terça-feira, julho 27, 2010

A Campanha de Khaibar -6ª Parte da Biografia do Profeta SAAS

Queridos irmãos e leitores esse artigo faz parte da biografia do Profeta Muhammad SAAS. Khaibar era uma grande fortaleza das tribos judaicas ao norte da Arábia Saudita. No sétimo ano da Hégira o Profeta (s), liderou uma campanha contra Khaibar, que se tornou um vespeiro de seus inimigos. Depois da conquista o Profeta (s) decidiu ficar ali mais alguns dias.Os judeus de Khaibar se tornaram arrendatários dos muçulmanos.

Num dia depois do Magreb uma mulher judia, Zainab Bint Al Hirs, convidou o profeta e seus companheiros para uma refeição.

O Profeta (s) aceitou com agrado tal convite. Ela preparou um cordeiro grelhado onde misturou veneno e o serviu. O profeta (s) começou a comer, levou um pedaço de carne a boca. Mastigou e logo cuspiu dizendo: “Esses ossos me informaram que foram envenenados”. O Outro companheiro seu Bichr Bin Bará, já tinha engolido um pedaço por isso morreu instantaneamente.

O profeta mandou chamar Zainab e esta confessou seu crime. Ela disse: misturei o veneno para ver se você é realmente o profeta ou não, se fores um simples monarca morreras, e se realmente fores o profeta então Deus informará do meu objetivo.

Mesmo depois dela confessar seu crime o profeta (s) não vingou-se dela, tal como era seu habito de nunca vingar-se de ninguém. O profeta (s) sempre teve compaixão e misericórdia, e nem seus inimigos foram privados disso.

Porém, por conseqüência desse envenenamento morreu um muçulmano, então para fazer justiça o profeta entregou a mulher, aos familiares da vitima, mas estes também não quiseram se vingar, por ela ter se tornado muçulmana.

Peregrinação à Meca

Até o fim do mês de chawal do ano sete da hegira o profeta (s) permaneceu em Madina.
Como no tratado de paz de hudaibiya foi acordado que os muçulmanos iriam no ano seguinte para umra (peregrinação menor), e ficariam só 3 dias em Macca, agora que já tinha passado um ano, o profeta (s) sentiu que já havia chegado a hora de cumprir uma das suas mais ardentes aspirações, a de ver a sua terra natal, uma vez que já estava com muitas saudades dela. Então Muhammad (s) chamou todos os muçulmanos a fazerem a Umra com ele. Todos os muçulmanos que foram impedidos no ano anterior e muitos novos convergiram com ele. Muhammad (s) ensinou-os a se vestirem para a peregrinação e a entrarem em Makka, vestidos com o ihram, que consiste de duas peças de tecido brancas e sem costura.

Ao aproximar-se de Macca, o profeta (s) receoso da traição dos Coraixitas, enviou Muhammad Bin Masslama, e mais 100 cavaleiros, para verem se os caminhos estavam claros, dizendo-lhes para não atravessarem as fronteiras sagradas de Macca. Quando tudo ficou esclarecido os muçulmanos desceram para o vale, perto de Macca, chamado Marraz Zahran, indo em direção ao Haram dizendo o Talbia:

Labbaik Allahumma labbaik; labbaika la xarika laka labbaik; innal-hamda wan ne'mata laka wal mulka la xarika lak.( Senhor, aqui estou eu ao Teu Serviço, Senhor, aqui estou eu na Tua Presença. Não há nenhum associado a Ti. Aqui estou eu, a Glória seja Contigo. A ti pertence a Soberania e o Poder. Na verdade, não tens nenhum associado.), deve ter sido uma visão surpreendente, para todos os árabes que o ouviram. Ele gerou um profundo respeito por eles e reverência pela sua nova religião, o Islam.

Era a grande multidão dos crentes com saudades de anos, a irem cumprir uma obrigação religiosa com grande entusiasmo.

Os maquenses evacuaram a sua cidade, e colocaram-se sobre uma montanha, que permitia uma visão completa do santuário.

Os muçulmasnos entraram pelo lado norte da cidade, liderados pelos profeta Muhammad (s), que esta montado sobre a sua camela Al Qaswa, cuja rédea estava segura por Abdallah Ibn Rawaha (r),que ia dizendo:

“ Não há outra divindade senão Deus, o Único, cumpriu a Sua promessa, ajudou o Seu servo, honrou o seu exercito, e derrotou, Sozinho, todos os grupos aliados anti muçulmanos”.

Esta confissão de fé era tão sincera, quanto atemorizante e fascinante. Seu tom desafiador inspirava pavor no coração do inimigo, mesmo sem a demonstração dos armamentos; mesmo assim, comovia aqueles mesmos corações e os fazia concordar com ela, justamente pela sua sinceridade absoluta, pela sua firme decisão de adorarem somente a um único Deus, pela sua reafirmação e confiança em que Deus daria ao Islam a vitória final. Do mesmo modo, a peregrinação, confirmava o elevado respeito que o muçulmano tinha pela Caaba, por Makka e pela sua tradição abraâmica.

O profeta circundou a Caaba, toda vez que passavam pela pedra Negra o profeta (s) beijava-a, não por adoração, mas por amor e respeito, por essa relíquia do seu glorioso antepassado. Mas antes de beijar-la disse: Eu sei que és só uma pedra e que não podes nem ajudar nem prejudicar.

Omar (que Allah esteja satisfeito com ele) disse, após ter beijado a Pedra Negra: " Se eu não tivesse visto o Profeta (que a paz e as benções de Allah estejam com ele) beijar-te, eu não te teria beijado”.

Depois do tawaf, o profeta pediu a Bilal para fazer o chamamento para a oração.

Quando os idolatras ouviram a voz de um escravo negro liberto, a fazer eco no vale,
ficaram cheios de ira, tendo alguns dito:”Foi bom o meu pai não viver este dia em que um corvo sobre para fazer o chamamento”. Outros não quiseram nem ouvir (era tal o racismo que o Islam eliminou).

Após a oração, o profeta (s) com os muçulmanos foram fazer o Sayi (correr entre os montes Safa e Marwa), cumprindo a tradição de Hagar mãe de Ismail (as).

Assim, os muçulmanos circundaram a Caaba e completaram a sua peregrinação menor tranquilamente, e no fim, sacrificaram os animais perto de Marwa. A seguir uns rasparam o cabelo, e outros diminuíram-no, cumprindo assim a visão do profeta (s).

O profeta (s) permaneceu três dias em Macca após completar sua peregrinação menor.

Batalha de Muuta

No oitavo ano da Hégira.

Aconteceu de o Profeta (S) enviar uma carta ao rei de Busrah, convidando-o ao Islam. O portador da missiva era o Al Háris b. Umair al Azdi, que foi apenas até Muata, a leste do Jordão. Nesse ponto foi barrado por um dos príncipes gassânidas, Churhabil b. Amr, que o capturou, amarrou-o e fez com que fosse executado em público, pela decapitação.

O abençoado Profeta (S) nunca tivera um dos seus mensageiros que fora morto, e ficou ultrajado. Assim, ele pôs uma força de três mil lutadores a marcharem sobre Muata, e colocou o seu amado amigo, Zaid b. Háriça no comando daquela força. O Profeta (S) se dirigiu aos soldados:

“Se o Zaid for ferido, passai o comando para o Jafar bin Abi Tálib; e se o Jafar também for ferido, passai o comando para o Abdullah bin Rawaha; e se este também for ferido, que os soldados muçulmanos escolham o seu próprio líder.”

O exército marchou até que chegou a Maan, na parte oriental do Jordão. Heráclius, o imperador de Bizâncio, mandou uma força de 100.000 homens para proteger o Estado-satélite gassânida, e juntaram-se a mais 100.000 dos árabes pagãos. Esse exército enorme estabeleceu acampamento próximo aos muçulmanos.

Os muçulmanos passaram duas noites em Maan discutindo e consultando-se sobre o melhor plano de ação. Algumas pessoas sugeriram que mandassem uma mensagem ao Profeta (S) perguntando-lhe o que deveriam fazer. Outras afirmavam que eles deveriam lutar, dizendo:

“Juro por Allah que as nossas batalhas não são encetadas com números ou fortidão, ou com suprimentos. Nossas batalhas são vencidas com fé. Devemos acabar o que começamos, pois, de todo modo, Allah nos tem garantida a vitória: ou vencemos a batalha, ou morreremos como mártires, e entraremos no Paraíso.”

Os dois exército se chocaram em Muata, e os muçulmanos lutaram com tal ferocidade, que chegaram a assustar os bizantinos, enchendo-os de espanto com aqueles três mil muçulmanos que lhes desafiavam a enorme força.

O Zaid b. Háriça defendeu o estandarte do Mensageiro de Allah (S) com um heroísmo sem precedente de qualquer um na história. Por fim, Zaid sucumbiu, com centenas de ferimentos causados pelas lanças do inimigo. Jafar b. Abi Tálib lhe tomou o lugar, agarrando o estandarte e defendendo-o com nobreza, até que ele, também, caiu como um mártir. Então o Abdullah b. Rawaha tomou o lugar de Jafar, segurando o estandarte e lutando ferozmente, até que teve a mesma sorte dos seus dois companheiros.

Os combatentes muçulmanos deram o comando ao Khalid b. al Walid, que se havia recentemente convertido ao Islam. Ele reuniu o exército muçulmano e forçou os homens a se retirarem do campo, antes que ficassem totalmente aniquilados.

O abençoado Profeta (S) recebeu a notícia da derrota em Muata e da morte dos seus três líderes. Nunca havia estado tão intensamente pesaroso como ora estava, por eles.

Convocou todos os muçulmanos e com os olhos cheios de lagrimas disse: “ A noticia de vossa tropa é esta: A tropa combateu os inimigos, Zaid tomou o comando, lutou ate se tornar mártir, e Deus perdoou-o. A seguir, Jaafar ergueu a bandeira islâmica, o inimigo cercou-o por todos os lados, ate que ele também tornou-se mártir e Deus perdoou-o. Depois foi Abdullah e igualmente lutou ate tornar-se mártir. Todos esses foram levados para o paraíso e La estabelecidos no trono dourado. Depois desses três a bandeira islâmica foi erguida por uma espada dentre as espadas de Deus, Khalid Bin Walid, que controlou a confusão que se havia gerado e Deus deu-lhe a vitoria sobre os inimigos.”

O profeta (s) foi para cada uma das casas deles, a fim de oferecer suas condolências às suas respectivas famílias. Quando chegou a casa do Zaid, a filhinha deste se atirou sobre o abençoado Profeta (S), soluçando. O abençoado Profeta (S) a segurou, chorando muito.

O Saad b. Ubada lhe perguntou:

“Por que estás chorando desse jeito, ó Mensageiro de Allah (S)?”

“É muito natural que a gente chore pela morte de um ente querido”, respondeu o Profeta (S).

Quando foi anunciado o regresso da tropa islâmica, todos, incluindo o profeta (s), foram recebe-los, e quando chegaram, confirmaram a morte de seus lideres.

As Pessoas de Madina, julgando que estes não cumpriram a sua missão, atiraram areia no rosto dos soldados dizendo-lhes: “O covardes, fugistes, mesmo quando estáveis no caminho de Deus.” O profeta (s) disse para a multidão para se calar e fez esta declaração: “ Pelo contrario, esses combatentes merecem seu maior elogio, porque eles regressaram e atacaram corajosamente. Se deus quiser eles regresserao outra vez ao ataque.” O profeta explicou as pessoas que o que a tropa fez era uma estratégia de guerra e elogiou a Khalid pela sua habilidade. Khalid quando soube do apelido de Espada de Deus, que o profeta (s) lhe havia dado, ficou muito satisfeito.

Essa batalha de Muuta foi um serio aviso ao império romano do oriente, e serviu para o atemorizar. A vitoria decisiva sobre os romanos so veio passados cerca de 12 anos após a morte do profeta (s).


Irmãos, InshaAllah no final da Biografia do nosso Amado profeta (s) estarei inserindo as fontes. Essa trata-se da 6ª parte.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen
Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad. Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações.

Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Senhor do universo.

Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Allah(SW).

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

domingo, julho 11, 2010

Profeta Muhammad e a Campanha de Badr - 5ª Parte da Biografia do Profeta SAAS

Em uma expedição a caravana coraixita em rota para Síria escapou dos muçulmanos. Os muçulmanos esperavam por seu retorno. Alguns batedores dos muçulmanos viram a caravana, liderada pelo próprio Abu Sufyan, passar por eles, e correram para informar ao Profeta disso e de seu tamanho. Se essa caravana fosse interceptada seria um grande impacto econômico, um que abalaria toda a sociedade dos mecanos. Os batedores muçulmanos relataram que a caravana faria uma parada nos poços de Badr, e os muçulmanos se preparavam para interceptá-la.

Notícias sobre essas preparações chegaram a Abu Sufyan em sua jornada ao sul, e ele enviou uma mensagem urgente para Meca para que um exército fosse despachado para líder com os muçulmanos. Percebendo as consequências catastróficas se a caravana fosse interceptada, imediatamente reuniram todo o poder possível e partiram para encontrar os muçulmanos. No caminho para Badr o exército recebeu as notícias de que Abu Sufyan tinha conseguido escapar dos muçulmanos levando a caravana por uma rota alternativa junto ao litoral. O exército de Meca, com aproximadamente mil homens, seiscentos deles usando escudos, 100 cavalos e 700 camelos, e uma grande quantidade de provisões para durar por muitos dias, persistiu em Badr para ensinar uma lição aos muçulmanos, dissuadindo-os de atacar quaisquer caravanas no futuro.

Quando os muçulmanos tomaram conhecimento do avanço do exército de Meca, souberam que um passo ousado teria que ser dado. Se os muçulmanos não os encontrassem em Badr, os mecanos continuaram a minar a causa do Islam de todas as formas, possivelmente indo até Medina para destruir propriedades e bens lá. O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, reuniu um conselho consultivo para determinar o curso de ação. O Profeta não queria liderar os muçulmanos, especialmente os Ajudantes que eram a maioria do exército e não estavam obrigados pelo Pacto de Aqaba a lutar além de seus territórios, em algo com o qual não concordassem.

Muitos muhajirin (os muçulmanos que emigraram de Meca para Medina) falaram, usando as mais eloquentes palavras para descrever sua dedicação. Mas havia um sahabah (companheiro) a quem todos os outros invejavam por sua declaração a Mensageiro de Allah (saw). Ele, Miqdad ibn al Aswad, se levantou diante da multidão e disse "Ó Mensageiro de Allah! Não diremos a você o que Bani Israel disse a Moisés, 'Vá você e seu Senhor, e lute, ficaremos aqui sentados (esperando).' (Surata al-Maeda). Vá com a bênção de Allah e estaremos com você!" E assim Mensageiro de Allah (saw) ficou muito satisfeito mas, em sua grande sabedoria, ele aguardou silenciosamente e alguns muçulmanos sabiam o que ele pretendia. Até então só os muhajirun tinham dado o seu consentimento, mas eram os ansar (os muçulmanos que viviamem Medina e receberam os muçulmanos em sua cidade) que queriam desistir e não era parte do compromisso (que Mensageiro de Allah tinha feito com os ansar em 'Aqabah) que eles lutassem juntamente com os muçulmanos em território estrangeiro. Assim, o grande líder dos Ansar, Sa'd ibn Mu'adh falou (Ó Mensageiro de Allah! Talvez você queira dizer nós também." Mensageiro de Allah (saw) respondeu afirmativamente. Sa'd então proferiu um belo discurso onde ele, entre outras coisas, disse: “Ó Profeta de Deus!

Acreditamos em você e testemunhamos o que nos concedeu, e declaramos em termos inequívocos que o que trouxe é a Verdade. Damos-lhe nosso firme compromisso de obediência e sacrifício. Obedeceremos de boa vontade no que quer que nos ordene, e por Deus Que o enviou com a Verdade, se nos pedir para mergulhar no mar, o faremos imediatamente, e nenhum homem ficará para trás. Não rejeitamos a idéia de encontrar o inimigo.

Temos experiência em guerra e somos confiáveis em combate. Esperamos que Deus lhe mostre através de nossas mãos aqueles atos de valor que agradarão seus olhos. Lidere-nos no campo de batalha em Nome de Deus.’

Mensageiro de Allah (saw) ficou muito satisfeito e disse "Adiante e animem-se, porque Allah prometeu a mim um de dois (ou a caravana ou a batalha) e por Allah é como se agora eu visse o inimigo prostrado."

Depois dessa demonstração de extremo apoio e amor pelo Profeta e pelo Islam tanto por parte dos Emigrantes quanto dos Ajudantes, os muçulmanos, em número um pouco acima de 300, se prepararam da melhor forma possível para Badr. Tinham apenas setenta camelos e três cavalos e por isso os homens cavalgavam em turnos. Prosseguiram para o que é conhecido na história como al- Yawm al-Furqan, o Dia do Discernimento; discernimento entre luz e trevas, bem e mal, certo e errado.

Os muçulmanos marcharam e acamparam o mais próximo da fonte de Badr (próximo a Medina, que fica ao norte de Meca). Um dos companheiros, Al-Hubab ibn Mundhir, perguntou a Mensageiro de Allah (saw), "Allah inspirou você a escolher este lugar ou é uma estratégia de guerra e o resultado da consulta?" Mensageiro de Allah (saw) disse, "É o resultado de uma estratégia de guerra e da consulta." Assim Al-Hubab sugeriu que os muçulmanos acampassem mais ao sul, perto do poço d'água, fizessem uma banheira de água para eles e destruíssem os outros poços para limitar o acesso dos coraixitas à água. Mensageiro de Allah (saw) aprovou seu plano e o cumpriu (*) Então, Sa'b ibn Mu'adh sugeriu que fosse construída uma cerca ou uma barraca para Mensageiro de Allah (saw) como uma proteção para ele e para servir como quartel-general para o exército. Mensageiro de Allah (saw) e Abu Bakr ficaram na barraca enquanto Sa'd ibn Mu'adh e um grupo de seus homens a guardavam. Precedendo o dia da batalha, o Profeta passou a noite toda em oração e súplica.

Excepcionalmente, naquela mesma noite, a noite quando as tensões deveriam estar elevadas por causa de um dos maiores acontecimentos da história, a noite anterior à batalha que poderia significar o avanço ou a derrota do Islam, em lugar de estarem nervosos, preocupados ou insones, os muçulmanos usufruíram de um sono reparador. Aquela era a noite de 17 de Ramadan, do ano 2 da Hégira. Esta foi uma bênção divina a que Allah Se referiu no Alcorão:

"E de quando Ele,para vosso sossego,vosenvolveu num sono,enviou-vos água do céu para,com ela,vos purificardes, livrardes da imundície de Satanás, e para confortardes os vossos corações e afirmardes os vossos passos." (8:11)

Asegunda bênção de Allah (swt) citada neste versículo é a chuva que Ele enviou para os fiéis naquela noite. O lugar onde os muçulmanos estavam acampados era arenoso, difícil de caminhar porque os pés podiam afundar facilmente. Allah (swt) enviou a chuva para tornar o solo firme e enviou o sono para fazer com seus corações ficassem firmes. No dia seguinte, Mensageiro de Allah (saw) ainda dormia quando os coraixitas vinham se aproximando. Abu Bakr (ra) hesitou em acordar o nobre Mensageiro (saw) mas foi forçado a fazê-lo porque os coraixitas aproximavam rapidamente.

Os muçulmanos estavam enfileirados. Quando os contendores ficaram próximos e eram visíveis uns para os outros, Mensageiro de Allah começou a suplicar, "Ó Allah! Os coraixitas vaidosos e arrogantes já estão aqui e Te desafiam e desmentem Teu Mensageiro. Ó Allah! Espero pela vitória que Tu me prometestes. Rogo a Ti, Allah, que os derrote." Ele (saw) deu ordens estritas para que seus homens não iniciassem a luta até que ele lhes desse a palavra final. Ele recomendou que eles usassem suas setas com parcimônia (1) e que não as disparassem a não ser que os inimigos ficassem muito perto.(2) Os coraixitas estavam confiantes e arrogantes por causa de sua superioridade numérica, de armas e provisões, mas é Allah (swt) quem decide as questões:

"(Ó incrédulos) se imploráveis a vitória, eis a vitória que vos foi dada; se desistirdes, será melhor para vós; porém,se reincidirdes,voltaremos a vos combater e de nada servirá o vosso exército, por numeroso que seja, porque Allah está com os fiéis." (8:19)

Excepcionalmente, naquela mesma noite, a noite quando as tensões deveriam estar elevadas por causa de um dos maiores acontecimentos da história, a noite anterior à batalha que poderia significar o avanço ou a derrota do Islam, em lugar de estarem nervosos, preocupados ou insones, os muçulmanos usufruíram de um sono reparador. Aquela era a noite de 17 de Ramadan, do ano 2 da Hégira. Esta foi uma bênção divina a que Allah Se referiu no Alcorão:

"E de quando Ele,para vosso sossego,vosenvolveu num sono,enviou-vos água do céu para,com ela,vos purificardes, livrardes da imundície de Satanás, e para confortardes os vossos corações e afirmardes os vossos passos." (8:11)

Asegunda bênção de Allah (swt) citada neste versículo é a chuva que Ele enviou para os fiéis naquela noite. O lugar onde os muçulmanos estavam acampados era arenoso, difícil de caminhar porque os pés podiam afundar facilmente. Allah (swt) enviou a chuva para tornar o solo firme e enviou o sono para fazer com seus corações ficassem firmes. No dia seguinte, Mensageiro de Allah (saw) ainda dormia quando os coraixitas vinham se aproximando. Abu Bakr (ra) hesitou em acordar o nobre Mensageiro (saw) mas foi forçado a fazê-lo porque os coraixitas aproximavam rapidamente. Os muçulmanos estavam enfileirados. Quando os contendores ficaram próximos e eram visíveis uns para os outros, Mensageiro de Allah começou a suplicar, "Ó Allah! Os coraixitas vaidosos e arrogantes já estão aqui e Te desafiam e desmentem Teu Mensageiro.

Ó Allah! Espero pela vitória que Tu me prometestes. Rogo a Ti, Allah, que os derrote." Ele (saw) deu ordens estritas para que seus homens não iniciassem a luta até que ele lhes desse a palavra final. Ele recomendou que eles usassem suas setas com parcimônia e que não as disparassem a não ser que os inimigos ficassem muito perto. Os coraixitas estavam confiantes e arrogantes por causa de sua superioridade numérica, de armas e provisões, mas é Allah (swt) quem decide as questões:

"(Ó incrédulos) se imploráveis a vitória, eis a vitória que vos foi dada; se desistirdes, será melhor para vós; porém,se reincidirdes,voltaremos a vos combater e de nada servirá o vosso exército, por numeroso que seja, porque Allah está com os fiéis." (8:19)

Era costume para os árabes começarem as batalhas com duelos individuais.

Abatalha começou com um confronto entre três homens de cada lado:

- Hamza (tio de Mensageiro de Allah) contra 'Utbah ibn Rabi'a
- Ali (primo de Mensageiro de Allah) contra Al-Walid ibn 'utbah
- 'Ubaidah ibn al Haraith contra Shaybah ibn Rabi'a.

Nos dois primeiros confrontos, Hamza e Ali mataram seus oponentes, mas 'Ubaidah (apesar de matar seu oponente) foi gravemente ferido e morreu quatro ou cinco dias mais tarde. A luta se intensificou e houve vários outros duelos. Os Coraixitas ficaram enfurecidos e caíram sobre os muçulmanos para exterminá-los de uma vez por todas. Os muçulmanos mantiveram a posição estratégica de defesa, que por sua vez produziu pesadas baixas para os mecanos.

No de tudo isto, Mensageiro de Allah (saw) continuava a suplicar a seu Senhor. Ele (saw) disse, "Ó Allah! Se este grupo (de muçulmanos) for derrotado hoje, Tu nunca mais sereis adorado." Abu Bakr testemunhou esta súplica contínua e disse a Mensageiro de Allah (saw) "Ó Mensageiro de Allah, você pediu tão alto que seu Senhor certamente cumprirá o que lhe prometeu." Profeta implorava a Seu Senhor com toda sua força nesse momento, levantando suas mãos tão alto que seu manto caiu abaixo de seus ombros. A resposta de Allah (swt) foi imediata. Nesse ponto ele recebeu uma revelação prometendo a ajuda de Deus:

“... Reforçar-vos-ei com mil anjos, que vos chegarão paulatinamente.” (Alcorão 8:9)

Mensageiro de Allah (saw), em sua barraca, adormeceu por um instante e em seguida levantou sua cabeça alegremente gritando "Ó Abu Bakr! Boas notícias. A vitória de Allah se aproxima. Por Allah, eu vi Jibril montado em sua égua em meio a uma tempestade de areia." Então ele saiu da barraca e disse: ""sayuhzamul jam’u wa yuwwalloonad-dubur" (Alcorão 54:45). (Logo a multidão será posta a correr e debandará)

Na verdade, este é um dos milagres do Alcorão porque este versículo foi revelado em Meca antes de que os eventos de Badr acontecessem. Omar (ra), ao ouvir Mensageiro de Allah (saw) revelar este versículo disse na ocasião, "Quando este versículo foi revelado, perguntei a Mensageiro de Allah qual o seu significado. Que multidão? Que derrota? E Mensageiro de Allah (saw) não me respondeu. Mas quando eu o vi recitar naquela ocasião, eu então compreendi. Então, Mensageiro de Allah (saw) pegou um punhado de areia, jogou no inimigo e disse: "Que a confusão se apodere de seus rostos"

Quando ele atirou a poeira uma violenta tempestade de areia se espalhou como uma rajada quente nos olhos do inimigo. Sobre isto, diz Allah: "Vós não os aniquilastes, (ó muçulmanos)! Foi Allah quem os aniquilou e apesar de seres tu (ó Mensageiro) quem lançou (a areia), o efeito foi causado por Allah." (8:17) Foi neste momento que Mensageiro de Allah (saw) deu a ordem para iniciar um contra-ataque total. Ele estimulou os fiéis recitando o seguinte versículo: "Emulai-vos em obter a indulgência de vosso Senhor e um Paraíso, cuja amplitude é igual à dos céus e da terra." (3:133)

O moral dos muçulmanos estava no auge e eles lutaram com extrema coragem e bravura, ferindo gravemente o exército coraixita,matando muitos de seus homens e infundindo temor em seus corações. Os muçulmanos não sabiam que o socorro de Allah tinha acabado de chegar para eles.A única coisa que sabiam eram os números desproporcionais entre os exércitos: 1000 contra 300, 700 camelos contra 70, 100 cavalos contra 2, grandes provisões contra nenhuma, uma preparação para a guerra contra um grupo de fiéis despreparados. Mas, apesar de todos esses números, eles confiavam em Allah (swt) e em Seu Mensageiro e queriam, e até esperavam, dar suas vidas deste mundo (dunya) em troca da morada eterna no Jannah. Por causa de sua devoção, Allah (swt) enviou Seu socorro e a vitória.

Além de enviar os anjos, Allah (swt) também realizou um outro milagre para assegurar a vitória dos muçulmanos. Diz Allah: "Recorda-te (ó Mensageiro) de quando, em sonhos, Allah te fez crer (o exército inimigo) em número reduzido, porque, se te tivesse feito vê-lo numeroso, terias desanimado e terias vacilado a respeito do assunto. Porém, Allah (te) salvou deles, porque bem conhece as intimidades dos corações." (8:43)

E realmente, Allah (swt) cumpriu Sua promessa: "E de quando os enfrentastes, e Ele os fez parecer, aos vossos olhos, pouco numerosos; Ele vos dissimulou aos olhos deles, para que se cumprisse a decisão prescrita, porque a Allah retornarão todas as questões." 8:44)

O grande exército dos Coraixitas foi esmagado pelo zelo, valor e fé dos muçulmanos, e depois de enfrentar pesadas baixas, não havia o que fazer a não ser fugir. Os muçulmanos ficaram sozinhos no campo com uns poucos mecanos condenados, entre eles o arquiinimigo do Islã, Abu Jahl. Os Coraixitas foram derrotados e Abu Jahl foi morto. Quando Mensageiro de Allah (saw) saiu para olhar seu cadáver, ele (saw) disse "Este é o faraó desta nação."

A promessa de Deus se realizou:

“Logo, a multidão será debelada e debandará.” (Alcorão 54:45)

Em uma das mais decisivas batalhas na história humana, o total de perdas ficou apenas entre setenta e oitenta.

Meca ficou em choque e Abu Sufyan ficou como a figura dominante na cidade. Ele sabia melhor que ninguém que a situação não poderia ficar como estava. Sucesso atrai sucesso e as tribos beduínas rapidamente avaliaram que o equilíbrio de poder se direcionava para a aliança com os muçulmanos, e o Islã conquistou muitos novos convertidos em Medina.

A Batalha no Monte Uhud

A derrota de Badr foi uma mancha na honra dos habitantes de Makkah, da qual se envergonhavam profundamente. assim, no ano seguinte, um exército de três mil homens veio de Meca para destruir Yathrib. A primeira idéia do Profeta era meramente defender a cidade, um plano que Ibn Ubayy, o líder dos “Hipócritas” aprovava fortemente. Mas os homens que lutaram em Badr, acreditando que Deus os ajudaria contra quaisquer desvantagens, pensaram que seria uma vergonha se esconderem atrás de muros.

O Profeta, em aprovação à sua fé e zelo, concordou com eles e seguiu com um exército de mil homens na direção do Monte Uhud, onde o inimigo havia acampado. Ibn Ubayy se retirou com seus homens, que eram um terço do exército, em retaliação. Apesar das grandes desvantagens, a batalha no Monte de Uhud teria sido uma vitória ainda maior do que a de Badr para os muçulmanos, mas fracassou por causa da desobediência de um grupo de cinquenta arqueiros que o Profeta tinha determinado que guardasse a passagem da cavalaria inimiga. Ao ver seus companheiros vitoriosos, esses homens deixaram seus postos temendo perder sua parte nos espólios. A cavalaria dos Coraixitas, chefiada pelo brilhante comandante Khalid inb al-Walid, cavalgou através da passagem e surpreendeu-os, caiu sobre os muçulmanos exultantes e eles se espalharam. O próprio Profeta foi ferido e surgiram gritos de que ele tinha sido morto, até que alguém o reconheceu e gritou que ele continuava vivo: isso fez com que os muçulmanos se reagrupassem. Reunidos em torno do Profeta, se retiraram, deixando muitos mortos no declive.

Quando, orosto do profeta (s) foi gravemente ferido na Batalha de Uhud, ele se negou a suplicar a Allah que castigasse seus inimigos, como era o desejo de seus companheiros bravos, respondendo que havia sido enviado como Misericórdia para a humanidade, logo elevou suas mãos para suplicar a Allah que perdoasse (seus detratores) porque não eram conscientes da verdade!

O campo pertencia aos mecanos e agora as mulheres dos Coraixitas se moviam entre os corpos, lamentando a morte daqueles de seu próprio povo e mutilando os mortos muçulmanos. Hamzah, o jovem tio do Profeta e amigo de infância estava entre os últimos, e a abominável Hind, mulher de Abu Sufyan, que tinha um ressentimento particular em relação a ele e havia oferecido recompensa ao homem que o matasse, comeu seu fígado, retirado do corpo ainda quente.

O Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), ele reuniu seus homens, fez uma palestra, repreendeu-os por causa de sua loucura, exortou-os a obedecerem às suas ordens no futuro, e os guiou para enfrentar o inimigo mais uma vez.

No dia seguinte o Profeta mais uma vez saiu com o que havia restado do exército, para que os Coraixitas ouvissem que ele estava no campo e talvez dessa forma impedi-los de atacar a cidade. O estratagema deu certo, graças ao comportamento de um beduíno amigo que encontrou os muçulmanos, conversou com eles e depois encontrou o exército dos Coraixitas. Questionado por Abu Sufyan ele disse que Muhammad estava no campo, mais forte do que nunca, e sedento por revanche pelo dia anterior. Com essa informação Abu Sufyan decidiu retornar à Meca.

Massacre de Muçulmanos

O revés que sofreram no Monte Uhud diminuiu o prestígio dos muçulmanos com as tribos árabes e também com os judeus de Yathrib. As tribos que tinham se voltado para os muçulmanos agora se voltavam para os Coraixitas. Os seguidores do Profeta eram atacados e assassinados quando saíam em pequenos grupos. Khubaib, um dos seus emissários, foi capturado por uma tribo do deserto e vendido aos Coraixitas, que o torturaram até a morte publicamente em Meca.

Expulsão de Bani Nadir

Nesse meio tempo os cidadãos judeus de Madina começaram a criar problemas, na época da vitória de Badr, um de seus líderes Ka'b Ibn Al Achraf, seguiu para Makkah, para firmar a sua aliança com os idólatras de Makkah e para incitá-los a uma guerra de vingança.

Após a batalha de Uhud, a tribo desse mesmo chefe tramou o assassinato do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), pretendendo jogar sobre ele uma pedra de moinho, quando fosse visitar a sua localidade, apesar disso tudo, a exigência que o profeta fez aos homens dessa tribo foi a de que saíssem da região de Madina, levando com eles todas as suas posses, após venderem os imóveis e receberem o que lhes devessem os muçulmanos.

A clemência, demonstrada dessa maneira surtiu efeito contrário ao esperado, os exilados, não somente entraram em contato com os idólatras de Makkah, como com as tribos ao Norte, Sul e Leste de Madina, mobilizando-se em ajuda militar e planejando uma invasão de Madina, a partir de Khaibar, com forças quatro vezes mais numerosos ainda, do que as que foram empregadas em Uhud.

A Guerra da Trincheira

Abu Sufyan deve ter entendido muito bem que o velho jogo da retaliação não era mais válido. Os muçulmanos deviam ser destruídos ou o jogo estaria perdido para sempre. Com grande habilidade diplomática se dedicou a formar uma confederação de tribos beduínas, algumas eram, sem dúvida, contrárias aos muçulmanos, mas outras meramente ansiavam por pilhagem. Ao mesmo tempo ele começou discretamente a sondar os judeus em Medina sobre uma possível aliança. No quinto ano da Hégira (início de 627 EC) ele partiu com 10.000 homens, o maior exército jamais visto em Hijaz (a região ocidental da Península Árabe). Medina podia conseguir no máximo 3.000 para enfrentá-lo.

O Profeta presidiu um conselho de guerra e nesse momento ninguém sugeriu sair para encontrar o inimigo. A única questão era como a cidade poderia se defender. Nesse ponto Salman, o persa, um ex-escravo que tinha se tornado um dos companheiros mais próximos, sugeriu cavar uma trincheira profunda para unir os pontos fortes de defesa formados pelos campos de lava e por construções fortificadas. Isso era algo que jamais se tinha ouvido falar em uma guerra árabe, mas o Profeta imediatamente apreciou os méritos do plano e começou a trabalhar, carregando entulhos das escavações em suas costas.

O trabalho mal tinha sido concluído quando o exército confederado apareceu no horizonte. Enquanto os muçulmanos esperavam pelo ataque, chegaram notícias de que Bani Quraida, uma tribo judaica de Yathrib que tinha, até então, sido leal, tinha desertado para o inimigo. O caso parecia desesperado. O Profeta trouxe todo homem disponível para a trincheira, deixando a cidade sob o comando de um companheiro cego, e o inimigo foi enfrentado com uma chuva de flechas que surgiram do obstáculo inesperado. Eles nunca o cruzaram, mas permaneceram em posição por três ou quatro semanas, trocando flechas e insultos com os defensores. O clima ficou severo, com ventos gelados e uma tremenda chuva, e foi demais para os confederados beduínos. Tinham vindo com a expectativa de uma pilhagem fácil e não viram nada a ganhar para se agacharem ao lado de uma trincheira lamacenta em um clima assustador, observando seus animais morrerem por falta de forragem. Foram embora sem se despedirem de Abu Sufyan. O exército se desintegrou e ele próprio foi forçado a recuar. O jogo estava acabado. Ele havia perdido.

Foi nessa época que foi decretada a proibição, para muçulmanos, do consumo de bebidas alcoólicas e das apostas dos jogos de azar.

Punição de Bani Quraida

Nada é pior, aos olhos árabes, do que a traição da confiança e a quebra de um compromisso solene. Agora era hora de lidar com Bani Quraida. No dia do retorno da trincheira o Profeta ordenou guerra aos traidores Bani Quraida, que, conscientes de sua culpa, já tinham ido para suas fortalezas. Depois de um cerco de quase um mês eles tiveram que se render incondicionalmente. Apenas imploraram para que fossem julgados por um membro da tribo árabe a qual pertenciam. Escolheram o chefe do clã com o qual tinham aliança há muito tempo, Sa’d ibn Mu’ādh dos Aws, que estava morrendo dos ferimentos recebidos em Uhud e teve que se restabelecer para dar o julgamento. Sem hesitação ele condenou os homens da tribo à morte.


Tratado de Hudaibiyyah

Quando a Arábia começou a testemunhar a impressionante trajetória em favor dos muçulmanos, os precursores da grande conquista e sucesso do Chamado islâmico começaram aos poucos a surgir no horizonte demográfico e os verdadeiros fiéis restabeleceram seu direito indiscutível de realizar a adoração no santuário sagrado.

Corria o ano 6 da Hégira, quando o Profeta (saw), ainda em Medina, teve um sonho no qual ele e seus seguidores entravam no santuário sagrado de Meca em segurança e realizavam as cerimônias da 'Umrah (peregrinação menor). Suas cabeças foram raspadas e os cabelos cortados. Assim que ele contou a alguns de seus Companheiros o seu sonho, seus corações saltaram de alegria, uma vez que eles achavam que este sonho era a realização do desejo profundo de participar da peregrinação e de seus rituais após um exílio de 6 anos.

O Profeta (saw) vestiu roupas limpas, montou seu camelo e marchou para Meca, à frente de 1.500 muçulmanos, inclusive sua esposa Umm Salamah. Alguns beduínos do deserto, cuja fé era frágil, desistiram e se desculparam. Eles não levavam armas exceto as espadas embainhadas, porque não tinham a intenção de lutar. Ibn Umm Maktum foi indicado para substituir o Profeta em Medina, durante sua ausência. Quando estavam se aproximando de Meca, e num lugar chamado Dhi Hulaifa, ele ordenou o sacrifício de animais e os fiéis puseram al-Ihram, a veste do peregrino. Ele despachou um soldado para fazer o reconhecimento do terreno e obter notícias do inimigo. O homem voltou para dizer ao Profeta (saw) que uma grande quantidade de escravos e um enorme exército estavam sendo reunidos para combatê-lo e que a estrada para Meca estava completamente bloqueada. O Profeta (saw) consultou seus Companheiros que foram de opinião que eles não lutariam contra ninguém a não ser que fossem impedidos de fazer a peregrinação.

Os coraixitas, por seu turno, fizeram uma reunião durante a qual eles consideraram toda a situação e decidiram resistir à missão do Profeta a todo custo. Duzentos cavaleiros, chefiados por Khalid bin Al-Walid, foram enviados para pegar os muçulmanos de surpresa durante o Zuhr (oração do meio-dia). No entanto, enquanto isso as regras da oração foram reveladas e Khalid e seus homens perderam a oportunidade. Os muçulmanos evitaram seguir por aquele caminho e decidiram tomar um outro mais acidentado. Khalid correu de volta para Meca e relatou aos coraixitas as últimas notícias.

Quando os muçulmanos alcançaram um lugar chamado Thaniyat Al-Marar, o camelo do Profeta tropeçou, caiu de joelhos e não quis mais se mover. Mohammad (saw) jurou que aceitaria de boa vontade qualquer plano que eles apresentassem e que glorificasse a Allah. Em seguida, ele fez com que o camelo se levantasse. Eles retomaram a marcha e armaram suas barracas na parte mais para frente de Al-Hudaibiyah, ao lado de um poço de pouca água. Os muçulmanos disseram ao Profeta (saw) que estavam com sede e ele pegou uma seta de sua aljava e a colocou no fosso. A água imediatamente jorrou forte e seus seguidores beberam à vontade. Depois de o

Profeta (saw) ter descansado, Budail bin Warqa' Al-Khuza'i chegou com alguns notáveis da tribo Khuzai e perguntou-lhe o que ele tinha vindo fazer. O Profeta (saw) respondeu que não era a guerra o motivo de sua vinda: "Não tenho qualquer outro objetivo", disse ele, "que não seja fazer a 'Umrah (a peregrinação menor) ao Santuário Sagrado. Se os coraixitas abraçarem a nova religião, como algumas pessoas já o fizeram, eles serão mais do que bem vindos, mas se ficarem no meu caminho ou impedirem os muçulmanos de fazer a peregrinação por certo que os combaterei até o último homem, e o Mandamento de Allah deve ser cumprido." O enviado levou a mensagem ao Coraix que mandou um outro mensageiro, de nome Milraz bin Hafs. Ao vê-lo, o Profeta (saw) disse que aquele era um homem traiçoeiro. Ele recebeu a mesma mensagem para ser passada para seu povo. Ele foi seguido de um outro delegado, conhecido por Al-Hulais bin 'Alqamah, que ficou muito impressionado com o espírito de devoção dos muçulmanos pela Sagrada Caaba. Ele voltou para seus homens e disse que não impedissem Mohammad (saw) e seus Companheiros de honrarem Allah em Sua Casa, sob pena de romper sua aliança com eles. Hulais foi sucedido por 'Urwa bin Mas'ud Ath-Thaqafi para negociar com Mohammad (saw): "Mohammad! Você reuniu em torno de si as mais variadas pessoas e as trouxe para combater seus parentes e conterrâneos e destruí-los. Por Allah, vejo que você será abandonado por eles amanhã." Neste momento, Abu Bakr se levantou e expressou seu ressentimento com esta acusação. Al-Mughirah bin Shu'bah teve a mesma atitude e proibiu-o de tocar a barba do Profeta. O enviado coraixita fazia uma observação indignada e se referia aos atos de traição daqueles homens de matar seus companheiros e saqueá-los antes da conversão ao Islam.

Enquanto isto, 'Urwah, durante sua permanência no acampamento muçulmano, tinha observado bem de perto o fantástico amor e profundo respeito que os seguidores de Mohammad (saw) nutriam por ele. Ele voltou e transmitiu aos coraixitas suas impressões de que aquele povo não abandonaria o Profeta em hipótese alguma. Ele expressou seu sentimento assim: "Estive com Chosroes, César e Negus em seus reinos e nunca vi um rei entre seu povo como Mohammad (saw) entre seus Companheiros. Quando ele faz sua ablução eles não deixam que a água caia no chão; quando ele tosse, eles esfregam o muco em seus rostos; quando ele fala eles baixam suas vozes. Eles não o abandonarão de maneira alguma. Ele oferece um plano razoável, portanto, faça o que lhe agradar."

Percebendo entre os líderes uma tendência esmagadora para a reconciliação, alguns jovens guerreiros mais ousados idealizaram um plano perverso para atrapalhar o tratado de paz. Eles decidiram se infiltrar no acampamento dos muçulmanos com o objetivo de se meterem em escaramuças intencionais que detonariam o estopim da guerra. Mohammad bin Maslamah, chefe dos guardas muçulmanos, os prendeu, mas tendo em vista os resultados que estavam prestes a ser alcançados, o Profeta (saw) os soltou. A este respeito, diz Allah:

"Ele foi Quem conteve as mãos deles, do mesmo modo como conteve as vossas mãos no centro de Meca, depois de vos ter feito prevalecer sobre eles." (48:24)


O tempo passou e as negociações prosseguiram mas sem resultados. Então o Profeta (saw) quis que 'Omar fosse ver os nobres do Coraix em seu nome. 'Omar se desculpou por conta de sua inimizade pessoal com o Coraix; além do mais, ele não tinha parentes influentes na cidade que pudessem protegê-lo do perigo; e ele indicou 'Uthman bin 'Affan, que pertencia a uma das mais poderosas famílias de Meca, como o enviado mais adequado. 'Uthman foi ter com Abu Sufyan e outros líderes e lhes disse que os muçulmanos tinham vindo só para visitar e cumprir com sua obrigação na Casa Sagrada, fazer a adoração e que eles não tinham intenção de lutar.

Ele também os chamou para o Islam e anunciou aos fiéis de Meca, homens e mulheres, que a conquista estava se aproximando e que o Islam iria prevalecer porque Allah iria estabelecer Sua religião em Meca. 'Uthman também lhes assegurou que após as cerimônias religiosas eles partiriam pacificamente. Mas os coraixitas estavam inflexíveis e despreparados para dar-lhes a permissão para visitar a Caaba. No entanto, eles deram uma permissão individual para 'Uthman fazer a peregrinação se quisesse, mas ele rejeitou a oferta dizendo: "Como é possível que eu me aproveite desta oportunidade enquanto ao Profeta (saw) ela é negada?"

Os muçulmanos aguardavam ansiosamente a chegada de 'Uthman com um misto de receio e ansiedade. Ele se atrasou e suspeitou-se de que poderia ter havido um golpe sujo por parte dos coraixitas. Os muçulmanos estavam extremamente preocupados e assumiram um solene compromisso de que sacrificariam suas vidas para vingar a morte do Companheiro e que ficariam firmes ao lado de seu mestre, Mohammad (saw), sob qualquer condição. Este compromisso ficou conhecido pelo nome de Bay'at Ar-Ridwan (um pacto de fidelidade). Os primeiros a assumirem o compromisso foram Abu Sinan Al-Asadi e Salamah bin Al-Akwa', que prometeram solenemente morrer pela causa da Verdade três vezes, na frente do exército, no meio e na retaguarda. O Profeta (saw) pegou sua mão esquerda em nome de 'Uthman. A fidelidade foi jurada sob uma árvore, com 'Omar segurando a mão do Profeta e Ma'qil bin Yasar segurando um ramo da árvore. O Alcorão se referiu a este compromisso assim:

"Allah se congratula com os fiéis que te juraram fidelidade, debaixo da árvore." (48:18)


Quando os coraixitas perceberam a firme determinação dos muçulmanos de derramar a última gota de sangue em defesa de sua fé, eles tiveram a certeza de que os seguidores de Mohammad não se renderiam a esta tática. Após algumas trocas de mensagens, eles concordaram em assinar um tratado de reconciliação e paz com os muçulmanos. As cláusulas do tratado são as seguintes:

Os muçulmanos retornarão desta vez e no próximo ano, mas não poderão ficar em Meca por mais de três dias.
Não deverão vir armados mas podem trazer suas espadas na bainha e elas deverão ser mantidas em sacos.

As atividades de guerra estão suspensas por 10 anos, durante os quais ambas as partes viverão em total segurança e nenhuma espada será levantada contra o outro.
Se alguém do Coraix visitar Mohammad (saw) sem a permissão de sua guarda, deve ser mandado de volta para o Coraix, mas qualquer seguidor de Mohammad que retorne para o

Coraix não será mandado de volta.
Quem quiser se juntar a Mohammad (saw) ou fazer um tratado com ele, deve ter a liberdade de fazê-lo; e da mesma forma aquele que quiser se juntar ao Coraix, ou fazer um tratado em separado com eles, deve ter a permissão para assim o fazer.
Surgiram alguns questionamentos a respeito do preâmbulo. Por exemplo, quando o acordo estava para ser escrito, 'Ali bin Abi Talib, que fazia o papel de escriba, começou com estas palavras: Bismillâh ir-Rahman ir-Raheem, ou seja, "Em nome de Allah, O Clemente, O Misericordioso", mas o embaixador de Meca, Suhail bin 'Amr declarou que ele não sabia nada sobre Ar-Rahman e insistiu na fórmula costumeira, Bi-ismika Allâhumma, ou seja "Em Vosso Nome, ó Allah!" Os muçulmanos resmungaram com preocupação mas o Profeta (saw) concordou. Então, ele prosseguiu ditando, "Isto é o que Mohammad, o Mensageiro de Allah, acordou com Suhail bin 'Amr." Neste momento, Suhail protestou mais uma vez: "Se nós o tivéssemos reconhecido como Profeta não o teríamos proibido de entrar na Casa Sagrada e nem lutado contra você. Escreva seu nome e o de seu pai." Os muçulmanos resmungaram mais uma vez e se recusaram a aceitar a alteração. O Profeta (saw), no entanto, tendo em vista o interesse maior do Islam, não deu importância a tão insignificante detalhe, e ele mesmo apagou as palavras e ditou o seguinte: "Mohammad, o filho de 'Abdullah." Logo após este tratado, o clã de Khuza'a, um antigo aliado de Banu Hashim, se juntou às fileiras de Mohammad (saw) e Banu Bakr ficou ao lado do Coraix.

Foi neste momento em que o tratado estava sendo escrito, que Abu Jandal, filho de Suhail, apareceu em cena. Ele tinha sido brutalmente preso e estava cambaleante pela privação e fadiga. O Profeta (saw) e seus Companheiros se apiedaram dele e tentaram conseguir sua libertação mas Suhail estava inflexível e disse: "Para provar que você será fiel ao contratado, a oportunidade acabou de chegar." O Profeta (saw) disse: "O tratado ainda não tinha sido assinado quando seu filho entrou no acampamento, mas os termos do tratado serão respeitados." Na verdade foi um momento angustiante. Por um lado, Abu Jandal se lamentava aos gritos "Devo voltar para os politeístas que poderiam me afastar da minha religião, ó muçulmanos?", mas por outro lado, era preciso levar em consideração o compromisso assumido. O coração do Profeta se encheu de simpatia mas ele queria honrar sua palavra a qualquer custo. Ele consolou Abu Jandal e disse "Seja paciente, submeta-se à Vontade de Allah. Ele dará a você e a seus companheiros desamparados alívio e meios de fugir. Acabamos de concluir um tratado de paz com eles e eles assumiram o compromisso em Nome de Allah. Portanto, não estamos preparados para rompê-lo." ‘Omar bin Al-Khattab não podia ajudar dando vazão à profunda agonia de seu coração. Ele se pôs de pé proferindo palavras que demonstravam ódio e extrema indignação e exigia que Abu Jandal pegasse de sua espada e matasse Suhail, mas o filho poupou o pai.

Quando o tratado de paz foi concluído, o Profeta (saw) ordenou a seus Companheiros que matassem os animais em sacrifício, mas eles estavam tão deprimidos que não conseguiram. O Profeta (saw) tornou a repetir por três vezes mas a resposta foi negativa. Ele comentou com sua esposa, Umm Salaman, este comportamento de seus Companheiros. Ela o aconselhou que tomasse a iniciativa, matasse seu animal e que raspasse sua cabeça. Vendo isto, os muçulmanos, com os corações despedaçados, começaram a matar seus animais e a raspar as cabeças. Eles quase se mataram por causa de seu desgosto. O Profeta (saw) rezou por três vezes por aqueles que tinham raspado a cabeça e uma vez por aqueles que tinham cortado o cabelo. Um camelo foi sacrificado em nome de sete homens e uma vaca por conta do mesmo número de pessoas.

O Profeta (saw) sacrificou um camelo que tinha pertencido a Abu Jahl e que os muçulmanos tinham tomado como espólio em Badr, enraivecendo, assim, os politeístas. Durante a campanha de al-Hudaibiya, o Profeta (saw) permitiu que Ka'b bin 'Ujrah, que estava em estado de Ihram (estado de consagração ritual do peregrino) para a 'Umrah (peregrinação menor) não raspasse a cabeça devido à doença, sob a condição de que compensaria com o sacrifício de um carneiro, ou o jejum de três dias ou alimentando seis pessoas necessitadas. Com relação a isto, foi revelado o seguinte versículo:

"E quem de vós se encontrar enfermo, ou sofrer de alguma infecção na cabeça, e a raspar, redimir-se-á mediante o jejum (três dias), a Sadaqa caridade (alimentar seis pessoas pobres) ou a oferenda (um carneiro)". (2:196)


Enquanto isto, algumas mulheres fiéis emigraram para Medina e pediram ao Profeta (saw) asilo, o que lhes foi garantido. Quando suas famílias exigiram seu retorno, ele não as devolveu, tendo em vista a revelação do seguinte versículo:

Ó fiéis, quando se vos apresentarem as fugitivas fiéis, examinai-as, muito embora Allah conheça a sua fé melhor do que ninguém; porém, se as julgardes fiéis, não as restituais aos incrédulos, porquanto elas não lhes cabem por direito, nem eles a elas; porém, restituí o que eles gastaram (com os seus dotes). Igualmente não tomeis as infiéis por esposas ..." (60:10)


A razão pela qual as fiéis não foram devolvidas ou foi porque não estavam incluídas originalmente nos termos do tratado, que só falava nos homens, ou porque o Alcorão revogou qualquer termo relativo às mulheres no versículo:

"Ó Profeta, quando as fiéis se apresentarem a ti,jurando-te fidelidade (Bai'a), afirmando-te que não atribuirão parceiros a Deus ... (60:12)


Este é o versículo que proíbe as mulheres muçulmanas de se casarem com os infiéis. Por outro lado, os homens muçulmanos foram ordenados a terminarem seus casamentos com as infiéis. Em cumprimento a esta injunção, 'Omar bin Al-Khattab se divorciou das duas mulheres com quem tinha se casado antes de abraçar o Islam; Mu'awiyah se casou com a primeira e Safwan bin Omaiyah com a segunda.

TRATADO DE HUDAIBIYAH - Impacto sócio-político

Uma série de acontecimentos vieram confirmar a profunda sabedoria e resultados esplêndidos do tratado de paz que Allah chamou de "triunfo manifesto". Como poderia ter sido diferente, se o Coraix tinha reconhecido a existência legítima dos muçulmanos no cenário da vida política da Arábia e começou a tratar com os fiéis em igualdade de condições? O Coraix, à luz das cláusulas do tratado, indiretamente tinha renunciado à sua reivindicação de liderança religiosa e admitia que eles não mais se interessavam em outras pessoas que não fossem os coraixitas e lavavam suas mãos para qualquer espécie de intervenção no futuro religioso da Península Arábica. Os muçulmanos não pretendiam tomar os bens das pessoas ou matá-las em guerras sanguinárias e nem pensavam em impor medidas coercitivas em seus esforços para propagar o Islam, pelo contrário, o único objetivo era dar uma atmofesra de liberdade em relação à ideologia ou a religião:

"A verdade emana de vosso Senhor, assim, pois, que creia quem desejar e descreia quem o quiser." (18:29)


Os muçulmanos, por outro lado, tinham a oportunidade de divulgar o Islam em regiões que não tinham sido exploradas ainda. Aproveitando a paz o Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), se lançou a um intensivo programa de propagação da sua religião, ele enviou cartas missionárias aos governantes de Bizâncio, do Irã, da Abissínia e de outros países, o sacerdote autocrático Bizantino, Doughatir dos Árabes, abraçou o Islam, mas por isso, foi linchado pela turba; o prefeito de Ma'an na Palestina sofreu idêntico destino, sendo decapitado e crucificado pelo imperador.

Era difícil ouvir sobre o Islam sem se converter; em dois anos após a conclusão do tratado, o Islam mais que dobrou em número de adeptos. Quando o Profeta (saw) partiu para Hudaibiyah estavam com ele 1.400 homens, mas quando ele voltou para libertar Meca, dois anos mais tarde, vinham com ele 10.000.

A cláusula do tratado referente à cessação das hostilidades pelo prazo de dez anos aponta diretamente para o grande fracasso da política arrogante praticada pelo Coraix e seus aliados e serve como prova do colapso e da impotência dos promovedores da guerra.

O Coraix foi obrigado a perder aquelas vantagens em troca de uma que aparentemente lhe beneficiava mas que não causava nenhum prejuízo aos muçulmanos, ou seja, o artigo que falava da devolução dos fiéis que buscassem refúgio com os muçulmanos sem o consentimento do Coraix. À primeira vista, parecia uma cláusula bastante penosa e foi considerada ruim no acampamento muçulmano. No entanto, no curso dos acontecimentos, mostrou-se uma grande bênção. Os muçulmanos mandados de volta a Meca provavelmente não renunciariam às bênçãos do Islam; pelo contrário, eles tornaram-se centros de influência para o Islam. Não era possível imaginar que eles se transformassem em apóstatas ou renegados. A sabedoria por trás desta trégua assumiu suas dimensões reais em alguns acontecimentos subsequentes.

Após o Profeta (saw) chegar a Medina, Abu Basir, que tinha escapado do Coraix, veio ter com ele como um muçulmano; o Coraix tinha mandado dois homens, pedindo que retornassem e o Profeta (saw) os devolveu. No caminho para Meca, Abu Basir matou um deles e o outro fugiu para Medina com Abu Basir na sua perseguição. Quando ele alcançou o Profeta (saw) ele disse, "Sua obrigação está terminada e Allah o livrou dela. Você me devolveu devidamente para os homens e Allah me resgatou deles." O Profeta (saw) disse "Ai de sua mãe, ele teria feito uma guerra se tivesse outros com ele." Quando ouviu aquilo, ele soube que seria devolvido e assim fugiu de Medina e foi até Saif Al-Bahr. Os outros muçulmanos que estavam sendo oprimidos em Meca começaram a fugir para Abu Basir. Ao grupo se juntaram Abu Jandal e outros, até que formaram uma colônia e logo procuraram se vingar do Coraix e começaram a interceptar suas caravanas. Os pagãos de Meca, impossibilitados de controlar aqueles rebeldes, pediram ao Profeta (saw) para acabar com a cláusula que falava sobre a extradição.

Eles imploraram em nome de Allah e de seus laços de parentesco que procurasse o grupo dizendo que, aquele que se juntasse aos muçulmanos de Medina, estaria a salvo deles. Assim, o Profeta (saw) mandou buscar o grupo e eles responderam afirmativamente, como esperado.

Estas são as realidades das cláusulas do tratado de trégua e ao que parece elas funcionaram em benefício do nascente estado islâmico. No entanto, dois pontos no tratado o tornavam desagradável para alguns muçulmanos, isto é, eles não teriam acesso ao Santuário Sagrado naquele ano e a aparente atitude humilhante em relação à reconciliação com os pagãos do Coraix. 'Omar (r), incapaz de se conter pela tristeza que tomava conta de seu coração, foi ao Profeta (saw) e disse: "Você não é o verdadeiro Mensageiro de Allah?" O Profeta respondeu calmamente, "Por que não?" Omar falou de novo e perguntou: "Não estamos na senda certa e nossos inimigos na errada?" Sem mostrar qualquer ressentimento, o Profeta (saw) respondeu que era assim. Ao receber esta resposta ele replicou: "Então não devemos sofrer qualquer humilhação em matéria de fé." O Profeta (saw) estava sereno e com absoluta confiança disse: "Eu sou o verdadeiro Mensageiro de Allah, nunca O desobedeço, Ele me socorrerá." "Você não nos disse", acrescentou cOmar, "que faremos a peregrinação?" "Mas eu nunca lhe disse", respondeu o Profeta (saw) "que nós a faremos este ano." Omar calou-se, mas seu espírito estava perturbado. Ele foi a Abu Bakr e expressou seus sentimentos. Abu Bakr, que nunca duvidou da veracidade e sinceridade do Profeta, confirmou o que ele (saw) tinha dito a Omar. No tempo devido, o Capítulo O Triunfo (48) foi revelado e diz:

"Em verdade, temos te predestinado um evidente triunfo." (48:1)


O Mensageiro de Allah (saw) chamou Omar e o informou das boas novas. Umar ficou muito feliz e profundamente arrependido de seu comportamento anterior. Ele sempre gastava em caridade, observava o jejum e as preces e libertou o máximo de escravos para expiar aquela atitude precipitada que tivera.

A primeira parte do ano 7 da Hégira testemunhou a conversão de três homens proeminentes de Meca, 'Amr bin Al-'As, Khalid bin al-Walid e 'Uthman bin Talhah. Quando eles abraçaram o Islam, o Profeta (saw) disse "O Coraix deu-nos seu sangue."

Esse tratado provou ser, de fato, a maior vitória que os muçulmanos tinham alcançado até então. A guerra tinha sido uma barreira entre eles e os idólatras, mas agora ambos os lados se encontravam e conversavam, e a nova religião se espalhou de forma mais rápida. Nos dois anos entre a assinatura do tratado e a queda de Meca o número de convertidos foi maior que o número total de todos os convertidos anteriores.

A Campanha de Khaibar

No sétimo ano da Hégira o Profeta, que Deus o louve, liderou uma campanha contra Khaibar, a fortaleza das tribos judaicas na Arábia do Norte, que se tornou um vespeiro de seus inimigos. Os judeus de Khaibar se tornaram arrendatários dos muçulmanos. Foi em Khaibar que uma mulher judia preparou carne envenenada para o Profeta, da qual ele só provou um pequeno pedaço. Mal o pedaço tocou seus lábios ele percebeu que estava envenenado. Sem engoli-lo, avisou seus companheiros do veneno, mas um muçulmano, que já tinha engolido uma boa porção, morreu depois. Vejam na 6ª parte da Biografia do Profeta SAAS que publicaremos a seguir.

BISMILLAH AL-RAHMAN AL-Rahim•Wassalatu Wassalamu Ala Ashraful Mursaleen
Allahumma Sali Ala Muhammad ua Aali Muhammad. Imploramos a ALLAH (SW), que nos ajude, nos dê uma boa orientação para o benefício do Islã e dos muçulmanos, corrigindo nossos trabalhos, nossas intenções e nossas ações.

Agradecemos a ALLAH (SW) que é o único Senhor do universo.

Que ALLAH (SW), aceite este trabalho, nos dando uma boa recompensa nesta vida e na outra. Principalmente às pessoas que nos precederam nesse trabalho e nos serviram como orientadores! Subhanna Allah!(Louvado Seja Allah(SW).

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

quarta-feira, junho 30, 2010

A Morte‏ Vista pela Tradição Islâmica


O Louvor é de Allah, nós O louvamos rogamos pela Sua ajuda e solicitamos Seu Perdão. Aquele aquém Deus encaminhar ninguém poderá desencaminhar e aquele aquém Deus permitir que se desencaminhe ninguém poderá encaminhar. Testemunho que não Divindade exceto Deus Único e Uno, e testemunho que Muhammad é Seu Servo e Mensageiro. Que a paz e as bênçãos de Deus esteja com o Profeta Muhammad, com seus familiares e companheiros e todos que seguirem seus passos até o Dia Derradeiro.

Queridos irmãos e irmãs de Fé! Todos nós devemos estar ao par das obrigações que nós devemos cumprir quando ocorre o falecimento de um irmão ou irmã muçulmana. A maior delas é motivar a pessoa que está no leito da morte a prestar o testemunho de fé que é dizer La Ilaha Illa Allah Muhammad RassuLLAH, e quando certificamos do óbito deve-se fechar seus olhos, Não podemos deixar o morto exposto aos olhos alheios, ele deve ser coberto até o momento do banho, lavar e perfumar o cadáver, preparar a mortalha, fazer a oração fúnebre, liquidar todas suas dividas caso existam e sepultar o falecido o mais rápido possível. Devemos também nos atentar para as questões proibidas: Chorar em voz alta, a ida das mulheres ao cemitério durante o sepultamento, mas é permitido visitar o cemitério em outro dia. Deve-se observar também sobre a etiqueta (como devemos nos comportar no cemitério e no funeral).

Nada de inovações na religião como a leitura do Ushr kuran nos 7, 10 ou 40 dias após a morte, distribuição de doces dentre outros atos que não tem fundamento algum no Islamismo, tudo isso ilustrado com versículos do Alcorão e com base na tradição de nosso Profeta Muhammad (s).

A morte é uma realidade que ninguém pode negar, seja muçulmano ou não. Todos nós estamos caminhando para encontrarmos o nosso fim, ou seja, a cada segundo que passa, a cada dia, a cada mês estamos mais próximos da morte.
Por mais que nós tenhamos construído neste mundo por mais que tenhamos cuidado da saúde... Toda alma tem um prazo e quando chega a hora de partir não lhe será atrasada um instante nem adiantada. Essa é a verdade que é esquecida pela maioria das pessoas... Allah Swt diz: “Toda a alma provará o sabor da morte, e no Dia da ressurreição sereis recompensados integralmente pelos vossos atos” (3:185)

Dentro de tal evidência, por que nós negligenciamos à nossa morte já que todos temos
convicção que a cada segundo que se passou foi-se um parte de nós. Essa mesma pergunta foi feita a um sábio do Islam. Foi narrado que Sulaiman Ibn Abd al Malik entrou em Madina no mês da peregrinação e disse: “Há alguém que tenha conhecido algum dos sahabas?” As pessoas disseram: “Sim, Abu Hazim” Então mandou chamar, e quando ele chegou disse: “Oh Abu Hazim porque odiamos a morte?” Ele disse: “Todo vosso esforço tem sido em prol desse mundo e tens descuidado da outra vida, e odeias abandonar aquilo que você lutou para se dirigir a aquilo que não se preparou (ou seja, o dia do juízo)”. Sulaiman disse: “Disseste a verdade!” Depois disse: “Me pergunto o que será que Allah tem nos preparado?” Abu Hazim lhe disse: “Julgue suas ações segundo o livro de Allah!” Sulaiman disse: “E onde encontro?” Ele respondeu: “No seguinte versículo:

“Por certo os virtuosos estarão na delícia; E por certo, os iníquos, estarão no inferno” (82:13 e 14)

Sulaiman disse: “E onde está a misericórdia de Allah?” Ele respondeu: “A misericórdia de Allah está perto daqueles que fazem boas ações”. Sulaiman disse: “Me pergunto como será meu encontro com Allah” Ele disse: “Quem faz boas ações se sentirá como aquele que retorna a sua família depois de haver estado ausente de seu lar, em contra partida o malfeitor se sentirá como um escravo fugitivo quando é devolvido ao seu amo.” Então Sulaiman começou a chorar soluçando e disse: “Aconselha-me Oh Abu Hazim!” Ele disse: “Tema que Allah te veja enquanto estiveres fazendo aquilo que Ele proibiu e de que você não se encontre onde Ele lhe ordenou estar.”

Ali Ibn Abu Talib disse: “Este mundo está se afastando de nós e o mundo da outra vida está cada vez mais próximo. Cada um dos dois tem sua própria gente, assim pois, sejas das pessoas do outro mundo, e não sejas das pessoas deste mundo. O presente é tempo de esforço e não de prestar contas, mas o de amanhã será tempo de prestar contas e não de esforço.” (Bukhari)

Queridos irmãos e irmãs quando a pessoa der conta que morreu, quando ele ver os anjos da morte, a primeira coisa que ela deseja é voltar para a vida terrena. Tanto o crente como o incrédulo se arrependem e desejam voltar. O incrédulo deseja voltar para aceitar o islam e o muçulmano quer voltar para se arrepender e fazer melhores ações. “... até que a morte surpreenda a algum deles, este dirá: “Oh Senhor meu fazei-me voltar (à terra), na esperança de eu praticar o bem, no que tange ao que negligenciei.” (23:99) Oh Allah permita-me voltar a este mundo um minuto, Oh Allah uma hora, para eu rezar, para eu jejuar, para eu Lhe adorar, para eu me arrepender, para eu deixar os pecados e a desobediência... “Em absoluto não o farei. Por certo será uma palavra em vão que estará dizendo. E diante deles, haverá uma barreira até um dia em que eles ressuscitarão.” (23:100)

Por isso irmãos jamais deixem para amanhã as boas ações e a obediência, jamais pensem: “amanhã eu começo a rezar, ah quando eu envelhecer insha Allah usarei o hijab, Quem nos garante que estaremos vivos até lá? Por isso devemos sempre nos apressar em fazer boas ações porque depois quem rezará por nós? Quem fará jejum por nos, Quem fará caridade por nós? Quem recitará o Quran por nós? Quem fará Dua por nós? Quem obedecerá Allah por nós? Ninguém! O morto saberá qual será seu destino. Dependendo do tipo de anjos que estarão o recepcionando em seu túmulo, se forem os anjos da misericórdia seu destino será o Paraíso e se os anjos forem os do castigo então seu destino será o inferno.

Com relação a esses anjos o Profeta (S) disse: “Quando o servo crente está por abandonar esse mundo e passar para o outro, os anjos descem do céu e se apresentam ante ele com rostos brancos radiantes como o sol. Trazem com eles uma mortalha e bálsamos aromáticos do Paraíso. E se sentam ao alcance de sua vista. Então o anjo da morte aparece e se senta a altura de sua cabeça e diz: “Oh alma boa, saia ao encontro da misericórdia e complacência de Teu Senhor”. Então ela sai como uma gota de água que cai da boca de um jarro e eles a levam...
Em troca, quando servo incrédulo está por abandonar esse mundo e passar para o outro, os anjos descem do céu e se apresentam perante ele com rostos negros. Trazem
com eles uma aniagem do inferno e se sentam ao alcance de sua vista. Então o anjo da morte aparece e se senta na altura de sua cabeça e diz: “Oh alma perversa! Saia ao encontro da ira e a fúria de Allah”. Então a alma se encolherá de medo dentro do corpo e será arrancada pelo anjo” (al Hakim- sahih)

Segundo a sunnah sahiha que quando uma pessoa é colocada no seu túmulo e seus conhecidos e amados vão embora, o morto escuta seus passos indo embora. Quando eles forem embora por completo, dois anjos vêm até o morto, tratando-o com severidade, chamados Munkar e Nakir e lhe fazem sentar e perguntam: Quem é teu Senhor? Qual é tua religião? Quem é teu Profeta? Esse é o ultimo teste ao qual o crente será submetido. A isso se refere o versículo em que Allah SWT diz:

“Allah afirmará os fiéis com a palavra firme da vida terrena, tão bem como na outra vida; e deixará que os iníquos se desviem, porque procede como Lhe apraz.” 14:27

Assim, o crente responde: “Meu Senhor é Allah, Minha religião é o Islam e meu Profeta é Muhammad!” Ou então segundo outra narração dirá: “Testemunho que não há outra divindade exceto Allah e que Muhammad é Seu servo e Mensageiro”. Então uma voz clama do céu dizendo: “Meu servo disse a verdade!” Então uma porta para o inferno será aberta para ele, e será dito: “Esse seria o seu lugar se você tivesse descrido em seu Senhor, mas como você era um crente, este é o seu lugar!” Então uma porta para o Paraíso lhe é aberta, e seu tumulo é feito espaçoso e confortável, como um dos jardins do paraíso.

Já o kafir, o pecador e o hipócrita, o Profeta SAAS disse que os dois anjos, Munkar e Nakir vem da mesma forma e com severidade lhe fazem sentar e lhe perguntam: “Quem é teu Senhor?” E ele apavorado reponde: “Oh não sei” e eles dizem: “Qual é tua religião?” e ele responde: “Oh não sei” e eles dizem: “Que dizes sobre este homem que lhes foi enviado?” Ele não conseguirá lembrar de seu nome, e eles lhe dizem: “Muhammad” então ele responde: “Oh não sei, ouvi as pessoas falarem algo” Eles lhe dizem: “Que nunca saibas ou possas repetir o que as pessoas diziam” Então uma voz diz: “Meu servo está mentindo!” Então uma porta para o Paraíso é aberto para ele e lhe é dito: “Esse seria o seu lugar se você tivesse acreditado no seu Senhor, mas como você era um incrédulo, Allah substituiu isso por isso” Então uma porta do

Inferno é aberta para ele...

Quando o crente está morrendo deseja de todo o coração encontrar-se com Allah, já o incrédulo e o muçulmano pecador odeia esse encontro. O Profeta SAAS disse: “Quem ama encontrar-se com Allah, Allah ama encontrá-lo, e quem odeia encontrar-se com Allah, Allah odeia encontrá-lo.” Então uma de suas esposas disse: “Mas todos odiamos a morte”. Ele respondeu: “Não é a isso que me refiro, e sim que quando o crente está para morrer são lhe dadas as boas-novas de que Allah está satisfeito com ele, e que gozará da Misericórdia de Allah, então não existe nada que lhe seja mais amado do que lhe espera. Então ama encontrar-se com Allah, e Allah ama encontrar-se com ele. Mas quando um incrédulo está morrendo lhe são dadas as noticias acerca do castigo e tormento de Allah, por isso não existe nada mais odiado por ele do que lhe espera. Então ele odeia encontrar-se com Allah e Allah odeia encontrar-se com ele”. (Bukhari)

Irmãos, o Profeta SAAS exortava seus companheiros a buscar o refúgio em Allah contra o tormento do túmulo. Busquem refúgio constantemente em Allah contra o castigo do túmulo, o Profeta SAAS nos ensinou a súplica que se deve fazer antes do taslim no tashahud em todas nossas orações: “Allahuma inni audho bika min adhab al jahannam, wa min adhab el qabr wa min fitnat al mahia wal mamat wa min fitnat al masih ad dajjal”.

Por fim irmãos, nós devemos refletir na morte, o profeta SAAS nos exortou lembrar constantemente da morte. E era costume dos virtuosos lembrarem-se da morte, isso porque a recordação da morte previne a pessoa do pecado e de ser iludido pelos encantos desse mundo, abranda o coração com a recordação de Allah e ajuda a suportar as aflições. Um sábio disse que quem lembra constantemente da morte será honrado com 3 coisas:

1) Será rápido em se arrepender,
2) Estará satisfeito com seu sustento; e
3) Não lhe faltará vontade nem energia para adorar a Allah.

“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Asalamo Alaikom WA WB,

Colaboração do Irmão – Omar – Masjid de Cuiabá MT – Que Allah SW o tenha entre os eleitos juntamente com todos os irmãos que louvam Allah SW naquele Centro Islâmico. Inshallah

terça-feira, junho 29, 2010

BIOGRAFIA DO PROFETA MUHAMMAD EM FORMA DE KHUTUB PARTE 4

Biografia do Profeta Muhammad - Parte 4‏

Homens de Yathrib (Medina)

Eles vieram de Yathrib realizar a peregrinação (Hajj), uma cidade há mais de trezentos quilômetros de distância, que desde então se tornou a mundialmente famosa al-Medina, “a Cidade” por excelência. Yathrib foi favorecida por sua localização em um oásis agradável, famoso mesmo nos dias de hoje pela excelência de suas tâmaras, mas prejudicada em todas as outras formas. O oásis tinha sido a cena de lutas tribais praticamente incessantes. Judeus combatiam judeus e árabes combatiam árabes; os árabes se aliavam com os judeus e combatiam outros árabes aliados com uma comunidade judaica diferente. Enquanto Meca prosperava, Yathrib vivia em miséria. Precisava de um líder capaz de unir seu povo.

Em Yathrib havia tribos judaicas com rabinos sábios que com frequência falavam aos pagãos de um Profeta que logo chegaria entre os judeus, com quem, quando chegasse, os judeus destruiriam os árabes como as tribos de Aad e Tamude tinham sido destruídas por sua idolatria.

O Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, nessa etapa em seu chamado visitava secretamente tribos diferentes nas cercanias de Meca para transmitir-lhes a mensagem do Islã. Uma vez ao entreouvir um grupo de homens em Aqaba, um local fora de Meca, pediu para se sentar com eles e foi recebido com alegria. Quando os homens da tribo dos Khazraj de Yathrib ouviram o que Muhammad tinha a dizer, o reconheceram como o Profeta que os judeus lhes tinham descrito, e todos os seis homens aceitaram o Islã. Também esperavam que Muhammad, através de sua nova religião, pudesse ser o homem que os uniria com sua tribo irmã, os Aws, uma tribo em Yathrib com quem compartilhavam uma linhagem comum, mas tinham grandes problemas com anos de guerra e animosidade. Determinaram-se a retornar para Yathrib e propagar a religião de Muhammad. Como resultado, não existia nenhuma casa em Yathrib que não tivesse ouvido a mensagem do Islã e na próxima estação de peregrinação, no ano de 621, uma delegação veio de Yathrib com o propósito de encontrar o Profeta.

Primeiro Pacto de Aqaba

Essa delegação era composta de doze homens, cinco dos presentes no ano anterior e dois membros dos Aws. Encontraram o Profeta novamente em Aqaba e se comprometeram em seus próprios nomes e nos nomes de suas esposas a não associarem nenhuma criação com Deus (para se tornarem muçulmanos), não roubar, não cometer adultério e não matar seus bebês, mesmo na mais terrível pobreza; e prometeram obedecer a esse homem em todas as coisas justas. Esse foi o Primeiro Pacto de Aqaba. Quando retornaram à Yathrib o Profeta enviou com eles seu primeiro embaixador, Mus’ab ibn ‘Umair, para ensinar aos novos convertidos os rudimentos da fé e propagar a religião para aqueles que ainda não tinham abraçado o Islã.

Mus’ab pregou a mensagem do Islã até que quase toda família em Yathrib tivesse um muçulmano em seu meio, e antes do Hajj do ano seguinte, 622, Mus’ab retornou para o Profeta e lhe deu as boas novas de sua missão, e da bondade e força de Yathrib e seu povo.

Segundo Pacto de Aqaba

Em 622, peregrinos de Yathrib, setenta e cinco deles muçulmanos, entre eles duas mulheres, vieram para realizar o Hajj. Durante a última parte de uma noite, enquanto todos dormiam, os muçulmanos entre os peregrinos de Yathrib secretamente chegaram ao lugar que tinham previamente combinado de encontrar o Profeta, nas rochas de Aqaba, para prestar aliança ao Profeta e convidá-lo para sua cidade. Em Aqaba encontraram o Profeta.Uma pessoa dos peregrinos que estava presente nos dois anos anteriores também se levantou e alertou contra o perigo do seu compromisso e sua preparação para executá-lo. Em sua determinação e amor pelo Profeta, juraram defendê-lo com suas próprias vidas, de suas esposas e filhos. Foi então que a Hégira, a emigração para Yathrib, foi decidida.

Ficou conhecido como o Pacto de Guerra, porque envolvia proteger a pessoa do Profeta, através de armas se necessário; e logo após a emigração para Yathrib os versículos corânicos com permissão para guerra em defesa da religião foram revelados. Os versículos são cruciais na história do Islã:

“Ele permitiu (o combate) aos que foram atacados; em verdade, Deus é Poderoso para socorrê-los. São aqueles que foram expulsos injustamente dos seus lares, só porque disseram: Nosso Senhor é Deus! E se Deus não tivesse refreado os instintos malignos de uns em relação aos outros, teriam sido destruídos mosteiros, igrejas, sinagogas e mesquitas, onde o nome de Deus é freqüentemente celebrado. Sabei que Deus secundará quem O secundar, em Sua causa, porque é Forte, Poderosíssimo.” (Alcorão 22:39-40)

Havia chegado um momento decisivo para o Profeta Muhammad, para os muçulmanos e para o mundo. Era destino do Profeta Muhammad, e um aspecto de sua função profética, que demonstrasse as alternativas para os perseguidos e os oprimidos; de um lado, paciência, de outro, o que é chamado pelos cristãos a ‘guerra justa’, mas pela qual, nas palavras de uma revelação corânica posterior – “corrupção certamente cobriria a terra” (Alcorão 2: 251). Por quase treze anos ele e seus seguidores sofreram perseguição, ameaças e insultos sem levantarem a mão para se defenderem. Provaram que isso era humanamente possível. As circunstâncias agora estavam mudando e requeriam uma resposta muito diferente para que a religião do Islã sobrevivesse no mundo. A paz tem suas estações, mas a guerra também, e o muçulmano nunca esquece que todo homem nasce para lutar de uma forma ou de outra, em um nível ou outro, se não fisicamente, então espiritualmente. Aqueles que tentam ignorar esse fato são, mais cedo ou mais tarde, escravizados.

Conspiração para Assassinar o Profeta

Em pequenos grupos os muçulmanos saíram de Meca e pegaram a estrada para Yathrib. A Hégira (‘emigração’) havia começado. Profeta Mohammad (s) ordenou que os muçulmanos emigrassem de Makkah para Medina, individual e coletivamente, durante a escuridão da noite para escaparem das perseguições dos infiéis. Um dos primeiros que conseguiu emigrar foi Abu Salama Al-Makhzumi. E assim sucessivamente a maioria dos crentes conseguiu escapar e emigrar para Madina; até que permaneceram em Makkah somente O Mensageiro de Deus (s), Abu Bakr e Ali Bin Abi Talib ® e outros que por falta de meios e provisões não conseguiram emigrar, a respeito dos quais foi revelado o seguinte versículo no Alcorão: “E pelos fracos, homens, mulheres e crianças que suplicam: Ó Senhor nosso, tira-nos desta cidade, cujos habitantes são opressores; designa-nos, de Tua parte, um protetor e um defensor.”

O único que emigrou publicamente para Medina foi Omar Bin Khattab. Ao montar seu cavalo ele disse em voz alta “Estou emigrando para Madina e aquele que queria que sua esposa se torne viúva e seu filho órfão que me siga até este vale.”

Os incrédulos perceberam que os muçulmanos estavam se reunindo em Madina. O medo do fortalecimento e expansão do Islam fez com que eles se reunissem em Darun-Nadwa para confabular contra o Mensageiro de Deus. Três propostas foram apresentadas. 1° Algemar e prender Mohammad até sua morte, esta proposta não foi aprovada por que temiam que a fama de Mohammad aumentasse e a simpatia de seus seguidores os arrastariam para uma longa guerra. 2° Expulsar Mohammad da Arábia, esta proposta também foi rejeitada, pois temiam que ele voltasse com mais seguidores e se vingasse deles. Foi então quando Abu Jahal, levantou-se e disse: “A minha idéia final é de que ele seja morto. Mas há o perigo de Banú Hachim se vingar de nós. A saída disso é não ser homens de uma só tribo, mas escolheremos os mais bravos jovens de cada tribo para atacarem conjuntamente e matarem-no de uma só vez. Assim todas as tribos serão representadas no assassinato e desta forma a tribo de Banú Hachim não poderá combater e vingar-se de todos eles, portanto terão que aceitar a indenização em dinheiro, o que podemos dar conjuntamente.” De imediato esta proposta foi aceita, pois parecia perfeita. Mas o plano de Allah está acima de todos os planos, conforme revelado no Alcorão: na surat:Al Anfal

“30.Recorda-te (ó Mensageiro) de quando os incrédulos confabularam contra ti, para aprisionar-te, ou matar-te, ou expulsar-te. Confabularam entre si, mas Deus desbaratou-lhes os planos, porque é o mais duro dos desbaratadores.”

Alguns dias antes da emigração, o Profeta foi até a casa de Abu Bakr e deu-lhe a noticia de que Allah havia autorizado a emigrar e que ele será o seu companheiro de viajem. Abu Bakr emocionou-se com tamanha honra. E Aisha relatou que jamais viu alguém chorar de tanta alegria como Abu Bakr.

Honrado pela companhia, Abu Bakr preparou duas camelas para a viagem e ofereceu uma delas para O Profeta (saaws), mas Ele insistiu em pagar pelo seu transporte, pois não é permitido aos profetas receberem algo em caridade. Abu Bakr e Mohammad haviam planejado cada detalhe da viajem; incumbiram Abdallah filho de Abu Bakr de informa-los tudo que visse e escutasse de planos e atividades dos descrentes de Macca. Assmá, filha de Abu Bakr foi incumbida de levar comida e água até eles. E Amir Bin Fahir escravo liberto por Abu Bakr tinha o cargo de trazer leite fresco todos os dias ao anoitecer e apagar as pegadas das pessoas com a passagem de seu rebanho.

Tornava-se, agora, impossível , para ele, permanecer em sua casa, deve-se notar que a despeito da hostilidade para com a missão do Profeta Muhammad(que a Paz e a Bênção de Deus estejam sobre ele), os pagãos de Makkah continuaram a Ter confiança sem limites na probidade do Profeta Muhammad tanto assim que muitos deles costumavam deixar as suas finanças guardadas com ele.

O Profeta Muhammad , então, confiou esses depósitos a um primo, que se chamava Ali, com instruções para devolvê-los, oportunamente, aos proprietários de direito.

A hejrah deu-se em uma das dez ultimas noites do mês de Safar do décimo terceiro ano da mensagem. Naquela noite Ali (r A a) dormiu na cama do Profeta Mohammad (s) e cobriu-se com seu manto. Os Incrédulos já haviam montado o cerco á casa; e quando olhavam pelo buraco da porta viam Ali deitado na cama e pensavam que era o Profeta, e tranqüilos aguardavam a sua saída para matá-lo. Ele sabia que não feririam Ali. E então o Profeta saiu de sua casa recitando o versículo da surat Yassin: “E fizemos uma barreira adiante deles e uma barreira detrás deles, nevoamo-lhes as vistas: então nada enxergam.” Em seguida partiu até a casa de Abu Bakr (r) e seguiram juntos para a caverna de Thaur, onde permaneceram 3 dias.

Abu Bakr caminhava a sua frente e quando lembrava que poderiam estar sendo seguidos caminhava atrás do nobre Profeta. Quando alcançaram a entrada da caverna, Abu Bakr entrou primeiro; limpou o interior da caverna, e depois pediu para o Profeta entrar. Abu Bakr sentou-se e o Profeta descansava sua nobre cabeça sobre o colo de Abu Bakr. E enquanto ele dormia Abu Bakr foi picado em seu pé. Ele não quis acordá-lo, mas quando suas lagrimas caíram sobre o rosto do profeta ele despertou e aplicou saliva no local da picada e então Abu Bakr curou imediatamente.

Os descrentes de Mecca alvoroçados pelo premio de cem camelos para quem capturar Mohammad (s) vivo ou morto ou indicar o seu paradeiro intensificaram as buscas, mas não tinham pistas e disseram: Parece que os dois voaram para o céu ou esconderam debaixo da terra. Até que chegaram à entrada da caverna.

Mas a ajuda divina revelou-se com uma frágil teia de aranha e ninho com ovos de pombos na entrada da caverna. Este milagre fez com que Umayah bin Khalaf e os descrentes acreditassem que nada havia adentrado a caverna antes mesmo do nascimento do Profeta(s). Eles estavam tão próximos, que se abaixassem para olhar descobri-los-iam.

bu Bakr estava com medo e disse: “Ó Mensageiro de Deus, se um deles olhar para o próprio pé, nos verá!” O Profeta respondeu:

“O que você pensa de duas pessoas com as quais Deus é o Terceiro? Não fique triste, porque de fato Deus está conosco.” (Saheeh Al-Bukhari)

Os incrédulos, ao verem a teia de aranha, o ninho de pombos e a ausência de pegadas, retornaram certos de que, ninguém estava ali.

Quando o grupo de busca partiu, Abu Bakr recebeu os camelos e o guia na caverna à noite, e partiram para a longa cavalgada até Yathrib.

Suraka bin Malik sabia de tal recompensa para capturar o profeta (s) e ao escutar uma conversa a respeito da rota de Mohammad (saaws) disfarçadamente pegou sua arma e seu cavalo e seguiu a rota até que os avistou; se aproximou deles, mas por várias vezes seu cavalo afundava na areia e ele caia, e uma cortina de fumaça apareceu a sua frente, então Suraka percebeu que aquilo era um mal pressagio e gritou que o esperassem e jurou não fazer nenhum mal. O Profeta (saaws) respondeu volte Suraka e não informe os kuraishitas a nosso respeito que terás aos seus pés as muralhas da Pérsia. Seguiram a jornada e sentiram muita fome e sede até que chegaram na tenda de uma senhora conhecida como EM Maabad e pediram algo para comer ou beber e não havia nada a não ser uma cabra magra e doente, O Profeta pediu permissão para ordenhar a cabra, desacreditada que tivesse alguma gota ela permitiu, e então com suas mãos honradas começou a ordenhar e fez uma prece, até que encheu um recipiente deu de beber a senhora Em Maabad, em seguida seus companheiros Abu Bakr e O Guia e por fim bebeu.

Prosseguiram em viajem até que chegaram em Kubaá um local próximo de Madina onde permaneceram alguns dias e neste local construíram a primeira mesquita da história do Islam. Isto está relatado na surat Attabah 108 “Uma mesquita fundada sobre a piedade é mais digna de nela orares e ali há homens ansiosos para se purificarem. ALLAH ama os que se purificam.”

Semanas antes, o povo da cidade ouviu que o Profeta tinha deixado Meca e, portanto, iam para os montes locais todas as manhãs, esperando pelo Profeta até que o calor os levasse a buscar abrigo. Os viajantes chegaram no calor do dia, após os observadores terem se retirado. Um judeu que estava fora o viu se aproximando e avisou os muçulmanos que aquele que esperavam tinha finalmente chegado, e os muçulmanos foram para os montes de Kubaa para saudá-lo.

O Profeta ficou em Kubaa por alguns dias, e lá estabeleceu a primeira mesquita do Islam. Ali, que tinha deixado Meca a pé, três dias depois do Profeta, tinha chegado também. O Profeta, seus companheiros de Meca e os “Ajudantes” de Kubaa o levaram para Medina, onde tinham antecipado ansiosamente sua chegada.

Os habitantes de Medina nunca viram um dia mais animado em sua história. Anas, um amigo próximo do Profeta, disse:

“Eu estava presente no dia que ele entrou em Medina e nunca vi um dia melhor ou mais animado que o dia que ele chegou para nós em Medina. E estava presente no dia que ele morreu, e nunca vi um dia pior ou mais triste do que o dia no qual ele morreu.” (Ahmed)

Toda casa em Medina queria que o Profeta ficasse com eles, e alguns tentaram levar sua camela para suas casas. O Profeta os impediu e disse:

“Deixe-a, porque ela está sob Comando (Divino)”.

Ela passou por muitas casas até que parou e se ajoelhou na terra de Banu Najjaar. O Profeta não desceu até que a camela se levantou e andou um pouco, e então se voltou para o local original e se ajoelhou novamente. Nesse momento o Profeta desceu. Ele ficou feliz com sua escolha, porque Banu Najjaar eram seus tios maternos e ele também desejava honrá-los. Quando indivíduos da família pediram que entrassem em suas casas, um certo Abu Ayyoub se adiantou para cuidar de sua sela e a levou para sua casa. O Profeta disse:

“Um homem vai com sua sela.” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

A primeira tarefa que empreendeu em Medina foi construir uma mesquita. O Profeta, que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele, perguntou aos dois meninos que eram proprietários do armazém de tâmaras o preço do depósito. Eles responderam: “Não, faremos dele um presente para ti, Ó Profeta (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) de Deus!” O Profeta (que a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam sobre ele), entretanto, recusou sua oferta, pagou seu preço e construiu uma mesquita, tomando parte em sua construção. Enquanto trabalhava, foi ouvido dizendo:

“Ó Deus! Não há bondade exceto a da Vida Futura então, por favor, perdoe os Ajudantes e os Emigrantes.” (Saheeh Al-Bukhari)

A mesquita servia como local de adoração para os muçulmanos. A oração que antes era um ato individual realizado em segredo agora se tornou um assunto público, um que simboliza uma sociedade muçulmana. O período no qual os muçulmanos e o Islam estavam subjugados e oprimidos tinha acabado e agora o adhan, o chamado para oração, seria feito em voz alta, ecoando e penetrando as paredes de toda casa, chamando e lembrando os muçulmanos de cumprirem sua obrigação com seu Criador. A mesquita era um símbolo da sociedade islâmica. Era um local de adoração, uma escola onde os muçulmanos se iluminavam sobre as verdades da religião, um local de reunião onde as diferenças de várias partes em conflito se resolviam, e um prédio administrativo a partir do qual os assuntos referentes à sociedade emanavam, um verdadeiro exemplo de como o Islã incorpora todos os aspectos da vida na religião. Todas essas tarefas eram empreendidas em um local construído sobre os troncos de tamareiras cobertos com suas folhas.

Quando a primeira e mais importante tarefa foi concluída, ele também fez casas em ambos os lados da mesquita para sua família, dos mesmos materiais. A mesquita e a casa do Profeta em Medina continuam hoje no mesmo lugar.

O Profeta (saaws) criou uma relação de irmandade entre os Muhajirin aqueles que emigraram e os ansar aqueles que os receberam em Madina, amavam-se uns aos outros mais do que irmãos de sangue, amavam-se aponto de uma pessoa dentre os ansar se abdicar de uma de suas esposas, separando-se legalmente dela, para que seu irmão muhajir se desposa-se dela. Isto esta relatado na surat Alhashr 9-“ Os que antes haviam se estabelecido em Madina e adotado a fé mostram afeição por aqueles que imigraram para eles e não alimentam inveja em seus peitos, pelo que lhes foi dado(aos imigrantes) de despojos. Por outra , preferem-nos em detrimento de si mesmos embora eles mesmos sofram de penúria.”

Se é tentado a descrever como um ‘milagre’ o fato dessa situação não ter causado qualquer ressentimento entre aqueles que de forma tão repentina eram obrigados a incluir pessoas totalmente estranhas em suas famílias. Esse laço de irmandade quebrou os de linhagem, cor, nacionalidade e outros fatores que antes eram considerados como um padrão de honra. Os únicos laços que importavam agora eram religiosos. Raramente o poder da fé em mudar os homens foi demonstrado de forma mais clara.

Os muçulmanos de Meca, entretanto, não tinham esquecido suas antigas habilidades. Quando seu novo irmão lhe disse: ‘Ó mais pobre dos pobres, como posso ajudá-lo? Minha casa e meus fundos estão a seu dispor!’, um ‘emigrante’ respondeu: ‘Ó mais gentil dos amigos gentis, apenas me mostre o caminho para o mercado local. O resto virá.’ Diz-se que esse homem começou vendendo queijo e manteiga e logo ficou rico o suficiente para pagar o dote de uma moça local e, no devido curso, foi capaz de equipar uma caravana de 700 camelos.

Esse tipo de empreendimento era encorajado, mas existiam também aqueles que não tinham habilidade para fazê-lo e nem tinham família ou propriedade. Passavam o dia na mesquita e à noite o Profeta os colocava com vários indivíduos dos Ajudantes. Ficaram conhecidos como ‘Ahl us-Suffa.’ Alguns eram alimentados na própria mesa do Profeta, quando havia algo, e com cevada tostada da comunidade.

Em seguida, foi feio um tratado de paz entre todas com os judeus e os demais descrentes de Madina com o intuito de fortalecer Madina frente a hostilidade de Kuraish, na qual ficou acordado que teriam status igual como cidadãos de um estado e plena liberdade religiosa, e que defenderiam uns aos outros se fossem atacados..

Mas como já sabemos e por tradição os judeus quebram seus tratados e por tal motivo foram mais tarde expulsos de Madina. Mas sua idéia de um Profeta era a de um que lhes daria domínio, e um profeta judeu, não um árabe. Os judeus também tinham lucrado muito com a rivalidade entre as tribos árabes, uma vez que era através dessa instabilidade da região que tinham conseguido o predomínio no comércio e mercadorias. A paz entre as tribos de Medina e áreas vizinhas era uma ameaça aos judeus.

Além disso, entre os habitantes de Medina existiam aqueles que se ressentiam dos recém-chegados, mas que mantinham a paz por enquanto. O mais poderoso deles, Abdullah ibn Ubayy ibn Salool, estava extremamente ressentido com a chegada do Profeta, uma vez que ele era o líder de fato de Yathrib antes do Profeta. Ele aceitou o Islã como simples formalidade, embora mais tarde viesse a trair os muçulmanos como o líder dos ‘hipócritas.’

Devido a esse ódio comum em relação ao Profeta, aos muçulmanos, e à nova situação de Yathrib, a aliança entre os judeus e os ‘hipócritas’ de Medina era quase inevitável. Ao longo da história dos muçulmanos em Medina, eles tentaram seduzir os seguidores da nova religião, conspirando e tramando constantemente contra eles. Devido a isso, existe menção frequente dos judeus e hipócritas nos capítulos de Medina do Alcorão.

A Hégira havia sido completada. Era 23 de setembro de 622, e a Era Islâmica, o calendário muçulmano, começa no dia que esse evento ocorreu. E desse dia em diante Yathrib recebeu um novo nome, um nome de glória: Madinat-un-Nabi, Cidade do Profeta, resumindo, Medina.

Assim foi a Hégira, a emigração de Meca para Yathrib. Os treze anos de humilhação, perseguição, de sucesso limitado, e de profecia ainda por se cumprir estavam para trás.

Os dez anos de sucesso, a plenitude que coroou o empenho de um homem, tinham começado. A Hégira fez uma divisão clara na história da Missão do Profeta, que é evidente do Alcorão. Até então ele tinha sido apenas um pregador. Dali em diante ele era o governante de um Estado, a princípio muito pequeno, mas que cresceu em dez anos para se tornar o império da Arábia. O tipo de orientação que ele e seu povo precisavam depois da Hégira não era o mesmo daquele que tinham precisado antes. Os capítulos de Medina diferem, consequentemente, dos capítulos de Meca. Os últimos dão orientação à alma individual e ao Profeta como Admoestador: os primeiros dão orientação a uma comunidade social e política e ao Profeta como exemplo, legislador e reformador.

Ao se preocupar, Mohammad, com os interesses materiais da comunidade, não foi negligenciado o aspecto espiritual. Mal passara um ano, desde a migração para Madina, quando a mais rigorosa das disciplinas espirituais, o jejum de um mês inteiro, todos os anos, no mês de Ramadan, foi imposta a todo homem e mulher, muçulmanos, adultos.

A principal refeição do Profeta Muhammad usualmente era mingau cozido com tâmaras e leite, sua única outra refeição do dia era tâmaras e água; mas ele frequentemente ficava com fome, e às vezes até colocava pedras sobre seu estômago para aliviar seu desconforto. Um dia uma mulher lhe deu um manto – algo que ele precisava muito – mas na mesma noite alguém pediu o manto para fazer uma mortalha e ele prontamente o deu como caridade. Os que tinham algum excedente traziam-lhe comida, mas parecia que ele nunca conseguia mantê-la por tempo suficiente para prová-la, já que sempre havia alguém em necessidade maior. Com a força física diminuída – agora com cinquenta e dois anos – ele lutava para construir uma nação baseada na verdadeira religião do Islã a partir do variado sortimento de pessoas que Deus lhe deu como matéria-prima.

Inicio do Azan (Chamamento a Oração)



O Islam não ordena que o crente dedique todo o seu tempo unicamente a Mesquita. Diz sim, que da mesma forma que a oração é obrigatória no seu devido tempo, ganhar o lícito para a sua provisão e dos seus familiares também é obrigatório. Para isso o crente tem que se ocupar dos negócios e outros assuntos considerados mundanos. Era preciso que houvesse um sistema em que as pessoas se juntassem na hora determinada para a oração em congregação na Mesquita, para cumprirem também, o dever de Deus depois de já terem cumprido os assuntos mundanos.

As cinco orações, como já foi referido, foram tornadas obrigatórias no "Miraj", ainda em Macca, mas com as perseguições dos coraixitas era difícil formar a oração em congregação. Quando em Madina os crentes já se sentiam seguros, Deus tornou obrigatório para eles o Zakat (Tributo) e o jejum. Havia agora necessidade de estabelecer um sistema para chamar as pessoas a oração em congregação na hora marcada, uma vez que o espírito de todas as obrigações do Islam, são o coletivismo e a união. Até essa altura, por não existir um sistema organizado para o chamamento a oração, ainda não havia a oração em congregação, bem organizada. As pessoas faziam um cálculo do tempo e apareciam na Mesquita para fazerem a oração.

O Profeta não estava de acordo com este sistema, esse espírito não podia durar nas futuras gerações. Surgiu, então, a questão de como indicar as pessoas a hora da oração em congregação. Por isso o Profeta chamou os crentes para os consultar e ter a sua opinião a este respeito. Houve várias idéias, e várias opiniões foram dadas, como o chamamento através da corneta como fazem os judeus, ou ser soprada a trombeta ou ser tocado o sino como fazem os cristãos, ou ser aceso o fogo como fazem os zoroastros, ou ser içada uma bandeira no topo da Mesquita na hora da oração, mas isso não poderia despertar o que estivesse a dormir ou o distraído. Por isso, estes métodos não podiam servir de chamamento a oração, porque em nenhum deles havia a glorificação a Deus, Sua recordação e lembrança. Além disso, todas estas religiões já não eram autenticas, estavam deturpadas e confusas com o politeísmo. Portanto, não era digno para uma adoração dedicada puramente a Deus tomar o método confuso com o politeísmo de informação da chegada da hora da oração. Por isso o Profeta não aceitou nenhum destes métodos. Omar apresentou depois a sua idéia, dizendo ao Profeta que se devia anunciar em voz alta no momento da oração. Idéia esta aceita pelo Profeta que disse ao Bilal para que quando chegasse a hora da oração anunciasse desta forma. Contudo, essa não foi a decisão final. Por isso, a preocupação de uma solução permanente continuou. Entretanto, numa das noites, vários crentes sonharam. Abdallah Bin Zaid Bin Abd Rabbih conta o seu sonho da seguinte forma: Vi um homem a vender uma corneta, perguntei-lhe o preço, e ele perguntou-me porque é que eu queria comprar. E respondi-lhe que era para anunciar a chegada do momento da oração. Esse homem, que estava vestido de verde, disse-me: Eu posso te dar a melhor solução para isso: Quando chegar a hora da oração, um de vós deverá dizer em voz alta as seguintes palavras:

Alláho akbar, Alláho akbar
Ach hado an lá ilaha illaláh
Ach hado na lá ilaha illaláh
Ach hado anna Mohammad Rassulullah
Ach hado anna Mohammad Rassulullah
Haia alas salah, Haia alas salah
Haia alalfalah, Haia alalfalah
Alláho akbar, Alláho akbar
Lá ilaha illaláh.

Deus é grandioso, Deus é grandioso.
Testemunho que não há outra divindade exceto Deus.
Testemunho que não há outra divindade exceto Deus.
Testemunho que Mohammad é Mensageiro de Deus.
Testemunho que Mohammad é Mensageiro de Deus.
Venham à oração. Venham à oração.
Venham à salvação. Venham à salvação.
Deus é grandioso, Deus é grandioso.
Não há outra divindade exceto Deus.

O homem disse, ainda, que quando começar a oração devem ser repetidas as mesmas palavras e depois de Haia Alal Falah (Venham à salvação) devem ser acrescentadas Cad Cámatis Saláh (A Oração está preste a começar). Quando o Profeta ouviu este sonho disse logo: "Sonho verdadeiro". Bilal era quem tinha a voz mais forte e bela. Por isso, o Profeta encarregou-o de fazer o chamamento à oração, e pediu a Abdullah Bin Zaid Abd Rabbih para que lhe ditasse as referidas palavras.

Quando Omar ouviu o chamamento veio correndo, e disse ao Profeta: "Por aquele que te enviou como Profeta! Eu também sonhei as mesmas palavras". E o Profeta agradeceu a Deus por encontrar mais provas. Estas, simples, suaves, melodiosas e encantadoras palavras do chamamento à oração, resumem o islamismo em poucas e doces frases. Ao mesmo tempo, são uns alimentos espirituais para todos os muçulmanos dos quatro cantos da terra. Em todas as Mesquitas, cinco vezes por dia, é praticado o chamamento. Se Mohammad mais nada além de instituir esse chamamento à oração, era-lhe suficiente tornar-se um imortal. Mas a sua fama está em milhares de grandes proezas iguais.

Havia uma casa ao lado da Mesquita, que era relativamente mais alta, de onde Bilal costumava fazer o chamamento a partir do telhado. A casa era pertencente a uma família da tribo Banu Najjar.

O chamamento islâmico à oração é igualmente um chamamento ao islamismo, cantado belamente com uma boa voz e transportado nas ondas do ar para todos os cantos do horizonte.

Ao ouvir essa voz a dizer "Não há outra divindade senão Deus o Único", os muçulmanos já se sentiam seguros e não tinham mais receios em relação aos idólatras. O Profeta tinha dois Muazzins (pessoas que fazem o chamamento) em Madina, Bilal e Abdallah Ibn Umm Maktum. Depois de fazer o Azzan no Fajr dizia: "As salátu khairun minan naum" (A Oração é melhor que o sono).

Então, o Profeta confirmou-o e disse para que acrescentasse essa frase no Azzan de Al Fajr.


A Qibla

A Qibla (a direção para a qual os muçulmanos se viram quando oram) até esse ponto tinha sido Jerusalém. Os judeus imaginavam que a escolha implicava uma inclinação em relação ao Judaísmo e que o Profeta precisava de sua instrução. O Profeta queria que a Qibla fosse mudada para a Caaba. O primeiro lugar na terra construído para a adoração de Deus, e reconstruído por Abraão. No segundo ano depois da migração, o Profeta recebeu o comando para mudar a Qibla de Jerusalém para a Caaba em Meca. Uma porção inteira da Surata Al-Bácara se refere a essa controvérsia judaica.

As Primeiras Expedições

A primeira preocupação do Profeta como governante era estabelecer adoração pública e formular a constituição do Estado: mas ele não esqueceu que os Coraixitas tinham jurado dar fim à sua religião. Enfurecidos porque o Profeta tinha tido sucesso em migrar para Medina, eles aumentaram sua tortura e perseguição aos muçulmanos que ficaram para trás em Meca. Suas tramas maléficas não ficaram nisso. Também tentaram fazer alianças secretas com alguns politeístas de Medina, como Abdullah ibn Ubayy anteriormente mencionado, ordenando que ele matasse ou expulsasse o Profeta.

Os Coraixitas com frequência enviavam mensagens ameaçadoras para os muçulmanos de Medina alertando-os de sua aniquilação, e tantas notícias sobre conspirações e tramas chegaram ao Profeta que ele pediu o posicionamento de guardas ao redor de sua casa. Foi nessa época que Deus deu permissão aos muçulmanos para lutar contra os descrentes.

Por treze anos tinham sido pacifistas estritos. Agora, entretanto, várias expedições pequenas foram enviadas, lideradas pelo próprio Profeta ou por algum outro dos emigrantes de Meca com o propósito de fazer um reconhecimento das rotas que levavam até Meca, e também formar alianças com outras tribos. Outras expedições eram lideradas para interceptar algumas caravanas retornando da Síria em rota para Meca, uma forma dos muçulmanos fazerem pressão econômica sobre os Coraixitas e acabar seu assédio dos muçulmanos, tanto em Meca quanto em Medina. Poucas dessas expedições resultaram em batalha, mas através delas os muçulmanos estabeleceram sua nova posição na Península Árabe, a de que não eram mais um povo fraco e oprimido, mas ao contrário que sua força tinha crescido e eram agora um poder formidável nada fácil de lidar.

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“Ó fiéis, atendei a Allah e ao Mensageiro, quando ele vos convocar à salvação. E sabei que Allah intercede entre o homem e o seu coração, e que sereis congregados ante Ele.” 8:24

Assalamu Aleikum war Matulahi wa Baraketu