuidar de seus filhos, evitaria muitos problemas no futuro.

É aconselhável que os jovens se casem quando ainda no fulgor da sua juventude, pois quando se abraça o matrimônio já na idade avançada, corre-se o risco de faltar algum vigor, sempre necessário na educação a transmitir aos filhos.

No processo de transmissão de bons princípios e boa educação aos nossos filhos, não devemos ser demasiado severos. Devemos sempre optar pelos bons modos.

Um filho é como um garrano, pois se lhe for dado tudo o que quer, crescerá manhoso, teimoso e de difícil inserção nas regras estabelecidas pela sociedade. Mas por outro lado, se tudo lhe for proibido vai crescer com um carácter difícil podendo ser irascível, insociável e com um temperamento selvagem, detestando tudo o que se esteja à sua volta. Portanto, os pais devem ser prudentes, tanto no que dão como no que proíbem. E em nome de amor para com ele não devem enchê-lo de mimos, pois isso é bastante prejudicial, tanto para a sua felicidade como para a do pai. Devem-se evitar os extremos, tanto no rigor como no amor, e saber contornar os seus caprichos.

Portanto o filho, da mesma forma como precisa de cuidados materiais, também precisa de cuidados espirituais, daí que se diga que, se este desesperar da afeição dos pais, crescerá preguiçoso e desobediente, e se a afeição for exagerada, também crescerá preguiçoso.

Os melhores pais são os que conseguem estabelecer o equilíbrio entre as duas posições.

O acompanhamento constante desempenha um papel importantíssimo no crescimento dos filhos, assim como diz o adágio: "Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és".

Muitos dos males nas crianças provêm de outras crianças, pelo que os pais devem evitar que elas se juntem à crianças potencialmente mal-criadas.

Quanto ao instinto dos filhos, são os pais que o conservam ou estragam, pois estes, aos olhos dos filhos constituem exemplo e modelo, estando no instinto da criança o gosto pela imitação.

Toda a criança nasce com um carácter seu, próprio. Os pais não podem mudá-lo, mas podem corrigi-lo.

Deve-se habituar os filhos a dependerem de si mesmos e não dos outros, tornando-se fardos, ainda que os pais sejam ricos, pois cedo ou tarde eles terão que enfrentar a vida, sendo melhor que cresçam já preparados, confiando em si próprios, do que lançá-los para a vida prática e exigir que encarem tudo o que lhes apareça pela frente sem que estejam preparados para tal.

Se eles já estiverem aptos a ganhar o seu sustento e não estiverem a estudar, os pais devem evitar sustentá-los, ou pagar-lhes as contas, pois isso pode matar neles o espírito de luta pela vida.

Em tudo isto, o pior é um pai que após a sua morte deixa fortuna e riqueza para seus filhos maus, corruptos e sem carácter, pois se estes não tiverem sido frescura aos olhos dos pais durante a sua vida, dificilmente poderão sê-lo depois da sua morte. E em poucos dias vão esbanjar tudo aquilo que o pai levou anos a juntar, e mais ainda, vão denegrir a sua imagem.

A boa educação e o bom comportamento só trazem o bem, tanto para os pais como para os filhos, e quando os pais deixam este mundo, um bom filho prossegue as obras e missão de seus pais, e ainda faz duã (ora) a favor de seus pais.

Os nossos filhos são como que pedaços dos nossos fígados. Será que algum de nós quereria por acaso ter um fígado infectado, que cause doenças e dores ou preferiria um fígado são e saudável?

Cada um que faça a sua escolha!

Muitos pais já morreram, mas os seus bons nomes continuam preservados graças aos bons filhos que tiveram, mas muitos outros foram já esquecidos por não terem deixado filhos piedosos, embora em vida fossem muito famosos.

Quando um bom filho substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse de novo a nascer, mas quando um filho sem carácter substitui o pai após a sua morte, é como se esse pai estivesse a morrer duas vezes.

Para Onde Vamos?

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Uma avaliação em termos gerais, do rumo que a Humanidade está tomando, causa a muitos de nós uma grande preocupação, e cada um vai-se interrogando, quando é que esta situação reverterá, pois a velocidade com que nos deixamos resvalar para o abismo é de tal ordem, que se torna difícil vislumbrar quando é que tudo isto vai parar.

Nas sociedades em que todos os vestígios da moralidade e dignidade são inexoravelmente espremidos e eliminados das pessoas, quer parecer que a diferença entre o Ser Humano e o animal é quase inexistente.

Valores sociais como a fidelidade, unidade e fraternidade no seio familiar, onde o pai ocupa o seu lugar de garante do sustento, e a mãe por seu lado ocupa a nobre posição de administradora da casa empenhada na criação e educação dos filhos, foram desfeitos, sendo substituídos por um sistema que promove a perversidade e a devassidão.

Há quem advoga que, confinar o papel da mãe às quatro paredes da casa, equivale à supressão dos direitos da mulher, ou por outras palavras, equivale à opressão.

Por outro lado temos a concepção milenária de uma família constituída por um pai e uma mãe, que nos dias que correm está sendo posta em causa.

O conceito de família está sendo considerado como algo estranho, ultrapassado e anacrónico, de tal maneira que até os tribunais nalguns países supostamente desenvolvidos, defendem que os homossexuais podem unir-se pelo "casamento", constituindo "família", e ter os mesmos direitos inerentes ao acto, podendo portanto, adoptar uma criança. E nesses países, tudo isso é normal e dois homens ou duas mulheres que compartilhem o "leito conjugal" são reconhecidos como uma família.

Há quem defende que o casamento entre o homem e a mulher não é o único meio para se constituir uma família.

Há países em que, nos censos populacionais periodicamente realizados, casais do mesmo sexo serão recenseados como uma categoria separada.

Portanto, no conceito dos que advogam este tipo de relação, a questão de famílias quebradas deixa de se colocar, pois no seu entender isso foi nos tempos em que a única forma de constituir família era com pai e mãe.

Em nome da libertação da mulher está-se degradando o seu nobre estatuto, atentando contra a sua dignidade, retirando o brilho, a beleza especial e a graça que fez dela o objecto de honra e respeito, e não objecto de mercadoria comercial como está acontecendo, em que o seu charme é livremente exposto e exibido, corrompendo-se as mentes da sociedade, e destruindo-se a célula daquilo que é tradicionalmente a célula da sociedade: a família.

O Professor Berger, um eminente sociólogo ocidental, diz na pág. 19 do seu livro "The Conquest of Hapiness" (A Conquista da Felicidade):

"Hoje em dia, a ausência de um núcleo familiar eticamente responsável e dominante em todas as sociedades ocidentais constitui a causa do aumento da onda de delinquência, do crime, do uso abusivo de estupefacientes, da gravidez precoce e do abuso sexual de menores".

A única solução é deixar que a célula da sociedade - a família - desempenhe o seu papel natural, pois o papel feminino da maternidade e da educação da família é vital para a estabilidade mental das crianças e da estrutura sã da sociedade no seu todo, e nisso baseia-se a estabilidade da nação inteira.

Hoje a maioria da juventude está envolvida em vícios de consumo de drogas e de álcool, em jogos de azar, na mentira, no cometimento de crimes, e em todo o tipo de imoralidades. Como tirar os nossos jovens dessa situação?

Quando eles chegam tarde à casa, a altas horas da noite, bêbados, já infectados com o vírus da Sida, com filmes e revistas pornográficas nas mãos, os pais choram, de tão frustrados que se sentem, indagando-se sobre o que terá acontecido para que o filho / filha tivesse resvalado para numa situação tão aviltante. E a muitos desses pais falta-lhes coragem para abordarem o problema frontalmente, optando por procurar bruxos e curandeiros onde pensam poder encontrar soluções para os seus problemas, mas em vão.

Temos que fazer algo para estancar e inverter esta situação, pois de contrário, daqui por alguns anos não teremos continuadores que portem o estandarte da moral e da decência às gerações vindouras.

A esperança de vida em Moçambique é já de si bastante baixa - menos de 40 anos. E o sida vai dizimando cada vez mais moçambicanos, ameaçando aniquilar os seus habitantes.

É já tempo de acordarmos e começarmos a agir como gente responsável, pois cingirmos nos apenas aos debates, slogans e workshops não é suficiente. Bem diz o provérbio: "As ações falam mais alto que as palavras".

ALCOOLISMO – UM GRANDE PROBLEMA

Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Estamos todos de acordo quando se diz que há problemas com o consumo de álcool, como por exemplo beber quando se está conduzir, cometer crimes violentos decorrentes do consumo abusivo de álcool, etc. Mas mesmo assim as pessoas não se abstêm do seu consumo. Pelo contrário vão consumindo cada vez mais álcool, e quanto maior for o teor de álcool na bebida, melhor, pois a “paulada” é mais rápida.

De facto o alcoolismo é um grande problema, muito maior do que imaginamos. Muitos dos nossos jovens e adolescentes começam a beber ainda muito novos. Não há infelizmente estatísticas oficiais sobre o estado da saúde pública que nos indiquem a percentagem populacional nos nossos jovens e adolescentes que começam a ingerir álcool ainda muito novos.

Para além de em muitos casos os acidentes rodoviários estarem ligados à embriaguez, os nossos tribunais estão ocupados com numerosos casos de ofensas corporais desde a violência doméstica, incluindo agressões físicas às crianças, ao vandalismo, tudo isto cometido sob influência de álcool.

Será que as autoridades ligadas à saúde não se aperceberam ainda que o alcoolismo também é um problema de saúde pública? As autoridades de direito não se aperceberam ainda que o País gasta avultadas somas retiradas dos nossos escassos recursos para tratar doenças derivadas do consumo de álcool?

Todos os anos por altura da Quadra Festiva do Natal e do Ano Novo promovem-se por esse Mundo fora (exceptuando os países predominantemente isslâmicos), campanhas contra a condução após ingestão de bebidas alcoólicas.

As autoridades governamentais lamentam o estado de saúde da Nação e o detestável vício de alcoolismo, mas não vão para além das lamentações, pois “outros mais altos valores se alevantam”. Por outras palavras, as grandes receitas provenientes dos impostos com venda de bebidas alcoólicas, são como um doce (rebuçado) na boca de quem quer que seja, pois ninguém consegue assobiar com um doce na boca.

O Isslam adoptou uma posição diferente em relação ao alcoolismo, pois valoriza a saúde moral e espiritual da Nação, bem como o bem estar físico das pessoas. O Isslam considera que qualquer coisa que entorpeça os nossos sentidos, que tolde a nossa mente, que reduza a nossa vergonha ou o nosso nível de responsabilidade, ou que de alguma forma interfira com o funcionamento normal do nosso cérebro, o seu consumo é harám (proibido). E isso inclui o álcool ou qualquer outra droga ou substância que altera o funcionamento normal da mente.

Reconhecendo que cada pessoa reage de forma diferente aos estímulos exercidos por algumas substâncias, não é possível estabelecer o teor considerado inofensivo para cada substância.

Muita gente que julga ter algum controlo sobre os seus hábitos etílicos, cedo ou tarde acaba ingerindo para além daquilo que consegue aguentar. O Isslam afirma categoricamente que se uma substância pode destruir o pleno desempenho da mente, então o seu consumo é estritamente proibido, mesmo que seja em quantidades reduzidas.

Portanto, o Isslam advoga a total proibição do consumo de drogas ou narcóticos, incluindo o álcool. Proíbe o consumo e não apenas o abuso no consumo dessas substâncias. Deus conhece a natureza humana. O Isslam reconhece o quão arraigados podem estar tais hábitos nas pessoas, sendo portanto difíceis de erradicar de um dia para o outro. Portanto, a proibição gradual do consumo de álcool tem de estar estritamente ligada à campanha de educação pela edificação de um ambiente com melhores níveis no que respeita à moral e à identidade espiritual na nossa sociedade.

Para além disso, deve ser totalmente proibida toda a publicidade às bebidas alcoólicas, tanto em painéis publicitários em praças e avenidas, como nos diversos órgãos de comunicação social, seja a que horas for.

Quando do ressurgimento do Isslam os árabes estavam profundamente viciados em bebidas alcólicas, pelo que o Profeta Muhammad S.A.W. não impôs o seu banimento de um dia para outro. Fê-lo gradualmente, em três fases. Na sua primeira abordagem reconheceu alguns dos benefícios do álcool (por exemplo, na aplicação medicinal), mas disse que os seus prejuízos ultrapassavam largamente os benefícios. Na segunda, proibiu os crentes de orarem quando estivessem sob influência do álcool, demonstrando que a espiritualidade não se pode misturar com a embriaguez. Finalmente, depois de alguns anos o consumo de álcool foi terminantemente proibido, considerando-o portanto, uma prática satânica. Até essa altura os muçulmanos que já haviam vivido os ensinamentos espirituais e morais já tinham descoberto os prejuízos do álcool, e por isso, de uma forma voluntária e determinada derramaram o que possuíam de bebidas alcoólicas. Nesse dia parecia que as ruas de Madina tinham sido lavadas com álcool.

A sociedade moderna percorreu já uma longa distância desde essa altura, e hoje orgulhamo-nos dos grandes avanços tecnológicos obtidos, mas mesmo assim regredimos quando nos deixamos cair no lodaçal da embriaguez, com todo o mal daí decorrente, isto porque perdemos a nossa consciência moral e o nosso senso de direcção. Esquecemo-nos que há mais coisas para a civilização humana do que o avanço material.

Muitos procuram refúgio nas bebidas alcoólicas e nas drogas, mas em vão. A esses quero recordar que o Isslam oferece-lhes outras alternativas.

O Natural e a Natureza

Por: Sheik Aminuddin Muhammad
As palavras "Natural" e "Natureza" possuem sem dúvidas uma grande importância no campo do argumento.

Quando algo for provado ser natural, ninguém pode refutar ou desafiar a sua autenticidade.

Pode-se explicar isso com um exemplo: Imaginemos um animal carnívoro, um leão por exemplo. O seu alimento natural é a carne dos outros animais. Ele não pode viver sem isso e decerto que morrerá se não encontrar carne para se alimentar.

Sempre que ele filar uma gazela que é um animal inocente e pacífico acabará por esfacelá-la, devorando-a de seguida.

A isso, uma pessoa normal poderá chamar de crueldade, ferocidade, felonia, etc. Contudo, a referência à natureza convencê-lo-á da justeza do acto do leão, desculpabilizando-o de seguida.

Se alguém, de uma forma crítica meditar no Universo, encontrará actos idênticos ao do leão em muitas outras coisas. Podem variar na forma, mas que sem dúvidas são naturais na sua índole, pelo que há que tolerar tais incongruências.

Os Seres Humanos como o são os homens e as mulheres, são iguais. A Lei não permite que um exerça domínio sobre o outro, mas mesmo assim, o facto é que ninguém pode tomar uma vida independente do outro.

A união dos dois forma um conjunto perfeito, destinado pelo Criador para ser o único procedimento para a conservação e expansão da Raça Humana, pois cada gênero depende do outro para a sua própria existência.

Os seus deveres e obrigações para com a natureza, sendo diferentes, têm que sê-lo em muitos aspectos, devido às suas diferentes funções.

Portanto, é contra a natureza esperar uma igualdade absoluta entre seres desiguais, e portanto, isso não é uma questão de superioridade ou injustiça.

Por exemplo, é o homem que dissemina a semente (sémen), cabendo à mulher a sua retenção no seu ventre (útero), nutrindo-a e desenvolvendo-a ao longo de vários meses.

Quando a semente se desenvolve formando uma unidade completa, ela aguenta-o depois de sofrer dores de parto, que são as piores dores possíveis, que podem até causar a morte.

Haverá alguma comparação entre as dificuldades e os incômodos sofridos pela mãe?

À mulher foi incumbido o dever de suportar esta tarefa árdua e pesada. E este dever não pára por aí, pois tem ainda que nutrir o bebé a partir do seu peito, e por um período de quase dois anos. E a acrescer a isso há ainda todo o peso que representa cuidar do menino/a até que cresça e se torne adulto/a.

E depois de toda esta carga sobre a mulher, em quase todo o Mundo é comum a criança na sua filiação levar o nome do pai.

A mulher coitada, ao se casar perde a sua identidade, pois é comum a adoção do apelido do marido, nome por que passa a ser conhecida.

Portanto, a questão é: onde está a chamada igualdade entre os sexos?

Podemos aqui enumerar muitas outras características e diferenças naturais entre o homem e a mulher nas suas feições, figuras, diferenças no seu crescimento e tamanho, diferenças na mentalidade de cada um, diferenças nos seus passos, etc.

Comparando-se os cérebros do homem e da mulher nascidos no mesmo país e na mesma data, crescidos nas mesmas condições e circunstâncias, verificaremos que o do homem pesa mais 130 gramas que o da mulher.

Agora a pergunta: a quem culpar por esta aparente injustiça"? A única resposta é que essa diferença é "natural".

Isto demonstra que a criação dos dois sexos não foi acidental. Certamente que isso foi desenhado pelo Criador, que lhes proporcionou capacidades e responsabilidades diferentes, e consequentemente os fez diferentes.

A inclinação sexual nos homens e nas mulheres e também nos animais em geral, é natural e ninguém pode ser culpabilizado por ter essa inclinação.

Daí podemos facilmente perceber o elemento racional na atracão de um sexo pelo outro.

Sendo a excitação sexual algo natural, ela tem que ser satisfeita pela via do casamento. Estão errados os que pensam que a causa do sofrimento humano é o sexo, daí que tenham fundado o movimento conhecido por "Monasticismo". Eles acham que a Paz e o Amor na sociedade apenas são possíveis através da supressão do instinto sexual, e o único caminho para se alcançar a excelência espiritual é através da abstenção do sexo. Essa maneira de pensar atenta contra a natureza.

O sexo é tão natural quanto a alimentação, pelo que tem que ser satisfeito dentro dos limites legais e morais.

Teu Paraíso, Teu Inferno


Por: Sheik Aminuddin Muhammad

Certa vez alguém perguntou ao Profeta Muhammad, S.A.W.: "Qual é o direito dos pais sobre os seus filhos"?

O Profeta S.A.W. respondeu: "Eles são o teu Paraíso ou o teu Inferno". (Ibn Majah)

Este eloquente hadith (orientação do Profeta) responde em meia dúzia de palavras, não só à pergunta feita, mas também apresenta o motivo.

Honrar os nossos pais e cuidar deles no melhor das nossas capacidades, é nossa obrigação, e nisso encontraremos a satisfação de Deus. Por outro lado, desrespeitá-los e desobedecer às suas ordens ou recomendações, leva-nos às portas do Inferno.

É devido à importância deste tema, que o Al-Qur'án nos ordena que observemos os nossos deveres para com os pais, logo a seguir aos deveres para com Deus.

Deus diz no Al-Qur'án, Cap. 31, Vers. 14:
"Mostrai gratidão a Mim e a vossos pais; para junto de mim será o retorno final".

Numa outra passagem no Cap. 17, Vers. 23, diz:
"O teu Senhor ordenou que não adores a ninguém senão a Ele; e que sejas bondoso para com teus pais, se um deles ou ambos atingirem a velhice, em tua companhia. Não diga "uff", nem os maltrates; outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura), estende sobre eles a asa da humildade, e diz: "Ó Senhor meu! Tenha pena deles, como eles tiveram pena de mim, criando-me desde pequenino".
A metáfora "Estende sobre eles a asa da humildade" inspira-se no pássaro que, por compaixão, estende as suas asas sobre as suas crias, protegendo-as das adversidades.

Os versículos atrás citados merecem uma reflexão. É facto que a relação entre pais e filhos é algo único e diferente de todas as outras relações humanas. Os pais sacrificam tudo a favor dos seus filhos, e nutrem um desejo genuíno que eles sejam melhores que os pais em todos os aspectos, sem esperar seja o que for em retorno.

De facto, o amor dos pais é uma parte do amor divino. Enquanto o amor dos pais é quase instintivo, a forma como nós tratamos os nossos pais, foi deixado ao nosso critério, podendo optar por honrá-los e ser-lhes obedientes, ou escolher o contrário. Daí a referência ao Paraíso ou ao Inferno.

É através do exercício da nossa opção que escolhemos o caminho do Inferno. Nunca podemos pensar que já fizemos tudo o que tínhamos a fazer a favor dos nossos pais.

Este é um conceito de família muito diferente do que nós vemos hoje em dia, em que algumas pessoas assemelham a família ao ninho de passarinho.

Os passarinhos, tão pequeninos que são, ficam no ninho, sendo cuidados pelos pais. Logo que eles crescem, deixam o ninho para viverem a sua própria vida. Claro que os pássaros já crescidos não reconhecem nem cuidam dos pais, dos avós, dos tios ou quaisquer outros parentes, pois para eles está tudo bem, já que não têm que criar uma sociedade ou edificar uma civilização.

Infelizmente, esta situação reflecte a realidade da vida nos nossos dias, que atingiu o nível dos pássaros e das bestas. Agora o pai é "o velho", e o gritos de guerra do jovem são: "esta é a minha vida" e "deixa-me em paz". E tanto a estrutura legal como os media também apoiam esta tese.

A estrutura da família está de tal maneira desintegrada que se torna irreconhecível, pois as relações humanas foram completamente destruídas. Os velhos vivem uma vida triste em lares da terceira idade e já ninguém confia em ninguém.

Comparando à triste situação que hoje se vive, a vida familiar nas sociedades muçulmanas ainda continua sendo uma grande bênção, não obstante o estado geral de declínio social nas sociedades muçulmanas, pois agora a família muçulmana está sob investida em todas as direcções. Em nome dos Direitos da Criança, a linha central de ataque incita-as a rebelarem-se contra os pais, pondo em causa a sua autoridade.

É recomendável que nos lembremos a nós e aos nossos filhos, os ensinamentos isslâmicos acerca dos pais. Eis aqui alguns dos ensinamentos:
Devemos honrar e respeitar os pais em todas as circunstâncias, pois isso é um direito seu, ainda que eles não sejam muçulmanos.
Na nossa conduta para com eles, não devemos proferir nenhuma palavra, ou demonstrar alguma forma de irritação para com eles. Perante eles devemos ter uma atitude humilde.
Devemos ser obedientes dentro dos limites do Sharia, pois o Profeta Muhammad S.A.W. diz:
"Não há obediência à criatura quando o Criador estiver a ser desobedecido".
Dentro dos limites do Sharia, a pessoa deve-lhes obediência, ainda que eles tenham sido injustos no passado.
As obrigações do Sharia não estão sujeitas à aprovação dos pais, enquanto que os actos voluntários estão. Por exemplo, os teólogos defendem que, viajar para longe de casa a fim de convidar as pessoas a abraçarem o Isslam, apesar de ser um acto altamente virtuoso, é sobretudo um acto voluntário, pelo que está sujeito à aprovação dos pais.
Faz também parte dos seus direitos, orar a seu favor, tanto quando ainda estiverem vivos, como depois da sua morte.
A boa conduta para com os pais deve igualmente ser estendida aos seus amigos e familiares.
Enquanto fazemos tudo isto com um senso profundo de gratidão, e na perspectiva de recompensa na outra vida, é igualmente importante lembrar que o bom ou mau comportamento para com os pais, também traz a respectiva recompensa e castigo neste Mundo.
Os que afligem os seus pais, também serão afligidos, e os que lhes proporcionam alegria, também terão alegria nesta vida, pois bem diz o ditado: "Cá se faz, cá se paga".

sexta-feira, novembro 02, 2012

Congresso dos Professores de História - Portugal - Discurso do Irmão Abdul Rahman Mangá

Assalamo Aleikum Warahmatulah Wabarakatuhu (Com a Paz, a Misericórdia e as Bênçãos de Deus) Bismilahir Rahmani Rahim (Em nome de Deus o Beneficente e Misericordioso)  JUMA MUBARAK

Para esta semana, segue o teor do discurso proferido por Sua Eminência Sheikh Abdul Rahaman Mangá, Presidente do Centro Cultural Islâmico do Porto (Portugal), no dia 5 de Outubro de 2012, no congresso dos Professores de História, que se realizou na cidade de Guimarães – Portugal, no âmbito da “Capital Europeia da Cultura”. O tema debatido foi a “Contribuição das minorias para a construção da identidade nacional”. É um assunto que se adapta em qualquer país, onde os muçulmanos constituem a minoria. Vejam na íntegra o conteúdo da mensagem,
“MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES, ASSALAMO ALEIKUM! Esta é a saudação dos muçulmanos, que significa – QUE A PAZ DE DEUS ESTEJA CONVOSCO. Utilizamos esta expressão, para saudarmos os nossos irmãos de fé e não só. Saudamos tantas vezes quantas as que encontrarmos com o mesmo irmão ou irmã, no mesmo dia. É uma forma de aumentarmos a harmonia e a amizade entre nós.

Quando Deus, o Altíssimo, criou Adão, que a Paz de Deus esteja com ele, disse-lhe: "Dirige-te aos anjos que estão sentados acolá e atenta para o modo como te vão saudar, pois será também o modo de saudares a tua descendência". Adão se aproximou dos anjos e disse: "A Paz esteja convosco!". E eles responderam: "A Paz e a Misericórdia de Deus estejam contigo!".

O significado desta belíssima manifestação de harmonia e de irmandade, foi desvirtuada e deu origem no nosso país, ao termo "Salamaleque", cujo significado é a mesura exagerada, fazer reverências a fim de se conseguir o que se deseja, ou saudação interesseira. É por isso que em Portugal se diz "deixa de salamaleques", quando alguém exagera nas palavras interesseiras.

Em nome do Centro Cultural Islâmico do Porto, agradeço à Associação de Professores de História o convite que me foi endereçado para falar acerca da participação dos muçulmanos residentes em Portugal, na construção da identidade nacional.

Aproveito a oportunidade para saudar o berço da nação, a cidade de Guimarães, em especial pela celebração da Capital Europeia da Cultura e pelos inúmeros eventos culturais que vêm sendo realizados.

Durante os anos cinquenta, D. Sebastião Soares Resende, o primeiro Bispo da Beira, segunda cidade de Moçambique, preconizava, em defesa dos desfavorecidos, um ensino igual para todos, quer fossem indígenas, indianos, mestiços ou europeus. As relações laborais então desenvolvidas pelos empregadores, defendiam que os negros estavam destinados ao trabalho mais pesado. Para alterar esta situação, o Bispo não encontrou muitos aliados dentro da igreja católica e muito menos no governo central colonial. O então ministro do ultramar, Dr. Adriano Moreira, a quem saúdo pelos seus 90 anos, compreendeu os anseios do Bispo e em 1961, acabou com o estatuto do indigenato, que impedia a maioria das populações das províncias ultramarinas de adquirem a nacionalidade portuguesa e do direito à educação. Com a influência das preocupações do Bispo D. Sebastião, em Agosto de 1962 são criados os Estudos Gerais de Moçambique e Angola para instauração do ensino técnico, politécnico e superior. Em 1962 foi fundada em Lourenço Marques a primeira universidade, tendo como reitor o Dr. Veiga Simão. Foi assim possível juntar, na mesma sala de aulas, alunos de todas as cores, ávidos da procura de conhecimentos técnicos, que permitissem melhorar as condições precárias em que se encontravam com as suas famílias.

Antes de Portugal viver a época da globalização, nas suas ex-colônias, nomeadamente em Moçambique, vivia-se uma diversidade cultural e religiosa, com a multiplicidade de cores, raças e religiões. Os antigos colonos foram para Moçambique à procura de melhores condições de vida. Moçambique também recebeu imigrantes dos 3 estados indianos outrora pertencentes a Portugal, Goa Damão e Diu. Muitos deles constituíram famílias, casando com as nativas, dando origem a filhos mestiços. A coexistência pacífica entre as diversas raças, culturas e  religiões, fazia inveja aos nossos vizinhos Sul-Africanos, cujo povo sofria da segregação racial.

Apesar das facilidades de acesso ao ensino em Moçambique, de acordo com as capacidades financeiras de cada um, alguns jovens muçulmanos, de origem indiana, por volta dos anos sessenta, preferiram fazer o trajecto contrário ao dos colonos, emigrando para a capital do império, à procura das melhores universidades. Acabaram por cá ficar, dando origem às primeiras famílias de muçulmanos em Portugal. Em 1968, o referido grupo de estudantes, cria a Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL).

Com a independência de Moçambique, muitos muçulmanos, na maioria de origem indiana, abandonaram Moçambique, acabando por escolher Portugal como destino privilegiado. A eles juntaram-se os refugiados da Guiné Bissau, a pretexto de terem sido militares Portugueses, e, por tal, sujeitos às perseguições pelos seus conterrâneos.

Os Moçambicanos e os Guineenses foram os primeiros percursores da Comunidade Islâmica em Portugal. Sentiram dificuldades que foram surgindo ao longo dos anos, nomeadamente a discriminação nas escolas e nos empregos. Os portugueses, habituados ao catolicismo, desconfiavam destes imigrantes que traziam com eles uma religião diferente. Porque os recém chegados tinham em comum a língua Portuguesa e porque estavam habituados a conviver nas suas terras de origem, com outras raças, religiões e culturas, a desconfiança foi-se desvanecendo, dando lugar ao diálogo. Eles obtiveram a nacionalidade Portuguesa, por direito.

O serviço militar obrigatório cumprido pelos muçulmanos, durante as guerras de libertação nas antigas colónias, a par de outros sentimentos, aumentou o sentimento da identidade, nacional.

Apesar de se terem passado muitos anos, ainda estão nas nossas mentes os momentos vividos nas longas batalhas em que muitos voltaram marcados definitivamente e outros perderem a vida.

Com a globalização, a Comunidade Islâmica viu alargada a diversidade de raças e nacionalidades. Vindos dos países árabes, de África, da India, do Paquistão do Bangladesh, da Turquia e dos países próximos da União Soviética, a diversidade linguística e cultural aumentou, mas todos professando a mesma religião, de que não há outra divindade senão Deus e que Muhammad é Seu último mensageiro. Uma multiplicidade de culturas, que confunde muitas vezes os menos atentos, levando-os a pensar que muitos dos usos e costumes fazem parte dos rituais da religião islâmica.

A vinda destes novos imigrantes trouxe problemas acrescidos à nossa integração como minoria. As línguas de origem dificultavam-lhes a integração, a escolarização das crianças e também a obtenção de empregos. A discriminação e a desconfiança voltaram a sentir-se, pois a visibilidade era maior, devido aos usos e costumes, ao vestuário e aos diferentes idiomas que se ouviam em todos os locais. Foi necessário organizarem-se aulas de Português, tanto para os adultos como para os mais novos. Graças ao apoio de diversas associações, foi possível colmatar esta situação.

Com muitos anos de trabalho e de permanência no país, alguns imigrantes conseguiram obter a nacionalidade Portuguesa e acabaram por solicitar o agrupamento familiar.

A procura das melhores condições de vida levou a que muitos muçulmanos se espalhassem pelo país, deixando Lisboa de ser a cidade principal de acolhimento. Nas novas localidades para onde foram viver, tiveram o cuidado de ficar perto uns dos outros ou de procurar alojamento perto dos locais de culto. A proximidade das mesquitas torna-se importante para que as 5 orações diárias possam ser efetuadas, de preferência em congregação. A logística, para que os filhos possam continuar a aprender as bases da religião, é também outro fator determinante para as concentrações. Outro aspecto não menos importante é o da existência de um talho que forneça alimentos halal, isto é, carne de animais abatidos em nome de Deus, o Único, e devidamente sangrados.

A partir dos anos oitenta, com alguma curiosidade, os residentes das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia começaram a assistir à chegada dos muçulmanos. Com o aumento dos crentes e com a Comunidade Islâmica de Lisboa distante, os residentes optaram por criar uma associação, a que deram o nome de Centro Cultural Islâmico do Porto, Pessoa Colectiva Religiosa, a qual se encontra devidamente autorizada e registada. Para além das atividades religiosas e sociais, esta associação é também responsável pelo diálogo inter-religioso a nível do norte do país.

A par dos outros países europeus, Portugal, com a independência das suas colônias e com a globalização, começou a viver uma nova realidade, alterando o conceito de nacionalidade assente nos pilares da religião católica. Portugal adaptou-se a este multiculturalismo, sem grandes sobressaltos. Três importantes factores contribuíram para este sucesso: i) a comunidade muçulmana ser constituída maioritariamente por crentes oriundos de Moçambique e da Guiné Bissau; ii) Terem em comum a língua Portuguesa; iii) Os dirigentes e os responsáveis religiosos das comunidades serem maioritariamente compostos por quadros, empresários e clérigos integrados na sociedade portuguesa. Mas ainda há muito caminho a percorrer, apesar dos passos que já foram dados para a liberdade religiosa. Ainda nos encontramos longe da igualdade de tratamento.

Sem deixarem de praticar a religião e de procurarem manter as heranças culturais, a maioria dos muçulmanos a viver em Portugal sente que está inserida na sociedade, trabalhando e contribuindo para o engrandecimento do País. Os da primeira geração, mesmo os mais conservadores em termos religiosos e culturais, com todas as dificuldades econômicas e financeiras, deram aos filhos a possibilidade de estudarem e tirarem cursos técnicos ou superiores, de acordo com as suas capacidades financeiras. Concluídos os cursos e as especializações, são hoje gestores e técnicos conceituados no nosso meio empresarial. O Profeta Muhammad, que a Paz de Deus esteja com ele, encorajou-nos a procurar o conhecimento, nem que tenhamos de viajar até à china. Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, também Profeta e Mensageiro do Islão, referiu: “Deus gosta que os Seus servos aprendam um ofício que os torne independentes”. Relato de Abu Bakr Ibn Abi al-Dunya.

Os pais alertam sempre os seus filhos para que a integração na sociedade portuguesa não seja causadora da perda dos valores morais e religiosos e da conservação das raízes culturais.

Os mais jovens sabem que fazem parte da identidade portuguesa, apesar de algumas vezes se sentirem discriminados na sociedade e no mercado de trabalho. Fazem parte de todas as profissões, advogados, contabilistas, economistas, médicos e também comerciantes e trabalhadores da construção civil.

Em Portugal, a palavra “emigrar” está agora na moda. Os jovens muçulmanos sentem também dificuldades na obtenção de empregos e procuram colocações noutros países. Outros sentem a discriminação por causa da religião e pelos nomes que outros dizem ser difícil de pronunciar.

No entanto, os responsáveis das comunidades continuam a encorajar os seus membros para continuarem a colaborar para que Portugal possa ultrapassar a crise em que se encontra.

Somos também Portugueses e a nós também compete participar no desenvolvimento do país.

Mas nem tudo corre bem, porque alguns crentes, principalmente por motivos econômicos, não conseguiram que os seus filhos adquirissem a escolarização necessária, arma importante para a luta contra a pobreza e contra o obscurantismo. Um dos 5 pilares do Islão é o Zakat, a contribuição para os mais necessitados. Os muçulmanos são como um corpo, quando um membro se encontra doente, todo o corpo se ressente. Com as verbas recolhidas, os responsáveis das comunidades procuram atenuar os flagelos da fome e incentivam os mais velhos para não descurarem os benefícios da escolarização. Compete ao Estado, melhorar as condições, para que todos os seus cidadãos, em especial as crianças, possam beneficiar de acesso à formação escolar. É também responsabilidade do Estado dar especial atenção aos que se encontram marginalizados, vivendo em condições de extrema pobreza, dando-lhes a possibilidade de tirarem cursos técnicos. Não gostaríamos de ver os nossos jovens cometerem actos de violência, por se sentirem duplamente revoltados, para além da pobreza, por se considerarem marginalizados por questões de cor, raça e religião. Não só me refiro à comunidade muçulmana, mas a todos os que, vivendo em Portugal, se encontram nestas condições. Se nada for melhorado, este mal poderá continuar nas gerações seguintes, acabando os lesados por se manifestarem fora dos limites prescritos pela lei e pelos ensinamentos religiosos. Com a agravante que outros olhos possam confundir estas manifestações de desagrado com o fundamentalismo. A jihad é o esforço no caminho de Deus.

A jihad pode ser o esforço de um crente, na procura de conhecimentos escolares, com vista à obtenção de melhores condições de vida para si e para os seus. Neste caso particular, a melhor jihad é não ter medo de, cara a cara, proferir uma palavra justa, perante um governante injusto.

Vários estudos, efctuados pelas universidades europeias, referem que é a religião islâmica a que mais está a crescer em todo o mundo. Dentro de 5 a 6 décadas, na Europa, os muçulmanos constituirão a maioria. O referido crescimento não se limita aos nascimentos. Só em França, os convertidos ao Islão, já ultrapassam os 100.000. Alguns nacionalismos advogam o regresso da pureza da raça. Continuam as provocações, a pretexto da liberdade de expressão, uma conquista importante da democracia. Mas não podemos utilizar insultos nem ultrapassar os limites, onde começam os direitos dos outros. Alguns muçulmanos, contrários aos ensinamentos religiosos, manifestam-se duma forma violenta, acendendo ainda mais a fogueira da discórdia. Esquecem-se de que o Profeta Muhammad, quando foi provocado e agredido, nunca respondeu com violência, mas sempre esperançado de que os seus agressores renunciariam à idolatria e se voltariam para Deus.

Às provocações que lemos na imprensa local, exercemos os nossos direitos de resposta, enviando artigos com esclarecimentos e o nosso ponto de vista. Salvo raras excepções, na maioria das vezes, os nossos artigos não são publicados. Parafraseando um ditado popular, só é notícia relevante quando um muçulmano morde um cão.

Todas estas situações são preocupantes, porque perspectivam um futuro cheio de intolerância.

A solução para esta incerteza é o de estimular e criar condições para que os jovens, de todos os quadrantes sociais e religiosos, possam aceder à educação, ao convívio e ao conhecimento mútuo. A pobreza não pode ser um entrave para a escolarização. Os governos deverão criar um protocolo com as comunidades islâmicas para que incrementem e incentivem a escolarização dos mais necessitados. Podem ter medo dos homens, mas não tenham medo do Islão.

A Escola Básica da Comunidade Islâmica de Palmela, conhecida por Colégio Islâmico de Palmela, funciona como uma escola oficial reconhecida e acompanhada pelo Ministério da Educação. A par da formação religiosa, os alunos são preparados para ascenderem às universidades se assim o desejarem. O respeito, a responsabilidade e a disciplina, são os três princípios que regem esta instituição de ensino, procurada não só pelos muçulmanos, como também por outros credos. No ranking das melhores escolas, vem obtendo as melhores classificações. Com cerca de 200 estudantes, nas horas reservadas à religião, os alunos de outros credos, são ocupados com apoio extra-escolar. O exemplo desta Escola Básica, deveria estender-se às principais cidades do país.

Em Portugal, os muçulmanos vivem em paz com os seus vizinhos, professam a religião e procuram com tolerância dissipar as informações erradas transmitidas pela comunicação social. Para isso, os responsáveis da comunidade islâmica, tanto no Centro/Sul como no Norte, vêm desenvolvendo trabalhos de divulgação junto às escolas, universidades e associações, com vista à explicação dos fundamentos da religião islâmica, para que também percebam que o islão não tem nada a ver com as manifestações violentas e com os atentados em nome da religião. A violência é própria de qualquer ser humano, independentemente da sua filiação religiosa, quando não consegue controlar os seus instintos maléficos.

A existência de várias culturas e religiões é sinónimo de que não vivemos a sós neste mundo.

Uma só cultura e uma só religião, seria uma monotonia, como se todos estivéssemos vestidos de amarelo. A diversidade de cores, de costumes, da comida e do vestuário, aguçam a curiosidade para conhecermos o que é diferente e encoraja-nos a viajar por recantos mais longínquos e desconhecidos. Aprendemos sempre algo de novo com outras culturas. Lembro-me duma passagem que me foi contada por um professor de história, nos meus tempos de estudante em Lourenço Marques, hoje Maputo. Estava Camões doente, às portas da morte e com vontade de fumar um cigarro. Deitado na cama, com dificuldades em mover-se, pediu ao seu empregado africano, para lhe acender um cigarro. O empregado retirou-se do quarto e dirigiu-se à fogueira, na palma da mão esquerda colocou areia para não se queimar e, com a ajuda de um pau, colocou uma pequena brasa, que permitiu a Camões acender o cigarro.

Agradecido, Camões exclamou: “mesmo às portas da morte, estamos sempre a aprender”.

É importante conhecermos o próximo. Com tolerância mútua, criarmos um diálogo honesto, a fim de encontrarmos a paz e a tranquilidade. Só assim continuaremos a construir um Portugal melhor para os nossos filhos e para as gerações vindouras. Cabe às associações de todos os quadrantes darem os passos necessários para a concretização destes objetivos, promovendo debates e sessões de esclarecimento para os seus membros e abertos a toda a população. É de louvar o trabalho já desenvolvido por algumas associações, que promovem diversos encontros, para difusão da arte, literatura e cultura em geral. Também de louvar, a preocupação dos professores de história e de religião e moral para darem aos seus alunos o conhecimento de outras religiões, promovendo visitas e encontros nas sinagogas, mesquitas e outros templos.

O nosso local de culto na cidade do Porto, é visitado anualmente, por cerca de 1.000 alunos do ensino secundário, no âmbito das disciplinas de história e de religião e moral. Nas referidas visitas, de duração de cerca de quarenta e cinco minutos, os alunos são informados dos diversos aspectos ligados aos fundamentos e ao culto islâmico.

Portugal está a redescobrir o arabismo, um importante contributo para o enriquecimento da língua e cultura portuguesas. Os muçulmanos, durante o período da ocupação, deixaram um valioso legado histórico, cultural e arquitectónico. O antigo termo português “Albaraque”, que significa bênção, gentileza, é a palavra bem típica que simboliza o convívio, tão importante para cimentar o encontro entre culturas. A cozinha alentejana foi influenciada pela cozinha árabe, com muitos sabores mediterrânicos. O rei poeta Al-Mutamid,  nasceu em Beja, foi rei de Silves e do Sul de Espanha. Os legados árabes em Mértola e Beja, os reservatórios de água em Silves e as antigas mesquitas transformadas em igrejas, lembram a presença dos muçulmanos nos séculos anteriores. No vocabulário Português, existem cerca de 600 palavras com origem no Árabe, como por exemplo algarve, alfinete, algarismo azeitona, laranja e azeite.

Um termo muito utilizado na língua Portuguesa, o “OXALÁ”, tem origem no árabe “IN SHA ALLHA”, se Deus quiser.

Aproveito a oportunidade para em nome do Centro Cultural Islâmico do Porto, da Comunidade Islâmica de Lisboa e das diversas associações das minorias muçulmanas, apresentar a todos os congressistas e a todos os associados, os meus sinceros votos da continuação de um bom trabalho e que obtenham deste congresso as motivações necessárias para continuarem com maior empenho o vosso nobre trabalho, o de ensinar. Issa, Jesus, que a Paz de Deus esteja com ele, também Profeta do Islão referiu: “aquele que aprende, pratica e transmite sabedoria, será chamado grande no reino dos céus. Homem do saber, aprende da sabedoria o que não conheces e ensina ao ignorante o que aprendeste”. Relatos de Ahmad Ibn Hambal e de Abu Nu’ayn al-Isbahani. Que a Paz de Deus esteja com todos. 
Abdul Rehman Mangá .
05 de Outubro de 2012.”